O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

2022) A parabola do samaritano, revisitada, e novamente corrigida

O leitor José Marcos, a propósito deste meu post:

terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho

que provocou certa polêmica, como se pode constatar pela fileira de comentários a ele anexa,
mandou-me esta singela parábola adaptada ao seu gosto:

José Marcos deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o me...":

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO REVISITADA
Descia um homem de Manari para Maceió, e caiu desfalecido, meio morto, em virtude da fome e do inclemente calor do sertão nordestino. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo empresário; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um banqueiro, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um alto funcionário público, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; com seu telefone celular, convocou um carro-pipa para aplacar a sede do infeliz; em seguida, inscreveu-o num programa assistencial do governo para combater a fome. Ao ver as ações que o alto funcionário público tomara, o empresário e o banqueiro ficaram profundamente indignados. Foram tomar-lhe satisfações, alegando que ele estava gastando o dinheiro dos impostos de forma irresponsável, sem uma contrapartida de prestação de serviços. Acrescentaram que tal assistencialismo contribuiria apenas para produzir indolentes e refratários ao trabalho. Tomaram, então, os benefícios que o alto funcionário público havia dado ao homem que caíra no caminho. Decorridos alguns dias, o homem tornou novamente a cair na estrada de Manari para Maceió. Dessa vez, não mais se levantou do lugar.

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Volto a comentar (PRA):

Eu acho que ele errou ligeiramente na parábola, por isso me permito corrigi-la (e corrigi-lo):

A NOVA PARABOLA DO SAMARITANO (versão corrigida e atualizada)
Estavam 44 milhões de brasileiros, à beira da estrada, desfalecidos, desnutridos, quase mortos de fome, sob o sol inclemente, chuvas torrenciais, bandidos salteadores, políticos desprezíveis, enfim, mais de 9 milhões de famílias absolutamente desprovidas de meios para se alimentar dignamente, e que esperavam pelo seu salvador há 500 anos.
Nunca antes neste país alguém havia se preocupado com eles. E ali estavam os 44 milhões de brasileiros prestes a morrer de fome.
Passavam por eles banqueiros, capitalistas, políticos do PSDB, do DEM, coronéis do Nordeste, funcionários do Banco Mundial, do FMI, da ONU, do Vaticano, todo esse bando de privilegiados, e deixavam os 44 milhões de brasileiros entregues à sua própria sorte, condenados a morrer de fome, se não fosse uma aparição repentina.
Foi aí, então, que em 2003, quando a história começou nestepaiz, que um Salvador, filho de Deus (quem sabe até o próprio), saído dos grotões de Pernambuco, para caçar rato e passar fome em SP, mas que depois engordou um bocadinho, foi aí que este anjo salvador criou o Bolsa Família -- com um pouco de know-how tucano, mas isso não é para ser dito nesta parábola tão exemplar -- e começou a encher o programa de gente pobre, saídos das listas das prefeituras (algumas controladas por coronéis, que maldosamente também incluiam suas cunhadas, o gato e o cachorro no programa) e salvos milagrosamente de morrer de fome pela mão do divino redentor.
E foi assim que 44 milhões de brasileiros famintos puderam comer.
Como o divino redentor não tinha meios próprios para alimentá-los, ele foi pedir ao maldito agribusiness que aumentasse a sua produtividade e passasse a fornecer uma quantidade maior de alimentos.
Sim, o divino redentor não contava que todos aqueles miseráveis que antes sobreviviam de agricultura de subsistência, de xepa na feira, de pequenos trabalhos no mercado informal, parariam de trabalhar apenas para serem acolhidos pela graça divina de receberem dinheiro do Bolsa-Família e assim poderem ir na feira, na quitanda, no empório, no supermercado, e comprar seu alimento.
Mas, como antes eles viviam de sistemas de subsistência, houve uma diminuição do trabalho e do fornecimento de produtos desses setores informais.
Se não fosse o extremo dinamismo da agricultura capitalista no Brasil, o Bolsa-Família teria tido efeitos inflacionários e de desequilíbrio entre a oferta e a procura, o que foi contornado pelo tremendo potencial da agricultura moderna no Brasil (e isso a despeito de um bando de energúmenos que insistiam em bloquear as possibilidades de o agronegócio aumentar sua produção, com invasão de propriedades, destruição de culturas, de equipamentos e toda a sorte de abusos).
Foi assim que o divino redentor conseguiu alimentar todo aquele povo.
Mas antes precisa ser dito outra coisa.
Se ele não tivesse colocado mais impostos e contribuições sobre os empresários, sobre a classe média e sobre o povo trabalhador em geral, ele JAMAIS teria conseguido o dinheiro para dar para aqueles 44 milhões de famélicos, que corriam o risco iminente de morrer de fome, não fosse sua genial e divina intervenção.
E assim foi a história verdadeira do bom samaritano, que de samaritano não tem nada, sendo apenas uma aliado de velhos e novos coronéis, para manter o povo humilde na dependência da assistência pública, com propósitos claramente eleitorais.
E tem gente que ouve uma outra versão da parábola e ainda pensa que o mundo é feito de milagres e de divinos redentores...

Pela nova versão da parábola:
Paulo Roberto de Almeida
(Shanghai, 16.04.2010)

2021) A quantos ministerios estamos?

Será o 39., ou o 40. ministerio? Alguém sabe dizer?

Lula incentiva criação de ministério para PME

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou a criação de um ministério específico para pequenas e micro empresas durante evento no Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). "É incompatível o mesmo ministro estar preocupado com os problemas da Gerdau [empresa do setor de aço] e da companheira costureira de Brasília que veio aqui", disse, se referindo a uma costureira que discursou no evento. Mas descartou criar um ministério no final de seu governo.


Alguém me ajude, por favor, eu perdi a conta depois de ministerio 37...

2020) A moeda (ainda inexistente) dos Brics: um exercicio intelectual, segundo Lamy

Sempre achei que essa mania de trocar o dólar por moedas locais, ou outras moedas, acarreta custos, e não apenas de transações, como diz o diretor geral da OMC, Pascal Lamy, mas também custos políticos.
Ora, não acho que seja função de Bancos Centrais assumir riscos comerciais de agentes privados, que devem, de maneira geral, ser brindados com todas as opções disponíveis no mercado para que eles mesmos façam suas escolhas (ou seja, escolher eles mesmos as moedas em que pretendem transacionar -- bens, serviços, moedas, financiamentos, etc -- e assumir os riscos cambiais disso).
Aos Bancos Centrais, em nome dos governos, cabe diminuir os custos de transação e tornar o sistema homogeneo, simples e de fácil contabilidade e controle.
A libra nos serviu durante mais de 150 anos; desde 1939 foi substituída pelo dólar, por razões de guerra e de ordem econômica: este já se tinha tornado a moeda dominante de nosso comércio.
O que deveria haver, sim, seria a conversibilidade do Real brasileiro, e a plena liberdade dos agentes econômicos para fazer o que desejarem de seus bens e moedas.
Ao governo, cabe defender o interesse coletivo e o patrimônio público.
Se trocar o dólar por qualquer outra moeda implica em maiores riscos e maiores custos, é evidente que pretender trocá-lo contra essas evidências, só pode ser por motivos políticos e ideológicos, e é preciso que isso fique bastante claro.
Por isso concordo com Lamy: essa conversa de substituir o dólar é um exercício intelectual, mas vou mais longe do que ele. É um exercício que pode custar caro para o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Substituição do dólar é apenas um exercício intelectual, diz Lamy
Assis Moreira
Valor Econômico, Quinta-feira, 15 de abril de 2010

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, chegará nesta sexta-feira à noite ao Brasil sem muito entusiasmo por um dos temas que os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) pode ter discutido pouco antes em Brasília: o uso de suas moedas no comércio entre eles em gradual substituição ao dólar. Em entrevista antes de partir para o Chile, Lamy qualificou a questão de exercício intelectual e que o papel do dólar no sistema monetário internacional é um debate de 50 anos.

Se você olhar a taxa de câmbio dessas moedas (dos Bric), ela é muito mais estável que uma cesta aleatória de outras moedas, afirmou. Haveria uma expressão política dos países emergentes em optar por isso, eles acham que o sistema monetário internacional devia agir quanto ao dólar. Acredito que é bom investir intelectualmente no que for o sistema monetário internacional adequado em uma economia globalizada. Mas é um exercício intelectual.

Em novembro, a OMC foi bem mais incisiva num texto divulgado como anexo. Primeiro, constatou sinais de erosão no papel dominante do dólar no mundo. Estimou que nos próximos cinco anos a economia americana vai crescer menos do que o resto do mundo. E essa divergência de expansão é particularmente importante em comparação com a China e a Índia. Enquanto os EUA continuarão a ser a maior economia do mundo, sua fatia de produção vai declinar. Futuros déficits fiscais americanos e ameaça de inflação por causa da gigantesca expansão monetária na crise podem erodir a confiança no futuro valor do dólar. Mas, diz a OMC, é difícil prever se o dólar será destronado, como ocorreu com a libra esterlina no século XX.

Em todo caso, segundo a OMC, o papel internacional do dólar americano, mesmo se erodido, não vai declinar imediatamente. É que, para o comércio, um sistema monetário internacional com múltiplas moedas em vez de uma dominante significa custos de transação mais elevados e mais incertezas na condução das exportações e importações.

Lamy procurou, porém, driblar a questão de moedas, que está no centro das divergências entre os Estados Unidos e a China, por exemplo, com Washington acusando Pequim de subavaliar sua moeda e agir deslealmente no comércio. Isso que o câmbio chinês está desequilibrando o comércio é o que dirão alguns economistas, mas outros dirão que o câmbio não importa para moldar os fluxos comerciais, comentou.

2019) O Fim do Terceiro Mundo -- calma, apenas do conceito...

Na verdade, ainda que a realidade seja completamente diferente, atualmente, as mentes ainda não mudaram, e algumas vão demorar para mudar.
Tem gente, por exemplo, que precisa desse conceito desesperadamente. Não querem deixar de ser Terceiro Mundo para nada.
Tem gente conservadora que detesta mudanças, mesmo quando elas são ditadas pela realidade.
AO fim e ao cabo, as mentalidades vão demorar a mudar, sobretudo certas mentalidades...
Paulo Roberto de Almeida

Nova ordem: Zoellick defende fim do uso do termo datado da Guerra Fria
Para o Banco Mundial, não há mais 'Terceiro Mundo'

Valor Econômico, 15/04/2010

O antigo conceito de "Terceiro Mundo" já não se aplica atualmente e os países ricos não podem mais impor sua vontade às nações em desenvolvimento, que são agora os principais motores do crescimento mundial, disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

Em um discurso feito ontem, que serviu como uma espécie de preparação para as reuniões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, na próxima semana, Zoellick advertiu contra o uso de velhos padrões, que refletem apenas interesses próprios. Ele se referia ao termo hoje pejorativo de Terceiro Mundo, já que esses países emergentes tendem a desempenhar um papel cada vez maior nas duas instituições surgidas dos Acordos de Bretton Woods (1944).

Ele disse que o progresso econômico nos países em desenvolvimento teve profundas implicações para a cooperação global, multilateralismo e para o trabalho de instituições como o Banco Mundial. "As placas tectônicas econômicas e políticas estão se movendo", afirmou Zoellick em discurso no Woodrow Wilson Center. "Nós podemos mudar com elas ou podemos continuar a ver o novo mundo pelo prisma do velho. Devemos reconhecer novas realidades. E agir sobre elas."

O termo Terceiro Mundo foi oficialmente adotado pela primeira vez durante a reunião de países asiáticos e africanos, em abril de 1955, na Conferência de Bandung, em Java, na Indonésia. Ele definia os países que se pretendiam não-alinhados às duas superpotências da época: EUA e URSS.

A origem do nome está na ideia do demógrafo francês Alfred Sauvy, que propunha a ideia de um Terceiro Mundo, inspirado na ideia do Terceiro Estado, usada na revolução francesa. Os países do chamado Terceiro Mundo deveriam se unir e revolucionar a Terra, como fizeram os burgueses e revolucionários na França. Os chamados Primeiro Mundo e Segundo Mundo surgiram de uma interpretação errônea por parte principalmente da mídia. Assim, convencionou-se que o Primeiro Mundo seria o dos países capitalistas desenvolvidos, enquanto o Segundo Mundo seria o dos países socialistas industrializados. Restariam no Terceiro Mundo os países capitalistas economicamente subdesenvolvidos e geopoliticamente não-alinhados.

Espera-se que nas reuniões da próxima semana seja aprovado o o primeiro aumento de capital para o Banco Mundial em 20 anos. Os países ricos industriais têm sido os maiores contribuidores para o Bird e ditado a forma como esses fundos são gastos. Espera-se agora que os países emergentes tenham um papel maior.

Zoellick disse temer que o incentivo à cooperação entre países vá desaparecer com a recuperação da economia global e a rápida evolução de uma economia mundial multipolar, em que alguns países em desenvolvimento estão se tornando potências econômicas.

As mudanças no mundo não estão apenas na China e na Índia, disse ele. A África Subsaariana poderia crescer a uma média de mais de 6% até 2015, enquanto o Sul da Ásia, onde vive a metade dos pobres do mundo, pode crescer até 7% ao ano no mesmo período. "Estamos agora em uma nova economia mundial, em rápida mutação multipolar, onde o norte, o sul, o leste e o oeste são agora os pontos de uma bússola, não destinos econômicos", disse Zoellick.

Mas com a maior influência global vem acrescentada a responsabilidade, observou ele, advertindo os países em desenvolvimento que querem maior participação nas instituições internacionais.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou reformas nos organismos multilaterais e disse que o Brasil não se tornou credor do FMI e do Bird para não haver modificações em seus procedimentos.

"É preciso que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional abandonem seus dogmas obsoletos e condicionalidades nefastas. O Brasil não se tornou credor desses organismos para que as coisas continuassem como antes", disse o presidente.

"Exigimos reformas profundas para que os países em desenvolvimento possam ter voz ativa na definição de seu futuro."

(Com agências internacionais)

2018) O Brasil e o programa nuclear iraniano: olhos nos olhos?

Eu me pergunto como vai ser esta conversa: o presidente Lula vai olhar nos olhos de Ahmadinejad e dizer o seguinte:
"-- Ahmadinejad, seja sincero e olhe nos meus olhos: é verdade que você pretende construir armas nucleares?"
Estou esperando a resposta...
Paulo Roberto de Almeida

Brazil's Lula warns Iran on nuclear arms
Reuters, Wed, Apr 14 2010

SAO PAULO, April 14 (Reuters) - Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva said on Wednesday that he will tell Iran's President Mahmoud Ahmadinejad the Islamic Republic would suffer the consequences if it seeks nuclear arms.
Lula is due to visit Tehran next month.
"I will go there and talk face-to-face to Ahmadinejad. If he says he will build (arms), he'll have to pay the price for his move," Lula said at a steel conference in Sao Paulo without giving details.
Latin America's largest economy has urged continued dialogue with Iran even as Western powers push for a new round of U.N. sanctions over a nuclear program they believe is aimed at developing nuclear bombs.
Lula said Iran should not be punished before further talks and that he didn't want a repeat of what happened in Iraq, which was accused of having arms of mass destruction "that nobody showed us."
The Lula administration said this week it was looking to finance Brazilian exports to Iran, particularly food supplies.
Lula welcomed his Iranian counterpart to Brazil last year and will visit Tehran despite growing criticism by Brazilian opposition parties and Western diplomats over the close ties.
Brazil's Foreign Minister Celso Amorim said last week that United Nations sanctions against Iran over its nuclear program could make the Islamic Republic more radical and cause its population to revolt. But he denied Brazil was pro-Iran, saying it simply favored negotiated solutions to global problems.

2018) O Brasil em 2022: planos para o bicentenario

Eu teria apenas cinco prioridades para o Brasil, de aqui até 2022 (e mais além):
1. Educação primária
2. Educação secundária
3. Educação técnico-profissional
4. Educação...
5. Educação...

BRASIL
Ambicioso plan para el bicentenario
Por Mario Osava
IPS, 5 marzo 2010

RÍO DE JANEIRO, 5 mar (IPS) - Brasil será "radicalmente menos desigual" y menos vulnerable a turbulencias externas cuando cumpla sus 200 años de vida independiente, si se ejecuta el plan que elabora la Secretaría de Asuntos Estratégicos (SAE) para los próximos 12 años, según un alto funcionario.

El Plan 2022 deberá estar listo en los próximos meses, "antes de la Copa Mundial de Fútbol" que se disputará en Sudáfrica en junio y julio, anunció este viernes a corresponsales extranjeros el ministro Samuel Pinheiro Guimarães, titular de la SAE, vinculada a la Presidencia de Brasil y encargada de proyectar el desarrollo del país a largo plazo.

Ese programa tendrá "metas factibles y ambiciosas", que serán debatidas con la sociedad en un amplio proceso de consultas con todos los sectores, dijo Guimarães, sin detallar metas sectoriales ni cuantitativas.

Los grandes objetivos incluyen "integrar el sistema productivo" nacional, para hacerlo más eficiente, y tener un régimen político "más democrático y participativo", además de igualdad y seguridad externa, resumió el ministro, un diplomático que entre 2003 y 2009 fue el número dos de la cancillería brasileña.

En los últimos años, este país sudamericano de 192 millones de habitantes redujo enormes desigualdades económicas, de género, étnicas, regionales y urbanas, especialmente a través de sus programas sociales, como la Beca-Familia, que beneficia a 55 millones de personas pobres, destacó el ministro.

Pero queda mucho por hacer, admitió.

Seguramente se ampliarán esos programas, destinados a la población de bajos ingresos absolutos. Y alguna forma de pobreza relativa, que puede ser distinta en áreas diversas, se podrá usar como parámetro para extender esos subsidios a otras familias, explicó.

"La eliminación de vulnerabilidades" fue el asunto en el que más profundizó Guimarães, conocido por sus ideas nacionalistas. En la dimensión económica, los avances se confirmaron en la rápida superación de los efectos de la crisis financiera mundial, "que prosigue en muchos países desarrollados", dijo.

Las reservas de divisas, superiores a los 200.000 millones de dólares y acumuladas en los últimos años, y las exportaciones diversificadas en productos y mercados, contribuyeron a ese desempeño de la economía brasileña, también fortalecida por un mercado interno en expansión, tanto por las políticas sociales como por nuevas formas de crédito.

En Brasil el comercio exterior aporta solo 14 por ciento del producto interno bruto, "una pequeña participación, gracias a Dios", pues eso permitió que la recesión de 2008 en los mercados externos tuviera un impacto reducido en el país, celebró.

El Plan 2022 contempla también riesgos externos en las áreas política, militar y tecnológica. Con el fin de neutralizar vulnerabilidades políticas, Brasil pretende un asiento permanente en el Consejo de Seguridad de las Naciones Unidas --vital para la "gobernanza global"--, así como en otros organismos internacionales, justificó.

Este país tiene unas Fuerzas Armadas que "no se corresponden al tamaño de su territorio", y su presupuesto militar es bajo y proporcionalmente inferior al de sus vecinos latinoamericanos, dijo el ministro, que defiende su expansión y la "recuperación de la industria de defensa".

"Ningún país es soberano sin defensa", arguyó.

En el área tecnológica, Brasil también tiene que superar rezagos, ya que "no genera patentes" en la cantidad equivalente al peso de su economía.

Otro desequilibrio afecta al parque productivo brasileño, que está entre los 10 mayores del mundo, pero carece de "integración", lo que exige una mejor infraestructura de transporte, con más ferrocarriles y mejores puertos y aeropuertos.

También se necesita ampliar la producción nacional de fertilizantes, pues la mayoría hoy son importados, una situación similar a la que vive la industria farmacéutica.

Guimarães reconoció que no hay garantías de que el Plan 2022 oriente a los futuros gobiernos, ya que la oposición podría triunfar, por ejemplo, en las elecciones presidenciales de octubre de este año. Pero reducir desigualdades y vulnerabilidades y mejorar la eficiencia productiva son objetivos que cualquier administración persigue, razonó.

Brasil tiene excelentes condiciones de desarrollo y seguridad, porque es uno de los tres países que están entre los 10 primeros del mundo en tamaño territorial, población y producto a la vez, sostuvo el ministro. Los otros dos son China y Estados Unidos.

Además, el país dispone de recursos naturales impares y podrá disponer de más minerales en el futuro, ya que solo un cuarto de su territorio fue rigurosamente sometido a estudios geológicos, acotó.

Se suma el potencial humano aún por desarrollar, a través de la educación y los programas sociales.

Ante la pregunta de si Brasil es vulnerable por no disponer de armas nucleares, Guimarães contestó que esas armas existen, pero "difícilmente son usadas".

Por su Constitución, esta nación solo emplea energía nuclear para fines pacíficos, pero tiene "conocimientos y tecnología" para producir el combustible. Además, cuenta con la sexta mayor reserva de uranio del mundo y está construyendo un submarino de propulsión nuclear. (FIN/2010)

2017) How to extend, and increase, unemployment: through unemployment insurance...

* REVIEW & OUTLOOK
Incentives Not to Work
Larry Summers v. Senate Democrats on jobless benefits
.
The Wall Street Journal, April 13, 2010

"The second way government assistance programs contribute to long-term unemployment is by providing an incentive, and the means, not to work. Each unemployed person has a 'reservation wage'—the minimum wage he or she insists on getting before accepting a job. Unemployment insurance and other social assistance programs increase [the] reservation wage, causing an unemployed person to remain unemployed longer."

Any guess who wrote that? Milton Friedman, perhaps. Simon Legree? Sorry.

Full credit goes to Lawrence H. Summers, the current White House economic adviser, who wrote those sensible words in his chapter on "Unemployment" in the Concise Encyclopedia of Economics, first published in 1999.

Mr. Summers should give a tutorial to the U.S. Senate, which is debating whether to extend unemployment benefits for the fourth time since the recession began in early 2008. The bill pushed by Democrats would extend jobless payments to 99 weeks, or nearly two full years, at a cost of between $7 billion and $10 billion. As Mr. Summers suggests, rarely has there been a clearer case of false policy compassion.

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Associated Press

Larry Summers
jobless
jobless

Mr. Summers is merely reflecting what numerous economic studies have shown. Alan Reynolds of the Cato Institute has found that the average unemployment episode rose from 10 weeks before the recession to 19 weeks after Congress twice previously extended jobless benefits—to 79 from 26 weeks. Even as initial unemployment claims have fallen in recent months, the length of unemployment has risen. Mr. Reynolds estimates that the extensions of unemployment insurance and other federal policies have raised the official jobless rate by nearly two percentage points.

Or consider the Brookings Institution, whose panel on economic activity reported this March that jobless insurance extensions "correspond to between 0.7 and 1.8 percentage points of the 5.5 percentage point increase in the unemployment rate witnessed in the current recession."

Or perhaps the Senate should listen to another Obama Administration economist, Alan Krueger of the Treasury Department, who concluded in a 2008 study that "job search increases sharply in the weeks prior to benefit exhaustion." In other words, many unemployed workers don't start seriously looking for a job until they are about to lose their benefits.

And, sure enough, the share of unemployed workers who don't have a job for more than 26 weeks has steadily increased, reaching a record 44.1% in March. The average spell of unemployment is now 31 weeks, even though the economy is once again creating more new jobs than it is losing. Democrats are slowly converting unemployment insurance into a welfare program.

Despite all of this evidence, Democrats seem to think that extending jobless benefits for another 20 weeks is a big political winner. Iowa Senator Tom Harkin recently roared, "Is there any compassion at all left with Republicans for people whose checks are going to run out?" New York's Chuck Schumer calls Republicans "inhumane."

But do these Senators really think it's compassionate to give people an additional incentive to stay out of the job market, losing crucial skills and contacts? And how politically smart is it for Democrats to embrace policies that keep the jobless rate higher than it would otherwise be? How many Democrats share Mr. Harkin's apparent desire to defend a jobless rate near 9% (today it is 9.7%) in the fall election campaign.

We should add that Republicans would rather not fight on these incentive grounds and are instead opposing the new benefits only because Democrats refuse to pay for them and want to add to the deficit. In other words, the GOP is merely asking Democrats to live up to their own "pay as you go" fiscal promises, since the total bill for these jobless benefits has now hit nearly $90 billion.

If Republicans were really cynical, they'd let the new benefits pass and run against the higher jobless rate in the fall. In any case, no one should be surprised that when you subsidize people for not working, more people will choose not to work.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

2016) A universidade brasileira e eu: uma relacao conflituosa

Um Anônimo, desses que preferem continuar no armário, mesmo depois de eu ter confirmado que não preteno morder ninguém, me escreveu novamente, em defesa das políticas sociais e educacionais do governo atual, e me criticando por eu ser tao negativo em relacao à universidade brasileira, em geral, e as públicas em especial.
Escreveu ele (aliás sempre no post errado, mas enfim, vamos relevar isso):

Quarta-feira, Abril 14, 2010 3:12:00
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2100) Reforma tributaria - Roberto Campos":


Não acho, Sr. Paulo Roberto de Almeida, que o governo Lula vem fazendo favor a ninguém.
Ele apenas vem tentando recuperar o que o governo anterior simplesmente tentou fazer: liquidar a Universidade Pública no Brasil. Governo anterior este que era imbuído de um pensamento ultraliberal no campo da política econômica principalmente no primeiro governo quando PUC-Rio reinou na equipe econômica

Só que parece que há pessoas que ao ouvirem a palavra Estado sentem-se profundamente inquietas.

Por que é tão ruim investir na Universidade?
Por que é ruim abrir mais concursos nas universidades?
Por que é ruim abrir mais vagas?
E por fim: Por que o Senhor só coloca notícias NEGATIVAS a respeito da Universidade brasileira?

Volto a reiterar: a esquerda extremista é minoritária na Universidade Brasileira.
Quem mais partilha das ideias marxistas e de suas derivações nos cursos de ciências humanas (pelo menos no campo dos alunos- que eu posso falar pois terminei há pouco tempo a graduação) são os alunos que tem a melhor renda. A grande maioria está na universidade para estudar e tentar um futuro melhor.

O que não dá é ficar só espalhando notícias negativas sobre o atual quadro da educação no Brasil. Isso deixa-me muito irritado porque parece má fé.

Admito que desrespeitei o Senhor. Mas espero que seja honesto (e também não desrespeite) quando escreve e denigre a Universidade brasileira.

Postado por Anônimo no blog Diplomatizzando...

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Voltei para comentar (como diria um jornalista conhecido, e odiado por esse mesmo pessoal):

1) [O governo Lula] "...apenas vem tentando recuperar o que o governo anterior simplesmente tentou fazer: liquidar a Universidade Pública no Brasil."
PRA: Mentira, mentira, mentira. Seria até estúpido eu responder uma bobagem desse tamanho, mas é o tipo de mentira fraudulenta que gente sem argumentos continua espalhando por ai.
Posso apenas dizer que isso é moralmente abjeto e nem vou responder quanto ao conteúdo.

2) [O] "Governo anterior este que era imbuído de um pensamento ultraliberal no campo da política econômica...
PRA: Mais uma bobagem sem tamanho. Convido esse Anônimo leitor a ler um trabalho meu sobre o pretenso neoliberalismo no Brasil. Pode achar no meu site.

3) "...há pessoas que ao ouvirem a palavra Estado sentem-se profundamente inquietas."
PRA: Quanta bobagem. Estados existem, alguns mais eficientes do que outros. Se o Anônimo me provar que o Estado brasileiro é um modelo de eficiência ganha tres livros meus, ou à sua escolha.
Apenas acrescento o seguinte, se ele não sabe, ou não desconfia: Estados não criam um quilo, um grama, um centimetro, um milésimo de riqueza, apenas retira dos cidadãos os recursos de que necessita para seu trabalho supostamente em benefício da coletividade. Se o Anônimo tivesse consciência cidadã ele constataria que esse Estado balofo que está ai arranca cada vez mais recursos da sociedade com um investimento produtivo mínimo, e com serviços miseráveis. Ele certamente não sabe o que é carga fiscal e não tem ideia comparativa do que isso representa para o setor produtivo. O Brasil é um país inviabilizado pelo peso do Estado, apenas isto.

4) "Por que é tão ruim investir na Universidade? Por que é ruim abrir mais concursos nas universidades? Por que é ruim abrir mais vagas? E por fim: Por que o Senhor só coloca notícias NEGATIVAS a respeito da Universidade brasileira?"
PRA: A universidade brasileira não merece o dinheiro que ganha da sociedade. Não vou me estender em todas as disfunções e deformações da universidade pública -- e sequer toco na ruindade da maior parte das privadas, mas elas supostamente vivem de suas mensalidades, e alguns benefícios fiscais, e não do orçamento público, que todos pagam, mesmo os que não frequentam universidades -- mas é preciso ficar claro que, sob qualquer critério, a produtividade dessas universidades é baixíssima e de qualidade medíocre, quando vista em comparações internacionais. Nada tenho contra abrir mais vagas. Alias, professores que supostamente são de dedicação exclusiva e tempo integral deveriam dar mais aulas, e não levar a vida de ócio que vejo nas IFES. A dedicação exclusiva é uma fraude, como sabem todos os que frequentam as IFES.
Eu só coloco notícias negativas porque não há sentido em ficar elogiando uma coisa ruim, e de toda forma se pretende melhorar o que estar errado, nao elogiar o que está certo, ou é apenas correto (fazer pesquisa, dar aulas, etc, isso é obrigação, não favor, pelo que se paga, e todos pagam).
Repito, a universidade não merece o que ganha.
E digo muito claramente: universidade não deveria ser gratuita, isso é antidemocrático. Deveria ser paga, e contar com bolsas para os que não podem pagar.

Voilà, Anônimo, acho que fui bastante claro.
Paulo Roberto de Almeida
15.04.2010

2105) Politica externa do Brasil: uma critica contundente - Reinaldo Azevedo

Apenas transcrevendo, sem comentários, que não me cabe.

O BRASIL, O IRÃ, O ANTIIMPERIALISMO, A CAMISETA DA SELEÇÃO E OS INDECENTES
Reinaldo Azevedo, 15.04.2010

Patético, e nisso não há nenhuma novidade, o papel desempenhado pelo Brasil na Cúpula de Segurança Nuclear de Washington, convocada e estrelada pelo presidente dos EUA, Barack Obama. Mais uma vez, lá estava o Brasil apegado a seu monotema: defender o diálogo com quem não quer dialogar — no caso, o governo do Irã. Fora da agenda, Lula e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdogan, mantiveram um encontro de 15 minutos com Obama. O objetivo era convencer o presidente americano da desnecessidade das sanções, aquela conversa de sempre. Obama deve ter ouvido tudo atentamente e deu de ombros. Respondeu o óbvio: sanções fazem parte do processo de negociação. E está certo, não é? Não se trata de uma declaração de guerra.

Observem: o Brasil restou como o único país de alguma relevância a se opor severamente às sanções. Mais do que isso: tornou-se mesmo um militante da causa iraniana. E as coisas vão assumindo, nesse tema, um contorno cada vez mais suspeito. Já trato disso. A China não aderiu ainda à proposta, mas aceita conversar a respeito e já deixou claro que rejeita o comportamento do governo do Irã, o que o Brasil não fez. Ao contrário: Lula e o Itamaraty se tornaram porta-vozes de Mahmoud Ahmadinejad no mundo. O Brasil se fez um fiador da “verdade” iraniana: seu programa nuclear tem fins pacíficos. Ahmadinejad e os aiatolás só não aceitam a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica por uma questão de soberania… Sei!

O Brasil não deve ter entendido direito o caráter da cúpula proposta e realizada por Obama. Ou até entendeu e, por isso mesmo, fez declarações um tanto hostis à iniciativa. Vamos ver.

Quando o presidente americano e o russo, Dmitri Medvedev, anunciaram a redução do arsenal nuclear, Lula tratou a coisa com menoscabo: segundo ele, tratava-se apenas da desativação de armamento obsoleto. E voltou a sugerir que países com armas nucleares deveriam dar o exemplo e destruir seu arsenal — só assim poderiam exigir igual comportamento dos outros.

O que há de histórica e moralmente delinqüente num raciocínio como esse, que não é só de Lula, não (aliás, originalmente, não é dele), mas do antiamericanismo que hoje pauta a política do Itamaraty? Duas coisas essenciais:
1) há uma diferença entre o armamento nuclear para dissuasão e para ataque; sei: isso não faz diferença para o PT;
2) NÃO há diferença entre o tipo de civilização, A CIVILIZAÇÃO POLÍTICA, que as armas nucleares americanas ajudaram a preservar e aquela que o Irã gostaria de destruir; mas isso também não faz diferença para o PT.

Qual o sentido, então, da iniciativa de Obama — e, desta feita, cá estou eu a aplaudir o presidente dos EUA, o que não costuma acontecer? Está buscando respaldo político e moral para o que está sendo dado como muito provável: o confronto com o Irã. Qual confronto? No limite, pode ser a guerra se o país insistir na rota tresloucada em que está. Notem: as sanções não são o primeiro passo rumo ao pior; elas são, por enquanto, uma alternativa. Trata-se de um sinal de que o equilíbrio dado no mundo rejeita um comportamento como o iraniano.

O governo brasileiro entrou nessa história com uma linguagem velha, com aspirações que já classifiquei aqui de “subimperialistas”, tentando se colocar como um ator global que se encontra no pólo oposto aos EUA, condição que, por razões ou geopolíticas ou comerciais, Rússia, China ou União Européia rejeitam. Um grande amigo meu acaba de voltar da China. É um grande empresário — e também um visionário. Está impressionado com o que viu: o equilíbrio “perfeito” — e maldito para a civilização, digo eu — entre tirania e tino para os negócios. Haverá o tempo, talvez não seja o caso de estarmos vivos, em que aquele “império” vai se confrontar com a civilização da democracia. Espertos, os chineses acham que ainda não é a hora.

Mas o Brasil de Lula, pelo visto, acha que já é chegado o tempo. Daí essa insistência, reitero, em se opor às sanções. Não só isso. O governo foi mais longe: tornou-se um advogado do Irã. Há dias, contra as evidências, o presidente afirmou que Ahmadinejad não pode ser tratado “como um terrorista”. Não? O Irã financia hoje o terror no Iraque, nos territórios palestinos e no Líbano. E promete “varrer Israel do mapa”.

Numa loucura que pode ser método — e começo a voltar, como o prometido, ao segundo parágrafo —, enviou uma missão comercial ao Irã enquanto o mundo, na prática, debatia formas de conter a ação de países como o… Irã!!! Miguel Jorge, ministro da Indústria e Comércio (tenho minhas dúvidas se sua biografia precisava disso), liderou um grupo de 80 empresas, que preferem manter seus respectivos nomes em sigilo (por quê?), para intensificar as relações comerciais com aquele país, com abertura de linha especial de crédito. Como isso tudo parecia pouco, o ministro posou (Emir Sader escreveria “pousou”) para as fotos presenteando Ahmadinejad, o negador do holocausto judeu e que condena à forca os que se opõem a seu governo, com uma camiseta da Seleção Brasileira. Para todos os feitos simbólicos, trata-se de uma condecoração.

Nestes quase oito anos de governo Lula, a política externa brasileira não rejeitou as piores ignomínias porque haveria um objetivo estratégico: um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Flertou-se, nesse tempo, com as ditaduras mais odientas; cada voto do Brasil nos fóruns multilaterais deixou de lado qualquer princípio para angariar apoio a seu pleito. Pois bem: esse alinhamento incondicional com o Irã afasta o Brasil daquele propósito. Por que, então, de súbito, o país passa a atuar contra o que foi, durante um tempo, uma obsessão?

Não sei! Sei, aí sim, que isso cheira muito mal. Creio que um dia virá à tona uma história de contornos escabrosos. O tempo dirá. Encerro lembrando que o debate na intimidade do governo é de tal sorte destrambelhado que José Alencar, vice-presidente, chegou a dizer que o programa nuclear iraniano pode até ter como objetivo a bomba. Para ele, tudo bem. Segundo Alencar, arma nuclear também pode servir à paz desde que se preste à dissuasão. Não pensa isso sozinho, não. Está vocalizando uma cultura interna.

Alencar e todo o governo Lula fazem de conta que o mal ou o bem estão (a concordância está correta, antes que reajam) na bomba em si, não nos valores que guardam essa bomba.

Como diria Lula, eu “estou convencido de que” estamos diante de uma política externa de primitivos morais. Não havendo nenhuma razão inconfessável para o alinhamento incondicional com o Irã (e isso seria coisa de indecentes), restam as razões confessáveis. E também elas são coisa de indecentes

2104) Obama e "o cara": fim de uma bela amizade?

Da coluna diária do jornalista gaúcho Políbio Braga:

Saiba por que Obama não acha mais que Lula é “O Cara”
15 de abril de 2010

As imagens e as notícias sobre a Cúpula de Segurança Nuclear mostram que resultaram esfriadas as relações entre Barak Obama e Lula.

. Obama, que já considerou Lula a verdadeira encarnação de “O Cara”, ignorou-o em Washington.

. O que ocorreu:

1) Obama caiu na real dentro do próprio contexto do papel que jogam os EUA, fazendo menos concessões a situações e figuras exóticas como Lula.

2) Lula tem criado embaraços para os americanos em função do apoio ou tolerância a notórios inimigos dos EUA.

. A hora da verdade chegou antes para Obama e muito tarde para Lula.

Políbio Braga

2104) Avatares da cooperacao militar Brasil-EUA: Marcelo Rech

Brasil – EUA: a cooperação incomoda
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 15h52

A cada 15 dias pelo menos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirma em algum evento que vai entregar “na próxima semana” o relatório final sobre a escolha do caça que vai integrar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB).

E que o presidente da República reunirá o Conselho de Defesa Nacional para bater o martelo.

Uma celeuma que parece não ter fim.

Às vezes o governo dá a entender que o negócio com a França está fechado. Outras, que os concorrentes têm chances.

Há momentos em que sinaliza com o encerramento da licitação sem definição alguma, copiando o governo tucano.

Na prática, esse negócio de uns US$ 4 bilhões tem sido costurado sem transparência alguma, sugerindo que interesses outros sejam determinantes para que o anúncio seja feito de uma vez por todas.

Ou não.

Depois de se distanciar dos Estados Unidos, de reclamar de sua presença militar na América do Sul e de confrontá-lo com um apoio incondicional ao Irã e a Cuba, o governo assina um pacto estratégico justamente neste campo.

Os Estados Unidos não terão bases à sua disposição, seus militares não gozaram de imunidades e eles não estarão permanentemente por aqui.

Ainda assim, trata-se de uma aliança que irrita a vizinhança, principalmente aqueles que não viram nada demais a Colômbia ampliar seus entendimentos com o Pentágono.

Aceitaram endossar as queixas de Brasília e agora se sentem enganados.

Isso sem contar Bolívia, Equador e Venezuela, que sustentavam seus discursos anti-Império tendo a postura brasileira como pano de fundo.

Se a Colômbia não podia o que faz pensar o ministério da Defesa que o Brasil pode?

Essa é uma das perguntas que Nelson Jobim terá de responder no dia 6 em Quito quando seus homólogos se sentarem na mesma mesa para discutir o assunto.

A exemplo da licitação dos caças, o tema foi muito mal conduzido.

Cheira a oportunismo, coisa de quem se acha melhor que os outros.

Enquanto diziam uma coisa em público, faziam outra em privado.

O acordo assinado em Washington constitui um poderoso instrumento jurídico que permitirá aos dois países detalhar como, quando e em que condições, a cooperação avançará.

Pesquisa e desenvolvimento, intercâmbio de informação militar, projetos e programas tecnológicos e comércio, na área de defesa não é o mesmo que em turismo ou esportes.

Para os Estados Unidos, esse documento é fundamental. Atende aos seus interesses estratégicos na região, mesmo que o Brasil insista em diminuir sua importância.

Se não tem relevância, por que assiná-lo?

O ministro da Defesa foi taxativo ao reconhecer que agora o Brasil está no jogo para vencer (a licitação da Força Aérea norte-americana) um negócio que pode chegar a 200 aeronaves Super Tucano.

Resta saber se o F-18 Super Hornet, fabricado pela norte-americana Boeing, também ressurge das cinzas no arrastado FX2.

Não fosse o lobby instalado no Congresso Nacional pelas empresas na disputa, seria um bom tema a ser investigado.

Marcelo Rech é jornalista, editor do InfoRel e especialista em Relações Internacionais, Estratégias e Políticas de Defesa e Terrorismo e contra-insurgência. Correio eletrônico: inforel@inforel.org

2103) Ironias da cooperacao militar na America do Sul: Venezuela vai romper relacoes com o Brasil, depois do acordo com os EUA?

Não deixa de ser, de fato, irônico, se a Venezuela rompesse relações com o Brasil, depois da assinatura do acordo militar Brasil-EUA, sem consulta prévia, cabe recordar, aos sócios do Conselho Sul-Americano de Defesa, um dos avatares da Unasul (ainda não aprovada legalmente pelos países membros e portanto, ainda não funcionando de forma plena, ainda que isto não a impede de se reunir politicamente, e de fazer o que sempre faz: declarações).
O Brasil se limitou a "informar", ao que parece, seus sócios da Unasul e do Conselho, sem provavelmente transmitir o teor do acordo, que só foi assinado recentemente, e não envolve, como se sabe, bases militares americanas no Brasil, mas apenas cooperação logística, treinamento e formação e, mais importante, trocas comerciais e comércio de material bélico.
Uma diplomacia soberana poderia reagir assim a pergunta desse jornalista abusado: "exige resposta de quem, cara pálida?; Brasil é um país soberano, pode fazer acordos de qualquer natureza com qualquer país do mundo, e não tem de prestar contas, nem antes, nem durante, nem depois, a quem quer que seja. Estamos conversados. Ponto."
Seria simples assim.
O problema foi que a diplomacia soberana criou essa coisa chamada Conselho Sul-Americano de Defesa, que teoricamente recomendaria consultas, informação, troca de notas, reuniões de seu órgão pleno, ou seja lá mais o que for, para ser totalmente transparente, cooperativo, politicamente correto.
Foi assim pelo menos que o Brasil agiu quando dos acordos militares da Colombia com os EUA, praticamente exigindo que a Colombia revelasse todo o seu teor e "desse garantias" de que as bases e o acordo não seriam usados contra nenhum país da região.
Foi a partir desse acordo que Chávez rompeu relações com a Colombia e assinou acordos militares com a Rússia, não apenas os de compra de equipamentos, até hoje não revelados ao Conselho.
Curioso que a diplomacia brasileira jamais se pronunciou a esse respeito, embora os casos sejam relativamente similares, ainda que não envolvam, no caso dos acordos militares da Venezuela com a Russia, instalação de bases ou permanência de tropas russas na Venezuela. Mas se trata de compras maciças que, em teoria, desequilibram a relação de forças na região e em relação aos quais as FFAA brasileiras devem estar legitimamente preocupadas.
Talvez elas tenham recebido informações suficientes e completas, seja bilateralmente (e secretamente), seja via seus adidos militares em Caracas.
Mas que se trata de DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS, disso não cabe nenhuma dúvida.
Paulo Roberto de Almeida (14.04.2010)

Acuerdo militar Brasil – EUA: La región exige respuestas
Marcelo Rech
Inforel, 14/04/2010 - 14h45

El año pasado, Brasil ha liderado un grupo de países de la región para exigir garantías de Colombia y Estados Unidos acerca del acuerdo militar que firmaban en Bogotá.

Un acuerdo que permite el uso de siete bases militares colombianas por los 1.800 soldados norteamericanos que actúan en el país.

Hugo Chávez hizo del tema su principal argumento para comprar US$ 5 billones en armamentos de Rusia.

Pese el cuidado del ministerio de Defensa al informar el mes de marzo todos los países miembros de la Unión de Naciones Sudamericanas (Unasur), respecto las negociaciones, el asunto ha generado un tremendo malestar.

Colombia, por ejemplo, quiere saber sí Venezuela pretende congelar las relaciones con Brasil.

Es una ironía inteligente.

Ha sido una tradición que la Venezuela de Chávez rompa relaciones con los países que se animan fortalecer sus relaciones con los Estados Unidos.

¿Porque sería diferente con Brasil?

Hace poco, los departamentos de Defensa y de Estado, de los Estados Unidos han reclamado la falta de transparencia en las negociaciones entre Venezuela y Rusia.

El acuerdo Brasil – Estados Unidos se ha tornado público el momento que las negociaciones ya se habían concluido.

La semana pasada, el principal responsable de la política externa norteamericana para el Hemisferio Occidental, Arturo Valenzuela, realizó una gira por la región.

Desde Ecuador, afirmó que el acuerdo con Brasil era parte de la política ordinaria norteamericana y que el presidente Barack Obama, diferentemente de su antecesor, trabaja por el multilateralismo.

En la práctica, tenemos dos pesos y dos medidas.

El acuerdo que acaba de firmar con los Estados Unidos saca de Brasil cualquier posibilidad de exigir transparencia de sus vecinos.

Fue gestado bajo intereses comerciales.

Puede influir en la compra y venta de equipos militares sin que sepamos los niveles de entendimiento.

También atiende una antigua demanda de los militares brasileños que por buen tiempo quedaron alijados de las escuelas norteamericanas gracias las discordancias ideológicas de los gobiernos.

Cabe apuntar: ¿será que el Senado, tan duro con las políticas de Brasil hacia Irán y Cuba, cobrará explicaciones del señor ministro?

Marcelo Rech es periodista, editor de InfoRel y especialista en Relaciones Internacionales, Estrategias y Políticas de Defensa y Terrorismo y contrainsurgencia.
Correo electrónico: inforel@inforel.org

2102) Das SS e dos Camisas Negras as Milicias Bolivarianas

Hitler tinha a suas tropas de assalto (alem das Hitler Jugend, que lhe permitia enquadrar a juventude), Mussolini tinha os seus camisas negras, que faziam o trabalho sujo de bater nos democratas e opositores nas ruas, e entregá-los para a polícia política para um serviço mais completo (por vezes definitivo). Está se inaugurando, na América do Sul, práticas similares.
Ditadores raramente confiam nas Forças Armadas profissionais; eles preferem ter suas próprias tropas de fiéis, geralmente imbecis submetidos a lavagem cerebral, comprados a custa de favores e privilégios, que exibem fidelidade canina ao chefe, geralmente a margem da lei e sem controle judicial.
Atuam com base na intimidação, na violência física, no arbítrio e no mais puro autoritarismo. São típicos de ditaduras totais, quando é preciso controlar a sociedade, que já não mais aceita continuar com o mesmo fascista no poder...
Paulo Roberto de Almeida

Chávez juramenta a 30.000 milicianos en el aniversario del frustrado golpe de Estado
MAYE PRIMERA - Caracas -
El País, 14/04/2010

El presidente de Venezuela, con la espada de Simón Bolívar: "La amenaza golpista e imperialista no ha terminado ni terminará a corto plazo"
Milicianos que cargan sus fusiles de asalto FAL, sin cargamento.- foto AP

La multitud que aclama al presidente venezolano Hugo Chávez ha cambiado radicalmente de color. Solía ser roja, civil y bulliciosa. El martes, durante el acto organizado por el Gobierno para celebrar el octavo aniversario del regreso al poder del comandante tras el golpe de Estado de 2002, fue verde oliva, militar, silenciosa, atenta a una voz de orden cerrado para romper filas después del discurso presidencial. Era el mismo pueblo, según Chávez, pero ahora armado con fusiles y vestido de milicia para defender "la patria de (Simón) Bolívar, la revolución socialista". En cifras oficiales, más de 30.000 hombres y mujeres, a los que el presidente tomó juramento de lealtad en el que bautizó como "Día de la Milicia Bolivariana, del Pueblo en Armas y de la Revolución de Abril".

"A ver... levanten el fusil las milicias estudiantiles", les arengó el comandante. Y el primer bloque de tropa frente a la tarima —varias hileras de universitarios— alzaba las armas. No llevaban los fusiles Kaláshnikov, de los 100.000 que recientemente compró el Gobierno venezolano a Rusia, sino los viejos fusiles ligeros de asalto (FAL) que solía usar el Ejército. A este gesto, Chávez aseguró que Venezuela no está en medio de ninguna "carrera armamentista": "Hay que tener cinismo para decir eso, sobre todo si lo dice ese imperio maldito que es el imperio yanqui, que un día desaparecerá de la faz del planeta".
Los milicianos son, en su totalidad, empleados públicos, integrantes de Consejos Comunales —organización popular creada por el Gobierno— y estudiantes de la Universidad de la Fuerza Armada. Son amas de casa, jubilados, oficinistas... Difícilmente se colaría entre ellos un "escuálido" (opositor). Pero, por las dudas, las armas que llevaban no tenían cargador y ni balas. Se las entregaron horas antes de comenzar el acto, tras mostrar cada uno su cédula de identidad al pie de un camión de reparto. El presidente confesó más tarde que aún teme un ataque en su contra: "Las conspiraciones siguen a la orden del día, mi asesinato sigue a la orden del día".
Luego llegó la hora de la jura, y Chávez se enfundó unos guantes negros para tomar en sus manos la espada de Bolívar: un sable de oro, acuñado en diamantes que le fue obsequiado al prócer en Lima, en 1825. "Esta espada la conseguí por ahí, en el Banco Central, donde los escuálidos la habían guardado. Estaba en una fría bóveda. Voy a desenvainarla en ocasiones memorables, como esta". Entonces la empuñó sobre su cabeza, pidió a los milicianos que hicieran lo mismo con el fusil, y les hizo prometer que no darían descanso a su brazo hasta liberar a Venezuela. ¿De qué? De los yanquis, de la burguesía. Les pidió "radicalizar la revolución a fondo" y "barrer" a esa burguesía de todos los espacios políticos y económicos si acaso se aventuraba a perpetrar un magnicidio, o si se atrevía a sacar más votos que el Partido Socialista Unido de Venezuela en los comicios parlamentarios del 26 de septiembre.
"No podemos permitir que la burguesía ocupe espacios en la Asamblea Nacional. Toda la Asamblea Nacional debe ser del pueblo", ordenó Chávez a sus seguidores. "Ellos no vienen a gobernar, vienen a tratar de desestabilizar el país, a echar atrás las leyes revolucionarias y eso no lo podemos permitir". Al hablar de "burguesía" se refería a la pléyade de partidos de oposición agrupados en la Mesa de la Unidad Democrática, que van desde la extrema derecha a la extrema izquierda. A diferencia de las elecciones parlamentarias de 2005, a las que la oposición decidió no presentarse, esta vez la Mesa de la Unidad se ha propuesto llevar candidatos únicos para asegurarse tantos escaños como sea posible. Y Chávez, que hoy en día cuenta con el voto de las dos terceras partes del Parlamento, ya se había acostumbrado a gobernar solo.

2101) Multiculturalidade: do ridículo ao autoritário

Todas as imposições são antidemocráticas, mesmo as que se vestem de multiculturalismo ou de relativismo cultural.

Bolívia - Cultura
Viceministerio obliga a vestir trajes típicos a funcionarios

La Prensa, La Paz - Bolivia, Martes, 13 de abril de 2010

ATUENDOS: Un instructivo del Viceministro de Interculturalidad obliga a los funcionarios a lucir ropa originaria cada lunes. La Defensora indaga posible exceso.

Cumplimiento: una funcionaria luce un traje antiguo de chola paceña

El viceministro de Interculturalidad del Ministerio de Culturas, Miguel Peña, instruyó a los funcionarios de su despacho a vestir los trajes típicos con los cuales se identifican, merced a sus respectivas regiones. La orden debe aplicarse cada lunes.

Así, el cumplimiento de esta decisión inició ayer, cuando al menos diez funcionarios que trabajan en ese despacho acudieron a su puesto luciendo diferentes atuendos originarios que representaban a las distintas culturas del rico acervo nacional.

Un chaqueño, dos cholas paceñas (una moderna y otra con vestimenta antigua), un potosino; una chola chuquisaqueña, un beniano y un pandino fueron los protagonistas de esta representación de la interculturalidad.

Por la mañana, el propio Viceministro, de origen beniano, hizo gala de su traje típico de moxeño, poco antes de iniciar una conferencia de prensa, la que fue aprovechada para que los atuendos fuesen exhibidos ante las cámaras de los medios de comunicación.

El viceministro Peña informó que esta política se aplicará todos los lunes, con el propósito de hacer conocer las diversas culturas que tiene Bolivia, además de difundir la existencia de un Viceministerio de Interculturalidad.

Algunos funcionarios, que prefirieron mantenerse en el anonimato, señalaron que este instructivo se les comunicó a inicios de gestión, en enero. “Yo me tuve que fletar el vestuario, pero para mí no es mucho problema porque yo soy paceña”, dijo una de las funcionarias, quien trabaja en esa repartición gubernamental, ubicada en el segundo piso del Ministerio de Culturas.

Otra trabajadora no pareció muy satisfecha con la decisión y lo único que dijo fue que es una orden del jefe y no queda más que cumplirla. “¿No ve? Todos mis compañeros están disfrazados con sus trajes de fiesta”. No obstante, otro funcionario afirmó que habría un acuerdo con los empleados para usar estas prendas.

En la tarde, La Prensa confirmó en un recorrido que algunos funcionarios continuaban despachando con sus atuendos típicos.

En la unidad de Comunicación del Ministerio de Culturas no se entregaron mayores explicaciones sobre el alcance ni la naturaleza de la instructiva, pues sólo se comunicó que eran órdenes del despacho. Empero, se anunció la posibilidad de que esta medida llegue posteriormente a las direcciones de Promoción y de Patrimonio, que dependen de ese Viceministerio. Los funcionarios de estas direcciones del despacho cultural aseguraron que aún no se les pasó el instructivo.
Consultada por La Prensa, la defensora del Pueblo, Rielma Mencias, dijo que esta medida podría ser considerada como un “exceso de la autoridad”, porque las personas son libres de vestirse como quieran.

“No se puede obligar a nadie a usar corbata, tampoco se le va a obligar a que use poncho o abarcas. Si quiere, lo hace, y si no, no. Es de absoluta libertad el cómo se vista (el funcionario) y el cómo se presenta”.

La representante de la oficina del Defensor del Pueblo dijo que al cumplirse una disposición de este tipo, en la que se especifica cómo se visten los y las funcionarias y qué indumentaria deben usar, resulta un atentado contra la personalidad y un exceso.

Mencias dijo que cada persona es libre de decidir cómo se viste y cómo se siente más cómoda; claro, también en la medida de sus propios recursos.

Otra de las observaciones de la Defensora del Pueblo radica en que, si los funcionarios no son originarios del lugar representado, se estaría asumiendo un disfraz. “Si yo me visto de cholita chuquisaqueña y no soy de ese lugar, yo sólo me estoy disfrazando”.

La Defensora del Pueblo anunció que emprenderá un seguimiento frente a las instrucciones que se conocieron ayer, aun a pesar de que no exista ninguna denuncia formal por los funcionarios de esa instancia gubernamental. “Vamos a indagar por nuestra cuenta”, puntualizó.

Esta medida podría considerarse como un exceso de la autoridad

2100) Reforma tributaria - Roberto Campos

Um artigo do famoso economista e diplomata de dez anos atrás, tratando do sistema tributário. Apesar de alguma defasagem, permanece válido.
O mais triste é que ele se referia a uma carga fiscal de 30% do PIB como um entrave ao desenvolvimento.
FHC deixou o governo, no final de 2002, com uma carga fiscal equivalente em 34% do PIB (segundo a antiga metodologia do PIB, pelo IBGE, que depois aumentou e fez declinar essa proporção).
Atualmente, a carga já se encontra situada em 38% do PIB, o mesmo nível que os países da OCDE, que tem uma renda per capita seis vezes mais alta do que a nossa.
Pergunte agora por que o Brasil não cresce?
Acho que nem preciso responder...
Paulo Roberto de Almeida (artigo "ressuscitado" por Ricardo Bergamini)

O sumiço do contribuinte
*Roberto de Oliveira Campos
13/02/2000

Os sistemas fiscais clássicos - dos quais o nosso é um filhote particularmente depravado - estão crescentemente ameaçados pela revolução da Internet. É que eles se baseiam todos na "identificação física" do contribuinte e na localização do fato gerador num estabelecimento determinado. Na economia global e virtual da Internet, há dois fenômenos que só agora começam a ser percebidos: a "desmaterialização" e a "transfronteirização". Tomemos dois exemplos. A música antes transmitida via CDs - objeto físico tributável - pode ser hoje captada via Internet, desmaterializando-se. Projetos e desenhos, que exigiam papelório, empacotamento e transporte, podem ser transmitidos por correio eletrônico. E nasceram as "empresas virtuais", como a Amazon, que vende livros pelo computador no mundo inteiro, substituindo inúmeras lojas de varejo por um armazém de distribuição. A "transfronteirização" se traduz em extrema mobilidade não só de capitais como também de pessoas. Ambos podem buscar paraísos fiscais. E as empresas podem, através de "preços de transferência", alocar alguns processos ou componentes de suas fábricas globais para os países de fiscalidade mais mansa. Acresce que grande parte dos registros documentais é substituída por memórias eletrônicas codificadas.

Era de se imaginar que nesta era eletrônica os países que sentem necessidade de modernizar seu fisco marchassem para métodos de tributação eletrônica, abandonando os impostos clássicos que exigem declaração de renda, consumo ou serviços, engordando três burocracias - a do contribuinte, a do controle e a do contencioso. São três oportunidades de corrupção e evasão.

Mesmo antes de se tornar visível a revolução que advirá do comércio eletrônico, surgiram no Brasil idéias pioneiras de eletronificação do fisco, descartando-se os "impostos declaratórios" por ineficientes e injustos. Ineficientes, pelo alto custo da arrecadação e injustos pelas possibilidades de sonegação. Infelizmente, a Comissão Especial de Reforma Tributária da Câmara dos Deputados pôs de lado a Emenda Constitucional nº 8, que visava a substituir os impostos declaratórios por impostos eletrônicos cobrados na fonte, segundo idéias seminais dos deputados Marcos Cintra e Luis Roberto Ponte. Perdemos a oportunidade de pioneirismo na tecnologia de tributação, ao contrário do que aconteceu na reforma fiscal de 1966, quando fomos o primeiro país do mundo a adotar em escala nacional o Imposto Sobre o Valor Adicionado, que só anos depois foi imitado no Mercado Comum Europeu.

Receio que a nova reforma fiscal padeça do mesmo vício da Constituição de 1988: nasce como um bebê anacrônico. A preocupação dos legisladores parece ser a manutenção das receitas atuais, as quais, ao nível de mais de 30% do PIB, representam um freio ao desenvolvimento. Deveria ser ao contrário: 1) reduzir os encargos do contribuinte e livrá-lo da burocracia; 2) diminuir os "custos" de arrecadação por inovações na tecnologia tributária. Estes dois objetivos se alcançariam com a tributação eletrônica e continuarão inatingíveis com a tecnologia tradicional. Temos uma espécie de "mini/max" perversa: todos querem maximizar o "nível" da arrecadação e poucos se preocupam em minimizar os "custos".

Um consolo para os brasileiros, que tanto ouvem falar da guerra fiscal, é o que está sucedendo na Europa semifederada. Os franceses se queixam da perda de talentos empresariais para a Inglaterra, cujo imposto de renda é mais benigno; os alemães querem tributar juros sobre depósitos bancários, enquanto Luxemburgo e Inglaterra protegem os depositantes: a Irlanda e a Holanda outorgaram generosas renúncias fiscais para atrair empresas de alta tecnologia.

No Brasil, a guerra fiscal entre Estados teve uma fase útil. Vários governadores abandonaram a cultura da mendicância de verbas pela cultura do investimento privado, gerador de receitas futuras. Hoje a guerra fiscal se agravou tanto que ameaça a estabilidade do pacto federativo. Duas das modificações adotadas no projeto de reforma fiscal serão eficazes para contenção da guerra fiscal: a federalização da legislação sobre o IVA estadual e a cobrança do IVA na ponta do destino.

Recentemente, surgiu na Câmara uma proposta de emenda aglutinativa (nº 175/95) subscrita pelos deputados Fetter Junior, Marcos Cintra, Mares Guia e Alberto Mourão, que introduz um toque de inovação. Reduz a contribuição empresarial paga ao INSS sobre a folha de pagamento, no intuito de diminuir os custos diretos da contratação da mão-de-obra, que hoje incentivam o desemprego e/ou a informalização do trabalho. Reduz-se a contribuição patronal direta ao INSS de 20% para 15% sobre a folha de pagamentos, sendo o montante economizado transformado em aumento de salários para os empregados. Para compensar o INSS elevar-se-ia para 0,5% a alíquota do IMF, com dois aperfeiçoamentos em relação à atual metodologia: dar-se-ia crédito tributário aos exportadores e isentar-se-iam as operações no mercado financeiro. É um ensaio tímido de realismo inovador, pois a seguridade social é melhor coberta por encargos gerais sobre a comunidade do que por impostos que oneram diretamente a mão-de-obra.

A tributação eletrônica do futuro ter-se-á que concentrar nas duas pontas do processo econômico: na transação financeira que é a síntese da atividade e na compra de insumos básicos fisicamente necessários ao processo produtivo - eletricidade, combustíveis, veículos e telecomunicações - todos cobráveis eletronicamente nas fontes produtoras e hoje pagos mascaradamente sob várias figuras tributárias.

A percepção direta desses encargos disciplinaria seu consumo com efeitos ecológicos favoráveis, que se somariam ao desincentivo ao vício pela tributação de cigarros e bebidas. Essa heróica simplificação tributária teria efeitos dramáticos sobre a produtividade nacional e, last but not least, reduziria a taxa de corrupção do país.


*Defensor apaixonado do liberalismo. Economista, diplomata e político também se revelou um intelectual brilhante. De sua intensa produção, resultaram inúmeros artigos e obras como o livro A Lanterna na Popa, uma autobiografia que logo se transformou em best-seller. Foi ministro do Planejamento, senador por Mato Grosso, deputado federal e embaixador em Washington e Londres. Sua carreira começou em 1939, quando prestou concurso para o Itamaraty. Logo foi servir na embaixada brasileira em Washington, e, cinco anos depois, participou da Conferência de Bretton Woods, responsável por desenhar o sistema monetário internacional do pós-guerra.

2099) O asco e nojo das elites: para que nao se perca numa nota de rodape...

A propósito de meu post:

terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho,

recebi este comentário de um Anônimo leitor (que não se perca pelo nome) e que transcrevo aqui novamente (apesar de já ter incorporado no post correspondente, para que não se perca sem leitura, posto que poucos são os leitores que vão às notas e comentários, perdidos nas dobras cibernéticas dos blogs), com o único objetivo de oferecer eu mesmo o meu comentário (aliás já iniciado no post acima):

"Quarta-feira, Abril 14, 2010 12:40:00 AM
Anônimo disse...

O PRECONCEITO da elite no Brasil consegue se superar a cada dia.

A cada dia eu tenho mais nojo da elite brasileira que ao qual o Senhor é um dos representantes no campo da Diplomacia. Tenho asco as coisas que escreve que NO FUNDO mascaram UM PRECONCEITO puro e simples contra as tentativas de ascensão social dos mais humildes que o atual governo vem tentando realizar.

O que indigna-me é o modo desrespeitoso como refere-se à Universidade pública brasileira. É MENTIRA afirmar que ela é dominada por um bando de marxistas. A extrema esquerda é minoria entre os professores (é forte sim nos sindicatos dos professores e dos funcionários).

Mas do jeito que o Senhor escreve, parece que os professores e alunos ficam pensando em fazer a revolução o tempo inteiro. É triste ver que um Diplomata escreva coisas do tipo. Um homem que é encarregado de representar o país no exterior e que volta e meia dá en\trevistas no exterior.
(Inclusive o Senhor adora meter a língua na França mas não dispensa uma aparição na Radio France, como ocorreu em 2009).

Talvez Senhor Paulo Roberto de Almeida, seja necessário conhecer mais o país e não ficar somente jogando o seu preconceito (disfarçado de liberalismo) contra os pobres.

Por que não vai a uma Universidade no interior do Estado de MG ou do Nordeste e veja como as coisas acontecem de fato?

Os jovens querem ter uma boa formação seja nas ciências exatas, nas ciências da vida ou nas humanidades. É ISSO que o ATUAL GOVERNO vem realizando.
Estes jovens estudam e não ficam pensando em fazer a revolução."

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Já escrevi algo a respeito dos Anônimos, mas eles continuam anônimos, mesmo quando eu garanto a eles que não vou morder, não vou processá-los, não vou xingá-los, nada. A única coisa que eu possa fazer em relação a um Anônimo é passar uma lição de moral, para eles deixarem de ser covardes e dizer que pessoas que assumem suas próprias ideias não deve temer expor-se em público.

Pois bem, o meu Anônimo diz que tem nojo e asco de pessoas como eu, que representariam as chamadas elites brasileiras. Como ele não estipulou sua faixa de renda, eu fico sem saber se ele também pertence a uma elite; de certo modo, sim, pois que escreve mensagens em computador, o que não é dado a todos os brasileiros, apenas os incluídos digitalmente, que segundo certos militantes da causa são uma elite no Brasil.
Sim, de certo modo eu hoje "pertenço" à elite, mas não me sinto parte da elite, tanto porque não venho da elite e sim de uma faixa muito pobre da população, talvez até mais pobre do que o nosso Anônimo, e que se fez pelo trabalho e pelo empenho individual, sempre estudou em escolas públicas e chegou na elite, não por "culpa" minha, por certo, mas pelas circunstâncias...

Meu caro Anônimo,
Você deve ser muito jovem, e avalia positivamente tudo o que o governo vem fazendo em favor do que você chama de "mais humildes", como se o governo estivesse fazendo um imenso favor a esses humildes ao abrir as portas das universidades a eles.
O que deveria ser um direito normal, lhe aparece como um favor, uma concessão, o que denota certa incompreensão de como as coisas deveriam funcionar num país normal, sem as desigualdades brasileiras.

Vou passar por cima das suas ofensas, pois acredito que você tem necessidade de reagir epidermicamente, em lugar de alinhar fatos e argumentos com alguma base na realidade, como aliás transcrito no post que você comenta.
O direito que eu tenho, e que você também tem, de expor fatos, e daí tirar conclusões, você toma como ofensa pessoal, o que revela certo despreparo para o diálogo democrático, para o debate ponderado, para a troca de ideias, sem precisar recorrer a ofensas. Mas, vamos adiante.

Eu não disse que os alunos querem fazer revolução, e se eu disse, gostaria que você me dissesse exatamente onde. Eu ataquei apenas professores incompetente, ignorantes e desonestos. Mas esse não é o problema. Esses professores vão ficar por aí fazendo sua obra nefasta pelos proximos 30 ou 40 anos, com o que mais jovens aguerridos como você vão se formar, incapazes de debater com base em evidências e mais propensos a ofender quem pensa diferente de você (ou deles).

Nao consigo encontrar nenhum argumento factual para rebater todas as suas ofensas, simplesmente não existe. Sim, acusa-me de não conhecer o país, sem saber, o que é o que se chama de pré-julgamento. Provavelmente eu conheço mais o Brasil do que você, inclusive porque tenho mais quilometros rodados, no Brasil e no mundo. Mas esse ainda não é o problema.

Eles me parecem dois: o Bolsa Familia e o Pro-Uni, que você mal toca, e apenas intuo que você defende como duas grandes realizações deste governo.
Sua única outra afirmação, sem provas, é a de que este governo vem oferecendo uma boa formação nas universidades públicas, do que me permito discordar.
Creio conhecer melhor do que você a situação das universidades brasileiras, tanto porque sou convidado a bancas de mestrado e doutorado em vários estados (você pode conferir o meu Lattes se desejar) e dou regularmente palestras em universidades das mais humildes, apenas atendendo a pedidos de alunos. Também respondo a muitas consultas pelo meu site, o que não aparece, e algumas outras por este blog, como a sua (verdade que bem menos ofensivas).

Acredito que você não tenha instrumentos de comparação para aferir quanto a universidade brasileira, pública e privada, é medíocre, e quanto ela vem se mediocrizando cada vez mais, infelizmente.
Digo isso com muita tristeza, mas é o que constato sem a mínima intenção de ofender ninguém. As pessoas saem sem saber escrever do secundário e continuam sem saber escrever até o Mestrado, que virou um remendo para uma graduação mal feita, e isso justamente nas Faculdades de Humanidades (não estou criticando todas as Faculdades, mas especialmente as de Humanidades).
Você deve saber tão bem quanto eu que a tal de dedicação exclusiva é uma fraude, não é nem dedicação, nem muito menos exclusiva.

Mas, meu caro Anônimo, eu lhe ofereço este espaço para você escrever, sem ofensas, e defender seus pontos de vista, com base em argumentos, evidências, provas.

Pode ser sobre o Bolsa Família, pode ser sobre o Pro-Uni, pode ser sobre a economia brasileira.
Aceito debater de forma aberta e respeitosa.
Escreva, quando quiser.

Paulo Roberto de Almeida
(14.04.2010)

2098) Artigos Paulo R Almeida - Ordem Livre

Um site liberal, onde também colaboro, sem necessariamente me definir como liberal. Sou totalmente contrário a rótulos, e ainda que o liberalismo econômico é certamente mais desejável do que o dirigismo, ou qualquer outra forma de intervenção excessiva do Estado na economia, eu não me defino como liberal.
Sou apenas um racionalista, ou seja, alguém que tenta aplicar as regras da razão, com base na reflexão, na pesquisa, na fundamentação empírica e na indução, aos problemas do homem e das sociedades humanas. É com base nesses princípios que eu colaboro com gregos e goianos, ou seja, jornais e revistas de todas as tendências, eu disse TODAS.
O que vale são as ideias, nao quem as expressa.


Ordem Livre
Trabalhos de Paulo Roberto de Almeida

(na ordem inversa de publicação)
Em 14 de abril de 2010

11) 961. “Individualismo e interesses coletivos: qual a balança exata?”, Ordem Livre (12.04.2010; da série Volta ao mundo em 25 ensaios, n. 8. link: http://www.ordemlivre.org/textos/962/). Relação de Originais n. 2081.

10) 2080. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 7. Guerra e paz no contexto internacional: progressos em vista?”, Brasília, 1 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série, com reflexões sobre conflitos nas sociedades humanas. Ordem Livre (29.03.2010; link: http://www.ordemlivre.org/textos/946/). Relação de Publicados n. 958.

9) 2075. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 5. Políticas econômicas nacionais: divergências e convergências”, Brasília, 26 dezembro 2009, 3 p. Quinto ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da aproximação e gradual convergência das políticas públicas nacionais no contexto da globalização. Ordem Livre (15.03.2010; link: http://www.ordemlivre.org/node/930). Relação de Publicados n. 955.

8) 2073. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 3. Política internacional: por que não temos paz e segurança?”, Brasília, 25 dezembro 2009, 3 p. Terceiro ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da evolução da política mundial e dos problemas de paz e segurança. Publicado em Ordem Livre (1.03.2010; link: http://www.ordemlivre.org/textos/909/). Relação de Publicados n. 954.

7) 2074. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 4. Direitos humanos: o quanto se fez, o quanto ainda resta por fazer”, Brasília, 26 dezembro 2009, 3 p. Quarto ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da evolução dos direitos humanos no plano mundial e das dificuldades de garanti-los. Publicado Ordem Livre (15.02.2010; link: http://www.ordemlivre.org/textos/888/); e no site do Instituto Millenium (18.02.2010; link: http://www.imil.org.br/artigos/direitos-humanos-o-quanto-se-fez-o-quanto-ainda-resta-por-fazer/). Relação de Publicados n. 953.

6) 2072. “Volta ao mundo em 25 ensaios: 2. Economia mundial: de onde viemos, para onde vamos?”, Brasília, 25 dezembro 2009, 3 p. Segundo ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da evolução da economia mundial e de suas características mais marcantes. Publicado em Ordem Livre (1.02.2010; link: http://www.ordemlivre.org/textos/866). Republicado no Instituto Millenium (5.02.2010; link: http://www.imil.org.br/artigos/economia-mundial-de-onde-viemos-para-onde-vamos/). Relação de Publicados n. 951.

5) “Volta ao mundo em 25 ensaios: 1. Por que o mundo é como é (e como ele poderia ser melhor...)”, Brasília, 23 dezembro 2009, 4 p. Primeiro ensaio de uma série preparado para o Ordem Livre, tratando da diversidade do mundo e da baixa produtividade do trabalho acarretada por sociedades fechadas e sem educação. Ordem Livre (18.01.2010; link: http://www.ordemlivre.org/textos/843). Relação de Publicados n. 947. Originais: 2071.

4) O mito da Revolução Cubana
31 de Maio de 2009 - por Paulo Roberto de AlmeidaTags: cuba revolução fidel
1. O mito fundador: a revolução que se transformou em reação
ler o texto completo: http://www.ordemlivre.org/textos/608/

3) O mito do complô dos países ricos contra o desenvolvimento dos países pobres
10 de Maio de 2009 - por Paulo Roberto de AlmeidaTags: conspiração
1. A busca de culpados (sempre deve existir algum...)
ler o texto completo: http://www.ordemlivre.org/textos/587/

2) O mito do Consenso de Washington
22 de Março de 2009 - por Paulo Roberto de Almeida
por Paulo Roberto de Almeida Mais um poderoso inimigo, mas algo fantasmagórico
ler o texto completo: http://www.ordemlivre.org/textos/528/

1) O mito do neoliberalismo
08 de Março de 2009 - por Paulo Roberto de Almeida
por Paulo Roberto de Almeida 1. Da pouco nobre arte de ser falaz
http://www.ordemlivre.org/textos/512/

terça-feira, 13 de abril de 2010

2097) A frase da semana - Friedrich A. Hayek

O socialismo é um sonho em termos de intenções e um pesadelo em termos de resultados;
o capitalismo é um pesadelo em termos de intenções e um sonho em termos de resultados
.


Friedrich August Hayek

2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho

Eu nunca tive dúvidas de que isso iria acontecer. Mais até do que algum impacto fiscal ou orçamentário -- tanto porque o custo do Bolsa Família, em si, não é alto, sendo muito mais importante o dinheiro que o governo repassa aos capitalistas e aos banqueiros -- os efeitos mais significativos do "curral eleitoral" que o governo produziu com o Bolsa Família seriam exercidos no mercado de trabalho, todos de forma altamente negativa, não apenas em termos de sistema produtivo, mas sobretudo para as contas futuras da Previdência e para a criação de uma cultura nefasta de assistencialismo e dependência.
Esta matéria tem alguns meses, mas ela é relevante pelo seu efeito demonstração.

Alguem tinha alguma dúvida de que isso iria acontecer?
14 de Agosto de 2009

Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constantemente formada e preparada. Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o governo para coordenar um curso de formação de costureiras. O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. De novo: só para aquelas que recebem o Bolsa Família.

O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o governo entrou com o recurso; o Senai com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e, o Sinditêxtil com o compromisso de enviar o cadastro das formandas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras. Pela carência de mão obra, a idéia não poderia ser melhor.

Pois bem. O curso foi concluído recentemente e com isto os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações. E foi nessa hora que a porca torceu o rabo, gente. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO.

Entenderam bem? ZERO, gente.

Enquanto ouvia o relato, até imaginei que o número poderia ser baixo, mas o fato é que não houve uma contratação sequer.

ZERO, sem qualquer exagero.

O motivo? Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma com dó, o diretor do Sinditêxtil.

Todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada.

Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso, o Bolsa Família é um beneficio que não pode ser perdido. É para sempre.

Nenhuma admite perder o subsidio. SEM NEGÓCIO - Repito: de forma uníssona, a condição imposta pelas 500 formandas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade.

Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada.

A RAZÃO DE LULA - O que sobrou nisso tudo? Muita coisa. O custo alto para formar as costureiras foi desperdiçado. E pelo que foi dito no ambiente da FIEC, casos idênticos do mesmo horror estão se multiplicando em vários setores. Considerando que a região nordeste do país contempla o maior número de beneficiados com o Bolsa Família, aí está a razão para sermos todos imbecis e idiotas. Lula tem razão. Toda razão.

2095) Comeco do fim para a ditadura castrista?

¿Principio del fin para el régimen castrista?
JORGE CASTAÑEDA
El País, 13 de abril 2010

Uno de los peores negocios del mundo a lo largo del último medio siglo ha sido apostarle al fin de régimen de la llamada revolución cubana. El número de libros, ensayos, artículos, declaraciones y resoluciones vaticinando la caída de Fidel Castro es casi infinito, superado sólo por la cantidad de errores de información y de análisis a los que debemos tanta frustración para quienes el cambio de fondo o el fin del régimen constituía un deseo inocultado. Recuerdo una columna que publiqué en este diario y en la revista Newsweek en 1990, titulada El viejo y la isla, casi suplicándole al "caballo" que se fuera; tal vez nos entierre a todos.

Pero a pesar de los antecedentes negativos, y de la enorme carga de los yerros pasados, es posible que la dictadura tropical empiece a escuchar por primera vez pasos en la azotea. La conjunción de tres factores justifica una nueva aventura analítica: tal vez esta ocasión sea la buena (o la mala, según para quien).

El primer elemento nuevo, o en todo caso ausente desde el "Período especial" en 1994, es una crisis económica feroz, que ha introducido elementos de hambre y miseria en Cuba desconocidos desde aquella época. La caída del precio del níquel y del turismo el año pasado, el estancamiento de las remesas procedentes de Miami y los huracanes en tiempos recientes han paralizado la actividad en la isla; los apagones, las terribles deficiencias del sistema de salud, la falta de alimentos producidos nacionalmente o importados principalmente desde Estados Unidos, la crisis de vivienda generalizada y la suspensión de pagos de Cuba a todos sus acreedores -amigos o adversarios- desde enero del 2009, pintan un panorama desolador.

El subsidio venezolano resulta a la vez indispensable e insuficiente: las privaciones y las dificultades de la vida cotidiana alcanzan un grado inusitado, incluso para un pueblo acostumbrado a sufrir. Y ya no es tan fácil echarle la culpa al "imperio": no es lo mismo George Bush o Ronald Reagan que Barack Obama, cuya popularidad entre el cubano de a pie parece ser descomunal. Como lo han señalado muchos autores, una crisis económica más, por sí sola, no va a derrocar a los Castro. Pero junto con los factores siguientes, tal vez nos conduzca a territorios inexplorados.

En efecto, a pesar de su carácter lógicamente minoritario y aislado, tanto el movimiento de los huelguistas de hambre como el de las Damas de Blanco han generado un elemento discordante y novedoso en la política cubana. La muerte de Orlando Zapata colocó al Gobierno a la defensiva, y canceló cualquier posibilidad de una normalización con la Unión Europea o con México, a pesar del vergonzoso cinismo de Lula, Calderón y Moratinos, y pospuso indefinidamente el acercamiento con Washington. La perseverancia de Guillermo Fariñas en su propia huelga de hambre, su rechazo a las invitaciones españolas, su creciente carácter de líder opositor articulado y centrado, además del claro altruismo de su causa (no es un preso político, pero suspendió el consumo de agua y alimentos para obtener la liberación de los que sí lo son) le dan un relieve interno y externo que pocos disidentes habían logrado. Si se confirman las noticias sobre Darsi Ferrer y Franklin Pelegrino, dos nuevos huelguistas de hambre que se unieron en solidaridad con Fariñas el 30 de marzo, y si se complicara el cuadro médico del propio Fariñas, los acontecimientos podrían tomar un giro insospechado.

Las Damas de Blanco han producido una expectativa semejante. Llevan años marchando y yendo a misa cada domingo buscando la liberación de los presos políticos detenidos en el 2003 y con posterioridad. Pero, de repente, sus esfuerzos han cobrado un nuevo ímpetu. Por un lado, las autoridades ya no pueden impedir las marchas; por el otro, tampoco desean que tengan lugar libremente. Han optado, con la clásica picardía cubano-castrista, por un ardid ingenioso y malévolo: echarle encima a las Damas turbas revolucionarias semioficiales, y resguardar a las Damas con fuerzas del orden que las protegen de posibles agresiones... procedentes de las turbas semioficiales. Pero las multitudes conformadas por las Damas, los agresores, los cuidadores y los espectadores han sido captadas en fotografías que le han dado la vuelta al mundo. Lo que no sabemos es si junto con el martirio de Zapata y el reto de Fariñas, le hayan dado la vuelta a Cuba.

Hasta hace muy poco, seguramente no hubiera sido el caso. Una de las grandes fortalezas del autoritarismo cubano consistió en el aislamiento de los opositores, y la ignorancia en la que mantenía sumida a la población cubana. Nadie se enteraba de nada, salvo por la versión truncada de Radio Bemba, una transmisión de boca a boca basada en la tradicional locuacidad cubana.

Pero en esta ocasión, en parte debido a la pequeña rendija abierta por Raúl Castro en materia de celulares, Internet, llamadas telefónicas desde Miami, un pequeño aumento en los viajes de familiares en Estados Unidos gracias a Obama, resulta más difícil saber qué saben los cubanos. Es posible que ahora sepan mucho más que antes.

Lo que sí todos saben, sin lugar a dudas, es que Fidel ya no lleva los asuntos del día a día. He aquí el tercer factor. El comandante jamás hubiera permitido que un asunto como el de Orlando Zapata se le fuera de las manos: o lo libera antes de que iniciase su huelga de hambre, o lo fusila, o lo condecora, pero nunca se habría visto arrinconado como sucedió con su hermano menor. Lo mismo con Fariñas, con las Damas de Blanco, y sobre todo, con los posibles efectos de la simultaneidad de una debacle económica y un incipiente movimiento de protesta. Esta vez, no estará Fidel para dirigirse al Malecón de La Habana como en agosto de 1994, en pleno éxodo de los balseros, para confrontar a un nutrido -allí sí- grupo de manifestantes y doblegarlos con la magia de su verbo y con su aparato de seguridad. Raúl Castro es incapaz de semejante faena. Carece por completo de los instintos políticos que le permitieron a su hermano durante medio siglo detectar a opositores en potencia antes de que ellos mismos se les ocurriera serlo.

La pradera está seca. La chispa, minúscula, existe. Los bomberos están agotados. Y la única tabla de salvación -ubicada en Caracas- puede hundirse en cualquier momento. Esta conjunción de factores se antoja inédita en la historia del castrismo. Puede ser una llamarada más, o el principio del fin.

2094) Holocausto: nunca esquecer, jamais

Um conto de quem esteve no inferno, e miraculosamente, sobreviveu...

Eu nunca estive lá. Será?
Beyla Genauer*
Originalmente publicado no livro Galo de Chagall (1994)

O último vagão, um trem sem fim. Estávamos espremidos como sardinhas em lata. Uso esta expressão porque ela é universal. Não sei como descrever estes vagões sem janelas, sem portas, sem frestas, sem ar, carregados com homens-espantalhos de barbas brancas e compridas. Não eram vermelhas. Como, quer meu amigo. Eram brancas. Eu vi.

E aquelas mulheres vagas, com os lenços amarradas sob os queixos. Não, eles não eram multicoloridos como insiste o mesmo amigo. Eram negros. Eu vi. Não vi crianças. Onde estariam? E eu, como fui parar lá? Não sei. E meu pai? E minha mãe? E meus irmãos? Onde estariam? Não sei.

Os homens eram altos, muito altos. Magros, muito magros e todos iguais. Listas. Vestiam listas. Não, não eram como roupas de prisioneiros, que são listadas. Uma espécie de caftans com listas. Listas como as da túnica de seda de José, filho de Jacó. Sim aquele da Bíblia. Aquele que os irmãos venderam aos egípcios por puro ciúme. Aquele que perdeu a túnica nas mãos da mulher de Putifár ao fugir dos seus anseios sexuais.

As rodas do trem ecoavam listas, li-tas, li-tas, li-tas. Na cabeça os homens não tinham solidéus, o que seria próprio. Ostentavam algo entre sztreimel-casquete-capuz de Klu-Kux-Klan. E os olhos! Olhos de judeus, olhos de judias. Grandes, assustados, apavorados, enterrados na cabeça com olheiras negras que chegavam até as barbas, até os lenços.

Confinados em trens de gado. Gado pensa? Não sei. Mas eu, confinada, comecei a pensar. Penso, logo existo. Se existo, preciso agir. Fazer o que? Fazer o que? Fazer o que? As rodas do trem começaram a falar, registrar, registrar, registrar, re-re-re-gis-gis-gis, trar-trar-trar. Esta é, então, a minha tarefa?!

Comecei a me esgueirar de um vagão para o outro. Espremia-me por entre a massa de espantalhos e estendendo as mãos implorava: lápis e papel, lápis e papel. O trem continuou rolando e as rodas do trem ecoando, la-pis e pa-pel, la-pis e pa-pel.

Nenhuma presença da policia, mas o medo dela pairava na falta de ar do trem. Proibido escrever. Apagar a memória. Apagar. A-pa-gar, memória, memória, me-mo-ri-a, me-mo-ri-a, a-pa-gar, ga-gar-gar-me-me-mó-mó-mó-ria-a-ri-a ri-a!

Os trapos humanos iam estendendo-me, sorrateiramente, uns tocos de lápis, uns pedaços de carvão, uns pedaços de papeis sujos, pedaços de cartolinas sebentas, postais velhos e amassados, retratos amarfanhados, quem sabe de entes queridos. Testamentos. Testemunhas. Eu? As rodas ecoavam. Você, você, você, você, você.

- Guarda menina, esconde bem!

- Tudo em silêncio, sem som. Eu lia seus lábios descarnados.

- Prometo, prometo, escondo, escondo. Pro-me-to, es-con-do, pro-me-to.

Trêmula, eu prosseguia. Balançava a cabeça em sinal de agradecimento, enfiando tudo na minha roupa de baixo, mais imunda que os papeis que recebera. Os tocos de lápis me espetavam, arranhando os meus seios que mal começaram a desabrochar. Desvairada, continuava para o próximo vagão. Tudo se repetia. Tudo em silêncio. Consciente do perigo. Pe-ri-go. Si-i-len-cio. Sh-shu-sh-sh-sh-s-s-s.

Lentamente o rolar das rodas foi diminuendo. Parou. É agora! É agora que eles vão subir! Vão me revistar! Eu estava pronta para o sacrifício como o Isaac no Monte Moriah. Mas e os outros? E os meus papeis?!

Deus de Abraão, de Isaac e Jacó, não permita que eles sejam incriminados pelo meu desatino. A minha prece por Deus foi ouvida e o milagre do Moriah se repetiu. Nada. Ninguém subiu. Silêncio tumular. Ninguém sabe o que ainda pode acontecer, melhor é eu voltar para o meu vagão.

Comecei a arrastar-me de quatro para o último vagão. Outro milagre. Num canto, bem no fim do vagão, no meio de todas as barbas brancas, reconheci a barba branca do meu avô. E aqueles olhos meigos, amendoados, sorrindo para mim, exatamente como lá em Tarkov, quando me metia estouvadamente, intrometendo-me entre a sua barba branca e a Guemarah.

- Vovô me dá cinco groshen para comprar balas, dá?

- Claro sheifale claro.

Eu era a única neta que ousava perturba-lo, quando ele estava perdido em seus estudos talmúdicos. Minha mãe enrubescia, com o meu comportamento moleque.

Suja, estufada, agarrei-me a ele e comecei a soluçar.

- Zeide, zeide, zeide.

- Sh sheifale sh.

- Quando isto acabar, eu, tudo vou contar! .

- Sim carneirinho, sim.

- Eu te amo muito zeide.

- Silêncio carneirinho, silêncio.

Súbito, comecei a ouvir novamente as rodas do trem, mas não sentia o menor movimento, o barulho das rodas tornava-se cada vez menos audível. Lápis e pa-pel, lá-pis e pa-pel-mor-te-m-o-r-t-e, m-o-r-t-t-e-e-e-e-e.

- Zeide, desligaram nosso vagão.

- Shmá Israel Adonai eloheinu adonai Echad.

Dei um berro vindo do útero. O esforço me acordou, eu estava sozinha numa confortável cama, em um hotel de cinco estrelas, em Copacabana. Meu único filho estava cantando no coro de uma igreja, em Santana.
______________________________
*Beyla Genauer é atriz e escritora. Publicou os livros de contos curtos Levantar Voo, Galo de Chagal e O Lobo, todos esgotados. É casada com o jornalista Nahum Sirotsky.

2093) Ascensao e queda fulgurante de uma politica que nunca existiu, de fato, a nao ser no papel...

Certos governos adoram políticas setoriais ativas, e saem por aí distribuindo dinheiro (geralmente a quem já é rico), criando estatais, aumentando tarifas, dando isenções fiscais e financiamentos aos amigos da Corte, enfim, fazendo tudo aquilo que os economistas realistas dizem para não fazer para não distorcer as regras do jogo. Mas, existem governos, claro, que conseguem fazer isso, porque possuem um mínimo de competência e organização. Isso não é dado, contudo, a todo mundo...
Paulo Roberto de Almeida

A contrapolítica industrial de Lula
SUELY CALDAS
O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/04/2010

Para quem passou oito anos acusando o governo FHC de neoliberal, de não ter planejamento nem política industrial, foi decepcionante o anúncio do fracasso das metas da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do governo Lula. Sempre falante nos eventos diários a que comparece, dessa vez Lula silenciou, saiu do prédio do BNDES, na terça-feira, calado, sem fazer os habituais discursos de glorificação aos seus feitos. Não havia o que comemorar.


A semana continuou com outro fracasso: o leilão da Hidrelétrica Belo Monte, marcado para o próximo dia 20, arrisca mais uma vez ser adiado por falta de interessados. E mais: a tragédia no Rio de Janeiro escancarou a velha manipulação política das verbas públicas - Estado geograficamente vulnerável a enchentes e deslizamentos de terra, o Rio de Janeiro recebeu menos de 1% do dinheiro destinado a prevenir desastres, enquanto a Bahia ficou com 60%. O motivo: o ministro responsável, Geddel Vieira Lima, é baiano e candidato a governador em seu Estado.

Por trás dos três fracassos está a grande obsessão do governo Lula: a agenda política-eleitoral é prioridade máxima e sempre vai prevalecer sobre a econômica, mesmo invadindo e violando a racionalidade econômica e os critérios técnicos. No caso da Usina de Belo Monte, aflora outra marca da gestão Lula - a incompetência em planejar projetos. Já no primeiro mandato, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) fracassaram por falta de projetos. Para a Usina de Belo Monte, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) não foi capaz de fazer um projeto adequado ao meio ambiente e atrativo a investidores privados. Resultado: com a desistência de um consórcio privado, o governo agora quer invadir o patrimônio dos fundos de pensão das estatais, que são entidades privadas voltadas para pagar aposentadorias e não têm nenhum foco de negócio nem experiência em construir hidrelétricas no meio da selva amazônica. Mas Lula já avisou: custe o que for, fará Belo Monte, e o leilão sairá antes das eleições.

A agenda eleitoral também foi responsável pelo adiamento de investimentos de empresas geradoras e distribuidoras que concentram 30% da energia elétrica produzida no País. Inseguras sobre suas concessões que vencem em 2015, essas empresas paralisaram seus investimentos esperando por uma decisão do governo, que demorou, por razões políticas e eleitorais. Mudou o ministro de Minas e Energia e o novo, um técnico, tratou logo de esclarecer: o governo vai prorrogar as concessões, mas só depois das eleições.

Razão maior do fracasso da política industrial e do PAC, a deficiência de investimentos privados em infraestrutura também decorre de interesses políticos e eleitorais do governo. O investidor tem recuado por temer regras de regulação que mudam ao sabor do cardápio político e agências reguladoras politizadas que decidem conduzidas por interesses políticos-partidários-eleitorais.

O investimento público também não cumpre a sua parte porque o Orçamento da União está comprometido com outros gastos cotidianos: aumentos de salários, contratação de mais de 100 mil novos funcionários, cartões corporativos, viagens, repasses de dinheiro para Estados e municípios com finalidades eleitorais e por aí vai.

Para o governo Lula, verba pública tem que produzir resultados imediatos (de preferência políticos). Não se pensa nem se planeja o longo prazo. Fundamentais para fomentar investimentos, as reformas foram completamente esquecidas, ignoradas. Afinal, elas não têm apelo político nem produzem dividendos eleitorais. Na discussão da regulação do petróleo do pré-sal, por exemplo, prevaleceu a partilha do dinheiro e a capitalização da Petrobrás, não as condições para atrair investimento privado. Com essa paródia de política industrial não há milagre: em 2009 a taxa de investimento da economia fechou em 16,7%, muito abaixo da meta de 20,9%. E a meta de elevar o gasto privado com pesquisa e desenvolvimento para 0,65% do PIB ficou longe do esperado.

JORNALISTA E PROFESSORA DE COMUNICAÇÃO DA PUC-RIO