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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Mais Wikileaks das amizades petralhas (com dinheiro desviado do Brasil): chavistas...

EUA também monitoraram ligação entre Lula e o governo da Venezuela

Documentos da diplomacia americana avaliaram que o apoio do ex-presidente à campanha de reeleição de Hugo Chávez se dava por meio de licitações da Odebrecht

DINHEIRO SUJO - O empreiteiro apresentou extratos de movimentação de uma conta criada na Suíça para pagar propina. De lá, segundo ele, saíram 2,4 milhões de reais para a campanha de Lula
Estados Unidos monitoraram ligação entre o ex-presidente Lula, a construtora Odebrecht e o governo da Venezuela(Cristiano Mariz/VEJA)

A relação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a empreiteira Odebrecht e o governo da Venezuela também estavam entre os documentos examinados pela diplomacia americana, que monitorou as obras da construtora no exterior e apontou sinais de corrupção. Um telegrama enviado pela embaixada dos EUA em Caracas para o Departamento de Estado, no dia 7 de dezembro de 2006, fala sobre como o apoio de Lula à campanha para a reeleição de Hugo Chávez "poderia parecer um passo diplomático errado, mas realmente foi simplesmente um bom negócio".

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EUA encontram sinais de corrupção em obras da Odebrecht no exterior

MP abre inquérito contra Lula para investigar tráfico de influência

O apoio de Lula se dava por meio de licitações vencidas pela empresa brasileira. "A ponte [sobre o rio Orinoco] foi construída pela empresa de construção brasileira Odebrecht e financiada pelo banco de desenvolvimento do Brasil, BNDES", diz o telegrama. "Supostamente, ela custou à Venezuela entre 1,1 bilhão e 1,2 bilhão de dólares [supostamente 40% acima do orçamento] e planos já existem para uma ponte número três", indicou.

"Apesar de a Odebrecht ter também 'vencido' o contrato para a terceira ponte, pelo que sabemos não houve um processo de licitação", indicam os americanos. No mesmo e-mail, a diplomacia dos EUA aponta como a Odebrecht também é a principal empresa nas obras das linhas 3 e 4 do metrô de Caracas.

Em 13 de novembro de 2007, outro telegrama voltou a falar das relações entre a Odebrecht e a diplomacia venezuelana. Desta vez, o alerta havia partido do então senador Heráclito Fortes, ex-DEM e atualmente deputado pelo PSB do Piauí. No dia 5 de novembro, ele telefonou para o embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, para pedir para ter uma conversa "ao vivo" com o diplomata. "Ele pediu um encontro urgente para levantar um assunto que ele não poderia falar pelo telefone", explicou o telegrama.

O assunto era a relação entre Venezuela, Irã, Rússia e o governo brasileiro. Fortes explicaria no encontro com o embaixador que "a diplomacia oficial venezuelana é cada vez mais comercial, com enormes contratos para empresas como a gigante brasileira Odebrecht, que então faria lobby pela Venezuela".

Nota do deputado Heráclito Fortes enviada ao site de VEJA:

Em 2007, como presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, de fato recebi, com outros colegas e a pedido, a visita do embaixador - conforme registrado na matéria da Agência Senado. Na ocasião, vários foram os assuntos tratados. No entanto, a interpretação que o embaixador deu às conversas foge ao meu alcance. Eu não pedi encontro urgente para tratar de temas da política internacional que faziam, sim, parte da agenda da Comissão de Relações Exteriores e que foram debatidos com vários atores importantes. Minha posição pessoal sobre a Venezuela, sua entrada no Mercosul, as relações com o Brasil e a presença de empresas brasileiras naquele país estão todas expressas em pronunciamentos que fiz à época e que podem ser consultados por qualquer pessoa.

Wikileaks anti-corrupcao: diplomatas dos EUA seguiram os caminhos da Odebrecht (e de quem voces sabem...)

Essas coisas precisam ter um registro para a História: já que os telegramas tupiniquins são um pouco arredios, deve-se recorrer aos dos arrogantes imperialistas, que são um pouco mais loquazes...
Paulo Roberto de Almeida 


EUA MONITORAM OBRAS DA ODEBRECHT NO EXTERIOR E APONTAM SINAIS DE CORRUPÇÃO 

Telegramas do serviço diplomático americano apontam suspeitas de irregularidades nos negócios da empreiteira brasileira em ao menos quatro países durante segundo mandato de Lula, que, segundo os documentos, ‘ajudou a concluir um acordo’ em Angola

Jamil Chade

correspondente

O Estado de S. Paulo, 22 Julho 2015 | 05h 00

Lausanne - A diplomacia americana monitorou os negócios da empreiteira brasileira Odebrecht no exterior e apontou para suspeitas de corrupção em obras espalhadas pelo mundo na segunda gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência (2007-2010). Telegramas confidenciais do Departamento de Estado norte-americano revelados pelo grupo WikiLeaks relatam ações da empresa brasileira e suas relações com governantes estrangeiros. Lula é citado em iniciativas para defender os interesses da Odebrecht no exterior.

No dia 21 de outubro de 2008, a embaixada americana em Quito (Equador) descreve a pressão imposta sobre as empresas brasileiras pelo presidente daquele país, Rafael Correa. O governo equatoriano ameaçava expulsar tanto a Odebrecht quanto a Petrobrás, alegando descumprimento de contratos.

+ Veja os telegramas dos EUA sobre a Odebrecht em Quito

A embaixada americana em Quito, porém, alerta ao Departamento de Estado dos EUA que o motivo da pressão seria outro: corrupção. “Alfredo Vera, chefe da Secretaria Anticorrupção do Equador, levantou questões sobre os preços e financiamento dos contratos da Odebrecht”, indicou o telegrama. “Apesar de não termos informações de bastidores no projeto San Francisco (usina), o posto ouviu alegações com credibilidade de corrupção envolvendo o projeto de irrigação da Odebrecht em Manabi de um ex-ministro de Finanças que se recusou a assinar os documentos do projeto diante de suas preocupações sobre a corrupção”, afirmaram os EUA. 

O presidente do Equador Rafael Correa, acima e à esquerda ao lado do presidente do Panamá Ricardo Martineli, acima e à direita. Abaixo registros das viagens de Lula a Angola (esq) e à Venezuela (dir)

Outro alerta feito nos bastidores aos americanos se referia às condições do empréstimo do BNDES, para o mesmo projeto. “O posto também ouviu preocupações de um funcionário do Banco Central sobre termos desfavoráveis nos empréstimos do BNDES que apoiariam o projeto de irrigação”, constata o telegrama. Segundo os EUA, ambos problemas teriam ocorrido em 2006, no último ano do governo de Alfredo Palácio. “Apesar de não termos a história completa da ira de Correa contra a Odebrecht, suspeitamos que a corrupção e a pobre construção da empresa amplamente devem explicar suas ações (em relação a Correa)”, indicou a diplomacia.

Lula. Um ano depois, num telegrama de 5 de outubro de 2009, a embaixada americana no Panamá relata a Washington a situação delicada que vivia o então presidente local, Ricardo Martinelli. Numa conversa entre os diplomatas e um ministro do governo, Jimmy Papadimitriu, os americanos são alertados de que um escândalo de corrupção estaria prestes a eclodir, envolvendo a Odebrecht. 

+ Veja os telegramas sobre a Odebrecht no Panamá

“O administrador da campanha de Martinelli, e hoje ministro da presidência, Jimmy Papadimitriu, disse à Emboff (sigla em inglês para “oficial da embaixada”) que notícias estavam a ponto de sair de que Martinelli recebeu uma grande contribuição para sua campanha da construtora brasileira Odebrecht, que estava conduzindo várias grandes obras públicas no Panamá”, indicou o telegrama e que cita como Martinelli passou a ser alvo de ataques quando deu à empresa brasileira um contrato de US$ 60 milhões para a construção de uma estrada “sem licitação”.

Em 30 de outubro de 2007, outro telegrama apontou para as relações da Odebrecht com políticos estrangeiros. O caso se referia à viagem de Lula para Angola, naquele ano. A embaixada americana em Luanda escreveria naquele dia para Washington para descrever “uma produtiva visita de Lula”.

+ Veja o telegrama sobre a viagem de Lula a Luanda

Segundo a mensagem, “a visita de Silva (Lula) ajudou a concluir um acordo entre a gigante construtora brasileira Odebrecht, a paraestatal angolana no setor do petróleo Sonangol, e a Damer, até então desconhecida empresa angolana, para construir uma usina capaz de produzir não apenas etanol para exportação, mas gerar 140 megawatts de eletricidade por ano pela queima de bagaço”. 

O papel de Lula não é colocado em questão. Mas a diplomacia dos EUA levanta questões sobre a parceria fechada pela Odebrecht: “O acordo, chamado na imprensa de um entendimento entre a Sonangol e a Odebrecht, aloca 40% das ações para a Odebrecht, 20% para a Sonangol, e os restantes 40% para a Damer”. “Fontes na embaixada brasileira afirmaram que a Odebrecht foi “evasiva” quando questionada sobre a Damer, enquanto outras fontes apontam que a Damer está conectada com o presidente angolano (José Eduardo) dos Santos”. 

LIGAÇÃO COM GOVERNO DE CHÁVEZ TAMBÉM FOI ALVO DE TELEGRAMAS

Mensagem da embaixada americana em Caracas avaliou que apoio de Lula à reeleição de Chávez ‘foi um bom negócio’

Lausanne - A relação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a empreiteira Odebrecht e o governo da Venezuela também foi alvo de um exame por parte da diplomacia norte-americana.

Um telegrama enviado pela embaixada dos EUA em Caracas para o Departamento de Estado em 7 de dezembro de 2006 fala sobre como o apoio de Lula à campanha para a reeleição de Hugo Chávez “poderia parecer um passo diplomático errado, mas realmente foi simplesmente um bom negócio”.

+ Veja o telegrama sobre Lula em Caracas

O apoio de Lula ocorreu durante a inauguração da segunda ponte sobre o rio Orinoco, ligando os dois países naquele ano. Mas estaria ligado a licitações vencidas pela empresa brasileira. “A ponte foi construída pela empresa de construção brasileira Odebrecht e financiada pelo banco de desenvolvimento do Brasil, BNDES”, diz o telegrama. “Supostamente, ela custou à Venezuela entre US$ 1,1 bilhão e US$ 1,2 bilhão (supostamente 40% acima do orçamento) e planos já existem para uma ponte número 3”, indicou. 

Lula com o então presidente da Venezuela Hugo Chavez, em 2006 

“Apesar de a Odebrecht ter também ‘vencido’ o contrato para a 3.ª ponte, pelo que sabemos não houve um processo de licitação”, indicam os americanos. No mesmo e-mail, a diplomacia dos EUA aponta como a Odebrecht também é a principal empresa nas obras das linhas 3 e 4 do metrô de Caracas.

Em 13 de novembro de 2007, outro telegrama voltava a falar das relações entre a Odebrecht a diplomacia venezuelana. Desta vez, o alerta havia partido do então senador Heráclito Fortes, ex-DEM e atualmente deputado pelo PSB do Piauí. No dia 5 de novembro, ele telefonou para o embaixador americano em Brasília, Clifford Sobel, para pedir para ter uma conversa “ao vivo” com o diplomata. “Ele pediu um encontro urgente para levantar um assunto que ele não poderia falar pelo telefone”, explicou o telegrama. 

O assunto era a relação entre Venezuela, Irã, Rússia e o governo brasileiro. Fortes explicaria no encontro com o embaixador que “a diplomacia oficial venezuelana é cada vez mais comercial, com enormes contratos para empresas como a gigante brasileira Odebrecht, que então faria lobby pela Venezuela”. 

Acordos de Bretton Woods: 71 anos atras, no New Hampshire

Acordo de Bretton Woods

 
Acordo de Bretton Woods  ou ainda "Acordos de Bretton Woods" é o nome com que ficou conhecida uma série de disposições acertadas por cerca de 45 países aliados em julho de 1944, na mesma cidade norte-americana que deu nome ao acordo, no estado de New Hampshire, no hotel Mount Washington. O objetivo de tal concerto de nações era definir os parâmetros que iriam reger a economia mundial após a Segunda Guerra Mundial. O sistema financeiro que surgiria de Bretton Woods seria amplamente favorável aos Estados Unidos, que dali em diante teria o controle de fato de boa parte da economia mundial bem como de todo o seu sistema de distribuição de capitais. Os Estados Unidos finalmente tomavam as rédeas das finanças mundiais, manobra que se recusaram a executar por pelo menos cerca de 25 anos, devido a princípios da política externa do país, que advogava o não-envolvimento em questões político-econômicas sensíveis às nações europeias.
O primeiro passo para tal hegemonia estava na transformação do dólar como moeda forte do setor financeiro mundial e fator de referência para as moedas dos outros 44 signatários de Bretton Woods. Isso equivale dizer que todas as outras moedas passariam a estar ligadas ao dólar, originalmente variando em uma margem de no máximo 1% (positivamente ou negativamente). Para dar sustento essa força dólar em escala mundial, a moeda estaria ligada ao ouro a 35 dólares, o que permitia ao portador de dólares (em teoria; na prática, pouco funcional) transformar as notas de dólares que qualquer cidadão carregasse no bolso, em qualquer parte do mundo, no seu equivalente em ouro, de acordo com o estipulado em Bretton Woods. Evidentemente, tal conta seria impossível de se sustentar, mesmo com uma emissão de moeda extremamente controlada (como aconteceu na realidade), servindo todo conceito mais como uma propaganda de consolidação do dólar em escala mundial.
O acordo ainda previa a não menos importante criação de instituições financeiras mundiais que se encarregariam de dar o sustento necessário ao modelo que estava sendo criado, que seriam: "Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento", mais tarde renomeado para Banco Mundial, que funciona até hoje como uma espécie de Agência de Crédito tamanho família, destinada a fornecer capitais para políticas e projetos de desenvolvimento no mundo todo. Além desta seria criado o FMI (Fundo Monetário Internacional), uma espécie de "caixinha" de todos os países, que poderiam fazer movimentações de dinheiro do caso necessitassem de injeção de capitais em sua economia, respeitando, claro, alguns preceitos de disciplina fiscal a serem ditados pelos dirigentes do fundo.
Tal sistema duraria quase vinte anos, até que nos anos 70 o governo norte-americano fosse forçado a abrir mão de alguns preceitos de Bretton Woods.
Bibliografia:
http://www.clubeinvest.com/_technical_analysis/forex/Bretton_woods/Bretton_woods.php  - Página Clube Invest - Bretton Woods
http://www.enciclopedia.com.pt/new/articles.php?article_id=1703 - Página Enciclopédia -  Acordos de Bretton Woods

Impostos e gastos publicos: muito pior do que se imagina

A situação atual e futura das contas públicas no Brasil é muito pior do se imaginava até aqui. Esse é o legado de uma Constituição esquizofrênica, agravada por um  comportamento irresponsável do partido totalitário, que além de não fazer reformas estruturais, como vinha fazendo o governo anterior, e de cometer equívocos de política econômica -- que eu chamo de "crimes econômicos" --, foram os autores dos piores crimes comuns e de corrupção jamais cometidos no Brasil. A herança maldita não conseguirá ser superada, por exigir um esforço muito grande por parte dos criadores de riqueza, permanentemente extorquidos por marajás do Estado, por corruptos do partido totalitário e sobretudo por seus dirigentes mafiosos. Uma situação inédita no Brasil e que levará o país ao declínio por longos anos. 
Paulo Roberto de Almeida 

21/07/2015

 às 6:32 \ EconomiaMercado de ideias

O ‘paper’ sobre economia que está chocando quem o lê

É bem pior do que você imagina.

Um artigo de nove páginas escrito por três economistas com trânsito junto à academia, empresários e políticos está causando choque e depressão em quem o lê.

Em “O ajuste inevitável,” Mansueto Almeida Jr., Marcos Lisboa e Samuel Pessôa tentam quantificar, pela primeira vez, o aumento do gasto público já contratado para os próximos 15 anos.Mansueto Almeida Jr

Até 2030 — ou seja, antes que um brasileiro nascendo este ano possa votar — o gasto anual do Estado brasileiro terá subido 300 bilhões de reais, uma aumento de 20 bilhões de reais por ano.

Para neutralizar este aumento de despesas, será preciso criar um imposto equivalente a uma nova CPMF a cada mandato presidencial de quatro anos (entre este ano e 2030). Para ficar claro: não se trata de renovar a CPMF a cada quatro anos, e sim de cobrar uma nova CPMF em cima da anterior, sucessivamente, a cada novo governo.

Este aumento de 300 bilhões é a soma apenas dos aumentos nos gastos com previdência, educação e saúde já contratados por conta da legislação vigente.

Mas antes disso, há o desafio atual: para estabilizar o tamanho da dívida pública como percentual do PIB, o Brasil tem que transformar o rombo de 32 bilhões de reais no ano passado em um superávit de 3% do PIB (quase 170 bilhões de reais). Isto significa que a sociedade terá que achar 200 bilhões de reais por ano para passar do ‘vermelho augustín’ para o ‘azul levy’. E, até 2030, achar aqueles outros 300 bilhões por ano.

Em outras palavras, se a cultura de ’taxar e gastar’ não for mudada, daqui a 15 anos o Estado brasileiro estará demandando da sociedade 500 bilhões de reais a mais — por ano — para honrar com suas obrigações.

O ‘paper’ de Almeida, Lisboa e Pessôa destrói a análise superficial que diz que o problema fiscal brasileiro é apenas uma questão de ajustar a rota depois de alguns anos de gastos exorbitantes.

Se o desafio conjuntural chega a ser paralisante, o problema estrutural das contas públicas é mortal.

Os economistas mostram que, desde 1991, a despesa pública cresce a uma taxa maior do que a renda do País, em parte porque o Estado está sempre distribuindo novos benefícios a grupos organizados.

Para bancar estes gastos, o Executivo e o Congresso se uniram e aumentaram a chamada carga tributária (o conjunto dos impostos pagos pelos eleitores) de 25% do PIB em 1991 para cerca de 35% do PIB no ano passado. É para isso que você trabalha um terço do ano: para financiar os gastos com programas sociais, inclusive a Previdência, e para manter a União, Estados e municípios funcionando.

Marcos LisboaE, como há os tais aumentos de gasto encomendados; a única forma de financiá-los será aumentar ainda mais os impostos.

Além da rigidez do gasto público — que só pode ser alterada com vontade política e emendas constitucionais — o problema fiscal brasileiro vai se agravar também por conta do fim do chamado bônus demográfico, o período em que o país tinha tantos jovens na força de trabalho que eles conseguiam pagar pela previdência dos mais velhos. Como a taxa de natalidade caiu, o Brasil envelheceu, e um ‘velho’ custa duas vezes o que o Estado paga para manter a população na escola. (A conta é feita comparando-se os gastos da previdência com os gastos em educação pública.)

Ao contrário do que pode parecer, esta não é uma conta que dê para pagar com uma grande privatização. Pausa para checar o dicionário.

[Privatização: s.f. Tentativa de levantar caixa ou melhorar o desempenho da economia, mas que produz, no imaginário político de países atrasados, ‘entreguistas’ de um lado, ‘verdadeiros patriotas’ do outro, e ‘iludidos’ no meio.]

O Brasil tem hoje um problema de fluxo, além do estoque de dívida — da mesma forma que alguém que gaste mensalmente 1,5 vez o seu salário pode até vender a casa e abater a dívida, mas continuará para sempre fadado ao cheque especial.

De onde vem tanta gastança?

“O Brasil tem uma tradição de concessão desenfreada de benefícios, de forma descentralizada, e sem analisar o conjunto da obra e o impacto que isto tem na sociedade,” diz Lisboa, já conhecido no debate público por alertar sobre o problema da ‘meia entrada’, os benefícios que grupos de interesse conseguem do Estado e que são bancados por toda a sociedade. “Se isto não for resolvido de alguma forma, o Brasil pode enfrentar um problema como o da Grécia na próxima década.”

Samuel Pessoa z copiaEm tese, haveria uma saída para o Brasil conseguir financiar o aumento do gasto público já contratado até 2030 sem mexer no ‘pacote de bondades’ que o Estado oferece e sem aumentar impostos. Mas neste cenário, a economia teria que crescer 5% ao ano daqui até lá para turbinar a arrecadação e, mesmo assim, algumas despesas vinculadas ao PIB teriam que ser alteradas. Obviamente, as chances disto acontecer são remotas, dada a ausência de reformas na estrutura do Estado.

Essas reformas teriam que atacar benefícios concedidos por Brasilia que não custam dinheiro diretamente — ou seja, não tem impacto fiscal —, mas que reduzem a concorrência e sufocam a produtividade da economia, desde regras de conteúdo nacional a barreiras não-tarifárias que criam reservas de mercado, incluindo os inúmeros benefícios tributários dados a setores ‘estratégicos’.

Como é que o Brasil ainda não havia se dado conta de que o buraco fiscal era tão mais embaixo?

“Um ponto essencial do nosso argumento é o entorpecimento que a arrecadação excepcional entre 2000 e 2010 produziu na sociedade e nos analistas,” diz Pessôa. “Nós ‘congelamos’ um setor público que somente se sustenta se a arrecadação crescer acima do PIB para sempre.”

E como no Brasil os gastos públicos são fixados como um percentual do PIB, nem uma inflação mais alta resolve o problema. Além do que, “a inflação só não é pior que uma guerra civil como forma de gestão do conflito distributivo,” diz Pessôa.

Talvez a maior contribuição do artigo — cuja íntegra está aqui — seja mostrar que serão necessárias coragem e visão de Estado para o País fazer o que tem que ser feito.

Para além de todo o barulho de curto prazo sobre o destino deste ou daquele político, as pessoas responsáveis — nos partidos, nas empresas e na sociedade — deveriam usar este diagnóstico como o ponto de partida de uma conversa séria e urgente.

Por Geraldo Samor

Acordo nuclear iraniano: síntese analítica pelo J.P.Morgan

 


 

 

J.P. Morgan Logo

MENA Emerging Markets Research


Iran nuclear deal paves way to reintegration into world economy

·         Historical breakthrough between Iran and the P5+1 group sets ambitious roadmap to reintegrate Iran into the world economy

·         Recovery in Iranian crude production will be gradual but competition for market share may increase

·         Implementation Day is likely to kick start in early 2016 when most nuclear-related sanctions will be removed; US sanctions are complex as they also involve terrorist-related sanctions and will thus require further clarification

Iran and the P5+1 group have agreed to a breakthrough nuclear deal on July 14 following two years of intense negotiations. The nuclear agreement marks the first step to reverse Iran’s international isolation. It also highlights the role of far-reaching international sanctions combined with active diplomacy. The final agreement will be implemented in distinct phases and is set to face several hurdles, which we expect to be overcome. 

Nuclear negotiations since late 2013 have involved the highest level diplomacy between Iran and the US since the Iranian revolution in 1979. The election of President Rouhani in June 2013 —Iran’s key negotiator in 2003-05—had been critical to such rapprochement. Rouhani had simultaneously attempted to warm up relationships with countries of the Gulf Cooperation Council. We previously argued that the election of President Rouhani represented a structural change in Iran’s foreign policy (see Reformist Rouhani wins presidential elections, MENA Today June 17, 2013) which highlights the likely commitment to the terms of the nuclear agreement in coming years. 

A difficult balancing act

The final nuclear deal has successfully struck a difficult balancing act between several red lines set by both parties. Iranian officials have vehemently defended the country’s right to enrich uranium as a member of the Non-Proliferation Treaty (NPT). As such, the Joint Comprehensive Plan of Action (JCPA) of July 14, which extends the interim agreement on April 2, officially recognizes Iran’s right to nuclear enrichment for peaceful purposes, subject to the successful implementation of the nuclear agreement. Consequently, Iran will keep most of its nuclear infrastructure and no enriched uranium will be shipped overseas. Negotiations also faced a difficult balancing act to build trust involving continuous nuclear enrichment for peaceful purposes with strong guarantees that Iran will not acquire the nuclear bomb.

The final nuclear agreement can be summarized in three phases. During a first and relatively short phase (six to nine months), terms of the final deal will be implemented from both sides. This will be followed by a much longer second phase (at least 15 years) aimed at building trust. Once Iran has complied with its full obligations and its nuclear programme has been recognized for peaceful purposes, the country will be treated equally to any other non-nuclear-weapon state part of the NPT. The different timelines of the nuclear deal had also to strike a balance between quickly removing nuclear proliferation-related sanctions (a critical demand for Iran) and maintaining international pressure (crucial for the credibility of the deal). A “snapback” plan was hence introduced in order to restore international sanctions in 65 days in case Iran violates the terms of the final deal. If members of the United Nations Security Council (UNSC) cannot agree on new sanctions within 30 days (for example due to a veto), previous sanctions will automatically be re-imposed. 

Implementation and hurdles facing the nuclear deal 

Five key dates will characterise the implementation of the final nuclear agreement. After the finalization of the deal, the UNSC is expected to adopt a resolution to approve the JCPA as soon as next week. Such a vote will define the Adoption Day which will be 90 days (or earlier subject to the consent of all JCPA participants) following the endorsement of the Joint Comprehensive Action Plan. Iran and the P5+1 group will start implementing commitments in the JCPA following the Adoption Day which will also be the anchor for several future timelines that will shape the phasing out of sanctions. The UNSC resolution will terminate seven previous resolutions against Iran which will come into effect only after Implementation Day. The latter marks the start of easing sanctions which will be critical to the Iranian economy.

The EU and the US will lift nuclear-related sanctions on Implementation Day. In other words, any sanction-related legislation and waivers that could be adopted after the Adoption Day will come into effect after Implementation Day. The latter will closely depend on the IAEA report verifying implementation by Iran of the nuclear-related measures including the clarification of past and present outstanding issues. Such process will involve intrusive inspections by the IAEA in coming months and the final assessment about past and present outstanding issues will be presented to the Board of Governors by December 15. This suggests that Implementation Day will likely kick start in early 2016 when oil exports can be increased and financial sanctions phased out.

Implementation Day will be followed by a protracted period aimed at building trust that will end on Transition Day or 8 years after Adoption Day. Such transition can be shortened if the IAEA is able to draw the so-called ‘Broader Conclusion’ that all Iranian nuclear activities are for peaceful purposes. Ten years after Adoption Day, the UN Security Council will terminate all resolutions relating to Iran. The nuclear deal will cap Iran’s ability to enrich uranium above 3.67% and to add heavy water reactors for 15 years. Iran will also refrain from uranium enrichment at Fordow site during this period. Although Iran will become a threshold nuclear state after a period of 15 years, the IAEA will continue monitoring of the production of uranium ore concentrate during an extended period of 25 years as well as centrifuge rotors and bellows for 20 years. 

Implementation of the nuclear deal will likely be tested in the coming years. In particular, the inspection of military sites may become contentious again. Yet, the largest hurdles that could face the nuclear agreement are related to domestic political developments in Iran and the US. While the agreement that has been reached with the P5+1 is strongly backed by the Iranian population, it may be impacted by Iranian presidential election cycle and power transition from Ayatollah Khamenei. For example, the election of President Ahmadinejad in 2005 highlights such risks. Yet, the JCPA terms have substantially reduced the likelihood of a repeat of 2005 when nuclear negotiations had come to a halt.

US Congress represents the largest immediate hurdle facing the final nuclear deal. As the July 9 deadline was missed, the period of Congressional review has doubled to 60 days. During this period, the JCPA will come under close scrutiny, especially that most House Republicans have expressed opposition to the deal. If the nuclear agreement is not backed by US Congress, President Obama will veto the vote as he publicly expressed on several occasions. Under this scenario, a two-third supermajority will be required in both houses of Congress in order to override the Presidential veto. Historically, only 4.3% of vetoed bills since 1789 have been successfully overriden. In our view, the nuclear deal is unlikely to be blocked despite public criticism. 

Oil production to recover gradually

Sanctions against the import and transport of Iranian crude oil severely hit the economy more than most other sanctions. The removal of the ban on insuring tankers transporting Iranian oil along with efforts to reduce the country’s crude oil sales will be cornerstone to redress economic hardship. Iran will be able to regain crude market share only after Implementation Day in early 2016. Iranian officials have repeatedly stressed the country’s ability to increase crude exports by 1mbd back to pre-2012 levels. However, we believe Iran will add 300-500kbd of crude exports and production to increase gradually thereafter due to the lack of investment in previous years. Iran is estimated to have as much as 40mn barrels of crude and condensate floating offshore that may be sold into Asian markets potentially adding further near-term downward pressure on crude oil prices (see Oil Market Weekly: Negative price risks crystallize, but pillars of support still remaining, Martin et al., July 10

Over the medium-term, potential for Iranian crude supply is substantial thanks to the fourth largest proven reserves in the world. The end of financial sanctions related to the nuclear programme, especially in hydrocarbon investments, will encourage International Oil Companies (IOCs) to explore opportunities in Iran. The country is currently revisiting the terms of oil contracts that will offer greater participation in all phases of upstream projects compared to old buyback contracts which are similar to service contracts. In our view, the cycle of new investments in the upstream sector will be protracted and the country’s market share in global crude supply should stay well below its historical level. In the meanwhile, the return of Iranian crude to oil markets will increase pressure on other MENA oil producers to defend market share. The below chart shows how Saudi Arabia has substantially increased the share of its production in world output since mid-2014 when the Kingdom signalled that it will no longer be the swing crude producer. The kingdom increased crude supply to a historical high of 10.56mb/d in June and we believe risks remain to the upside. 

Figure 1: Iran’s oil market share still low

GPSWebNote Image

Source: JODI and J.P. Morgan

 

Trade channel to benefit most from sanction relief

The removal of sanctions against the central bank should free about US$100bn of frozen foreign assets and boost the trade channel especially after the removal of sanctions on letters of credit. In addition, the likely reintegration of Iranian banks into SWIFT in early 2016 and the removal of broader sanctions against banks should boost domestic liquidity and economic recovery. The trade channel is set to benefit the most from the immediate relief of sanctions that should boost bilateral trade with UAE and Turkey (see Iran: Nuclear deal to boost trade with UAE and Turkey, GDW, June 26). Iranian automotive industry is also likely to largely benefit from the removal of sanctions which cut domestic car production by 55% between 2011 and 2013. With an economic size close to UAE and larger than South Africa, Iran will likely emerge as a new regional economic hub by the end of the decade.

Terms of the nuclear deal highlight that US sanctions on the purchase, subscription to, or facilitation of the issuance of Iranian sovereign debt will be removed, among other measures. Iran may thus be allowed to issue sovereign debt in coming years, especially to finance the expansion in the hydrocarbon sector. It is noteworthy that only US nuclear-related sanctions will be removed. In fact, several US sanctions are related to the financing of terrorism which will likely remain over the medium term. For example, the 1987 Executive Order 12613 imposed an embargo on Iranian-origin goods and services as the country was accused of supporting international terrorism. Similarly, the Executive Order of 1997 confirmed that all trade and investment activities with Iran by US persons, wherever located, are prohibited. Furthermore, some assets of the central bank of Iran (US$12bn in government bank deposits, gold and other properties) were frozen following the seizure of the American Embassy in Tehran in 1979. The removal of US sanctions after Implementation Day will thus require further clarification about which US sanctions will not be removed.