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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O presidente disse que o Brasil estava atraindo investimentos? Veja os números corretos - Ricardo Bergamini

 Se me perguntassem sobre o nível do debate econômico no país, eu diria que é uma razoável aproximação do Q.I. das amebas (Roberto Campos).

 

Prezados Senhores

 

De 1995 até 2002 (FHC) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 22,2 bilhões; de 2003 até 2010 (Lula) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 210,5 bilhões; de 2011 até 2018 (Dilma/Temer) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 65,7 bilhões; de 2019 até agosto de 2020 (Bolsonaro) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 59,9 bilhões. 

 

Movimentações Financeiras das Contas Externas do Brasil

 

Ricardo Bergamini

 

Posição de Câmbio Contratado – Fonte BCB

 

Base: US$ Bilhões

Ano

Exportações (+)

Importações (-)

Financeiro

Saldo

1995

53,1

41,5

4,2

15,8

1996

50,2

41,5

2,1

10,8

1997

55,9

58,6

-4,1

-6,8

1998

47,7

43,9

-18,3

-14,5

1999

41,6

32,9

-24,9

-16,2

2000

51,7

46,1

-0,9

4,7

2001

58,0

47,2

-13,8

-3,0

2002

60,1

39,7

-33,4

-13,0

Total

418,3

351,4

-89,1

-22,2

2003

73,2

44,8

-26,0

2,4

2004

93,5

56,8

-24,7

12,0

2005

123,0

71,2

-32,5

19.3

2006

144,4

86,8

-20,3

37,3

2007

184, 8

108,0

10,7

87,5

2008

188,0

140,1

- 48,9

- 1,0

2009

144,7

134,7

18,8

28,8

2010

176,6

178,4

26,0

24,2

Total

1.128,2

820,8

-96,9

210,5

2011

251,2

207,2

21,3

65,3

2012

224, 6

216,2

8,3

16,7

2013

232,9

221,8

- 23,4

- 12,3

2014

222,3

218,1

- 13,4

- 9,2

2015

181,7

156,1

- 16,0

9,6

2016

173,6

126,2

- 51,5

- 4,1

2017

195,6

142,6

- 52,4

0,6

2018

226,8

179,0

- 48,7

- 0,9

Total

1.708,7

1.467,2

-175,8

65,7

2019

196,4

178,9

- 62,2

- 44,7

Até ago/20

134,8

102,4

- 47,6

- 15,2

Total

331,2

281,3

-109,8

-59,9

 

 

De 1995 até 2002 (FHC) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 22,2 bilhões; de 2003 até 2010 (Lula) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 210,5 bilhões; de 2011 até 2018 (Dilma/Temer) o Brasil gerou uma entrada líquida (captação) de US$ 65,7 bilhões; de 2019 até agosto de 2020 (Bolsonaro) o Brasil gerou uma saída líquida (fuga) de US$ 59,9 bilhões. 

 

Os brasileiros terão que aprender, de uma vez por todas, que os discursos internos que empolgam os seus súditos (não são eleitores), não servem para o público externo, por isso o mundo está assustado com o Brasil. 

 

O discurso mentiroso de Bolsonaro na ONU, sobre os investimentos externos no Brasil, é considerar o resto do mundo como sendo um bando de babacas e otários, como são os brasileiros.

 

Cabe lembrar que essas informações macroeconômicas divulgadas pelo governo são destinadas ao público externo, não para o público interno, que não tem nenhum interesse no assunto.

 

Em 2019, sem pandemia, já havia ocorrido uma fuga de US$ 44,7 bilhões. 

 

Ricardo Bergamini

Um projeto para o Brasil - Conselho Federal de Engenharia do Brasil - CREAPE Pernambuco

Um projeto para o Brasil

 

Recebi, em 23/09/2020, de Leonardo Sampaio, esta exposição sintética de um projeto nacional de Desenvolvimento para o Brasil. Registro para reflexão e aprofundamento: merece observações e comentários.

Paulo Roberto de Almeida

 

Um projeto para o Brasil - rodada 3

Conselho Federal de Engenharia do Brasil

 

Dando continuidade à elaboração participativa e construção partilhada de um Projeto para o Brasil, como proposto pelo Conselho Técnico Permanente do CREAPE/Conselho Federal de Engenharia do Brasil, apresentamos o roteiro das discussões da rodada 3 no CTP.

A divulgação da proposta tem como objetivo suscitar críticas construtivas e promover amplo debate. Debate conducente à mobilização política extrapartidária da consciência nacional, com o mais amplo engajamento pessoal e institucional, facilitador da implementação do Projeto, como etapa executiva de processo de administração participativa e partilhada. 

 

Um Projeto para o Brasil!

CTP - Conselho Técnico Permanente

CREA – Pernambuco

Presidente – Eng. Evandro Alencar

Coordenador – Eng. João Recena

 

Os pilares de Um Projeto para o Brasil

• Soberania

o Do que é nosso, nos prepararemos para cuidar nós mesmos

• Democracia

o Decidimos nosso destino pelo voto popular, respeitando a Constituição

• Solidariedade

o Nosso compromisso de concidadãos é construir um país bom para todos

• Sustentabilidade

o Temos como meta a prosperidade e a preservação do meio ambiente

 

A Herança

 

• A Herança Colonial

o A colonização de exploração sobrepujando a colonização de povoamento

o A capitania hereditária seguida da monarquia presencial

 

• A Herança da Escravidão

o A estratificação social nos engenhos, fazendas e minas

o A persistência de duas categorias de cidadãos

 

• A Herança dos primeiros ciclos econômicos

o O extrativismo e a agricultura extensiva

o O retardo da industrialização e da consolidação do setor de serviços 

 

• A Herança do projeto econômico concentrador

o A concepção de um polo econômico conectado ao mundo avançado

o A concentração promovida pelo Estado

o O próprio Estado como concentrador de renda

 

O Momento de Disrupção

• Globalização financeira e liberalismo

• Revolução científica e tecnológica

o Industria 4.0

o Novos modelos de negócios

o Novas competências humanas

o Novos modelos de aprendizagem 

• Alterações geopolíticas

• Ameaças à democracia

 

As concepções de um Projeto

• O projeto concentrador está esgotado

o As pessoas, as regiões e os recursos têm que ser engajados

• A garantia da igualdade de oportunidades

o Capacitação para todos

• O respeito às gerações futuras

• A cultura como princípio básico de um Projeto

o Quem somos, e todos somos

o O sonho de uma civilização dos trópicos liderada pelo Brasil

• Um Estado de todos para todos

o O exemplo dos países escandinavos

 

O Estado de que precisamos

• O esgotamento do Estado empresário-desenvolvimentista

• A inviabilidade do Estado mínimo num país de tantas fragilidades

• O Estado eficaz

o A eficiência dos serviços públicos

o O bem-estar social 

o As emergências nacionais

• A política social em sinergia com o mercado

• A sustentabilidade fiscal

 

O mercado de que precisamos

• A importância social do crescimento econômico

• A falhas do mercado e as desigualdades têm que ser compensadas

• A necessidade das agências reguladoras

• O respeito à sustentabilidade

 

O Mercado e a Democracia

• A democracia como o menos imperfeito dos modelos políticos

• Há maior variedade de modelos políticos do que econômicos

• O enigma chinês: autoritarismo com mercado

• Aa ameaças atuais à democracia

• O impacto da percepção de corrupção

 

O melhor do Estado e do Mercado

• Estimular os investimentos públicos e privados

• Encontrar novas formas de financiar o investimento público

o PPPs e Concessões

o Fundos

o O Banco Central financiador

• Criar ambiente de negócios estimulador dos investimentos privados 

• Privatizar seletivamente, garantindo a soberania

• Promover as esperadas reformas

o Tributária

o Administrativa, excesso dos gastos com pessoal. 

• Oportunidade já:

o Inflação e juro nominal baixos

o Real desvalorizado

o Efeitos fiscais negativos da pandemia

 

O desafio da Liderança

 • Despolarização política

• Reforma do Estado

• Construção de um ambiente de confiança no país

• Retomada dos investimentos públicos e privados

• Promoção do país como exemplo de soberania, democracia, solidariedade, sustentabilidade e civilização humana

 

 

4 Pilares do Projeto para o Brasil :

Soberania, Democracia, Sustentabilidade, Solidariedade. 

 

Soberania pressupõe independência. 

Independência requer democracia. 

Não há democracia sem solidariedade.

 

Governo do povo, para o povo e pelo povo. Com reconhecimento participativo das distintas individualidades pessoais, comunitárias e locais, para exercício do usufruto dessas diferenciadas disponibilidades,  potencialidades, necessidades, anseios, demandas e competências. 

 

De forma sustentável para que os envolvimentos sejam cada vez maiores e geradores de progresso pela valorização das diferenças e partição mais igualitária dos seus frutos. 

 

Assim, só somos soberanos se aprendemos a cultuar nossos valores. Construídos a partir dos legados familiares e históricos comunitários locais, de desenvolvimento tecnológico no uso de ferramentas administrativas-sociais-econômicas.

 

Ferramental administrativo disponível para diagnósticos participativos de riquezas humanas, materiais e financeiras, disponibilidades,  potencialidades, capacidades de mobilização e comprometimento comunitários. 

 

Com a consequente transformação desses diagnósticos em planos, programas, projetos, objetivos, metas e ações, elaborados participativamente e comunitariamente acompanhados, fiscalizados, controlados, supervisionados, avaliados quanto a seus  produtos, efeitos e impactos. 

E, devidamente ajustados, para garantia do alcance e continuidade dos seus resultados. 

 

Sendo a necessidade mais básica para o deslanche do processo, tanto a curto como médio e longo prazos, a colocação da escola como centro do progresso comunitário local sustentável. 

 

E a efetivação do ensino-aprendizado por competências como preconizado pela legislação educacional brasileira, e atestado por todos os países que a tem posto em prática. 

Porém, não praticada em âmbito nacional por falta de interesse político-partidário na mobilização comunitária para superação das cada vez mais crescentes desigualdades de renda, emprego e educacionais.

 

Marginalização do povo brasileiro pela apropriação das riquezas nacionais por grupos apátridas, sistemas comunicacionais escamoteadores do reconhecimento do rico legado histórico do processo formativo e cultural das várias e diversas regiões. 

 

E, educação cada vez mais vassala de senhores praticantes de técnicas colonialistas aprisionadoras de mentes e corações, manietados por baixíssimos salários no ensino fundamental, desencorajadores de formação de professores competentes e capacitados para o exercício de ensino voltado para a prática de soberania, democracia participativa e sustentabilidade do progresso comunitário. Progresso comunitário que requer o engajamento das várias instâncias e instituições dos poderes legislativos, executivos e judiciários integrando-se e apoiando as escolas desde o nível local e mais elementar - matéria prima essencial para a promoção do progresso comunitário local sustentável. 

 

 

Roma não era romana, e sim mestiça, misturada, imigrantes - Robert Hughes, book excerpt

As vantagens da mestiçagem: reunir o máximo de talentos sem fazer esforço, aceitar imigrantes, todos os que desejarem se instalar para construir uma vida melhor para si e para os seus.

Paulo Roberto de Almeida

 Today's selection from Delancey Place -- from Rome by Robert Hughes. 

In the founding myth of Rome, the twins Romulus and Remus established the city on the banks of the Tiber River in roughly 750 BCE and invited the outcasts of society to be its first citizens:

"[The site for Rome on the banks of the river Tiber, which was established in myth by Romulus and Remus, at first had] no inhabitants. Romulus supposedly solved this problem by creating an asylum or a place of refuge on what became the Capitol, and inviting in the trash of primitive Latium: runaway slaves, exiles, murderers, criminals of all sorts. Legend makes it out to have been (to employ a more recent simile) a kind of Dodge City.

Romulus marking the limits of Rome

"This can hardly be gospel-true, but it does contain a kernel of symbolic truth. Rome and its culture were not 'pure.' They were never produced by a single ethnically homogeneous people. Over the years and then the centuries, much of Rome's population came from outside Italy -- this even included some of the later emperors, such as Hadrian, who was Spanish, and writers like Columella, Seneca, and Martial, also Spanish-born. Celts, Arabs, Jews, and Greeks, among others, were included under the wide umbrella of Romanitas. This was the inevitable result of an imperial system that constantly expanded and frequently accepted the peoples of conquered countries as Roman citizens. Not until the end of the first century B.C.E., with the reign of Augustus, do we begin to see signs of a distinctively 'Roman' art, an identifiably 'Roman' cultural ideal.

"But how Roman is Roman? Is a statue dug up not far from the Capitol, carved by a Greek artist who was a prisoner-of-war in Rome, depicting Hercules in the style of Phidias and done for a wealthy Roman patron who thought Greek art the ultimate in chic, a 'Roman' sculpture? Or is it Greek art in exile? Or what? Mestizaje es grandeza, 'mixture is greatness,' is a Spanish saying, but it could well have been Roman. It was never possible for the Romans, who expanded to exercise their sway over all Italy, to pretend to the lunacies of racial purity that came to infect the way Germans thought about themselves."

Rome: A Cultural, Visual, and Personal History
 
author: Robert Hughes 
title: Rome: A Cultural, Visual, and Personal History 
publisher: Vintage Books, a division of Random House, Inc. 
date: Copyright 2011 Robert Hughes 
page(s): 18