O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Mexeram em Itaipu, e vao continuar mexendo: um novelo caudaloso vai desenrolar - Pedro Luiz Rodrigues


Renegociação de Itaipu foi uma grande pisada na jaca
Por Pedro Luiz Rodrigues
24/04/2013

Em 2009, o professor Marco Aurélio Garcia - assessor internacional da Presidência e percebido como o principal gerente da política externa  brasileira para assuntos sul-americanos – não escondeu seu entusiasmo quando o Congresso aprovou o acordo fechado entre o Brasil e o governo do então presidente do Paraguai, Fernando Lugo, renegociando os termos do Tratado de Itaipu.

MAG, como Garcia é chamado informalmente nos corredores do Planalto, tinha razão para estar se achando o máximo. Afinal fora um dos que mais defendera a mudança no Tratado, cuja aprovação foi arrancada a fórceps do Congresso.  Dessa maneira, o Brasil passou a pagar três vezes mais do que antes pagava ao Paraguai pela energia que nos cede em Itaipu. Em pior, o acordo perdeu sua virgindade.

Na cabeça do Professor MAG, parece não haver se consolidado a noção  que é tão claramente explicitada nos manuais introdutórios do Direito Internacional Público: a de que os acordos internacionais são compromissos estabelecidos entre Estados e não entre governos.

Que se dane o Direito Internacional Público. Tendo o presidente Fernando Lugo como parceiro ideológico do outro lado da ponte da Amizade, proferiu o professor a seguinte pérola à Agência Brasil (em 28.5.2009, viva a Internet): “O tratado (de Itaipu) surgiu em determinada circunstância histórica, que não fomos nós que criamos nem o atual governo paraguaio”.

Juro que fico com calafrios na espinha só de pensar se essa extraordinária manifestação de tão graduado assessor  tivesse sido feita em relação aos tratados que definem nossas fronteiras. Não foram os governos aos quais tem prestado sua assessoria o professor MAG que assinaram tais acordos. E daí? Deixam der menos válidos por isso?

Voltemos ao professor, que naquele mesmo dia deu outras declarações à Agência Brasil: Lembrou que existem que, no caso, haviam dois tipos de reivindicações que precisavam ser compatibilizadas: uma de ordem econômica, para as quais são necessários recursos, outra de ordem simbólica e política: “E o atual governo paraguaio foi eleito levantando algumas bandeiras, então ele tem hoje que prestar algum tipo de satisfação. Vamos ter que encontrar um denominador comum para atender a todas essas reivindicações. O presidente Lula e o presidente paraguaio, Fernando Lugo, têm um diálogo muito bom e eu acredito que isso vai chegar em um bom ponto”, concluiu MAG.

Normalmente, quem tem juízo busca usar a reflexão para evitar problemas no futuro. O Brasil poderia ter proposto algum tipo de benefício ao país vizinho que o auxiliasse a concretizar suas aspirações desenvolvimentistas, mas nunca poderia mexer num acordo juridicamente perfeito. Pacta sunt servanda! Foi quase que o lema nosso querido ministro Rezek nas aulas do Instituto Rio Branco. 

A trapalhada de 2009 começaria a mandar cobranças em 2012, depois de o governo paraguaio (já então execrado por MAG, por conta do impeachment de Lugo) propor nova renegociação para aumentar o valor  pago pelo Brasil pela energia excedente de seu país.

O mesmo assessor presidencial que favorecera a mudança três anos anos, a mostrou-se inflexível e descartou a possibilidade de uma nova renegociação.

Mas agora, brasileiros e brasileiras, preparem-se! Uma vez que o Tratado de Itaipu já foi mexido uma vez, não há razão, pela ótica do Paraguai, que não seja mexido novamente.

Só que agora o jogo paraguaio será muito mais sofisticado.

O governo de Assunção convidou um dos economistas de maior visibilidade internacional, Jeffrey Sachs, para estudar a situação energética do país e, muito em particular, o Tratado de Itaipu. O detalhado estudo que sua equipe fez sobre o assunto será apresentado ao presidente-eleito Horácio Cartes dentro de mais algumas semanas.

Esse estudo terá duas partes: de um lado vão propor formas de que o país utilize parte da energia que cede ao Brasil em Itaipu para possibilitar que a indústria paraguaia dê um grande salto. De outro, há a questão da usina binacional. Sobre o assunto, Sachs adiantou ontem à imprensa de Assunção: “estamos analisando os aspectos financeiros relacionados com a geração hidrelétrica do Paraguai, em particular Itaipu. Em minha opinião, o Paraguai realmente deveria obter melhores condições de Itaipu, substancialmente melhores do que já obteve”.

Sachs disse ao Abc Color que “uma grande parte da dívida contratada para construir Itaipu já foi paga, pelo menos no que diz respeito à parte paraguaia da mesma”. “Se pelos livros de contabilidade Itaipu deve ainda quase vinte bilhões de dólares, metade dessa dívida é do Paraguai e isso, quando nos debruçamos sobre os números, não faz o menor sentido”.

Não faz sentido, na opinião de Sachs, pois se for tomada a quantidade de energia exportada ao Brasil pelo Paraguai desde o início de Itaipu, e sobre essa quantidade se colocar qualquer preço minimamente realista, fica claro  que o Paraguai já terá pago a maior parte de sua dívida, ou talvez ela toda.

- Acho que o Brasil e o Paraguai deveriam chegar a um entendimento muito melhor em torno dessa situação, e espero que isso possa se dar com o novo governo, através de discussões sensatas e transparentes.

Em  minha opinião, questões tais relevantes como essa não devem e não podem ficar na mão de assessores, independentemente do cargo que ocupem ou da relevância que pensem ter. Questões de Estado, como esta de Itaipu, devem ser negociados com quem acumulou competência no passado para isso: o Itamaraty. Não faltam quadros experimentados na instituição.

Um balanco sobre Margareth Thatcher - Luiz Felipe Lampreia

Um balanço sobre tão controvertida personagem nunca é final, pois a história desse período ainda se ressente de interpretações políticas para um e outro lado, mas o artigo ressalva justamente, o lado contraditório, muito pouco consensual, da maior parte das ações e iniciativas da "dama de ferro".
Paulo Roberto de Almeida


Um balanço final 

O Globo, 24 de abril de 2013
  
Luiz Felipe Lampreia Instituto Millenium
O enterro de Margaret Thatcher,realizado na semana passada em Londres com toda pompa e circunstância, simbolizou o fim de uma batalha pelo futuro da Inglaterra.Ela foi a grande vencedora da luta pela modernização do país.Os perdedores foram os dogmáticos do velho Partido Trabalhista, que tudo pretenderam socializar e que, por pouco, não transformaram a Grã Bretanha num país de terceiro nível. Thatcher foi sempre implacável, por vezes mesmo cruel com os que lhe se opunham, fossem eles os generais argentinos, os mineiros galeses ou os burocratas das grandes empresas estatais. Sua força de convicção conduzia a uma visão maniqueista do mundo e uma ausência de sensibilidade social.Por isso, é muito difícil amá-la, como se pode amar Kennedy, Juscelino ou Churchill.Mas, a grande maioria de simpatizantes no desfile do féretro pelas ruas de Londres demonstrou que a sociedade britânica considerou Margaret Thatcher merecedora de respeito como uma grande líder.
Na Europa dos anos oitenta, após um período de lenta agonia,o marxismo e seu primo-irmão, o socialismo em todas as suas variantes, chegaram ao colapso. A União Soviética naufragou e os países do Leste europeu sacudiram um jugo de quarenta e cinco anos.Pelo mundo afora, todos os partidos comunistas que haviam amarrado sua sorte a Moscou foram liquidados.Da mesma forma, o socialismo fabiano que havia inspirado o Partido Trabalhista britânico chegou ao ponto de impasse completo, depois de tentar estatizar todas as forças produtivas da nação.Na década de oitenta, todas estas utopias se desvanceram deixando para trás um rastro enorme de sacrifícios inúteis e de sangue.
A virada foi um movimento das diversas sociedades europeias em busca de luz, uma revolta espontânea como ocorreu na Hungria em 1989,por exemplo, ou na derrubada do vergonhoso muro de Berlim. Margaret Thatcher e outros grandes líderes europeus como Helmut Kohl e Vaclav Havel, para citar apenas os mais conhecidos, foram os farois que deram norte às profundas tendências libertárias que sopravam na Europa dessa época. Esta é a melhor imagem que vai perdurar da filha do pequeno comerciante inglês que se tornou a primeira mulher chefe do governo britânico.

Jornalista maledicente, provavelmente mal informado...

...e colocando seus desejos acima dos fatos.
Ou não?


Agenda do chanceler revela ritmo de despedida
Coluna Claudio Humberto, 23/04/2013

Saco de pancadas preferencial da presidenta Dilma, que o trata com habitual rispidez, o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) parece desanimado, com agenda de quem se despede do cargo. Ele ontem cumpriu o papel protocolar de receber o primeiro-ministro da Macedônia e foi ao lançamento de uma revista. Só. Já o embaixador Eduardo dos Santos, secretário-geral (o nº 2) do Itamaraty, está a mil.

Ocupando espaço
O embaixador Eduardo dos Santos, foi ontem a duas reuniões no Planalto e uma sessão no Senado, ciceroneou o premiê visitante etc.

Seria risível...
Patriota virou piada: disse na ONU que por “respeitar a soberania” da Venezuela, silenciaria sobre a fraude que elegeu Nicolás Maduro.

...não fosse trágico
O Brasil ignorou a “soberania” do Paraguai, liderando sua suspensão do Mercosul, e se meteu nos assuntos internos governo de Honduras.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Wikileaks paraguaio nao previu as eleicoes: nao se pode acertar tudo...


ePublica, 22/04/2013

Horácio Cartes, o presidente eleito no Paraguai pelo partido Colorado no último domingo, foi investigado pela DEA, a agência anti-drogas americana, como traficante de narcóticos e dono de um grande esquema de lavagem de dinheiro internacional, baseado na tríplice fronteira – Brasil, Argentina e Paraguai. Em 2009, seu grupo chegou a ser infiltrado por agentes da DEA em uma operação secreta batizada de “Coração de Pedra”.
Um documento diplomático da embaixada americana em Buenos Aires, de 5 de janeiro de 2010, vazado pelo WikiLeaks, descreve os pormenores da operação policial. O objetivo era “interromper e desmantelar a operação de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na área da tríplice fronteira entre Argentina, Paraguai e Brasil, e em outras partes do mundo”.
À época em que o documento classificado como “confidencial – não para estrangeiros” foi escrito, a investigação havia “estabelecido ligações entre tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outras organizações criminosas”, tendo como alvo específico Horácio Cartes. Sete agências do governo americano trabalharam na investigação, incluindo o escritório da DEA em Buenos Aires, a equipe de investigação financeira da força-tarefa de crime organizado e a divisão de confisco de dinheiro lavado do Departamento de Justiça – contando com o apoio do Banco Central (Federal Reserve Bank), da Procuradoria-Geral dos Estados Unidos, e da divisão de controle de bens estrangeiros do Tesouro Americano.
O documento cita uma investigação sobre lavagem de dinheiro no banco Amambay, de propriedade de Cartes. Após uma investigação inicial, Cartes foi designado como “Alvo Organizacional de Prioridade Consolidada” (CPOT, na sigla em inglês). Para o governo americano, nomes incluídos na lista de Alvo Organizacional de Prioridade Consolidada, editada todo ano pelo Departamento de Justiça, representam “as organizações mais significativas de tráfico de drogas internacional que ameaçam os Estados Unidos”.
Infiltrando o grupo de Cartes – com identidade falsa
Usando a estratégia de aproximação para alvejar o comando internacional e os centros de controle dessas organizações criminosas baseadas na Tríplice Fronteira, agentes enfocaram as atividades investigativas em um esforço para desenvolver essa investigação com o objetivo de apresentar um agente disfarçado da DEA ao CPOT designado Horacio CARTES”, explica o documento. “Através da utilização de uma fonte colaboradora da DEA em Buenos Aires e outros funcionários da DEA disfarçados, agentes se infiltraram no empreendimento de lavagem de dinheiro de Cartes, uma organização a qual se atribui a lavagem de uma grande quantidade de dinheiro dos Estados Unidos, gerada por meios ilegais, inclusive por meio da venda de narcóticos da Tríplice Fronteira para os Estados Unidos”.
A partir daí, o plano teria três etapas. Primeiro, os agentes iriam se aproximar de William Cloherty, lobista de Cartes em Washington e diretor da Tabacos USA Inc., de propriedade do recém-eleito presidente paraguaio. “Acredita-se que Cloherty tenha uma perspectiva histórica de operações de tabaco entre o Paraguai e os Estados Unidos e, mais diretamente, informações que digam respeito à produção e venda de tabaco e à movimentação de dinheiro obtido com o negócio de Cartes”. Depois, seria a vez de “apresentar um segundo agente disfarçado a Cartes” e a seus representantes Osvaldo Gane Salum – que também é do partido Colorado – e Juan Carlos Lopez Moreira – que atualmente encabeça a equipe de transição do governo. O agente infiltrado portaria documentos falsos, como relata o documento: “Para cumprir com essa tarefa, os documentos do agente disfarçado precisam ser obtidos. Isso será realizado nas próximas semanas por membros envolvidos na investigação”.
A DEA utilizaria “técnicas de investigação básicas, como entrevistas, debriefings, verificações de registros e possíveis encontros de agentes disfarçados”. O objetivo final era “interromper e desmantelar a organização de tráfico de drogas de Cartes”.
Phillip Morris e British Tobacco contra Cartes
A intrincada e custosa operação “Coração de Pedra” foi planejada em um belo resort na cidade do Panamá durante 3 dias – entre 6 e 9 de dezembro de 2009.
O encontro foi realizado para compartilhar informações entre as agências citadas e empresários do ramo de tabaco – e coordenar um plano de “ataque”. Além das agências envolvidas – incluindo agentes da DEA de Assunção, Lima e Buenos Aires – estavam representantes das empresas líderes do mercado americano: Ewan Duncan, Terry Hobbs e Richard Pandohie, da British American Tobacco; Russell, da Reynolds American; Derek Ogden, da Imperial Tobacco; e Dave Zimmerman e Mike Grogan, da Phillip Morris USA.
A seguir, o documento traz dados sobre Cartes, “chefe da organização de lavagem de dinheiro”, e sobre pessoas ligadas a ele que também deveriam ser investigadas, como a empresa Tabacos USA, INC, cujos sócios são, além do presidente paraguaio, sua irmã Sarah Cartes e William Cloherty– esse, também “lobista”. Também são listados os sócios diretos de Cartes, Osvaldo Gane Salum e Juan Carlos Lopez Moreira, qualificados como “membros da organização criminosa envolvida na importação de cigarros falsificados da América do Sul para o território continental dos EUA”.
O texto finaliza dizendo que os escritórios da DEA em Assunção e Buenos Aires “irão continuar a trabalhar juntamente com todos os outros escritórios interessados em desenvolver agressivamente essa investigação”.
Não há infomações sobre o desfecho da operação Coração de Pedra e o governo americano não se pronunciou sobre o caso.
O cartel de Sinaloa bate à porta
Outro documento do WikiLeaks levanta uma suspeita ainda mais preocupante sobre o novo presidente do Paraguai. Trata-se de um despacho da embaixada de Assunção de 15 de outubro de 2008, intitulado “O rei da efredrina é preso no Paraguai”. O documento confidencial relata que a agência anti-narcóticos paraguaia – que é financiada e treinada pela DEA americana – havia detido três cidadãos mexicanos, incluindo o suposto líder do tráfico de efedrina do cartel de Sinaloa, maior cartel de drogas mexicano na atualidade.
Segundo o documento, o mexicano Jesus Martinez Espinosa, que já era investigado pelo governo argentino pela morte de três empresários ligados ao tráfico de efedrina, foi preso juntamente com dois outros mexicanos membros do cartel, Jorge Almanza Guzman e Leobardo Gaxiola, depois que o último foi pego no aeroporto de Assunção com 5,6 quilos de efredrina escondido em pacotes de chá.
Martinez, preso em seguida no hotel em que estava na capital “disse às autoridades que tinha planos de investir no Paraguai em parceria com um empresário paraguaio chamado Cartes, mas se recusou a dar mais informações”, segundo o documento. “Ele disse que estava planejando investir no setor turístico, em uma cadeia de restaurantes, e importação-exportação de carros americanos”.
Após a prisão, Jesus Martinez Espinosa foi extraditado para a Argentina, onde foi condenado, no ano passado, a 14 anos de prisão por tráfico de efedrina.
Procurado pelo jornal ABC Color, Horacio Cartes negou que seja ele o empresário mencionado no documento do Wikileaks. Também afirmou que, depois do vazamento, reuniu-se com os embaixadores de países da América do Sul para exlicar que todas a suas atividades são legais. Ele disse que procurou a embaixada americana, e saiu de lá “satisfeito”. 
Questionado repetidamente pela imprensa nacional e internacional sobre possíveis vínculos com narcotráfico, o empresário nega veementemente.

O gordo e o magro, nova versao - Augusto Nunes


Augusto Nunes, 23/04/2013

Lula é o Eike Batista da política. 
Eike é o Lula do empresariado. 
Um inventou o Brasil Maravilha. Só existe na papelada que registrou em cartório. 
Outro ergueu o Império do X. No  caso, X é igual a nada.
O pernambucano falastrão que inaugurava uma proeza por dia se elogia de meia em meia hora por ter feito o que não fez. 
O mineiro gabola que ganhava uma tonelada de dólares por minuto se louva o tempo todo pelo que diz que vai fazer e não fará.
O presidente incomparável prometeu para 2010 a transposição das águas do São Francisco. O rio segue dormindo no mesmo leito. 
O empreendedor sem similares adora gerúndios e só conjuga verbos no futuro. Está fazendo um buquê de portos. Vai fazer coisas de que até Deus duvida. Não concluiu nem a reforma do Hotel Glória.
Lula se apresenta como o maior dos governantes desde Tomé de Souza sem ter concluído uma única obra visível. 
Eike entra e sai do ranking dos bilionários da revista Forbes sem que alguém consiga enxergar a cor do dinheiro.
Lula berrou em 2007 que a Petrobras tornara autossuficiente em petróleo o país que, graças às jazidas do pré-sal, logo estaria dando as cartas na OPEP. A estatal agora coleciona prejuízos e o Brasil importa combustível. 
Eike vive enchendo milhões de barris com o que vai extrair do colosso que continua enterrado no fundo do Atlântico.
Político de nascença, Lula agora enriquece como camelô de empresas privadas. 
Filho de um empresário admirável, Eike hoje sobrevive com empréstimos do BNDES, parcerias com estatais e adjutórios do governo federal.
Lula só poderia chegar ao coração do poder num lugar onde tanta gente confia num Eike Batista. 
Eike só poderia posar de gênio dos negócios num país que acredita num Lula.
É natural que viajem no mesmo jatinho. É natural que se entendam muito bem. Os dois são vendedores de nuvens.

Venezuela: reflexos de duas eleicoes, 2013, 2010...

Parece que a recontagem de votos na Venezuela, endossada pela Unasul, é de mentirinha: só falaram que iriam fazer, mas não pretendem fazer de verdade.
Democracia chavista é isso aí....
Paulo Roberto de Almeida


Venezuela

CNE suspende auditoria após exigências da oposição

Início de recontagem de votos da eleição foi atrasada até a próxima semana

Nicolás Maduro toma posse como presedente da Venezuela
Nicolás Maduro toma posse como presedente da Venezuela - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) suspendeu a auditoria dos votos da eleição presidencial da Venezuela devido a controvérsias internas entre chefes do conselho e a falta de informação sobre o alcance de 46% das caixas de votação, informou nesta terça-feira o jornal El Universal. Mais cedo, o coordenador do opositor Comando Simón Bolívar, Ramón José Medina, exigiu ao órgão uma resposta formal aos pedidos técnicos que haviam feito.
“Não vamos permitir uma auditoria fajuta. Deve ser de acordo com todos os protocolos técnicos. Os resultados não são irreversíveis, a auditoria serve justamente para isso”, afirmou. Para a opositora Liliana Hernández, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, só aceitou realizar a auditoria porque os presidentes da Unasul estavam reunidos e era preciso aplacar os ânimos. “Agora que acabou o show eles mudam o discurso”, denunciou.
Medina disse que a oposição tem 15 dias úteis para impugnar a eleição diante do Tribunal Supremo de Justiça e que eles tentarão todos os recursos a que têm direito. Contudo, a chefe do Tribunal Superior de Justiça da Venezuela, Luisa Estella Morales, já rebateu os pedidos da oposição na semana passada e afirmou que uma recontagem manual dos votos não é possível no país.
Exigências - A oposição enviou um documento formal ao CNE com os protocolos técnicos exigidos. O texto dá ênfase ao artigo 437 do Regulamento da Lei Orgânica de Processos Eleitorais, que estabelece "a verificação cidadã das caixas de votação para confrontar o conteúdo dos comprovantes aos dados refletidos na ata de escrutínio". A oposição pede uma revisão total dos cadernos de votação, atas de escrutínio, relatórios de duplicidade de votos e atas de irregularidades.
A chefe do CNE, Socorro Hernández, disse que o organismo está trabalhando em um cronograma para as auditorias e que divulgará a data de início no máximo na próxima segunda-feira. Na semana passada, a vice-presidente do CNE, Sandra Oblitas, disse que a vitória de Nicolás Maduro é irreversível e que os resultados da auditoria não influenciarão o oficial.


==============
E agora, sobre as eleições legislativas de 2010, quando a oposição teve maior número de votos, mas não conseguiu, em função de um sistema eleitoral deformado, fazer o maior número de representantes:

27/09/2010
 às 15:33

Celso Amorim: como distorcer a realidade e influenciar (algumas, cada vez menos) pessoas…

Por Reinaldo Azevedo
Leiam o que vai na Folha Online. Volto em seguida:
Por Cristina Fibe:
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou, no início da tarde desta segunda-feira que o resultado das eleições legislativas na Venezuela é “bom para a democracia na nossa região”. “Foi uma eleição democrática, livre, e o presidente Chávez, que aparentemente usa muito o Twitter, já disse que vai respeitar o resultado. Eu acho que isso é bom para a democracia na nossa região, é um avanço”, disse Amorim à imprensa em Nova York, onde participa da 65ª Assembléia Geral da ONU.
O chanceler disse ainda achar “muito bom que a oposição tenha decidido participar desta vez, porque isso leva a um diálogo. Quando houve essa atitude anterior, do boicote – é claro que não temos que dar palpite no que eles decidem -, mas não é positivo para a democracia”. Para o ministro, a América do Sul está “caminhando na direção certa. Os países todos têm presidentes eleitos e parlamentos funcionando”. De acordo com os últimos dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, os eleitores de Caracas deram mais votos às legendas da oposição, representadas pela coligação Mesa da Unidade Democrática (MUD), do que aos partidários de Hugo Chávez.
Segundo o jornal ‘El Universal’ a diferença é apertada, com apenas 741 votos a mais para os opositores, mas, mesmo assim, envia um sinal a Hugo Chávez de que a ‘solidez’ do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) já enfrenta mais obstáculos do que antes. O último balanço das urnas publicado pelo CNE dá 95 assentos ao PSUV, 61 aos opositores e 2 a outros partidos. Apesar de ter conquistado mais cadeiras no Parlamento do que a oposição, os chavistas perderam a maioria qualificada, o que deve dificultar a aprovação de leis e reformas propostas pela revolução bolivariana.
No Estado de Zulia, onde a oposição venceu 12 dos 15 assentos disponíveis, o governador Pablo Perez atribuiu a vitória à decisão da MUD de apresentar somente um candidato à cada uma das 165 vagas disputadas no Parlamento. ‘Nós mostramos à Venezuela que podemos vencer se estivermos unidos’, disse.
(…)
ComentoA eleição não foi nem “democrática” nem “livre”, uma vez que a oposição teve de enfrentar severas restrições impostas por Hugo Chávez, que detém hoje, na prática, o monopólio da televisão, onde fala imodestas quatro horas por dia. Quando Amorim afirma que Chávez “vai respeitar o resultado”, deixa claro que, se quisesse, poderia não respeitar. Esse gênio da raça deve acreditar que isso depõe a favor do espírito democrático do tiranete… TEnha paciência!
Amorim diz ainda que a América Latina está no caminho certo, uma vez que “os países todos têm presidentes eleitos e parlamentos funcionando”. Uma ova! Não são condições suficientes para atestar apreço pela democracia. A imprensa, por exemplo, enfrenta formas variadas de censura na Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina e Nicarágua — para não falar, obviamente, da tirania Cubana, onde o presidente não é eleito por ninguém.
O resultado da eleição parlamentar na Venezuela é, sim, auspicioso. Representa um ganho importante para os democratas daquele país, opositores de Chávez e, dados os alinhamentos da América Latina, adversários de… Celso Amorim!

A velha teimosa e o velho boquirroto: pode-se levar a AL em serio?


América do Sul

Cristina Kirchner admite: 'Sim, sou teimosa e estou velha'

Depois da gafe de José Mujica no início do mês, presidente argentina se manifestou antes de viajar ao lado do uruguaio para reunião da Unasul

"Essa velha é pior que o vesgo", disse Mujica em referência a Cristina e Néstor Kirchner
"Essa velha é pior que o vesgo", disse Mujica em referência a Cristina e Néstor Kirchner(Juan Mabromata / AFP)
Os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica, parecem ter resolvido suas diferenças depois da gafe do uruguaio, que no início do mês chamou a colega de 60 anos de “velha” e “teimosa” sem perceber que seu microfone estava ligado.

Depois de informar que viajaria a bordo do avião oficial argentino ao lado de Mujica para areunião da União das Nações Sul-americanas (Unasul), realizada na sexta-feira no Peru, Cristina postou em sua conta oficial no Twitter: "Sim, sou mesmo meio teimosa e também estou velha. Mas depois de tudo... é uma sorte poder chegar à velhice, não? Sobretudo se sua vida serviu para fazer as coisas que sua pátria necessitava. Tranquilo. Está tudo bem".

Escândalo –
 Há duas semanas, Mujica caiu na armadilha que já pegou vários governantes imprudentes. Sem perceber que seu microfone estava ligado, fez um comentário que ganhou repercussão contra a vontade do presidente. "Essa velha é pior que o vesgo ... o vesgo era mais político, ela é teimosa", disse ele, fazendo refência a Cristina e seu falecido marido, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner.

Em resposta, o chanceler argentino, Héctor Timerman, entregou uma nota de protesto à embaixada do Uruguai em Buenos Aires, transmitindo o “profundo mal-estar” com as declarações de Mujica. No texto, o governo argentino considera “inaceitável que comentários degradantes que ofendem a memória de uma pessoa morta, que não pode responder nem se defender, tenham sido realizados, particularmente, por alguém a quem Kirchner considerava seu amigo”.

Mujica, de 78 anos, pediu desculpas por sua fala e enviou uma carta direta para Cristina. Segundo ele, sua forma áspera de se expressar é fruto de seu tempo como preso político e de combatente guerrilheiro em clandestinidade nas décadas de 1960 e 1970.

A frase, equivocada, da semana: de um socialista, sobre a democracia...

A frase deveria entrar na categoria das frases idiotas, mas ela revela algo pior: uma inconsciência tremenda sobre o que foi o socialismo, como ele se realizou, e sua incompatibilidade fundamental com a democracia.
A frase é de um ex-guerrilheiro, cujo nome não vem ao caso, embora ele seja um ex-guerrilheiro um pouco melhor que os outros ex- que andam por aí: pelo menos reconhece que a luta armada foi um erro.
Mas continua condicionando a democracia ao socialismo.
Aqui: 


Mudei algumas concepções, mas no essencial eu continuo no mesmo lado onde estava. Hoje, dou um peso maior à democracia, até porque acho que ela não enfraquece o socialismo. Muito pelo contrário. Ela valoriza e enriquece a proposta socialista.


Ou seja, a democracia não é um sistema desejável em si, ela apenas serve para valorizar o socialismo.
Seu autor vai continuar ignorante, infelizmente...
Paulo Roberto de Almeida 

O imperio, o petroleo e as ameacas assustadoras... - o petroleo, para o bem e para o mal

Primeiro o Império, que aparentemente corre o risco de ficar sem petróleo, se se concretizarem as ameaças do companheiro petrolífero-militar-parlamentar-bolivariano.
Depois, o subimpério, que corre o risco de ficar com o seu petróleo estocado a sete mil metros de profundidade, esperando tempos melhores.
Duas matérias altamente instrutivas, pelo menos a segunda...
Paulo Roberto de Almeida


Jaua amenaza a EEUU con medidas en suministro energético


El canciller Elías Jaua, dijo este lunes que su país está dispuesto a tomar medidas "en el orden comercial, energético, económico y político" contra Estados Unidos si es sancionado por ese país, al "rechazar" las recomendaciones de Washington sobre el recuento de votos de los recientes comicios presidenciales. Queremos "rechazar de manera categórica las inaceptables declaraciones de la señora Roberta Jacobson (secretaria de Estado adjunta para América Latina de Estados Unidos)", dijo Jaua a la televisora multiestatal Telesur, destacando que "lo más grave" de los dichos de la funcionaria es que "amenaza a Venezuela con sanciones".
"Si Estados Unidos apela al expediente de sanciones económicas o de cualquier otra índole, nosotros tomaremos las medidas en el orden comercial, energético, económico y político que consideremos necesarias para responder de manera contundente", añadió Jaua en declaraciones desde Ecuador, donde participa en una reunión de la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA).
En 2012, Venezuela -principal productor de crudo sudamericano- exportó unos 900.000 barriles diarios a Estados Unidos, país con el que mantiene una tensa relación pero que sigue siendo el principal comprador del petróleo venezolano.
Jacobson instó el domingo, en unas declaraciones ofrecidas a la cadena CNN en español, a recontar los votos de los comicios presidenciales en Venezuela para que haya "confianza" y para "resolver la división" en el país.
La responsable afirmó además que "la mitad de los venezolanos no tiene confianza en el resultado" de los comicios del 14 de abril, en los que se impuso el delfín del fallecido Hugo Chávez, Nicolás Maduro, con un estrecho margen de 1,8% ante el opositor Henrique Capriles.
Consultada sobre la aplicación de eventuales sanciones a Venezuela en caso de que no hubiera un recuento de los votos, Jacobson señaló: "No podemos decir si vamos a implementar sanciones o no vamos a implementar sanciones".
Capriles supedita su reconocimiento de los resultados del domingo al proceso de auditoría ampliada que el Consejo Nacional Electoral tiene previsto iniciar esta semana, tras una impugnación del líder opositor.
Maduro, por su parte, ya asumió el viernes la presidencia al margen de las protestas opositoras que, según el gobierno, dejaron ocho muertos y decenas de heridos el día después de los comicios.
Jaua, que también tildó de "injerencistas" y "groseras" las declaraciones de Jacobson, acusó a su vez a Estados Unidos de estar "tras los hechos violentos del 15 de abril" y de no querer reconocer la "voluntad" del pueblo venezolano.
Además, el canciller destacó que la auditoría que se realizará al proceso electoral "no va a tener ninguna incidencia" en el resultado de los comicios.
"En Venezuela hay un resultado firme, una victoria clara y limpia", destacó.
Estados Unidos y Venezuela carecen de embajadores en sus respectivas capitales desde 2010.
El canciller venezolano, Elías Jaua, dijo este lunes que su país está dispuesto a tomar medidas "en el orden comercial, energético, económico y político" contra Estados Unidos si es sancionado por ese país, al "rechazar" las recomendaciones de Washington sobre el recuento de votos de los recientes comicios presidenciales.AFP

============

“SHALE GAS” E PRÉ-SAL: O MUNDO TALVEZ SEJA PEQUENO PARA OS DOIS !
 BRASIL DEVE COLOCAR “AS BARBAS DE MOLHO” -  BOOM INDUSTRIAL NOS EUA

(JPNOR-03) 1.  Duas tecnologias novas desenvolvidas recentemente nos Estados Unidos estão revertendo todos os prognósticos de rápida alteração no equilíbrio de forças econômico do planeta e podem afetar seriamente o sonho brasileiro de achar um corte de caminho para o clube dos grandes do mundo.   A primeira envolve injetar uma mistura de água, areia e produtos químicos em estruturas rochosas que contêm microporos cheios de gás de modo a liberar os hidrocarbonetos aprisionados nelas. A segunda torna muito mais fácil chegar às mais finas camadas dessas rochas enterradas a baixas profundidades, além de permitir a perfuração de diversos poços a partir de um único ponto de partida.

2.    Essas duas novas técnicas de extração do que por lá se chama de “shale gas” estão provocando uma verdadeira explosão nos números de produção de gás e petróleo dos Estados Unidos e barateando de tal forma os custos de diversas industrias intensivas em energia que todos os prognósticos sobre a “crise  sistêmica” da economia americana, que estaria irremediavelmente condenada a ser engolida por economias emergentes, estão sendo refeitos.  Os entornos de Pittsburgh que, nos últimos anos, pareciam um cemitério de velhas siderúrgicas desativadas, assistem hoje a uma corrida frenética de capitais americanos, russos, franceses e até chineses para voltar a fabricar aço com a energia mais barata do mundo.

3.   O Maciço Marcellus, uma formação geológica de rochas arenosas impregnadas de gás e óleo se estende por quase 1.000 quilômetros ao longo das montanhas Apalaches do estado de Nova York até o de West Virgínia. Somente no ano passado o governo da Pennsylvania emitiu 2.484 permissões para a perfuração desse novo tipo de poço de petróleo. Somente os poços da porção do Maciço Marcellus nesse estado produziram 895 bilhões de pés cúbicos de gás em 2012, partindo de 435 bilhões no ano anterior. Em 2008 essa produção era igual a zero.  Isso representou uma injeção de US$ 14 bilhões na economia da Pennsylvania no ano passado (dados da Economist).

4.    Arkansas, Louisiana, Oklahoma e Texas viveram explosões semelhantes. A produção de gás e petróleo extraído dessas rochas quadruplicou nos Estados Unidos entre 2007 e 2010 e acrescentou 20% à produção nacional de petróleo em geral nos últimos cinco anos. Técnicos da British Petroleum afirmam que a produção deve continuar crescendo à base de 5,3% ao ano até 2030 e que, já no fim deste ano os Estados Unidos ultrapassarão a Rússia e a Arábia Saudita e se tornarão o maior produtor de petróleo e gás do mundo.  O preço do gás nessa região caiu de US$ 13 o BTU em 2008 para US$ 1 a 2 no ano passado, o segundo preço mais baixo do mundo depois do Canadá. As fabricas americanas consumidoras de gás estão pagando 1/3 do que pagam as alemãs e ¼ do que pagam as coreanas.

5.   Gás barato também se traduz em eletricidade barata. Em 2011 as fábricas americanas nessas regiões já estavam pagando metade do custo da energia no Chile ou no México e ¼ do que se paga na Itália.  Não é só a indústria de metalurgia que se beneficia com isso. Além de todas as demais, as de uso intensivo de energia, como as de plásticos, fertilizantes e outras também se tornam imbatíveis. E, além disso, os Estados Unidos têm a maior rede do mundo de oleodutos e gasodutos, o que espalha facilmente essa riqueza a preço baixo para todo o país. A Costa do Golfo, onde existe outro maciço dessas rochas, também vive um forte renascimento industrial.

6.   Fabricas instaladas no Chile estão sendo desmontadas e transportadas inteiras para a Louisiana. A Bridgestone, a Continental e a Michelin, revertendo um longo processo de declínio, estão reativando e aumentando suas fábricas de pneus na Carolina do Sul. Tudo gira em torno do início da exploração de novas jazidas de rochas porosas como as da Bacia Permian, na Louisiana, a de Eagle Ford Shale, no Texas, a da Formação Baken em Dakota do Norte e a Mississipi Lime, que atravessa o subsolo de Oklahoma até o Kansas. O efeito da redução das importações de petróleo no déficit comercial americano foi de US$ 72 bilhões no ano passado, ou 10% do déficit total. Esse “petróleo não convencional” gerou US$ 238 bilhões em atividades econômicas diretas, 1,7 milhão empregos e US$ 62 bilhões em impostos só no ano passado, sem contar os efeitos indiretos decorrentes da redução nos preços da eletricidade, do gás e dos produtos químicos.

7.   Analistas do Citigroup e do UBS calculam que só essa indústria vai gerar um crescimento de 0,5% do PIB norte-americano por ano nos próximos anos além de ensejar um renascimento das industrias de manufaturas nos Estados Unidos. As decisões recém anunciadas da GE de trazer de volta da China e do México para o Kentucky a produção de sua linha branca, e da Lenovo, o gigante chinês de hardware que comprou a linha de computadores pessoais da IBM, de produzi-los na Carolina do Norte são apontados como os primeiros passos desse  processo de reversão.
O efeito dessa inovação nos preços internacionais do petróleo ainda são pequenos. Mas os Estados Unidos, que foram os maiores importadores do mundo e rapidamente se tornarão autosuficientes, não são o único lugar do mundo onde existe esse tipo de formação rochosa que, lá, praticamente aflora do chão.

8.  De modo que o Brasil, que já está gastando por conta de reservas de petróleo enterradas a seis ou sete quilômetros debaixo do fundo do oceano, cuja extração começa a se tornar economicamente palatável com o barril acima de US$ 100 no mercado internacional, deveria por as barbas de molho e pensar melhor antes de jogar dinheiro fora.  Pois, por tudo que já se sabe por enquanto, o mundo ainda é pequeno demais para o “shale gas” e o pré-sal ao mesmo tempo.

Incompetencia petrolifera e gestao irresponsavel: a Petrossauro dos companheiros (Editorial Estadao)


Autossuficiência mais distante

22 de abril de 2013 | 2h 09
Editorial O Estado de S.Paulo
Sete anos depois de o ex-presidente Lula ter anunciado com estardalhaço a autossuficiência do Brasil em petróleo, o País precisa importar combustível para suprir a demanda interna. Por causa da gestão que o governo do PT impôs à Petrobrás, a autossuficiência durou pouco e sua reconquista demorará. Como admite a empresa, ela só será novamente alcançada em 2020, em termos plenos (incluindo derivados).
Como outros grandes atos do governo petista, a autossuficiência anunciada por Lula - com as mãos sujas de óleo, imitando o gesto com que, décadas antes, Getúlio Vargas comemorara a descoberta do primeiro poço da Petrobrás - no dia 21 de abril de 2006, na inauguração da Plataforma P-50, a 120 quilômetros do litoral fluminense, foi tema de intensa campanha publicitária. "Quando a Petrobrás foi criada, muitos não acreditavam que fosse viável", disse, em comunicado, o então presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli. "O fato é que, 53 anos depois, ela conquistou a autossuficiência para o Brasil."
Mas a administração que afirmou ter "conquistado" essa condição foi responsável também por "desconquistá-la", pois não conseguiu fazer a produção crescer em ritmo igual ou superior ao do aumento da demanda interna por combustíveis derivados de petróleo. Em 2012, a produção média da Petrobrás foi de 1,98 milhão de barris/dia, mas o consumo total alcançou 2,06 milhões de barris/dia de derivados, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo. O consumo continua a subir, mas a Petrobrás continua a produzir menos. Em janeiro, a produção atingiu 1,96 milhão de barris/dia, menos do que a média de 2012, e, em fevereiro, caiu para 1,92 milhão de barris/dia.
A falta de manutenção adequada dos poços fez a produção cair mais depressa. A necessidade de reparos de maior porte, porque a manutenção não foi feita adequadamente, tem implicado a paralisação das operações por períodos mais longos, o que também contribui para fazer cair a produção global da empresa.
Do lado do refino, o que se constata é que, por terem sido definidos de acordo com critérios políticos e não técnicos, alguns projetos não saíram do papel e outros andam muito devagar, e a um custo muito maior do que o orçado inicialmente.
A construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, é uma espécie de síntese da política da Petrobrás na área de refino durante a gestão Lula. Para agradar ao então presidente bolivariano da Venezuela, Hugo Chávez, seu aliado político, o ex-presidente brasileiro colocou a estatal venezuelana PDVSA como sócia (com 40% de participação) da Refinaria Abreu e Lima. A sócia não investiu nenhum tostão na obra, que está muito atrasada e cujo custo, inicialmente orçado em US$ 2,3 bilhões, não ficará em menos de US$ 18 bilhões.
A estagnação da capacidade de refino, por causa do atraso na construção de refinarias, força a Petrobrás a importar derivados em quantidades crescentes, para atender à demanda interna. Com a produção do petróleo em queda e sem aumentar a capacidade de refino, a empresa quadruplicou seu déficit comercial no primeiro trimestre do ano, em relação aos três primeiros meses de 2012. De janeiro a março, a Petrobrás aumentou suas importações em 40,2%, mas suas exportações diminuíram 50,3%. O resultado foi um déficit comercial acumulado de US$ 7,4 bilhões.
A produção, reconhece a presidente da empresa, Graça Foster, só voltará a aumentar a partir de 2014. É possível que, no próximo ano, a produção de petróleo seja igual ou ligeiramente superior, em volume, ao consumo interno de derivados. No entanto, como a capacidade de refino não será aumentada, o País continuará importando derivados.
A autossuficiência de fato, incluindo petróleo bruto e derivados, só será alcançada em 2020, quando, de acordo com seu planejamento estratégico, a Petrobrás estará produzindo 4,2 milhões de barris de petróleo por dia, terá capacidade de refino de 3,6 milhões de barris/dia e o consumo interno será de 3,4 milhões de barris/dia.

A seca traicoeira, traidora, bandida, e o retirante agressivo...

Já não se fazem secas como antigamente. Nos velhos tempos, ela ficava parada, secando, mirradinha, esperando as coisas definharem em volta de si. Agora ela ataca, essa meliante, e incita o retirante a não se retirar, mas atacar por sua vez, não a seca, mas o supermercado, que é onde está a comida, claro...


“A seca é um sofrimento que a gente sabe que na hora ela não vê ninguém. Ela ataca todo mundo, obviamente, quanto mais pobre pior. Mas, além disso, uma coisa nós tivemos o cuidado: o Brasil não pode mais ver aquela história de retirante faminto atacando supermercado, não tendo aonde cair…”.

Mas com o Bolsa qualquer coisa, isso não é mais preciso...