O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

A carreira diplomática e a diplomacia brasileira - Pod-RI, Unesp-Franca

A carreira diplomática e a diplomacia brasileira

Paulo Roberto de Almeida
Registros da entrevista gravada para o Pod-RI


         Recebi, dos alunos do curso de Relações Internacionais da Unesp-Franca, Leonardo, Gustavo e Enzo Golfetti, responsáveis pelo Pod-RI que eles criaram e mantêm, os links para o programa gravado com eles e por eles, no dia 5 de agosto de 2020. Primeiro o convite, depois a ficha do trabalho, cujo roteiro foi tentativamente respondido por mim, e transcrevo ao final de tudo, depois a gravação preliminar e em terceiro lugar, o podcast tal como editado por eles, postado no Facebook dessa brilhante iniciativa dos estudantes da Unesp-Franca (https://www.facebook.com/107203960975709/posts/161249412237830/).


Olá embaixador!
Que bom que gostou do nosso trabalho! Sem dúvidas faremos uma sua, se quiser deixar em anexo a foto, em breve montamos a ilustração.
Sobre data pensamos em Terça ou Quarta da próxima semana (dias 04/08 e 05/08) como opções. Gravamos sempre no horário do fim da tarde (18 ou 19 horas) ou a noite (20 ou 21 horas) para não chocar com outros compromissos, alguma destas datas e horários é possível pra você? OBS: nossas gravações nunca passam de 1h e 30 min contando possíveis erros de gravação. 
Caso não, articulamos outras sem problemas.
Sobre o conteúdo em si, propomos algo bem livre, uma conversa mais informal e deixo aqui alguns tópicos que queremos percorrer na conversa:
- Uma apresentação e breve história sua;
- Como ingressar no MRE;
- Quais funções tem-se de desempenhar na estrutura da instituição;
- Como é para ser indicado para os consulados e embaixadas;
- Qual a importância das funções;
- Uma conversa mais solta sobre os bastidores da função e sua passagem por elas;
-  Por fim, gostaríamos de um bate-papo rápido sobre como está o MRE hoje (se possível claro) sua opinião sobre as ações do Brasil etc.
No ademais estamos abertos a sugestões e dúvidas.
Att, Enzo Golfetti


(A) 3725. “A carreira diplomática e a diplomacia brasileira”, Brasília, 26 julho 2020, 3 p. Respostas a questões de alunos de RI da Unesp-Franca-SP; Gravação de podcast; Pod-RI; alunos de RI da Unesp Franca; (https://www.facebook.com/podcastRI/ ), na quarta-feira, dia 5/08, 18hs. Gravação de entrevista, disponível no Facebook (https://www.facebook.com/107203960975709/posts/161249412237830/), no Instagram (https://www.instagram.com/p/CD15Rc_DSNT/?igshid=l0v8zq3suh7) e no Spotfy (https://open.spotify.com/episode/1W8FWd9dKConYOOH6Zfa6X).






(C) Sejam bem-vindos a mais um Pod-RI! Neste episódio mais que especial, trouxemos um convidado pra lá de gabaritado! Com vocês Paulo Roberto de Almeida, embaixador brasileiro com mais de 40 anos experiência, conversou conosco sobre como é trabalhar no Itamaraty, tudo com muita graça, histórias e curiosidades. E deixamos pra vocês o link do blog dele onde estão disponíveis diversas de suas histórias e muitos de seus livros gratuitos! Vem com a gente nessa! https://www.facebook.com/podcastRI/posts/161249412237830?__cft__[0]=AZXsolDiONcLEyu_D0Sf_Njb_XRcmCUeI-XPXslVndkEoWBQrLAKgL9Gjcfrh44ex2ITcSavp2tLvUv6tlGN3I3tME9ZcJX98zysYf2X3iYHgmnOsoMoULbw7bw7UMRaA7hbnGj_hgAiYrEixYng1kco3LfjdjljQ9r5vSDbG2ViPQ&__tn__=%2CO%2CP-R



A carreira diplomática e a diplomacia brasileira


Paulo Roberto de Almeida
[ObjetivoGravação de podcastfinalidadePod-RI; alunos de RI da Unesp Franca; (https://www.facebook.com/podcastRI/ ), na quarta-feira, dia 5/08, 18hs]; alunos de RI da Unesp Franca; contato: Enzo Golfetti.


1) Uma apresentação e breve história sua;
3683. “Preparação para a carreira diplomática: uma conversa com candidatos”, Brasília, 29 maio 2020, 2020, 6 p. Conversa online com candidatos à carreira diplomática, coordenada por Amanda do “Keep it blue podcast”, sobre as seguintes questões: 1) O que fez o senhor decidir ser diplomata?; 2) Como foi sua jornada para passar o CACD?; 3) Quais são os diferenciais para passar o concurso?; 4) Como o candidato deve abordar as atualidades em seus estudos?; 5) Como deveria ser o mindset para o estudo dos idiomas?; 6) Como foi o Instituto Rio Branco?; 7) O que se aprende por lá?; 8) Como é a vida no exterior?; 9) Como muda em relação a Brasília? Elaborada lista de 37 trabalhos que se encaixam nos critérios solicitados. Divulgado no blog Diplomatizando (29/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43192887/Preparacao_para_a_carreira_diplomatica_uma_conversa_com_candidatos_2020_).
3684. “Um diplomata desvio padrão: podcast para candidatos à carreira”, Brasília, 29 maio 2020, Audio Mpeg da Apple 1:31:13, 37, 2MB. Podcast gravado sobre os pontos enunciados no trabalho n. 3683. Disponível no Dropbox (link: https://www.dropbox.com/s/0kd91ucpgmlkhgn/3684DiplomataDesvioPadraoPodcast.m4a?dl=0); anunciado no blog Diplomatizzando (30/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/uma-conversa-com-candidatos-carreira.html).
3691. “Uma carreira na diplomacia para jovens estudantes”, Brasília, 8 junho 2020, 4 p. Respostas a questões colocada por coordenadores do programa Explica ENEM (https://www.instagram.com/explicaenem/). Disponível no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/06/uma-carreira-na-diplomacia-para-jovens.html) e na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43292605/Uma_carreira_na_diplomacia_para_jovens_estudantes_2020_). 

2) Como ingressar no MRE;
     Não existe nenhuma fórmula mágica, a não ser a do estudo intenso, constante, obsessivo, durante largos anos. Cursinhos preparatórios podem dar dicas, macetes, facilitar ao acesso de provas anteriores, indicar bibliografia e permitir interação com outros candidatos e professores, mas nada vai substituir a leitura de dezenas, centenas, milhares de páginas dos materiais de referência. Ademais, não se pode evitar o acompanhamento direto, também constante e seguido, da página do MRE e seus muitos materiais disponíveis, por mais aborrecidos que possam ser, alguns até abertamente indecentes e absurdos, na recusa do multilateralismo e do fantasma do globalismo. 

3) Quais funções tem-se de desempenhar na estrutura da instituição;
     As clássicas: informação, representação, negociação, mas distinguindo entre o que se faz na Secretaria de Estado, de onde saem as instruções, e o que se faz nos postos e missões. 

4) Como é para ser indicado para os consulados e embaixadas;
     Todo o processo está muito burocratizado atualmente; existem vagas que se abrem nos postos e os candidatos se oferecem indicando preferências, até cinco ao que parece. A administração então vai alocando os candidatos segundo critérios funcionais (mérito, ou seja, classificação na saída do IRBr), ou conveniências familiares ou individuais. Depois ocorre uma rotação no exterior entre ou mais postos, entre A, B, C, D e E, com alguma compensação nos postos de maior sacrifício. 

5) Qual a importância das funções;
     Não existem a prioris nessa área, pois as funções acompanham a hierarquia e a adequação de cada candidato ao posto ou função.

6) Uma conversa mais solta sobre os bastidores da função e sua passagem por elas;
      Já relatei minha experiência em muitos textos, dispersos, mas alguma coisa figura naqueles que estão indicados na primeira questão.

7) Por fim, gostaríamos de um bate-papo rápido sobre como está o MRE hoje (se possível claro) sua opinião sobre as ações do Brasil etc.
     Indico meus dois livros mais recentes sobre o Itamaraty sob o tacão dos Bolsonaros, o primeiro livremente disponível, o segundo em formato Kindle: 
          Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty, Boa Vista: Editora da UFRR, 2019, 165 p., Coleção “Comunicação e Políticas Públicas”, vol. 42; ISBN: 978-85-8288-201-6 (livro impresso); ISBN: 978-85-8288-202-3 (livro eletrônico; disponível nos links: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf e do Google Books: https://books.google.com.br/books?id=tvqjDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl= pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false). Incorporado à plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/39882114/Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty_Ed._UFRR_2019_) e a Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/334593501_Miseria_da_diplomacia_a_destruicao_da_inteligencia_no_Itamaraty).
         O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira; Edição Kindle, 2020; 204 p.; 1302 KB; ASIN: B08B17X5C1; ISBN: 978-65-00-05968-7;
         E um trabalho mais recente, em meio a muitos outros disponíveis no meu blog: 
3724. “Posturas erráticas e irracionais do governo, grandes prejuízos para o Brasil”, Brasília, 26 julho 202, 3 p. Notas sobre os grande s desastres da política externa bolsonarista. Postado no blog Diplomatizzando (27/07/202; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/07/posturas-erraticas-e-irracionais-do.html); divulgado no site do Livres(27/07/2020; links: https://mla.bs/a53fbb21 e https://www.eusoulivres.org/artigos/posturas-erraticas-e-irracionais-do-governo-grandes-prejuizos-para-o-brasil/); plataforma Academia.edu (9/08/2020; link: https://www.academia.edu/43812909/3724_Posturas_erraticas_e_irracionais_do_governo_grandes_prejuizos_para_o_Brasil). Relação de Publicados n. 1359.  


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 3725, 28 de julho de 2020

Inside China’s drive for digital currency dominance - Robert Hackett (Fortune)

FORTUNE MAGAZINE

Inside China’s drive for digital currency dominance

In the 13th century, Kublai Khan, the Mongolian emperor who founded China’s Yuan Dynasty, upended monetary convention with a magisterial edict: Accept my money, or die.

The threat of execution was not so novel back then, of course. The Khan’s true innovation lay in his refashioning of money itself. The grandson of fearsome Genghis realized he could finance his realm untethered to finite supplies of precious metals. No longer would his geopolitical reach depend on backbreakingly mined and smelted ores hauled along the Silk Road. Instead, he could tap a boundless, lightweight resource—and make money grow on trees.

Mulberry trees, to be exact. In a contemporary account, Marco Polo, the wandering merchant of Venice, marveled at “how the great Khan causeth the bark of trees, made into something like paper, to pass for money overall his country.” The banknotes were issued, he wrote, “with as much solemnity and authority as if they were of pure gold or silver.”

Medieval Europeans were dumbfounded by Polo’s report. But the emperor was ahead of his time. Fiat currencies—descendants of Kublai Khan’s chao, backed by government edict rather than hard assets—are standard everywhere today. 
Fast-forward to this century, and China once again is remaking money. Except this time, it is paper currency that’s getting tossed; China is going digital. And while things didn’t end well for the Mongols—they printed themselves into hyperinflation, and lost the throne—China’s current leaders have something far more stable and enduring in mind.
(o resto do artigo só para assinantes: https://fortune.com/2020/08/10/china-digital-currency-electronic-yuan-bitcoin-cryptocurrency/ )

Xinomics (The Economist): existe um outro tipo de capitalismo que não o ocidental?

A Economist, a revista mais liberal e inteligente do mundo, padece de um defeito de nascimento, uma espécie de pecado original: ela é excessivamente inglesa, e acredita que o seu liberalismo é insuperável. Pode até ser, mas o problema é que ela pretende também que existe só um tipo de capitalismo, o ocidental, claro. Mas isso seria achar que o Japão desenvolveu o seu capitalismo nos mesmos moldes que o capitalismo inglês, o que o alemão foi uma cópia exata do inglês, ou que o capitalismo americano adotou igualmente o mesmo formato.
Por que não admitir que o capitalismo chinês segue um outro modelo, e que isso que está descrito no artigo pode se manter?
Veremos, em mais ou menos 10 anos...
Paulo Roberto de Almeida

Insert a clear and simple description of the image

The Economist, August 13, 2020
https://www.economist.com/leaders/2020/08/13/xi-jinping-is-reinventing-state-capitalism-dont-underestimate-it?utm_campaign=the-economist-this-week&utm_medium=newsletter&utm_source=salesforce-marketing-cloud

As America’s confrontation with China escalates, our cover story looks at the resilience of the Chinese economy under Xi Jinping. A new stage of state capitalism is under way—call it Xinomics—involving tight control over the economic cycle, a more efficient state and a blurring of the boundary between state and private firms. Xinomics has performed well, but the real test will come over time. China hopes that its techno-centric form of central planning can sustain innovation; history suggests that diffuse decision-making, open borders and free speech are the magic ingredients. One thing is clear: any idea that confrontation will be followed by capitulation is misguided. America and its allies must prepare for a far longer contest between open societies and China’s ruthless mix of autocracy, technology and dynamism.

The Chinese economic model
Xi Jinping is reinventing state capitalism. Don’t underestimate it

China’s strongman leader has a new economic agenda


America’s confrontation with China is escalating dangerously. In the past week the White House has announced what may amount to an imminent ban on TikTok and WeChat (two Chinese apps), imposed sanctions on Hong Kong’s leaders and sent a cabinet member to Taiwan. This ratcheting up of pressure partly reflects electioneering: being tough on China is a key strut of President Donald Trump’s campaign. It is partly ideological, underscoring the urgency the administration’s hawks attach to pushing back on all fronts against an increasingly assertive China. But it also reflects an assumption that has underpinned the Trump administration’s attitude to China from the beginning of the trade war: that this approach will yield results, because China’s steroidal state capitalism is weaker than it looks.
The logic is alluringly simple. Yes, China has delivered growth, but only by relying on an unsustainable formula of debt, subsidies, cronyism and intellectual-property theft. Press hard enough and its economy could buckle, forcing its leaders to make concessions and, eventually, to liberalise their state-led system. As the secretary of state, Mike Pompeo, puts it, “Freedom-loving nations of the world must induce China to change.”
Simple, but wrong. China’s economy was less harmed by the tariff war than expected. It has been far more resilient to the covid-19 pandemic—the imf forecasts growth of 1% in 2020 compared with an 8% drop in America. Shenzhen is the world’s best-performing big stockmarket this year, not New York. And, as our briefing explains, China’s leader, Xi Jinping, is reinventing state capitalism for the 2020s. Forget belching steel plants and quotas. Mr Xi’s new economic agenda is to make markets and innovation work better within tightly defined boundaries and subject to all-seeing Communist Party surveillance. It isn’t Milton Friedman, but this ruthless mix of autocracy, technology and dynamism could propel growth for years.
Underestimating China’s economy is hardly a new phenomenon. Since 1995 China’s share of world gdp at market prices has risen from 2% to 16%, despite waves of Western scepticism. Silicon Valley chiefs dismissed Chinese tech firms as copycats; Wall Street short-sellers said ghost towns of empty apartments would bring a banking crash; statisticians worried that the gdp figures were fiddled and speculators warned that capital flight would cause a currency crisis. China has defied the sceptics because its state capitalism has adapted, changing shape. Twenty years ago, for example, the emphasis was on trade, but now exports account for only 17% of gdp. In the 2010s officials gave tech firms such as Alibaba and Tencent just enough space to grow into giants and, in Tencent’s case, to create a messaging app, WeChat, that is also an instrument of party control (see article).
Now the next phase of Chinese state capitalism is under way—call it Xinomics. Since he took power in 2012 Mr Xi’s political goal has been to tighten the party’s grip and crush dissent at home and abroad. His economic agenda is designed to increase order and resilience against threats. For good reason. Public and private debt has soared since 2008 to almost 300% of gdp. Business is bifurcated between stodgy state firms and a Wild West private sector that is innovative but faces predatory officials and murky rules. As protectionism spreads, Chinese firms risk being locked out of markets and denied access to Western technology.
Xinomics has three elements. First, tight control over the economic cycle and the debt machine. The days of supersized fiscal and lending binges are over. Banks have been forced to recognise off-balance-sheet activity and build up buffers. More lending is taking place through a cleaned-up bond market. Unlike its reaction to the financial crisis of 2008-09, the government’s response to covid-19 has been restrained, with a stimulus worth about 5% of gdp, less than half the size of America’s.
The second strand is a more efficient administrative state, whose rules apply uniformly across the economy. Even as Mr Xi has used party-imposed law to sow fear in Hong Kong, he has constructed a commercial legal system in the mainland that is far more responsive to businesses. Bankruptcies and patent lawsuits, once rare, have risen fivefold since he took office in 2012. Red tape has been trimmed: it now takes nine days to set up a company. More predictable rules should allow markets to work more smoothly, boosting the economy’s productivity.
The final element is to blur the boundary between state and private firms. State-run companies are being compelled to boost their financial returns and draw in private investors. Meanwhile the state is exerting strategic control over private firms, through party cells within them. A credit blacklisting system penalises firms that misbehave. Instead of indiscriminate industrial policy, such as the “Made in China 2025” campaign launched in 2015, Mr Xi is shifting to a sharp focus on supply-chain choke-points where China is either vulnerable to foreign coercion or where it can exert influence abroad. That means building up self-sufficiency in key technologies, including semiconductors and batteries.
Xinomics has performed well in the short term. The build-up of debt had slowed before covid-19 struck and the twin shocks of the trade war and the pandemic have not led to a financial crisis. State-run firms’ productivity is creeping up and foreign investors are pouring cash into a new generation of Chinese tech firms. The real test, however, will come over time. China hopes that its new techno-centric form of central planning can sustain innovation, but history suggests that diffuse decision-making, open borders and free speech are the magic ingredients.
One thing is clear: the hope for confrontation followed by capitulation is misguided. America and its allies must prepare for a far longer contest between open societies and China’s state capitalism. Containment won’t work: unlike the Soviet Union, China’s huge economy is sophisticated and integrated with the rest of the world. Instead the West needs to build up its diplomatic capacity (see article) and create new, stable rules that allow co-operation with China in some areas, such as fighting climate change and pandemics, and commerce to continue alongside stronger protections for human rights and national security. The strength of China’s $14trn state-capitalist economy cannot be wished away. Time to shed that illusion. 

This article appeared in the Leaders section of the print edition under the headline "Xi’s new economy"



O governo morno do Brasilzão atrasado - Fernando Schuker e William Waack

Duas análises da situação política atual que me pareceram bastante realistas:

1. Fernando Schuler (na Folha S.Paulo de hoje):

"... o governo Bolsonaro vai mostrando o que sempre foi: um governo errático, sem projeto, seduzido pela hipótese de um populismo morno capaz de conduzi-lo vivo até 2022."

2. William Waak (no Estadão de hoje):

"... No jeitão do Brasil de sempre, aquele que Bolsonaro prometeu mudar, sonhando com o que poderia vir a ser, sem conseguir deixar de ser o que é."


João do Carmo Oliveira

-----------


01:00:33 | 13/08/2020 | Gestão de Pessoas | Folha de S.Paulo | Fernando Schüler | BR

Fernando Schüler

    A sedução populista
    Governo não tem convicção sobre a modernização do Estado, e não está sozinho nisso
    Professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento. Foi diretor da Fundação Iberê Camargo
    Fernando Schüler
    A saída de Salim Mattar e Paulo Uebel não representa o fim da agenda liberal do governo, como li em alguns comentários, mas um atestado de que, na prática, ela andou muito pouco.
    Sempre disse aqui que o governo Bolsonaro era produto de três pautas um tanto vagas. Na verdade, um conjunto de intenções no terreno do conservadorismo cultural, combate à corrupção e reformas liberais.
    As duas primeiras se perderam há muito tempo. Barradas pelo Congresso e por sua própria inconsistência. A agenda liberal deu em quase nada. A lei da liberdade econômica talvez tenha sido seu único suspiro. A reforma da Previdência foi uma solução de compromisso e veio no embalo do governo anterior.
    Agora caímos na real. Estamos a menos de dois meses da campanha eleitoral e a janela de oportunidades para aprovação de reformas vai se fechando. Vamos comemorar o ano novo com PIB negativo em 5,6% (última pesquisa Focus) e relação dívida/PIB acima de 96%, segundo a Instituição Fiscal Independente.
    Diante desse cenário, o governo corre atrás de "espaço no orçamento" para esticar mais um pouquinho o auxílio emergencial e diz que irá aguardar até o ano que vem para enviar ao Congresso a reforma administrativa. Ainda nesta quarta-feira (12), naquele pronunciamento esquisito ao cair da tarde, imaginava-se que haveria algum anúncio objetivo sobre reformas, mas nada.
    Nenhuma grande surpresa aí. Pra quem gosta de ler a política um pouco abaixo da histeria reinante, Bolsonaro sempre foi um político mais tradicional do que fez parecer. E está cada dia mais com a cara do centrão e da velha burocracia militar do que com a de Paulo Guedes. Nosso outsider é cada vez mais um insider.
    O governo gostou dos efeitos políticos do auxílio emergencial. O apoio a Bolsonaro cresce nos setores de menor renda e a última pesquisa DataPoder mostra que a aprovação e a desaprovação ao governo andam empatadas em 45%.
    Quanto à reforma administrativa, o entorno da Presidência parece ter descoberto o óbvio: há muita conversa, mas pouca gente de fato preocupada com o tema em meio à pandemia. A MP 922, das contratações temporárias, caducou, e a PEC emergencial, que entre outras coisas previa a possibilidade de redução de jornada e salários dos servidores, nunca andou no Congresso.
    A verdade é que o governo Bolsonaro não tem convicção sobre temas de modernização do Estado. E não está sozinho nisso. Os sinais que vêm do Congresso são bastante claros.
    Exemplo foi a votação do novo Fundeb. Ao invés da reforma que iria desbloquear o orçamento e dar autonomia a estados e municípios, sob a lógica do "mais Brasil, menos Brasília", a Câmara aprovou, sob a batuta da pressão corporativa e com o apoio do governo, a vinculação constitucional de no mínimo 70% dos recursos do fundo para gasto com pessoal.
    No Senado fomos ainda mais criativos. Ao invés de reformas para abrir o mercado e incentivar a competição, resolvemos tabelar juros. Limite de 30% de juros no cartão de crédito e cheque especial. Lendo o projeto me senti quase um argentino. Menos mal que se trata de uma ideia que não irá prosperar na outra Casa do Congresso.
    Juntando tudo, novo Fundeb, volta da CPMF, malabarismos para esticar o auxílio emergencial, tentativas de driblar a regra do teto, reformas e privatizações em ponto morto, o governo Bolsonaro vai mostrando o que sempre foi: um governo errático, sem projeto, seduzido pela hipótese de um populismo morno capaz de conduzi-lo vivo até 2022.
    No fim das contas, ao menos não teremos que escutar mais que o governo Bolsonaro é "ultraneoliberal", como li tempos atrás, e outras bobagens. Bolsonaro fará cada vez mais um governo tradicional. Com alguma sorte preservará a regra do teto e conseguirá emplacar algumas reformas de médio alcance, como foi o novo marco do saneamento básico.
    Um projeto mais ousado de modernização do Estado ainda está para ser construído. Por enquanto, como observou Salim Mattar na sua carta de despedida, os liberais são um bicho estranho na máquina pública. E cabem (diria que com alguma folga) num micro-ônibus.â

    ------------

    01:23:54 | 13/08/2020 | Gestão de Pessoas | O Estado de S. Paulo | William Waack | BR

    William Waack

      William Waack
      Bolsonaro é o Brasil de sempre
      A derrota do projeto eleitoral de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes para a economia brasileira é um fato que se pode aplaudir ou lamentar, mas é incontestável. Definido em linhas gerais como uma ampla e profunda transformação do Estado brasileiro, e a consequente "libertação" da economia para gerar aumento de produtividade e crescimento, era um conjunto de intenções aplaudidas por boa parte da sociedade, antes de ser um plano.
      Ficou até aqui muito aquém do pretendido (de novo, pode-se saudar ou lamentar essa constatação) e agora não há mais condições políticas, tempo e, ao que parece, intenção de realizá-lo. Grosso modo, a derrota deve ser atribuída a dois grandes fatores.
      O primeiro é o fato de que não havia uma estratégia, entendida como adequação dos meios (sobretudo políticos) aos fins (reforma do Estado) dentro de um período de tempo. Perdeu-se tempo precioso elaborando o que seria "nova" política, além da dedicação de Bolsonaro ao que se chama na linguagem militar de "teatros secundários".
      Como consequência, para o "projeto" acabou sendo ainda mais violenta a devastação trazida pelo segundo grande fator: o imponderável da pandemia da covid-19, que destruiu qualquer outro cálculo que não fosse o da sobrevivência política. A brutal crise de saúde pública agravou os males que já existiam: escancarou a incompetência do governo central, aprofundou a miséria, a crise fiscal e abalou uma economia que ensaiava uma recuperação apenas tímida, presa aos limites estruturais de sempre.
      Para todos os efeitos o presidente é hoje um personagem político diminuído em seus poderes e com escassa capacidade de liderança, obcecado com a situação pessoal, gradativamente abandonado pelas elites econômicas que apostaram nele e agora fascinado pelas recompensas político-eleitoreiras trazidas pelo assistencialismo emergencial. Como se antecipava, a economia definiria os rumos de Bolsonaro, que agora precisa gastar o que não tem.
      Surge com razoável nitidez o caminho após a derrota do "projeto", e é bem a cara do Brasil "velho" (aquele que nunca deixou de ser). A premente ampla reforma tributária esbarra na incapacidade política de se proceder à eliminação de distorções tais como renúncias fiscais que atendem a vários interesses setoriais antagônicos, além da dificuldade política de coordenar os vários entes da Federação. O Brasilzão de sempre, esse que continua aí, indica que o caminho do menor esforço político nos levará a mais e não menos impostos.
      A pretendida reforma do Estado dependia de uma reforma administrativa que atacasse gastos públicos â aumentá-los muito além da capacidade de financiá-los foi um claro consenso da nossa sociedade, como assinalou o exsecretário do Tesouro Mansueto Almeida. Reforma que sumiu no horizonte. Há um compromisso verbal com a manutenção da âncora fiscal além do período de emergência, mas as nuvens da política sugerem que esse período será estendido para o ano que vem.
      Furar o teto de gastos é uma contingência política criada no plano imediato pela convergência entre os "desenvolvimentistas" no Planalto, entre eles os saudosistas do período militar (que convenientemente se esquecem de como aquilo acabou), e a massa do Centrão que enxerga uma oportunidade nos cofres públicos sem fundos. Juros baixos e inflação bem comportada permitirão que essa "estratégia" se mantenha por um tempo razoável, que é o tempo para se programar para uma reeleição. As ambiciosas privatizações e a propalada diminuição do Estado ficam para depois.
      Bolsonaro deve ser ajudado por um conjunto de concessões e obras de infraestrutura que movimentarão setores como construção e atrairão investidores, ainda que preocupados com a eterna insegurança jurídica que paira como sempre sobre os negócios. Vai ser indiretamente ajudado também pelos setores modernos do agro negócio que desprezam como o governo fala sobre questões ambientais, mas acham que bem ou mal sobreviverão às pressões internacionais, e seguirão crescendo.
      Com a perspectiva real de vacinas que ajudem a controlar o vírus, a tragédia dos milhares e milhares de mortos vagarosamente se acomoda na psicologia coletiva. No jeitão do Brasil de sempre, aquele que Bolsonaro prometeu mudar, sonhando com o que poderia vir a ser, sem conseguir deixar de ser o que é.