O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Freeman Dyson (1923-2020): um cientista sábio (The Edge)

Por que o chamo de sábio, além de cientista? Elementar! Ele ERA um sábio, defendendo as tradições e métodos científicos em face de investidas obscurantistas – geralmente da parte de antidarwinistas de tendência religiosa – que são abundantes nos EUA.
Paulo Roberto de Almeida

Freeman Dyson: 1923 - 2020

The Edge
To arrive at the edge of the world's knowledge, seek out the most complex and sophisticated minds, put them in a room together, and have them ask each other the questions they are asking themselves
Photo: Freeman Dyson, August 1939, compliments of George Dyson
Freeman Dyson (1923 - 2020)
ED. NOTE: On February 3, 2019, Freeman Dyson wrote to me in response to my interest in commissioning him to write a new essay for Edge:
From: dyson@ias.edu
Dear John,
Thank you for your message of January 2 announcing your new agenda and including the piece from George.
I have written a piece with the title, "Biological and Cultural Evolution: Six Characters in Search of an Author'', which I am offering for you to publish. I have adopted the design of Pirandello's play to introduce my six characters. The purpose is to give a public hearing to some unorthodox ideas about evolution.
Evolution is a dominating force in human affairs and in the workings of nature. An improved understanding of evolution may help us to deal wisely with human problems and also with the preservation of natural diversity.
Please let me know whether you find this piece appropriate for your new agenda. I send you a first draft. It will need some editorial work and some references to the literature before it is published.
I am sending you the text by a separate E-mail. With thanks for your consideration, yours ever, Freeman.
Freeman at that time was in La Jolla, and we were unable to sit down together for a videotaped interview. Nor would there be an audio. I asked if he could read the essay, and he agreed. A few days after sending him a USB microphone, my associate Russell Weinberger received an audio file with this note:
Thank you for your help this morning with the audio transfer. I could never have done this without guidance from both you and Imme. We sent it to you as soon as it was finished without checking the quality. I suspect the quality may be poor, since I was struggling with the GarageGang, a computer program that I still do not understand. If you find the quality unacceptable, I will be happy to do the whole recording over again. This will not take so long, now that we have some experience with the technical problems. In any case, I apologize for my incompetence in dealing with computers. Yours, Freeman Dyson.
Freeman, at the age of 96, had gone back to school to spend three days mastering the intricacies of Apple's "GarageGang." 
So, we are pleased to reprise his piece, "Biological and Cultural Evolution: Six Characters in Search of an Author.” But, do yourself a favor. While the text of the essay is below, don't read it. Honor Freeman by listening to it: a wonderful way to spend an hour.
John Brockman
Editor, Edge

p.s. In the coming weeks, we are planning a tribute to Freeman, a founding member of both Edge, in 1996, and before that, The Reality Club, in 1980. Stay tuned.
Biological and Cultural Evolution
Six Characters in Search of an Author
An Edge Original Essay by Freeman Dyson [2.19.19] 


In the near future, we will be in possession of genetic engineering technology which allows us to move genes precisely and massively from one species to another. Careless or commercially driven use of this technology could make the concept of species meaningless, mixing up populations and mating systems so that much of the individuality of species would be lost. Cultural evolution gave us the power to do this. To preserve our wildlife as nature evolved it, the machinery of biological evolution must be protected from the homogenizing effects of cultural evolution.
Unfortunately, the first of our two tasks, the nurture of a brotherhood of man, has been made possible only by the dominant role of cultural evolution in recent centuries. The cultural evolution that damages and endangers natural diversity is the same force that drives human brotherhood through the mutual understanding of diverse societies. Wells's vision of human history as an accumulation of cultures, Dawkins's vision of memes bringing us together by sharing our arts and sciences, Pääbo's vision of our cousins in the cave sharing our language and our genes, show us how cultural evolution has made us what we are. Cultural evolution will be the main force driving our future.

FREEMAN DYSON was an emeritus professor of physics at the Institute for Advanced Study in Princeton. In addition to fundamental contributions ranging from number theory to quantum electrodynamics, he worked on nuclear reactors, solid-state physics, ferromagnetism, astrophysics, and biology, looking for problems where elegant mathematics could be usefully applied. His books include Disturbing the UniverseWeapons and HopeInfinite in All DirectionsMaker of Patterns, and Origins of Life.

BIOLOGICAL AND CULTURAL EVOLUTION: SIX CHARACTERS IN SEARCH OF AN AUTHOR
In the Pirandello play, "Six Characters in Search of an Author", the six characters come on stage, one after another, each of them pushing the story in a different unexpected direction. I use Pirandello's title as a metaphor for the pioneers in our understanding of the concept of evolution over the last two centuries. Here are my six characters with their six themes.
1. Charles Darwin (1809-1882): The Diversity Paradox.
2. Motoo Kimura (1924-1994): Smaller Populations Evolve Faster.
3. Ursula Goodenough (1943- ): Nature Plays a High-Risk Game.
4. Herbert Wells (1866-1946): Varieties of Human Experience.
5. Richard Dawkins (1941- ): Genes and Memes.
6. Svante Pääbo (1955- ): Cousins in the Cave.
The story that they are telling is of a grand transition that occurred about fifty thousand years ago, when the driving force of evolution changed from biology to culture, and the direction changed from diversification to unification of species. The understanding of this story can perhaps help us to deal more wisely with our responsibilities as stewards of our planet.

Agronegócio e meio ambiente: uma interação incontornável - Marcos Sawaya Jank

O diálogo necessário entre agricultura e meio ambiente 

Marcos S. Jank (*)

Jornal “O Estado de S. Paulo”, Opinião, 28/02/2020.


Em vez do ‘nós contra eles’, é preciso compatibilizar as agendas globais do clima e da alimentação.

Os dois setores da economia brasileira com maior visibilidade global são a agricultura e o meio ambiente.

O protagonismo da agricultura brasileira se dá no comércio global de commodities agropecuárias. Nossa oferta agrícola é concentrada em produtos (cerca de uma dezena), mas diversificada em destinos, atingindo mais de 200 países e cumprindo papel crucial na segurança alimentar do planeta. Porém, fora do universo da oferta agrícola, pouca gente conhece o agro brasileiro e, no geral, o vê com desconfiança.

Já o meio ambiente brasileiro tem ampla visibilidade no mundo, principalmente por conta das preocupações com biomas sensíveis como a Amazônia e o Pantanal. Aqui o Brasil é reconhecido como potência ambiental, mas atacado pela elevada quantidade de queimadas e desmatamentos – e seu impacto na mudança do clima –, além de invasões de terras indígenas e devolutas, do crescimento de monoculturas como soja e outros supostos males.

Enquanto a opinião global sobre o agro brasileiro é restrita e localizada, no caso do meio ambiente ela é ampla e generalizada. Sabemos que boa parte das críticas negativas tem mais que ver com “percepções” do que com “fatos”, a exemplo do cenário apocalíptico que foi disseminado após as queimadas do ano passado. Mas é fato que o assunto tomou conta da opinião pública internacional e hoje está solidamente presente nos organismos multilaterais, no discurso de governos e no curriculum das escolas de ensino fundamental e médio de todo o mundo.

Nos últimos tempos o tema ambiental também entrou de vez na agenda das grandes empresas e do sistema financeiro internacional, como vimos na última reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos. E o Brasil perdeu protagonismo na agenda da sustentabilidade, após décadas de avanços importantes na redução do desmatamento, de compromissos com o clima e de diversificação para energias renováveis.

Infelizmente, o que temos realmente visto no nosso mundo hiperconectado é um debate de surdos do tipo “nós contra eles”, decorrente de hoje participarmos de redes sociais formadas por pessoas que basicamente pensam como a gente. Nesse sentido me parece um equívoco insistir no autoelogio para plateias limitadas e catequizadas. Ou, ainda, insistir em afirmações do tipo “somos os mais sustentáveis do mundo”, mesmo que isso fosse verdade. Eu prefiro o caminho de assumir nossos avanços e os nossos problemas com mais modéstia, encarando, sem subterfúgios, o diálogo com quem pensa de forma diferente, principalmente no exterior.

Aliás, pensar diferente não deveria ser um problema. Empresas que atuam junto aos produtores entendem melhor a realidade agrícola do que as que atuam na ponta do consumidor. No universo heterogêneo das ONGs, há várias delas que trabalham há anos com produtores rurais brasileiros e têm feito defesas impecáveis da sustentabilidade da nossa agricultura no exterior. Governos europeus criticam o Brasil nessa área muito mais do que governos asiáticos, mas são estes últimos que respondem por dois terços do que exportamos hoje e com quem mais temos de dialogar.

Em suma, o Brasil não deveria tomar posição contra o restante do mundo no tema ambiental. Ao contrário, é preciso formar alianças estratégicas em diversos níveis, reconhecer os problemas existentes, enfrentar as perguntas difíceis, ampliar o diálogo e receber elogios dos outros, e não próprios.

Ao mesmo tempo, o setor privado do agro brasileiro precisa abraçar o combate ao desmatamento ilegal no Brasil, atacando a necessidade de regularização fundiária com critérios sólidos, condição básica para a punição dos abusos.

Na agenda internacional, o Brasil deveria liderar um esforço global para discutir como alimentar quase 10 bilhões de pessoas em 2050, metade delas vivendo na África e no subcontinente indiano. O modelo agrícola atual desses países claramente não permite solucionar o seu gap potencial entre oferta e demanda agrícola.

A melhor solução de longo prazo para mitigar as mudanças do clima é o menor uso de recursos naturais, que em última instância se traduz por aumento da produtividade. Os ambientalistas afirmam que o agro não enxerga que o desmatamento vai prejudicar a própria agricultura no longo prazo. Os agricultores dizem que os ambientalistas não entendem que o Brasil é um dos únicos lugares do mundo capazes de produzir duas a três safras por ano e que o mundo precisará do nosso modelo produtivo tropical para se alimentar. Ambos estão corretos, mas faltam confiança e cooperação.

Hoje sobram observatórios do clima e do uso da terra no mundo. Mas faltam observatórios da agricultura, que tragam respostas concretas para o gap potencial entre oferta e demanda de alimentos no longo prazo. Essa é uma questão que certamente envolve a agenda do clima, mas também envolve demografia, renda per capita, urbanização, modelos de produção e organização de cadeias de suprimentos. Envolve, portanto, o conceito de sustentabilidade nos seus pilares econômico, ambiental e social. Se houvesse maior diálogo entre esses observatórios, com certeza diminuiríamos a intolerância e a surdez que imperam no nosso mundo hiperconectado.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Crescimento da renda vs Resistência à mudança - The Economist

Daily chart
Countries that have benefited most from globalisation are the most fearful of change

People in slower-growing rich countries are most at ease with it

Countries that have benefited most from globalisation are the most fearful of change

People in slower-growing rich countries are most at ease with it

THE PAST decade has been an uncomfortable one for economic liberals. The global financial crisis of 2007-09, and the Great Recession that followed, caused many to question the merits of trade and immigration. Such doubts have given rise to a wave of populist movements across the West, many of which cut across the traditional left-right political divide. In 2016, shortly before Donald Trump was elected America’s 45th president, this newspaper observed that the world appeared to be separating into two distinct groups of people: those who are “open” to change and those who are not. Drawbridge down, or up?
A sweeping new survey by Ipsos MORI, a pollster, sheds some light on precisely where support for pulling up the drawbridge is strongest. In August 2019 Ipsos asked 22,000 adults across 33 countries (a representative sample covering some two-thirds of the world’s population) more than 300 questions about their attitudes towards the world, their country, their community and their own lives. The results suggest that on average, people view globalisation more favourably than they did in the depths of the financial crisis. In the 20 countries surveyed by Ipsos over the past six years, 56% of respondents, on average, think that globalisation is good for their country, up from 49% in 2013.

Bolivia: a volta do MAS de Evo Morales? - Carlos Malamud

Bolivia: ¿puede el MAS recuperar el poder?


Bolivia: ¿puede el MAS recuperar el poder?
Flag stuck on ground. Photo by: Milos Hajder on Unsplash 

Recientemente se hizo pública una encuesta de Cies-Mori, publicada por el diario cruceño El Deber, sobre la intención de voto de los bolivianos de cara a las cruciales elecciones presidenciales del próximo 3 de mayo. En ellas se decidirá nada más ni nada menos que el futuro del país, especialmente tras las denuncias de fraude electoral a la hora de garantizar una nueva reelección de Evo Morales y de su traumática renuncia.
En torno a este punto giran dos problemas iniciales. El primero, ¿quién será el nuevo o la nueva presidente de Bolivia? Y el segundo, y casi tan importante como el anterior, ¿reconocerán los perdedores, con independencia de quienes sean, el triunfo de sus adversarios políticos, o, en nueva pirueta retórica a la que estamos tan acostumbrados, los volverán a convertir en enemigos irreconciliables a los que hay que negar el pan y la sal?
Los resultados de la encuesta más arriba señalada vienen a poner precisamente el dedo en la llaga. Según los datos publicados, el candidato más votado sería el ex ministro de Economía Luis Arce, el político del MAS seleccionado directamente por Evo Morales como la cabeza de fórmula más idónea para intentar recuperar el poder. Arce obtendría un 31,6% de los votos, prueba evidente del sólido, aunque no mayoritario, respaldo popular del MAS entre la población boliviana.
La encuesta también muestra como la fragmentación del voto castiga a la antigua oposición, es decir al centro y a la derecha política. Esto es así a tal punto que a continuación de Arce, aunque a bastante distancia, se encuentra el ex presidente Carlos Mesa, de Comunidad Ciudadana, y gran protagonista de la anterior elección con solo el 17,1% de los votos. Su modesto resultado se debe a que hay varios candidatos alternativos que compiten entre si por el segundo puesto y, de ese modo, pasar a la segunda vuelta. Este grupo lo encabeza la actual presidenta interina Jeanine Añez, al frente de la coalición Juntos, que obtendría el 16,5, un pobre resultado teniendo en cuenta su paso por el poder y su nada oculto deseo de encabezar un claro y rotundo proceso de desmasificación, es decir, de borrar buena parte del legado del MAS y de Morales.
Más atrás y en cuarto lugar se sitúa el líder cívico Luis Camacho con el 9,6%, el responsable de la oposición más dura e incluso más violenta contra el gobierno saliente.  A mayor distancia siguen otros candidatos, incluyendo el magro 1,6% cosechado por el ex presidente Jorge “Tuto” Quiroga, que con claros fines electorales intentó en su momento apelar al sentimiento nacionalista de los bolivianos durante la crisis diplomática vivida con España en diciembre pasado.
Simultáneamente a los comicios presidenciales de mayo también habrá que elegir a los representantes del nuevo parlamento. Y es aquí donde gracias a la fragmentación del centro y de la derecha, el MAS aspira a conquistar una amplia mayoría en ambas cámaras que le permitiría recuperar parte del protagonismo y condicionar la gobernabilidad futura en caso de no conquistar el gobierno. Es este sentimiento, mezcla de debilidad e incertidumbre y de constatación del riesgo que se corre si se persiste en fragmentar el voto, lo que llevó a Camacho a ofrecer su renuncia como candidato si eso favorece la elección de un cabeza de lista de amplio consenso entre las fuerzas que se reclaman democráticas.
De forma sistemática la que hasta ayer era la oposición boliviana se quejaba de las constantes muestras de exceso de autoridad y de las sistemáticas violaciones de la legalidad por parte del gobierno del MAS. Esas creencias bastante generalizadas entre un sector importante de la población llevaron a hablar, tras la renuncia de Morales, del fin de la dictadura masista y del comienzo de una primavera boliviana que aportaba señales renovadas del regreso a la democracia.
El gran dilema que tienen por delante las llamadas fuerzas democráticas bolivianas es que harán si el MAS gana en mayo, en unas elecciones controladas por el gobierno interino, lo que a priori debería excluir cualquier sospecha de fraude. En ese caso quedaría claro donde están las mayorías nacionales. Sin embargo, nada dice que este sea el desenlace, dada la posibilidad de concentrar todo el voto antimasista, hoy por hoy mayoritario, de cara a una segunda vuelta.
Precisamente, la legislación boliviana establece que si un candidato presidencial no supera el 50% de los votos, pero al menos alcanza el 40% y tiene una diferencia de más de 10 puntos porcentuales respecto al segundo, se impone en primera vuelta sin alcanzar la segunda. Con los datos de la encuesta en la mano y descontando los votos nulos y blancos, Arce podría superar el 37%, poniéndose a solo tres puntos del mítico umbral del 40%. De mantenerse la división de la anterior oposición se podría plasmar esa diferencia porcentual que le permitiera al candidato del MAS evitar el balotaje.
En la situación actual, priman a ambos lados del espectro político sólidas ansias de revancha y el deseo de imponer a los demás los propios puntos de vista. Los radicales de ambos bandos dificultan la recomposición de los consensos mínimos para avanzar en la democratización del país. Por eso es importante que el nuevo gobierno sea capaz no solo de acabar con los caudillismos mesiánicos sino también que evite hacer tabla rasa con el pasado y liquide los grandes logros de la etapa masista. El recuerdo de lo ocurrido en Argentina con la llamada “Revolución libertadora” que derrocó a Perón en 1955 y quiso destruir su legado y borrar de la faz de la tierra todo cuanto sonara a peronismo debería hacer pensar a más de uno. Especialmente cuando 65 años después hay otra vez más un nuevo presidente peronista ocupando la Casa Rosada.

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Bolivia: elecciones cruciales

Evo Morales, expresidente de Bolivia.
Tras la traumática y confusa renuncia de Evo Morales y la anulación de unas elecciones fraudulentas que hubieran originado un nuevo mandato del líder del MAS, Bolivia se enfrenta a unos comicios trascendentales. Estos tendrán lugar el 3 de mayo y decidirán no solo la identidad del nuevo presidente, sino también la composición del Parlamento. Su importancia radica en el hecho de que podrán corregir el rumbo de los últimos 15 años manteniendo la mayor parte de las reformas realizadas y reparando sus excesos, o bien abrirán la puerta a la revancha, echando por tierra toda la obra de Morales, o le permitirán regresar al poder, aunque sea por interpósita persona.
Las últimas encuestas coinciden sobre las tendencias generales para las elecciones. Según el último estudio publicado, la candidatura del MAS, encabezada por Luis Arce y David Choquehuanca, tiene una ventaja apabullante sobre sus rivales inmediatos, con más del 32% de los votos. Por detrás de Arce están el expresidente Carlos Mesa, de Comunidad Ciudadana (CC), con un 23%, y la presidenta interina Jeanine Añez, de Juntos, con un 21%.
El revanchismo del Gobierno interino podría propiciar una nueva victoria del partido de Morales
Estas cifras le permiten a los estrategas políticos del MAS ilusionarse con una victoria en primera vuelta. En realidad es su única posibilidad de ganar las elecciones, ya que de otro modo sus opciones se reducen considerablemente. Si bien el piso electoral del MAS es muy sólido, superior al 30%, su techo es bastante limitado y más sin la presencia de Evo Morales, ni en la fórmula electoral ni directamente en la campaña. 
En caso de una segunda vuelta, la unión de todas las fuerzas de derecha y centro derecha, sumado al voto anti MAS, que expresa la desilusión creciente de una parte importante de la sociedad tras los largos años de Gobierno de Morales, implicaría una derrota casi segura para los seguidores del líder cocalero.
Esta situación se vería acompañada por la obtención por los candidatos masistas de una clara mayoría en las dos cámaras del Parlamento. ¿Como se llegaría a un escenario semejante? La respuesta se vincula con la división de la derecha y el carácter extremo y revanchista de ciertas medidas implementadas por el Gobierno interino. La división de la derecha podría facilitar la añorada victoria masista. Para eso, a Arce le bastaría obtener más del 40% de los votos y una diferencia superior a 10 puntos con el segundo candidato más votado. En Bolivia y otras partes de América Latina, como Venezuela o Nicaragua, donde la oposición se enfrenta a gobiernos populistas con marcadas pulsiones autoritarias, la división partidaria es el mayor obstáculo que impide un recambio en el poder.

Si bien las credenciales democráticas de Morales y algunos de los principales dirigentes del MAS son cuestionables, esto no debe ser la excusa para impedir la expresión y la participación políticas de una parte destacada de la sociedad boliviana. Las expresiones vertidas por Morales desde Buenos Aires sobre su intención de crear unas milicias militarizadas para imponer sus objetivos políticos es el mejor ejemplo del escaso compromiso del máximo dirigente del MAS con la democracia y sus procedimientos. Esto también queda atestiguado por la utilización indiscriminada de los recursos públicos durante la última elección. Todavía quedan dos meses de campaña y mucho por clarificar. De continuar por este camino, la derecha boliviana marcha directamente hacia el precipicio, un precipicio que marcaría su suicidio político. Por tener, todavía tienen margen para organizar unas elecciones primarias, u otro proceso de negociación, que le permita presentar un único candidato presidencial y unas listas parlamentarias comunes. Sin embargo, me temo que las tendencias cainistas existentes en su seno impidan el acuerdo y terminen trabajando a favor del MAS.
El centro y la derecha boliviana emprende camino directamente hacia su suicidio político
Luego llegará el momento de llorar sobre la leche derramada y entonces no habrá ni espacio para rectificar ni tiempo para enmendar los errores. Parecería que un exceso de protagonismo, inicialmente no buscado, le provocó a la presidenta Jeanine Añez el mal de altura, tan temido en el Altiplano. 
Quien estaba llamada a cumplir el rol histórico de convocar unas elecciones caracterizadas por la limpieza y la plena vigencia de las libertades, de pronto decidió recubrirse con un manto de mesianismo similar al empleado por numerosos líderes populistas latinoamericanos.

Editorial do Estadao: "Bolsonaro e os golpistas" (e???!; ele é um dos...)

O presidente e os golpistas

Não se pode dizer que surpreende a nova estocada do bolsonarismo contra o Congresso

Editorial O Estado de S. Paulo, 27/02/2020


O presidente Jair Bolsonaro precisa esclarecer, sem meios termos, que não apoia a convocação de uma manifestação em sua defesa e contra o Congresso Nacional, feita por seus apoiadores. Os cidadãos são livres para se manifestar contra quem bem entenderem, mas um presidente da República não é um cidadão comum e não pode permitir que seu nome seja usado para alimentar um protesto contra os demais Poderes constituídos. Se aceitar essa associação, ou, pior, se incentivá-la mesmo indiretamente, Bolsonaro estará corroborando as violentas críticas que esses apoiadores, em claro movimento golpista, estão fazendo contra o Congresso, tratado nas redes sociais bolsonaristas como “inimigo do Brasil”.
Ao distribuir a seus contatos no WhatsApp uma das virulentas peças de propaganda da manifestação convocada para o próximo dia 15 de março, o presidente ajudou a disseminar a mensagem, o que equivale a chancelá-la. Bolsonaro disse que apenas distribuiu a mensagem a “algumas dezenas de amigos, de forma reservada”, como se o caso pudesse ser resumido a uma comunicação de caráter pessoal. Mas tudo o que diz um presidente da República, em razão de sua proeminência política, tem enorme poder de influenciar os rumos do País, razão pela qual seu apoio tácito a um protesto contra o Congresso, mesmo que manifestado apenas a um punhado de simpatizantes, configura óbvio abuso de poder, pois incita ilegítima pressão popular sobre o Legislativo.
Não se pode dizer que surpreende a nova estocada do bolsonarismo contra o Congresso, com a anuência do presidente da República. “Eu respeito as instituições, mas eu devo lealdade apenas a vocês, povo brasileiro”, discursou Bolsonaro em agosto do ano passado. “Povo brasileiro”, parece claro, é o nome que Bolsonaro dá a seus seguidores – que, segundo o próprio presidente, são “35 milhões em minhas mídias sociais”. É a estes que Bolsonaro jura lealdade, embora tenha sido eleito para governar a Nação dentro das normas democráticas.
O menosprezo de Bolsonaro pelo Congresso – onde esteve por quase três décadas como deputado – foi reafirmado diversas vezes na campanha eleitoral e depois de sua posse como presidente. Em maio de 2019, distribuiu pelo WhatsApp um texto de teor golpista, segundo o qual o País é “ingovernável” sem os “conchavos” políticos, em alusão à necessidade de negociação com o Congresso, e que, sendo assim, “o presidente não serve para nada”. Na ocasião, Bolsonaro disse que contava “com a sociedade” para “juntos revertermos essa situação” – um óbvio apelo direto ao “povo” contra as instituições.
Assim, o presidente parece procurar construir um regime populista de inspiração militar, bem ao gosto dos saudosos da ditadura e que faz lembrar o governo do general Velasco Alvarado no Peru (1968-75), que hostilizava os partidos por considerá-los parte do sistema oligárquico que dizia combater em nome do “povo”. Anos depois do fracasso da experiência peruana, o coronel Hugo Chávez implantou na Venezuela uma versão do “populismo militar” cujos resultados estão à mostra. Esse não é um modelo a ser imitado.
Ante a escalada bolsonarista, autoridades dos demais Poderes reagiram. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, retratado como um porco em uma das mensagens a respeito da manifestação do dia 15, disse que cabe às autoridades “dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional”. O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou que “a harmonia e o respeito mútuo entre os Poderes são pilares do Estado de Direito, independentemente dos governantes de hoje ou de amanhã”.
Fazem bem o Congresso e o Supremo em se manifestar de modo sereno, mas firme, sobre o comportamento do presidente e de seus seguidores. Também fez bem o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro, que criticou o uso de fotografias de militares na convocação dos protestos contra o Congresso, que ele qualificou de tentativa “grotesca” de confundir o Exército com o golpismo bolsonarista. A despeito disso, é muito provável que os bolsonaristas continuem a testar os limites da democracia – e portanto cabe às instituições impedir que eles consigam ir além das bravatas.

No meu quilombo de resistência intelectual - Paulo Roberto de Almeida

Um ano depois de minha exoneração do IPRI-MRE

Um ano atrás, em março de 2019, já estava claro que havia uma tropa organizada do olavo-bolsonarismo, para assassinar reputações e atacar jornalistas e mesmo assessores do governo que não se situavam na linha dos fanáticos totalitários. Fui instado a comentar a “thread” feita em torno dessa tribo, mas evitei me envolver na confusão.
Um ano depois do ocorrido, minha exoneração do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, do Itamaraty, na manhã da segunda-feira de Carnaval, 4 de março, transcrevo alguns “flashes” desses episódios, apenas para registro histórico.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 27/03/2020

Marlos Ápius (sic, um nome de fantasia ?) traçou, em 7/03/2019, o roteiro da ação dessa tribo, de quem transcrevo apenas alguns tweets dentre dezenas de outros:

@apyus:
“Jair Bolsonaro levou para dentro do Palácio do Planalto uma "máquina" de promover linchamentos virtuais e assassinar reputações de qualquer adversário externo ou mesmo interno.
Essa longa thread irá explicar o problema a quem ainda não o compreende.”

  1. O CONTEXTO
“O combate às “fake news” era uma preocupação anterior à campanha de 2018. Tanto que Luiz Fux, na condição de presidente do TSE, habituou-se a vir a público dizer que as eleições poderiam ser anuladas “por causa de fake news”.”

“Criaram perfis falsos ridicularizando o trabalho dos jornalistas Andreia Sadi, Reinaldo Azevedo, Mônica Bergamo, Patricia Campos Mello e vários outros. O próprio presidente da República seguia e compartilhava o resultado da fraude.”

“Mas antes, durante e depois da campanha, observou-se um fenômeno que ia muito além da proliferação de notícias falsas. Tocado por milhares de contas, as redes sociais foram tomadas por hordas que assassinavam a reputação de alvos específicos...”

“...até que a vítima restringisse o acesso aos próprios perfis, calasse sobre o tema que deu origem aos ataques ou, em casos mais graves, deixasse de fazer uso público da internet como um todo. Esse nítido ato de censura é o que chamamos aqui de “linchamento virtual”.

“A prática é abjeta. Além de tolher a liberdade de expressão do cidadão brasileiro, dificulta a proliferação de informações valiosas, radicaliza o debate político e afasta profissionais que agiam de boa fé – abrindo espaço à má fé explícita.”

“Com a reputação manchada, as vítimas chegam a perder empregos, enfrentam dificuldade para se recolocarem no Mercado e, em casos extremos, como o narrado por Gustavo Bebianno, vivem episódios depressivos que podem dar fim à própria vida.”

“A insanidade, contudo, parecia ter método. Porque os alvos tinham algo em comum: por formarem opiniões contrárias ou se apresentarem como eventuais adversários políticos, eram entendidos como obstáculos ao projeto de poder de Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil.”

“As vítimas podiam ser desde cidadãos comuns donos de uma opinião polêmica que viralizou, passando por jornalistas que traziam informações ou opiniões incômodas, e chegando até mesmo a presidenciáveis que, de tão agredidos, desistiam do pleito.”

“Isso, claro, levantou suspeitas de que o próprio Bolsonaro poderia estar por trás dos ataques. Com o tempo, o noticiário forneceria fortes evidências de que a suspeita tinha razão de ser.”

“Hoje, resta evidente que a prática continuou mesmo após a posse do presidente, voltando-se até mesmo contra membros do governo que de alguma forma desagradam uma ala mais radical — justo a que toca os linchamentos virtuais.”

2. CASOS EMBLEMÁTICOS:
“Qualquer cidadão que surja como um obstáculo ao discurso político de Jair Bolsonaro pode ser convertido em alvo de um linchamento virtual. Mas a preferência clara é por jornalistas que apresentam fatos ou opiniões incômodas.”

“Contudo, como surgirá nos exemplos a seguir, nem membros do Governo Bolsonaro estão livres dos ataques. Nem mesmo o vice-presidente da República.”

“Hamilton Mourão foi alvo de ataques que passaram por Olavo de Carvalho. Mas os vice-presidente descobriu que os ataques foram incentivados por Filipe Martins, assessor internacional de Jair Bolsonaro.”

“Em alguns casos, perfis falsos foram criados para ludibriar a opinião pública, com o próprio presidente da República compartilhando o resultado da fraude.”

Sobre o meu (PRA) caso, assim com sobre vários outros, Marlos Apyus coletou alguns tweets dissimulados de Filipe Martins, cada vez que ele, em estreito contato com Carlos Bolsonaro e o “gabinete do ódio” do Palácio do Planalto, conseguia demitir ou afastar alguém do cenário totalitário que eles projetam para o governo Boldonaro.
Começaram pelo Secretário de Governo Gustavo Bebbiano (pelo controle da Secom), continuaram pela interdição a Ilona Szabó de uma assessoria ao ministro Sergio Moro, continuaram sabotando militares do Planalto, se rejubilaram com minha exoneração do IPRI-MRE, ganharam muitos pontos fabricando tweets falsos contra o general Santos Cruz (também por causa da Secom), atuaram na demissão do Coronel Roquetti do MEC (depois na própria demissão do ministro Vélez), e continuaram atuando todas as vezes que precisavam consolidar o seu poder no Planalto e isolar o PR de outras influências que não as da pequena tropa de totalitários olavistas.

Tweets de Marlos Ápyus (provavelmente um pseudônimo) de março de 2019, em torno do “Gabinete do Ódio” do Palácio do Planalto, na verdade uma transposição do gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, do RJ:

“Filipe Martins atua oficialmente dentro do Palácio do Planalto como assessor internacional da Presidência da República, mas foi apontando como o estrategista de Jair Bolsonaro nas redes sociais desde a eleição de 2018.”

“Em 15 de fevereiro de 2019, pouco após a notícia de que Gustavo Bebianno seria exonerado, usou um salmo bíblico para atribuir a Carlos Bolsonaro o feito.”

“Filipe G. Martins
@filgmartins
Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas na mão dum guerreiro, assim os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.”

Marlos Apyus:
“Quando os ataques surtem efeito, Filipe Martins costuma publicamente celebrar a queda de membros do governo, ainda que de forma dissimulada.”

“Há um "Math" trabalhando no Palácio do Planalto. Chama-se José Matheus Sales Gomes, ex-assessor de Carlos Bolsonaro que foi promovido a assessor do presidente da República após a posse.”

Outra postagem de Marlos Ápyus, a partir de matéria do Antagonista:

“Filipe Martins foi noticiado como alguém que teria incentivado os ataques do filósofo Olavo de Carvalho a Hamilton Mourão, vice-presidente da República.”

O Aspone “internacional” da PR na época se vangloriava do fato de ter conseguido minha (PRA) cabeça:

“Em 05 de março de 2019, foi a vez de marcar terreno no afastamento de Paulo Roberto de Almeida do Itamaraty – mais uma vez, com o cuidado para não mencionar diretamente o fato, nem o personagem.”

Tweets de 5/03/2019, um dia depois da decisão:

“A última da velha mídia é fingir que cargos de confiança existem p/ fomentar a oposição ao governo e que não admitir sabotadores é uma forma de autoritarismo, como se não houvesse instituições p/ esse fim no parlamento, nos demais entes federativos ou na sociedade civil. Risível.”

“Exonerar de cargos de confiança quem não possui o decoro mínimo p/ evitar ofensas pessoais aos seus superiores, ou quem não omite seu intuito de minar a política do governo, nem de longe é autoritarismo — é, se muito, evitar submeter-se à auto-sabotagem e ao masoquismo político.”

Em 7/03/2919, Marlos Ápyus reproduzia um trecho de postagem minha no blog Diplomatizzando:

“Disse Almeida:
"Também fui atacado ferozmente pelos olavistas, como a gente vê nas redes sociais. Os olavistas fanáticos ficam xingando seus adversários. Fui chamado de petista quando fui o único diplomata que me opus durante toda a gestão lulopetista à política externa deles."”

Uma mensagem de apoio a Filipe Martins:

“Carlos é um guerreiro que consegue exercer a vereança sem deixar de estar ao lado do pai sempre. Como os irmãos. Ah, e não é à toa que a mídia mainstream vive atacando os filhos, você, e outros assessores e ministros. É o time conservador e anti-globalista.”

Mais uma da mesma tropa de apoiadores:

“E direis a verdade e ela os libertará.  Parabéns ao vc, ao Chefe MRE: Ernesto, pela luta contra o tirano maduro. Pela defesa da Democracia.  Parabéns ao Presidente que exonerou o falso Bibiano que estava tramando com outros nefastos, midia e palácio. Era pra ser como PC fariasTSE”

Um alerta enviado ao FGM:

“Replying to @filgmartins
É verdade! Mas tem muita coisa que não se mostra em público! O Bolsonaro poderia ter resolvido tudo,sem que o Carlos falasse! É dar munição à toa para imprensa marrom que sempre perseguirá o Bolsonaro! É bom evitar stresses desnecessários no governo!”

Outro alerta, ainda de março de 2019:

“Aí Filipe, sei q vc está de acordo c/ tudo q foi feito, mas eu assim cm outros acreditamos q o Carlos tava certo mas errou no método.
O Felipe Moura disse a msma coisa e tá sendo execrado.
Vc cm referencial vai deixar o cara ser detonado por causa de 1 discordância de estratégia?”

E um grito de triunfo pelas “vitórias” conquistadas:

“Louvado seja Deus pelo "Clã Bolsonaro".  #ForaBebianno #olavotemrazão”

Mas também tinha quem discordasse dos métodos e das táticas da tribo:

“Achei um gde equívoco exonerar Bebiano. Era algo q poderia ter sido resolvido de forma simples e silenciosa. @CarlosBolsonaro está instabilizando o governo desde o começo. É um cabeça de vento. Faz td errado. Q Deus proteja o governo Bolsonaro desse imbecil.”

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Concluo a seleção de tweets de um ano atrás (março de 2019).
Um ano depois de minha exoneração do IPRI, continuo com o mesmo estilo de trabalho que mantive durante todo o longo reinado do lulopetismo no poder, durante o qual não tive nenhum cargo na Secretaria de Estado das Relações Exteriores, e fiz da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório de leituras, reflexões e escritos, e do blog Diplomatizzando o meu quilombo de resistência intelectual.
No segundo ano do governo olavo-bolsonarista, e desde março de 2019, estou concentrado no mesmo tipo de atividade que foi a minha de 2003 a 2016: ler, me informar, refletir, produzir textos, divulgar minhas ideias e opiniões, contribuir para a melhoria da governança no Brasil, contra a horda de aproveitadores, oportunistas, patrimonialistas, que se apropriam do poder para fins particulares, muitas vezes escusos. Persistirei...

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 27/02/2020

Reformar a democracia - Andres Velasco (Project Syndicate)


Project Syndicate, Praga – 26.2.2020
To Protect Democracy, Reform It
We vote every four or so years for candidates about whom we know little, in a process mediated by political parties, which are often less than fully democratic themselves. No wonder, then, that more than half of respondents in 27 countries say they are dissatisfied with democracy.
Andrés Velasco

London -  Democracy may be “the worst form of Government except for all those other forms that have been tried from time to time,” as Winston Churchill famously said, but that does not mean democracy is good enough. Voters know it, and they are as mad as hell about it.
According to the most recent Pew Global Attitudes Survey, an average of 51% of citizens in 27 countries surveyed report being dissatisfied with democracy, while 45% are satisfied. If that 51% does not seem high to you, note that the figure is 55% in Britain, 56% in Japan, 58% in the United States, 60% in Nigeria, 63% in Argentina, 64% in South Africa, 70% in Italy, 81% in Spain, 83% in Brazil, and 85% in Mexico.This sentiment is not unique to one social group. Men and women, young and old, rich and poor, highly educated and not, report being disappointed by democratic performance.
That should not come as a surprise. In the past 250 years, almost every human endeavor has changed beyond recognition – except democracy. We vote every four or so years for candidates about whom we know little (and we do so in person, often with paper and pencil!). This process is mediated by political parties, which are often less than fully democratic themselves. We elect large groups of peoples known as parliamentarians, who meet in ornate chambers and, following arcane rules, discuss at length and with great showmanship subjects they understand only superficially. Sparks fly, yet little illumination occurs. Many social and economic problems remain unaddressed. Four or five years later, the cycle starts again.
Since democracy began taking root in Western countries after the American and French revolutions, innovations have been few and far between. Direct citizen consultation or participation, as in ancient Athens? Not really. Systematic expert input into highly complex and technical discussions? Very seldom. Intensive use of technology to expedite the process? Thanks, but no thanks. No wonder today’s young people, weaned on the immediacy and the results-now culture of the digital era, are skeptical of representative democracy.
The list of imaginable reforms to democratic practice is as long as it is challenging. Some of the necessary changes, like reducing the role of money in campaigns, are obvious.Others veer toward the adventurous. Referenda are unsuited to complex issues that do not lend themselves to a yes-or-no answer (think Brexit), but could we not move toward more direct democracy at the local level, where voters are well informed about the issues – build a park here, re-route a highway there – at stake?
Perhaps we could use technology to move from voting every four years with little information to voting more often with better information. Or we could combat lack of interest and low citizen turnout by making votes tradable – not for money but for other votes, so that you can vote twice next month in that referendum you really care about. Alternatively, votes could be storable, allowing voters to cast more than one in elections they feel strongly about.
The rules of democracy matter, but elected politicians matter just as much – and they too are thoroughly discredited. In the same Pew report, an average of 54% of respondents said that politicians in their country are corrupt, and only 35% said that elected officials care what ordinary people think.
Some of those politicians are discredited because their sins are so glaring. As Fernando Henrique Cardoso of Brazil put it in 2018, “Of the four presidents elected after the 1988 Constitution took effect, two were impeached, one is in jail for corruption and the other is me.” No wonder that some Brazilians report feeling nostalgic for their country’s repressive military dictatorship. Those same Brazilians voted to elect Jair Bolsonaro, a populist who has insulted women, black people, and gays.
But the problem is bigger than just a few bad apples. In his famous essay “Politics as a Vocation,” Max Weber warned that a key risk for modern democracy was that a political class would arise, disconnected from voters. Such a political class did indeed emerge, and now voters are revolting against it.
Political parties are a case in point. Once upon a time, they had roots in society. Conservative parties were linked to various churches, neighborhood clubs, and business associations. Socialist parties had their base in the trade unions and what was once called the industrial proletariat. Today, those institutions are fewer and weaker, and so are political parties. One political scientist has called today’s parties “hydroponic” – floating above society but with no roots in it.
That is why nowadays conventional political parties tend to have leaders who themselves hail from the well-heeled professions, the upper echelons of universities, or from successful businesses whose founders have acquired the financial stability needed to be able to devote themselves to politics. The potential for a fundamental disconnect with voters is huge.
And the arrogance of that political class has not helped: just think of Hillary Clinton describing Trump voters as a “basket of deplorables.” The standard refrain is that citizens vote for that politician with whom they would like to have a beer. But rather than sharing a drink with the average voter, leading politicians spend too much of their time with others like themselves —bankers, businesspeople, top civil servants, and high-flying academics. To ascertain which politicians can be successful today, Yascha Mounk calls for a “reverse beer test”: it is not that voters prefer the candidate they would rather have a beer with; they prefer the candidate who would rather have a beer with them. Too many democratic politicians fail this test.
Anti-establishment voting has the name of the game in many recent elections. Fury against traditional politicians caused the failure of Germán Vargas Lleras and Geraldo Alckmin, the “safe” establishment candidates in the 2018 Colombian and Brazilian elections. Each had the support of the local business community and the traditional media. Both went home after disastrous results in the first round of voting. Anti-establishment rage also doomed Hillary Clinton’s campaign and brought about the current populist government in Italy. And it could also be behind the dismal primary performance so far of Joseph Biden, the establishment candidate par excellence.
And of course, the hyper-charged environment of social media, with its echo chambers, makes the job of anti-establishment populists much easier. Want to discredit a candidate for office in five minutes? Post a picture of him or her riding in the first-class section of a plane or in the back of a shiny black car. The picture will be re-transmitted tens of thousands of times, collecting many comments along the way. Not one of the comments will be kind.
The message is clear: dissatisfaction with democracy is the perfect breeding ground for authoritarian populists. Strongmen, whether actual or potential, have little vested interest in democratic reform. Liberal democrats do. They should be the ones leading the charge.

Andrés Velasco, a former presidential candidate and finance minister of Chile, is Dean of the School of Public Policy at the London School of Economics and Political Science. He is the author of numerous books and papers on international economics and development, and has served on the faculty at Harvard, Columbia, and New York Universities.