O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 11 de julho de 2009

1213) Protecionismo brasileiro: confirmando o que já se sabe...

Brasil é um dos mais fechados ao comércio, diz Fórum Mundial
País ocupa 87ª posição no ranking de viabilidade comercial, que inclui 121 países e é liderado por Cingapura
Daniela Milanese, da Agência Estado
O Estado de São Paulo, terça-feira, 7 de julho de 2009

LONDRES - O Fórum Econômico Mundial classifica o Brasil como um dos países mais fechados do mundo para o comércio internacional. Segundo o Fórum, o País ocupa somente a 87ª posição no ranking de viabilidade comercial, divulgado nesta terça-feira, 7, em Genebra. O levantamento analisou a situação de 121 países.

"O nível de proteção no Brasil continua relativamente elevado, em particular para os produtos agrícolas", diz a entidade. A posição deixa o País atrás do Chile (19ª), Costa Rica (43ª) e México (74ª), na América Latina, superando, entretanto, a Argentina (97ª). Entre os Brics, o Brasil também perde para a China (49ª) e a Índia (76ª), mas fica à frente da Rússia (109ª).

Pesaram contra a avaliação do Brasil aspectos como a existência de barreiras tarifárias, os elevados encargos alfandegários, a má qualidade das estradas, a corrupção e a ineficiência do governo. Já as melhores notas foram obtidas pela rede de telecomunicações e serviços relacionados ao embarque de mercadorias, como a competência logística.

O Fórum Econômico Mundial acredita que o comércio global passa por um momento importante, já que a retração econômica provoca queda dos volumes ainda mais forte do que a registrada na Grande Depressão, nos anos 30. "O desafio hoje é garantir que os países não piorem a situação, restringindo o comércio", dizem Robert Lawrence e Albert L. Williams, autores do estudo, em comunicado. "Quanto maior for a promoção do comércio além das fronteiras, menores serão os efeitos da crise global."

O ranking da abertura ao comércio é liderado por Cingapura, considerada a economia mais aberta para as transações internacionais. Em seguida estão Hong Kong, Suíça, Dinamarca, Suécia, Canadá, Noruega, Finlândia, Áustria e Holanda. Os Estados Unidos ocupam o 16º lugar.

"Os resultados mostram a política de abertura de Hong Kong e Cingapura ao comércio e o investimento internacional como parte de suas estratégias bem sucedidas de desenvolvimento econômico", avalia o Fórum.

Esta é a segunda edição do ranking. No ano passado, foram analisados 118 países e o Brasil foi o 80º colocado. No entanto, os resultados não são comparáveis porque foram feitos ajustes na metodologia.

Protecionismo
Os diversos pacotes de estímulo econômico adotados pelos governos mundo afora podem acabar levando ao protecionismo, alerta o Fórum Econômico Mundial. "Com o crescente envolvimento do dinheiro público, se torna mais difícil agir de forma não discriminatória em relação às empresas e produtos estrangeiros", diz a entidade, em relatório.

Segundo o Fórum, acaba parecendo natural, por exemplo, a busca por garantias de benefícios locais, já que o dinheiro dos contribuintes está sendo gasto. "No entanto, essa postura prejudica os estrangeiros quem dependem de mercados abertos para seu sustento."

O Fórum lembra que setores com problemas em meio à crise estão recebendo grandes subsídios. Conforme a Organização Mundial do Comércio (OMC), 12 países ajudaram suas indústrias automotivas. "Brasil, França e Estados Unidos distribuíram empréstimos generosos", diz a entidade, apontando ainda que a Índia impôs licença de importação para alguns produtos e a Argentina estabeleceu preços para a compra de peças estrangeiras.

Para o Fórum, é improvável que a resposta pública à crise ganhe contornos como os registrados em 1930, quando os Estados Unidos elevaram as tarifas de importação em 47%. "Entretanto, a situação atual traz perigo para o sistema aberto de comércio."

Segundo a entidade, o risco vem da adoção de medidas que individualmente parecem menores, mas com impacto cumulativo prejudicial. "Há considerável espaço para aumentar a proteção sem tecnicamente quebrar regras da OMC ou violar os acordos internacionais."

O Fórum lembra que, mesmo tendo se comprometido em não repetir os erros de protecionismo do passado, 17 países do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, representadas por 19 países desenvolvidos e emergentes e pela União Europeia) adotaram medidas para inibir o comércio, conforme levantamento do Banco Mundial. Entre elas, está a cláusula "Buy American" (compre produto norte-americano) existente no pacote de estímulo dos EUA.

Em contrapartida, o Fórum vê situações onde o protecionismo foi evitado ou até mesmo rejeitado. "Autoridades no Brasil, por exemplo, derrubaram planos de adotar um programa de licenças para importações antiquado, numa resposta de resistência ao setor privado." Além disso, o País ampliou o programa de financiamento à exportação. "Existe a necessidade tanto de medidas para evitar o protecionismo como de ações para promover o comércio", conclui o Fórum.

1212) Um debate com anarquistas...

...se isso é possível.
Acredito que sim, afinal de contas eles também fazem congressos, encontros, seminários, discussões, etc.
No ano passado, por exemplo, a Federação Anarquista do Rio de Janeiro organizou um congresso ao cabo do qual divulgou um documento programático.
Como sempre estou disposto a qualquer debate, com aliados, adversários, colegas acadêmicos e defensores (racionais) de qualquer causa que seja, apresento aqui dois elementos para esse debate.
Primeiro, a divulgação do texto base dos anarquistas cariocas, cujo teor pode ser encontrado nesta mensagem da FARJ.
Mais abaixo apresento alguns comentários iniciais e muito preliminares, compreensíveis, talvez, aos que tenham lido o texto (este é longo, chato, gongórico, mas na parte que interessa, tem algumas poucas proposições que me proponho comentar, justdamente).

Comunicado da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ):

O documento "Anarquismo Social e Organização" foi formulado durante o I Congresso da FARJ, em agosto de 2008, realizado com o principal objetivo de aprofundar nossas reflexões sobre a questão da organização e formalizá-las neste programa.

Desde 2003, este debate vem acontecendo dentro de nossa organização. Produzimos materiais teóricos, apuramos nossas reflexões, extraímos ensinamentos de erros e acertos de nossa prática política e foi se tornando cada vez mais necessário aprofundar o debate e formalizá-lo, difundindo este conhecimento, tanto interna quanto externamente.

O Programa formaliza nossas posições após todas estas reflexões. Mais do que um documento puramente teórico, ele reflete as conclusões realizadas após 5 anos de aplicação prática do anarquismo nas lutas sociais de nosso povo.

Você pode baixar o Programa em PDF neste link.

--
Federação Anarquista do Rio de Janeiro - FARJ
E-mail
Cx Postal 14576 CEP 22412-970. Rio de Janeiro/RJ


Comentários PRA (iniciais):

Suponho que, além de divulgar e vender o programa, vocês (esta foi uma mensagem que dirigi diretamente, por e-mail, aos anarquistas da FARJ) estejam interessados no debate sobre suas posições substantivas.
Para isso é preciso partir de constatações e formular diagnósticos e prescrições.
A primeira e única constatação que faco é que o movimento anarquista é tremendamente minoritário, e isto não é uma opinião, mas um fato mensurável, um dado da realidade.
A partir daí, seria preciso ver o que fazer para torná-lo majoritário, ou hegemônico, e assim contribuir com suas presumidades boas qualidades para a melhoria da vida dos cidadaos, em escala planetaria.
Se partirmos dos objetivos da FARJ, algo precisa ser feito.
Transcrevo aqui o objetivo principal:
"Entendemos o anarquismo como uma ideologia que fornece orientação para a ação no sentido de substituir o capitalismo, o Estado e suas instituições, pelo socialismo libertário – sistema baseado na autogestão e no federalismo –, sem quaisquer pretensões científicas ou proféticas."

Se isso é verdade, seria preciso que os anarquistas pudessem oferecer algo melhor do que isso que está ai, pois não há nenhum sentido que oferecer algo pior, ou que não funciona, simplesmente.
Pois bem, o capitalismo, o Estado e suas instituições cumprem determinadas funções, do contrario nao mais existiriam, ou ja teriam sido substituidas por outras.
Ora, para provar que a autogestao e o federalismo sao intrinsecamente melhores, mais funcionais e infinitamente mais positivos do que o capitalismo, os mercados e o Estado, cabe aos anarquistas provar isso.
Nao vi, no documento em questao, argumentos sólidos em defesa dessas posicoes.
Acredito que esta seja a tarefa principal.
A auto-gestão é uma forma de organização social da produção. Se ela é capaz de fazer melhor do que o capitalismo, cabe demonstrar.
O federalismo é uma forma de organização política, que também exige instituicoes semelhantes às de um Estado, ainda que descentralizado. Não vejo em que ele seria essencialmente diferente ou superior ao Estado centralizado, se a maioria das formas existentes funciona melhor na forma centralizada. Caberia provar esse ponto tambem.
Estas duas questões me parecem centrais na melhoria da mensagem anarquista e no seu progresso intelectual, na conquista de uma maioria social.
Trata-se apenas de uma contribuição ao debate...
-------------
Paulo Roberto de Almeida

1211) Devaneio poetico

Do gênero, "descobertas arqueológicas": por um desses acasos da informatica, descobri, escondido num arquivo anódino, um atentado poetico que devo ter cometido em estado de semi-sonolencia dois ou três anos atras, a propósito de Brasilia...
Nunca é demais registrar, para que não se perca mais uma vez...

A arte de poetar impunemente
É crime da mais alta inteligência
Só perpetra esse crime quem não mente
Nem sofre de sentir qualquer ausência

O próprio crime de viver nesta cidade
Que isola e confunde tanta gente
Só comete quem persegue a impunidade
E consegue viver assim indiferente


PRA (sem data: 2006)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

1210) Senado: uma casa de horrores, para The Economist

Acredito que os horrores são todos para nós, que pagamos. Para os senadores e funcionários, aquilo é uma maravilha, um Paraíso, como dizia o finado antropólogo e senador Darcy Ribeiro.

House of horrors
The Economist, 10/07/2009

The president of Brazil's Senate sits in a fine blue leather chair designed by Oscar Niemeyer, a celebrated Brazilian architect. Comfortable it may be, but its occupants have also found it to be an insecure perch. Three senate presidents have been suspended or have resigned because of scandals in the past eight years. Now a fourth, José Sarney, a former president of Brazil and part-time novelist, is teetering.

The Senate has just 81 members but somehow they require almost 10,000 staff to take care of them. Many of these are appointed as favours to senators' friends or political supporters. One former staffer says that his fellow-employees used to say that the senate was like a mother to them. Others liken it to a country club. The benefits of membership include free health insurance for life for all senators and their families, generous pension arrangements and housing allowances. This much was already familiar to Brazilians and, perhaps, not so different from the goings on in many other legislatures around the world.

But the past few months have brought new revelations. The police are investigating some 660 “secret acts” passed since 1995 which have awarded jobs and pay rises to members of staff. Senators have given free air tickets to relatives and claimed housing allowances for houses they did not live in. Senate staff were paid overtime even when the chamber was in recess. The head of the senate administration, Agaciel Maia, was revealed to own a house worth 5m reais ($2.5m) that was registered in his brother's name and thus not declared to the tax authorities.

Lots of senators, more or less across the political spectrum, are at fault. When the leader of the opposition Party of Brazilian Social Democracy went on a jaunt to Paris, for example, the Senate paid his hotel bill. (He says this was a “loan”.) It therefore might seem unfair that Mr Sarney is under pressure to resign.

Yet he cannot plead ignorance of the Senate's workings. This is his third spell as its president. During a previous stint in the blue chair he appointed Mr Maia to his lucrative position. A grandchild of Mr Sarney's received business from the Senate (although he was not its president at the time). Mr Sarney also omitted from his declaration of assets to the federal electoral tribunal a big house he owns in Brasília.

Mr Sarney, who has spent 50 years in public life, is a survivor. He will probably keep his post. He remains a power in the Party of the Brazilian Democratic Movement (PMDB), a catch-all outfit that is an important part of President Luiz Inácio Lula da Silva's governing coalition. Lula wants Mr Sarney to swing the weight of the PMDB, and its patronage machine, behind Dilma Rousseff, the probable candidate of the ruling Workers' Party in the presidential election next year.

Lula has said that Mr Sarney deserves more respect, and has blamed the press for whipping up scandal. But at a time when the economy is only just emerging from recession, the saga of the “secret acts” has reminded Brazilians that their politicians never impose austerity on themselves. It may also have reminded them of the flaws of some of Lula's allies, and his willingness to shut his eyes to scandal when it suits him.

1209) Que tal, agora, ler sobre piratas?

Também do número corrente da Foreign Affairs:

What to Read on Pirates
Max Boot
Foreign Affairs, May 6, 2009

Summary -- An annotated Foreign Affairs syllabus on pirates.

To defeat piracy in centuries past, governments pursued a more active defense at sea and a political solution on land. The current piracy epidemic off the coast of East Africa requires many of the same tactics.

Recent attacks off the Horn of Africa have revived interest in piracy. There is a rich literature on the subject focusing primarily on the seventeenth and eighteenth centuries. Today's piracy problems share enough characteristics with their historical precursors to make an understanding of the earlier experiences useful as well as fun.

A General History of the Robberies and Murders of the Most Notorious Pirates. By Captain Charles Johnson. Lyons Press, 2002.

This is the ur-text for piracy studies -- the one that started it all. As Charles Johnson's introduction notes, his work, which went through several editions, consists of profiles "of these desperadoes, who were the terror of the trading part of the world." A General History was originally published in London in 1724, just three years after the death of Bartholomew Roberts (Black Bart), one of its most notorious subjects. No one knows who the author was. It was once assumed that Captain Johnson was a pseudonym for Daniel Defoe; now there is speculation that the author was a pirate himself, or at least an experienced seaman who met a number of pirates. In any case, he was well informed, and although some of his claims are fanciful (there was no such place as Libertalia, a supposed pirate haven), most have stood the test of subsequent historical research. Some of his most famous passages concern Captain Teach, who "assumed the cognomen of Blackbeard from that large quantity of hair which, like a frightful meteor, covered his whole face and frightened America more than any comet that has appeared there a long time."

Captain Blood. By Rafael Sabatini. Penguin Classics, 2003.
Captain Blood. Directed by Michael Curtiz. Warner Brothers, 1935.

The influence of Johnson's A General History can be seen in Robert Louis Stevenson's Treasure Island and J. M. Barrie's Peter Pan, both of which helped lock in place popular images of pirates. Another student of Johnson's was Rafael Sabatini, an Anglo-Italian historical novelist whose most famous books were The Sea-Hawk (1915), Scaramouche (1921), and Captain Blood (1922). The last remains one of the greatest historical swashbucklers, in a class with The Three Musketeers, The Prisoner of Zenda, and The Scarlet Pimpernel. Sabatini's hero, Peter Blood -- loosely based on the privateer Sir Henry Morgan -- is a surgeon accidentally caught up in the 1685 Monmouth Rebellion against King James II of England. He is convicted of treason and sent to work as a plantation slave in Barbados. When Spanish privateers suddenly attack the town where he is toiling, Blood escapes, seizes the privateers' ship, and becomes a successful pirate himself. Needless to say, his reputation is redeemed in the end, his "odyssey" (the book's original subtitle) resulting in social and legal vindication for this hero forced by circumstances to operate outside the law. To get all the twists and turns along the way, read the book -- or watch the 1935 movie version, which introduced American audiences to a pair of talented young newcomers named Errol Flynn and Olivia de Havilland.

Under the Black Flag: The Romance and Reality of Life Among the Pirates. By Charles Cordingly. Harcourt Brace, 1995.

If there were a chair of piratology at an eminent university, Charles Cordingly would be a good candidate to fill it. A former curator at the National Maritime Museum, in Greenwich, England, he has written several books on the subject, of which Under the Black Flag serves as the best introduction. Not a comprehensive history, it is instead a thematic study of the most famous pirates of all time -- the ones who haunted the Spanish Main from roughly 1650 to 1725. Cordingly discusses both popular culture and the historical reality behind it. If you wonder whether pirates really had peg legs and made treasure maps, he will provide the answers (yes and no, respectively). This is the place to go to learn the distinctions among pirates, privateers, and corsairs, how pirate societies organized themselves, and whether there were female pirates.

The Pirate Wars. By Peter Earle. St. Martin's Press, 2003.

A former professor at the London School of Economics, Peter Earle is another leading contemporary expert on the history of piracy. In this book, he provides an invaluable overview of the various pirate communities of the seventeenth and eighteenth centuries and how they were eradicated. Although there is a good deal here on the Caribbean pirates, Earle also addresses the Barbary pirates (more properly, the Barbary privateers) and the "Red Sea men," who preyed on Indian Ocean shipping belonging to European and Asian merchants. (The only major groups missing are the East Asian pirates, who operated around the Malay Archipelago and southern China.) Earle's account is clear and easy to follow, and he incorporates the latest academic studies, in particular the valuable work of the University of Pittsburgh historian Marcus Rediker, author of several more specialized books and articles on the subject (such as Villains of All Nations: Atlantic Pirates in the Golden Age). What was the secret to defeating pirates? Different strategies were employed in different areas and at different times, but there is no escaping the brutality of anti-pirate measures. As Earle notes, between 1716 and 1726 alone, English authorities hanged at least 400 pirates, "a colossal number even in an age notorious for its love of the gallows."

The Barbary Corsairs. By Stanley Lane-Poole. T. Fisher Unwin, 1890.
Our Navy and the Barbary Corsairs. By Gardner Weld Allen. Houghton Mifflin, 1905.

In recent years, there has been a proliferation of books about the United States' wars on Muslim "pirates" (really privateers), waged against Tripoli from 1801 to 1805 and against Algiers in 1815. New narratives have come out from such authors as Gregory Fremont-Barnes, Frank Lambert, Frederick Leiner, Joshua E. London, Ian Toll, Joseph Wheelan, and Richard Zacks. Nevertheless, these two accounts, published more than a century ago and available for free on Google Books, remain classics worth reading. Stanley Lane-Poole presents the general background of the Barbary States and their sea-raiding, focusing in particular on the Barbarossa brothers, who became known as the scourges of Christian Europe in the sixteenth century. Gardner Allen devotes his attention to the wars fought against the Barbary States by the early American Republic. One of the highlights is the story of how young Stephen Decatur led a small crew of Americans into Tripoli harbor in 1804 to destroy the captured USS Philadelphia beneath the guns of the enemy. It reads like something out of a Patrick O'Brian novel, but it really happened.

Dangerous Waters: Modern Piracy and Terror on the High Seas. By John S. Burnett. Plume, 2003.

There aren't a lot of books on modern piracy. John Burnett's volume is already a bit dated but is probably the best primer on the subject. A former reporter and congressional staffer, Burnett is a veteran sailor whose own sloop was briefly seized by pirates in 1992 off the coast of Indonesia. The hijackers took a pair of binoculars and a carton of Marlboros before leaving. The incident sparked Burnett's interest in the subject, so he traveled aboard a pair of oil tankers transiting the pirate-infested Malacca Strait and spent time with the Royal Malaysian Marine Police, observing its attempts to nab pirates. Somalian pirates were not a big threat when he was writing, so the book does not cover them. But Burnett's reporting shows why cargo vessels were and remain vulnerable: the automation of vessels has reduced crew levels dramatically, civilian ships have no significant defenses, and owners instruct crews not to resist attacks. Local naval forces that are supposed to protect shipping, meanwhile, either lack the resources to cover vast stretches of ocean or, as in the case of Somalia, simply do not exist. No wonder piracy remains a flourishing business.

MAX BOOT is the Jeane J. Kirkpatrick Senior Fellow in National Security Studies at the Council on Foreign Relations.

1208) Uma selecao de leituras sobre Estados e mercados

Reading Lists
What to Read on States and Markets
Mark Blyth
Professor of International Political Economy
at Brown University
Foreign Affairs, July 1, 2009

Summary:
An annotated Foreign Affairs syllabus on states and markets.

As governments around the world have responded to the global economic crisis, questions about the appropriate relationships between states and markets are once again a matter of intense public and policy debate. As the discussion proceeds, the subject's long history is worth bearing in mind. The canonical authors one might think to start with --Adam Smith and Karl Marx -- are not actually all that helpful. Smith's writings on the state should be read against his indictment of the mercantilist system, not in relation to the modern world, and Marx's writings on the state, despite some notable epigrams, are also not particularly relevant to the contemporary era. The texts that follow, in contrast, offer readers a deep historical and theoretical understanding of the relationship between states and markets over time.

Coercion, Capital, and European States, AD 990-1990. By Charles Tilly. Basil Blackwell, 1990.

Going back a thousand years, Charles Tilly describes how European societies developed differently by relying on various combinations of coercion (force) and capital (cash). He distinguishes between coercion-intensive empires, capital-intensive cities and city states, and a third, hybrid option, "capitalized coercion," which generated the modern nation states that ultimately survived. Countries such as Britain and France, he argues, sought to enhance the fiscal capacity of their states in response to competitive pressures, and in doing so, they built a set of institutions (the modern state) that transformed society's class structures and paved the way for capitalist development.

The Passions and the Interests: Political Arguments for Capitalism Before Its Triumph. By Albert O. Hirschman. Princeton University Press, 1977.

Possibly the most beautiful and enjoyable book in all of political economy, Albert Hirschman's The Passions and the Interests is a tour de force that takes readers from St. Augustine and Machiavelli to the French physiocrats and the Scottish Enlightenment. Along the way, Hirschman shows that the idea that markets are "natural" was put forward not as a description of reality but rather as a political argument in their favor. He also details how the invention of capitalism depended on the creation of a new type of political actor -- an individual liberal subject who was the product of a liberal state. This is magical stuff -- Foucault without the long words and in less than 120 pages.

The Great Transformation: The Political and Economic Origins of Our Times. Karl Polanyi. Beacon Press, 1944.

If Hirschman presents capitalism as a "revolutionary ideology" tied to a specific form of state, Karl Polanyi's classic shows how the development of markets has been a political project pioneered by the state (as opposed to something that emerged in opposition to it). "Laissez faire was planned," he writes. "Planning was not." The creation of markets, that is, has been a violent process involving the wrenching of society from its traditional norms and institutions -- a process that has generated a natural reaction of society against the market itself ("planning"). The limited liberal state has spread the market, Polanyi argues, but its very success has called forth other sorts of states charged with protecting the society that markets have dislocated: fascist, communist, and social democratic.

Kicking Away the Ladder: Development Strategy in Historical Perspective. By Ha-Joon Chang. Anthem Press, 2000.

Economists since David Ricardo have seen states that practice free trade (rather than trade controlled by the state) as the engine of development in the global economy. Ha-Joon Chang disagrees. He develops Friedrich List's mercantilist idea that free trade between equally developed and differentially factored states may be welfare improving, but free trade between unequally developed states locks in the advantages of the more developed ones, thus "kicking away the ladder" from those beneath. Drawing on extensive data from the nineteenth century, Chang shows how the United States had the highest tariffs in the world during its period of exceptional growth; how the United Kingdom's practice of free trade was selective at best; and how the much-trumpeted Cobden-Chevalier Treaty of 1860 effectively halted French industrialization for 50 years.

Embedded Autonomy: States and Industrial Transformation. By Peter Evans. Princeton University Press, 1995.

In the modern era, only some poor countries have managed to achieve strong, continued economic growth and development. Those that have succeeded (primarily in East Asia and, more recently, South Asia) are outnumbered by also-rans (in Latin America) and chronic cases of underdevelopment (in sub-Saharan Africa). Peter Evans argues that the explanation for this pattern lies in the difference sorts of states countries have been saddled with or acquired. Where the state has "embedded autonomy" -- that is, where it can rise above societal interests and implement long-term projects but remains embedded in society's networks and information flows -- it can foster growth and development. Such "developmental" states avoid klepto-patrimonialism, corrupt clientelism, and stagnation. The take-home lesson is that certain kinds of state can be developmental hindrances but other kinds can help promote growth and development.

States and the Reemergence of Global Finance: From Bretton Woods to the 1990s. By Eric Helleiner. Cornell University Press, 1994.

Capital Rules: The Construction of Global Finance. By Rawi Abdelal. Harvard University Press, 2007.

Eric Helleiner gives the clearest historical account of how the world moved from restricted capital flows in the 1950s to open and integrated financial markets by the 1980s. He takes readers through the emergence of the "embedded liberal order," the challenges it faced in the 1960s, and its denouement in the 1970s and 1980s. Combining economic and political analysis, Helleiner shows how the neoliberal order that has emerged is not a turnaway from the state but rather dependent on the state for its deployment and operation. Privatization, deregulation, and openness, he argues, mark less the withdrawal of the state than its redeployment in support of a pro-market position. Rawi Abdelal's book builds upon Helleiner's, explaining why the neoliberal order took the form it did. For Abdelal, what is most striking about the current open financial order is the number of rules it has. Far from seeing a "flat" world where economic forces run roughshod over powerless governments, Abdelal sees a rule-governed world where globalization has a French, not an American, accent. He argues that a group of French politicians operating within the "more state than market" institutions of the European Union, the Organization for Economic Cooperation and Development, and the IMF constructed the rules for global capital, institutionalizing on a global level the types of practices usually associated with the state on sovereign and domestic levels.

One Economics, Many Recipes: Globalization, Institutions, and Economic Growth. By Dani Rodrik. Princeton University Press, 2007.

Neoclassical economists are known for their distrust of the state. It is a surprise, then, for a leading member of the club to come out in favor of the legitimacy of "national policy choices" and admit the utility of industrial policy. Dani Rodrik's book thus marks a watershed in mainstream economic thinking about the role of the state in generating growth and development. Rodrik's main argument is that good growth policies are always context specific, dependent on local knowledge, and implemented by conscious reform rather than happy accident. Laissez faire, accordingly, makes little sense as a general policy package. The world may be globalized, but political actors need to choose and act within that world to maximize their own communities' prosperity -- something that might involve a much greater role for the state than is often admitted in mainstream policy circles.

Adam Smith in Beijing: Lineages of the Twenty-First Century. By Giovanni Arrighi. Verso, 2007.

Finally, for something completely different, one might try Giovanni Arrighi's Adam Smith in Beijing. It can be read as a warning to the United States that the flowering of finance heralds the end of global dominance, as an analysis of the rise of China, and even as a political geography of late capitalism. Indeed, it is all three. But where the book truly excels is how Arrighi puts China rather than the West at the heart of his developmental narrative. His basic claim is that the East Asian state system has led to something different from the type of predatory and destructive capitalism found in European history, where capitalists took over the state and remade it in their image. Add all the markets you want to a country, he says, and it still won't amount to capitalism so long as it lacks the dominance, intellectually and materially, of a capitalist class. The relationship between state and market in China, he claims, where the state "rules" and the capitalist merely "earns," points to a system outside the familiar categories of communist, capitalist, liberal democratic, and so forth. The book is macro-historical sociology on the order of Tilly that places the other readings in a political context.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

1207) Sobre curriculos maquiados (você sabe de quem...)

O jornalista gaúcho Políbio Braga, em sua newsletter de 8.07.2009, volta a tratar do problema do curriculo criativo da ministra-chefe da Casa Civil, com acusações ao próprio CNPq e ao sistema Lattes. Veja o que ele escreveu:

Unicamp cria novo campo de informação para livrar a cara de Dilma

Durante três anos o site da Casa Civil disponibilizou informações mentirosas sobre as graduações universitárias da ministra Dilma Roussef.
. Acontece que há 10 dias a revista Piauí pesquisou o currículo da ministra e constatou o seguinte sobre o currículo:
- Ela não é mestre em economia.
- Ela não é doutora em economia.
. O jornalista Gustavo Mackluf foi até a Unicamp e flagrou os dois pega-ratões.
. Isto é muito feio.
. A ministra da Casa Civil levou 48 horas para reconhecer a mentira e mandou corrigir o site.

. Mas coisas mais estranhas começaram a ocorrer depois do episódio. É que o Sistema de Cadastramento de Currículos Lattes e a Unicamp resolveram salvar a cara da ministra e acabam de criar um novo campo, informando os alunos que fizeram mestrado e doutorado “incompleto”. É o caso de Dilma Roussef. Esta informação é exclusiva.
. O artigo 171 do Código Penal caiu em completo desuso no Brasil.
CLIQUE AQUI para examinar a “novidade” da Unicamp e do Sistema Lattes, como também a nova página do site da Casa Civil.

Clicar leva o CV Lattes da ministra:

Dilma Vana Rousseff

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1977). Foi aluna de mestrado e doutorado em Ciências Econômicas da UNICAMP, onde concluiu os respectivos créditos. Atualmente é ministra chefe da Casa Civil da Presidencia da República.
(Texto informado pelo autor)

Última atualização do currículo em 06/07/2009
Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/1357261451494509

Formação acadêmica/Titulação

1998 incompleto
Doutorado em Ciência Econômica.
Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Brasil.
Título: --, Orientador: João Manoel Cardoso de Mello.
Ano de interrupção: 1999
Grande área: Ciências Sociais Aplicadas / Área: Economia / Subárea: Economia Monetária e Fiscal / Especialidade: Teoria Monetária e Financeira.

1978 - incompleto
Mestrado em Ciência Econômica.
Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Brasil.
Título: ----, Orientador: ----.
Ano de interrupção: 1983

1974 - 1977
Graduação em Ciências Econômicas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

1206) Pesquisa cientifica sobre a falta de sono

Bem, agora pelo menos eu fico sabendo o que vai me acontecer se eu continuar trabalhando noite adentro, enganando o sono e dormindo pouco.
Ou talvez já tenha acontecido...
Se com os ratos 78 genes foram modificados, minha conta já deve ter passado de 200 genes.
Vou pedir para contar...

Efeitos genéticos da falta de sono

Ratos privados de sono por 96 horas mostram alterações em 78 genes, segundo estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Sono da Unifesp. Trabalho foi publicado na Behaviourial Brain Research

Qual é a extensão das modificações moleculares ocorridas no cérebro depois de quatro dias e quatro noites sem dormir? E até que ponto um descanso de 24 horas pode reverter essas mudanças? Essas questões foram abordadas por um estudo feito na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com o objetivo de investigar as bases biológicas dos distúrbios de sono.

De acordo com o estudo, ratos privados por 96 horas do sono REM -- fase que ocorre, em humanos, predominantemente na segunda metade da noite e que cientistas acreditam estar relacionada às funções cognitivas como atenção e memória, entre outras funções -- apresentaram modificações em apenas 78 genes transcritos. Depois de 24 horas de descanso, 62% dos genes tiveram sua expressão normalizada. O estudo foi publicado na revista Behaviourial Brain Research.

A pesquisa foi feita no Instituto do Sono, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp. Os autores do artigo foram Camila Guindalini, Monica Andersen, Tathiana Alvarenga, Kil Sun Lee e o coordenador do instituto, Sergio Tufik.

O modelo experimental gerou muita informação sobre a reação dos animais em termos de comportamento, capacidade de atenção, modificações hormonais e dados neuroquímicos. (...)
"Sabemos que depois de 96 horas de privação de sono REM o animal não pode voltar à situação normal após o rebote. Ele pode demorar até dez dias para recuperar as condições anteriores. Um outro trabalho, por exemplo, mostrava que fêmeas privadas do sono por 96 horas, durante uma fase específica do ciclo estral, tinham o ciclo interrompido por dez dias", afirmou a pesquisadora.
(...)
Esse tipo de modelo experimental foi aplicado a humanos também, segundo Camila. "Temos estudos nos quais monitoramos, por polissonografia, pessoas privadas do sono REM durante 96 horas. Também estudamos pessoas sob privação total de sono durante 48 horas."

O artigo To what extent is sleep rebound effective in reversing the effects of paradoxical sleep deprivation on gene expression in the brain?, de Camila Guindalini e outros, pode ser lido em http://www.sono.org.br
(Fábio de Castro, Agência Fapesp, 8/7)

=========

Bem, agora já estou avisado...

1205) Sobre a mentira no Brasil

A cultura da mentira
por João Luiz Mauad
08 de junho de 2007

Resumo: No Brasil, políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, agem como se nada houvesse.
© 2007 MidiaSemMascara.org

As virtudes morais são produto do hábito. (Aristóteles)

Corrupção na administração pública há em toda parte, mesmo em países desenvolvidos, com leis estáveis e instituições fortes. O que difere é a intensidade, que varia em função do nível de intervencionismo do Estado na vida social e, principalmente, da reação da sociedade diante do problema. Enquanto nações que dispõem de controles institucionais rígidos, leis transparentes e, acima de tudo, têm a verdade como um valor supremo tendem a cobrar dos seus representantes atitudes enérgicas contra a bandalheira e não se deixam engabelar com facilidade, outras, como a nossa, demonstram excessiva leniência diante da questão, permitindo que a corrupção consuma a incrível porção de 12% do PIB.

O nível de tolerância das sociedades em relação ao problema da corrupção pode ser medido não apenas pelos índices de impunidade, que em países como o nosso chegam perto da totalidade, mas também pelas reações dos criminosos quando “fisgados” pela lei. Recentemente, dois cidadãos japoneses cometeram suicídio, antes mesmo de serem julgados, porque julgaram que não poderiam conviver com tamanha desonra. Há alguns anos, um funcionário público norte-americano deu um tiro na própria boca, em frente às câmeras de TV, porque, flagrado num caso de corrupção, simplesmente “não suportava mais olhar nos olhos dos filhos”. Exemplos semelhantes, mesmo que não tão trágicos, abundam.

Já em Pindorama, pelo menos desde o suicídio de Getúlio Vargas, a coisa funciona de forma diferente. Políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, numa clara demonstração de corporativismo, agem como se nada houvesse. Honra, probidade, dignidade e vergonha na cara são valores há muito aposentados pelo relativismo moral que impera por aqui.

Ninguém assume coisa alguma. Ninguém jamais confessa nada. Sempre há uma boa desculpa, uma estória mirabolante a justificar qualquer coisa, por mais estranha e inverossímil que possa parecer. Inventam-se álibis, desculpas esfarrapadas e enredos os mais diversos para escapar da justiça. E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, tais estratégias dão certo.

Ao contrário das nações que desenvolveram sociedades avançadas, fundadas em padrões morais onde prevalece a verdade, nossas instituições (formais e informais) foram estabelecidas sobre uma cultura da mentira. Aqui, todo mundo está mentindo até prova em contrário. As leis são estabelecidas na presunção de que somos todos mentirosos e apenas eventualmente dizemos a verdade. Alguns exemplos de procedimentos burocráticos, ou mesmo processuais, que só existem no Brasil e em alguns outros poucos lugares, dão bem a noção da coisa.

Certa vez tentei explicar a um inglês o que vem a ser uma cópia autenticada em cartório e o porquê da sua exigência ser tão disseminada por essas plagas. Parecia uma conversa de surdos. Meu interlocutor não entendia que as pessoas pudessem desconfiar da autenticidade de um documento antes mesmo que este lhes fosse apresentado. Sequer lhe passava pela cabeça que a palavra do portador ou responsável não bastasse. É claro que nem tentei explicar o nosso famigerado “reconhecimento de firma”, que recentemente evoluiu para “reconhecimento de firma por autenticidade”.

Ora, a mim pelo menos parece evidente que, se a verdade deve ser sempre provada e comprovada, ela passa a ser vista como exceção, não como regra. A mentira, por outro lado, é aceita como um hábito, uma tradição impregnada na cultura. Esse costume é tão disseminado que foi absorvido pela própria lei nos processos judiciários. Diferentemente do que ocorre em muitos países, onde o crime de perjúrio é gravíssimo e, quase sempre, funciona de forma a aumentar a penalidade do réu, por aqui a mentira dita em juízo não costuma trazer conseqüências. Muito pelo contrário, sua utilização é, em muitos casos, tida como perfeitamente legítima.

Diga-me com sinceridade, estimado leitor, há algo mais patético do que aqueles inquéritos parlamentares, transmitidos ao vivo pela TV, em que testemunhas e réus respondem às perguntas protegidos por uma liminar da justiça concedendo-lhes o “direito” de omitir a verdade? Quem não se lembra, por exemplo, do jeito cínico, beirando o escárnio, de diversos depoentes perante as inúmeras CPI's do Congresso, todos devidamente autorizados a mentir?

Aristóteles já dizia que as virtudes morais não são produzidas no ser humano pela natureza, mas são produto do hábito. O comportamento humano, por seu turno, é bastante influenciado por estímulos exteriores. Desde cedo, o homem aprende reagindo a incentivos produzidos pelos ambientes natural e social. Se o meio é propício à mentira, se o engodo é incentivado pela própria cadeia institucional, se não criamos as condições necessárias para que a verdade seja a regra e não a exceção, nada adianta chorar sobre o leite derramado.

Copyright 2002-2007 Mídia Sem Máscara. Todos os direitos reservados. Este texto pode ser reproduzido desde que citada a fonte.

1204) Sobre curriculos enganosos

Dilma admite que currículo acadêmico continha erro
Raphael Gomide
Folha de S. Paulo, 08.07.2009

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) reconheceu ontem que havia erros no seu currículo na Plataforma Lattes e em sua biografia na página do ministério. Ela admitiu que não concluiu os cursos de mestrado e doutorado na Unicamp, mas afirmou não saber quem inseriu as informações erradas -apesar de o documento ter certificado digital do autor.
A Plataforma Lattes é uma base de dados acadêmicos, mantida pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Dilma disse que cumpriu todos os créditos do mestrado e do doutorado, mas não finalizou a dissertação e a tese porque estava em cargos públicos. A ministra afirmou que o currículo foi preenchido em 2000, quando ainda era doutoranda e não tinha sido jubilada.
Lá [no currículo acadêmico] tem um equívoco, sim: a parte relativa ao mestrado está errada. A relativa ao doutorado não estava errada no que se refere a ser doutoranda. Mas está errada no que se refere ao curso que eles me botaram [ciências sociais]. Retificamos as duas coisas. Não sei que vantagem teria de falar que tinha feito ciências sociais e não economia, minha profissão pública. Estou olhando como isso ocorreu.
A revelação de que havia erros no currículo foi feita pela revista Piauí deste mês.
A assessoria de imprensa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) informou que vai checar hoje com a Diretoria Acadêmica se Dilma foi aluna de mestrado da instituição. Em princípio, a assessoria havia afirmado que a ministra não tinha cursado o mestrado.
A Casa Civil enviou à Folha declaração da Unicamp de que ela estava regularmente matriculada no programa de pós-graduação [nível mestrado] em ciências econômicas, entre março de 1978 e julho de 1983.
Eu me mudei para lá [Campinas], morei, tenho colegas. Minha filha tinha dois anos, fiz um baita esforço, fiquei lá dois anos e meio, disse a ministra.
Sobre o doutorado, a assessoria da Unicamp disse que Dilma entrou no curso em 1998 e poderia concluí-lo até 2004, mas teve a matrícula cancelada em 2000, por falta de inscrição.
Por que não concluí a tese [de mestrado]? Pelo mesmo motivo que não concluí o doutorado. Eu fui ser secretária da Fazenda. Não estava gazeteando nada, estava trabalhando. Segundo o próprio site da Casa Civil, porém, ela só veio a ser secretária da Fazenda de Porto Alegre em 86, três anos depois.

============

Lula tem razão: não confie nos doutores
Elio Gaspari
Folha de S. Paulo, 08.07.2009

LOGO NO GOVERNO de um presidente que chegou ao Planalto sem diploma de curso secundário e gosta de ironizar canudos, descobriu-se que dois de seus ministros ostentaram títulos universitários maquiados. A repórter Malu Gaspar revelou que, ao contrário do que informava o Itamaraty, o chanceler Celso Amorim jamais teve título de doutor em ciências políticas e econômicas pela London School of Economics. Pior: a biografia oficial de Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, candidata à Presidência da República, informava que ela é "mestre em teoria econômica" e doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp. A Plataforma Lattes, do CNPq, registrou que ela obteve o mestrado com uma dissertação sobre "Modelo Energético do Rio Grande do Sul". Falso. O repórter Luiz Maklouf Carvalho revelou que, segundo a Unicamp, não há registro de matrícula de Dilma Rousseff no seu curso de mestrado. Só ela tem a senha que permite mexer nos dados da página com seu currículo no Lattes.
Dilma e Amorim não preencheram o requisito essencial para obtenção do título de doutor, que é a apresentação de uma tese. Uma pessoa só é "doutorando" enquanto cursa o programa de doutorado ou enquanto cumpre o prazo de carência para a entrega da tese. Depois disso, volta a ser "uma pessoa qualquer". Há 1,1 milhão de acadêmicos cadastrados no Lattes. Se nesse universo de professores ficam impunes coisas desse tipo, será difícil um mestre condenar aluno que comprou trabalhos na internet.
A ministra Dilma tem uma relação agreste com a realidade. Em março do ano passado ela sustentou que a Casa Civil não organizara um dossiê de despesas pessoais de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Tudo não passava de um "banco de dados". Um mês antes, num jantar com 30 empresários, ela informara que o governo estava colecionando contas incriminatórias do tucanato.
Lidando com um período sofrido de sua juventude, ela disse que, durante a ditadura, "muitas vezes as pessoas eram perseguidas e mortas... e presas por crime de opinião e de organização, não necessariamente por ações armadas. O meu caso não é de ação armada. O meu caso foi de crime de organização e de opinião".
Presos e condenados por crime de opinião foram o historiador Caio Prado Júnior e o deputado Chico Pinto, Dilma Rousseff militou em duas organizações que, programaticamente, defendiam a luta armada para instalar um "Governo Popular Revolucionário" (Colina, abril de 1968) ou um "Governo Revolucionário dos Trabalhadores, expressão da Ditadura do Proletariado" (VAR-Palmares, setembro de 1969). Dilma nega que tenha participado de ações armadas, ou mesmo planejado assaltos. Até hoje não pareceu um mísero fato que a desminta, mas o Colina, que ela ajudou a organizar, matou um major alemão pensando que fosse um oficial boliviano e assaltou pelo menos três bancos. Seria injusto obrigar a ministra a carregar a mochila dos ideais de seus vint’anos. Até porque, no limite, merecem mais respeito os jovens que assumiram riscos e pegaram em armas do que oficiais, agentes do Estado, que torturaram e assassinaram prisioneiros. Ainda assim, é um péssimo prenúncio ver uma ministra-candidata que maquia currículo, bem como o propósito de sua militância. As pessoas preferem acreditar nas outras.

=========

PAC: Programa de Aumento do Currículo
Rodrigo Constantino
08.07.2009

O mais novo escândalo no governo é o crime de "falsificação ideológica" da ministra Dilma, candidata a presidente em 2010, que teria adulterado seu currículo na Plataforma Lattes, do CNPq. A ministra teria apelado para o PAC, Programa de Aumento do Currículo, acrescentendo um mestrado inexistente, assim como um "doutorando" na Unicamp que não passa de lorota. Muitos brasileiros ficaram chocados. Afinal, trata-se de uma pessoa que quer assumir a Presidência da República, e começa mentindo sobre suas qualificações.

A ministra nega, seguindo a moda de Brasília, que tem no próprio presidente Lula seu maior ícone, já que "o cara" nunca sabe de nada. O problema é que uma senha, assim como o CPF, são necessários para mudar os dados em questão. Se não foi a ministra que mexeu nas informações, então ela é igualmente incapaz de assumir o governo, pois não consegue nem controlar seus dados pessoais.

Mas o que eu queria comentar mesmo é que a revolta de alguns brasileiros não passa de uma "afetação moralista burguesa". Afinal, para essa corja no poder, os fins sempre justificaram quaisquer meios. Ora, a ministra Dilma tem uma ficha criminal tão extensa, que uma simples "falsidade ideológica" não será o maior problema. A guerrilheira Estela, codinome da ministra nos tempos em que ela lutava para implantar no país uma ditadura como a cubana, fez coisas muito pior, inclusive planejar assaltos. E ela jamais se arrependeu publicamente de seu passado, seu verdadeiro currículo. Pelo contrário: ela tem orgulho dele!

Portanto, vamos deixar essa coisa de revolta contra mentiras tolas para os "moralistas", pois os petistas não têm a mais vaga noção do que isso significa. Para os petistas, existe somente uma meta, e qualquer coisa que os ajude a alcançá-la está valendo. Essa meta é o poder!

1203) O frango atravessou a estrada: resta saber por que?

O FRANGO ATRAVESSOU A ESTRADA
POR QUE ?


RESPOSTAS ALTERNATIVAS:

PROFESSORA PRIMÁRIA
Porque o frango queria chegar ao outro lado da estrada.

CRIANÇA
Porque sim.

MOISÉS
Uma voz vinda do céu bradou ao frango: "Cruza a estrada!" E o frango cruzou a estrada e todos se regojizaram.

SÓCRATES
Tudo o que sei é que nada sei.

PLATÃO
Porque buscava alcançar o Bem.

ARISTÓTELES
É da natureza do frango cruzar a estrada.

MAQUIAVEL
A quem importa o porquê? Estabelecido o fim de cruzar a estrada, é irrelevante discutir os meios que utilizou para isso.

BLAISE PASCAL
Quem sabe? O coração do frango tem razões que a própria razão desconhece.

MARX
O atual estágio das forças produtivas exigia uma nova classe de frangos, capazes de cruzar a estrada.

DARWIN
Ao longo dos tempo os frangos vêm sendo selecionados de forma natural, de modo que agora chegaram à etapa de evolução da espécie que os leva a cruzarem as estradas.

FREUD
A preocupação com o fato de o frango ter cruzado a estrada é um sintoma de insegurança sexual.

EINSTEIN
Se o frango cruzou a estrada ou a estrada se moveu sob o frango, não dá para saber. Tudo é relativo.

HEMINGWAY
To die. Alone. In the rain.

GEORGE ORWELL
Para fugir da ditadura dos porcos.

SARTRE
Trata-se de mera faticidade. A existência do frango está em sua liberdade de cruzar a estrada.

CHE GUEVARA
Hay que cruzar la carretera, pero sin jamás perder la ternura...

MARTIN LUTHER KING
Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos são livres para cruzar a estrada sem que sejam questionados seus motivos.

MACONHEIRO
Foi uma viagem...

NELSON RODRIGUES
Porque viu sua cunhada, uma galinha sedutora, do outro lado da estrada.

DORIVAL CAYMMI
Eu acho (pausa)... Amália, vá lá ver pra onde vai esse frango pra mim, minha filha, que o moço aqui tá querendo saber...

CAETANO VELOSO
O frango é amaro, é lindo, uma coisa assim amara. Ele atravessou, atravessa e atravessará a estrada porque Narciso, filho de D.Canô, quisera comê-lo ou não!

GALVÃO BUENO
Bem amigos da Rede Globo... O frango é brasileiro! É o Brasil atravessando a estrada! Haja coração!!!

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Por que ele atravessou a estrada, não vem ao caso. O importante é que, com o Plano Real, o povo está comendo mais frango.

PAULO MALUF
O meu governo foi o que construiu mais passarelas para frangos. Quando for eleito de novo são os galinheiros deste lado da estrada que vou construir. Para o frango não ter mais que atravessar a estrada.

1202) Brazil as an Economic Superpower?: um livro da Brookings Institution

Brazil in the Global Crisis: Still a Rising Economic Superpower?

In the past decade, Brazil’s role in the world economy has changed in important ways; today, the country occupies key niches in global energy, agriculture, service and some high-technology markets. Brazil could play an important role in helping the global economy recover. However, Latin America’s largest nation still struggles with endemic inequality issues and deep-seated ambivalence toward global economic integration.

Book
Brazil as an Economic Superpower?: Understanding Brazil's Changing Role in the Global Economy
edited by Leonardo Martinez-Diaz and Lael Brainard
(Washington, DC: Brookings Institution Press, 2009)

On July 13, the Latin America Initiative at Brookings will host a discussion on the book. Panelists — including Martinez-Diaz, of Brookings, Jose Guilherme Reis of the World Bank and Paulo Vieira da Cunha, former director of International Affairs at the Central Bank of Brazil — will discuss the impact of the global financial crisis on Brazil’s economy and how the country’s economic prospects might be affected by the slump in global demand and the changes in the international financial system.

1201) Perolas do preconceito: sobre o Enem

Recebi o texto abaixo de um correspondente, depois de eu ter transcrito aqui, alguns posts atras, um desses exemplos de besteirol educacional, consistindo na seleção de frases particularmente estropiadas de alunos do secundário, para deleite ou horror dos incautos.
Penso que o autor está correto, mas tampouco deixo de reconhecer a responsabilidade dos próprios alunos pela sua incultura e ignorância. Afinal de contas, qualquer pessoa medianamente interessada em seu próprio futuro aperfeiçoa o seu domínio do Português pela leitura constante de bons livros.
Passar a mão na cabeça dos alunos e dizer que eles são vítimas de uma escola medíocre é achar que todo mundo é coitadinho, que todo coitadinho é vítima do meio e que deve ser sempre ajudado, em quaisquer circunstancias.
Não retiro o mérito individual e sobretudo a responsabilidade pessoal de qualquer aspecto da vida.
PRA

Pérolas do preconceito
Cesar Ribeiro

O humor é uma arte de resistência. Muitos defendem que o humor não pode ter limites. Pessoalmente, sou bastante libertário neste assunto, acho que o humor pode muito, mas não pode tudo.

Recebi alguns e-mails com o título de “Pérolas do Enem”. O Enem é o Exame Nacional do Ensino Médio, uma prova que o Ministério da Educação aplica para diagnosticar a educação brasileira. Algumas incorreções, sobretudo gramaticais, viram peças de humor, não apenas de internautas, mas de gente como Jô Soares, que já abriu o programa diversas vezes com as “pérolas” dos alunos.

Não consigo rir. Acredito que, nesse assunto, o humor atravessou a fronteira do bom senso. Para mim, o humor só é válido quando a “vítima” ri de si, ou, mesmo que não goste, sabe exatamente por que estão escrachando seu comportamento. Acho difícil que alguém que tenha escrito “O serumano no mesmo tempo que constrói também destrói, pois nos temos que nos unir para realizarmos parcerias” consiga rir de suas inadequações, tanto gramaticais quanto de coerência.

É neste ponto que o humor deixa de ser uma peça de resistência e passa a ser instrumento da opressão. Meia dúzia de pretensos donos da língua pegam frases descontextualizadas e humilham aqueles que não têm domínio sobre a norma culta. Humilhação pura e simples. Afinal, os estudantes que prestaram o exame não são celebridades fajutas, nem políticos fanfarrões nem novos-ricos ridículos. São pessoas que, de uma forma ou outra, estão se expressando como podem, e se escrevem “errado” (bem entre aspas, mesmo) é muito mais por culpa de um sistema educacional excludente e indiferente do que por falta de interesse ou coisa que o valha.

Rir da ignorância gramatical alheia é reforçar ainda mais o abismo social que separa as classes sociais deste País, é reforçar toda uma estrutura política, social, ideológica que permanece no poder. A cada gargalhada que a platéia do Jô Soares dá quando ele repete as frases do Enem; a cada e-mail transmitido com as “pérolas” e com os comentários infames dos “sabedores da língua” (bem entre aspas, mesmo), aumenta mais a exclusão e, principalmente, diminui a força do humor como arte, pois ele passa a servir para uma minoria se divertir, quando a maioria segue seu próprio rumo, virando-se num analfabetismo funcional, que tem lá o seu próprio humor.

Normalmente, quem usa o “não-saber” do outro para rir e sentir-se superior tem a certeza de que a sua inteligência nunca vai ser questionada. Pura balela. Na mesma proporção que alguém tece um comentário torpe sobre a ignorância alheia, pode receber de volta um comentário torpe sobre a própria ignorância. O humor é uma estrada perigosa. Num dia você atropela, no outro é atropelado. Rir daquilo que o outro não sabe é fácil. Quero ver é rir daquilo que você mesmo não sabe, rir da própria ignorância. E isso, os que organizam e repassam as “peroras do Enem”, parecem não conseguir.

http://ciadeorquestracaocenica1.zip.net/arch2007-09-16_2007-09-30.html

terça-feira, 7 de julho de 2009

1200) Brasil: ¿potencia americana? - Foreign Affairs Latino America

Um número inteiro sobre o Brasil, com a participação de especialistas conhecidos.

Carta del director

Brasil: ¿potencia americana?

El momento de Brasil
Juan de Onis
Después de décadas de un crecimiento inconstante y de desórdenes políticos, Brasil está listo para alcanzar su potencial como actor global. Con un nuevo gobierno en Estados Unidos a partir de este año y uno nuevo en Brasil en 2010, es tiempo de repensar las relaciones entre las dos grandes democracias del hemisferio occidental.

Autores y actores de la política exterior brasileña
Leticia Pinheiro
Antes de llegar a este momento, en el que la agenda de la política exterior brasileña está tan diversificada temáticamente y son innumerables los actores que participan en ella, el país fue testigo de diferentes regímenes políticos y adoptó distintos modelos de desarrollo económico, participó en la formulación de diversas normas del sistema internacional y completó un proceso de creciente internacionalización.

La política exterior brasileña y los desafíos de la gobernanza global
Maria Regina Soares de Lima
El artículo examina los desafíos para la participación de la política exterior brasileña en las instituciones de gobernanza global, en el marco de una coyuntura de cambios sistémicos e internos. Se analizan las dos principales perspectivas sobre el papel de Brasil en el orden internacional y se señalan cuáles son los principales desafíos externos e internos para que Brasil tenga un mayor protagonismo en la escena mundial.

Las relaciones Brasil-Estados Unidos: al compás de nuevas coincidencias
Monica Hirst
En los últimos años se han podido observar cambios en la relación entre Brasil y Estados Unidos en diversas áreas. Aunque este proceso tiene características específicas que remiten a la historia de este vínculo bilateral, es importante analizarlo en el marco de las transformaciones del sistema internacional y, especialmente, de la política exterior de Estados Unidos desde septiembre de 2001.

Brasil y la tormenta que se avecina
Andrew Hurrell
Brasil se ha convertido en un actor importante e influyente en el escenario internacional, pero su actuación depende de la realidad económica y política mundial que surge de las transformaciones al sistema que diseñó Estados Unidos durante la Guerra Fría. La crisis financiera representa tan sólo un elemento en la serie de cambios que determinarán los retos y las oportunidades para la diplomacia brasileña en los próximos años.

La integración regional: una responsabilidad compartida entre Brasil y México
Salvador Arriola
El artículo describe el estado actual de la relación bilateral Brasil-México, algunas de sus características principales y, sobre todo, los beneficios que pueden derivarse de un conocimiento mayor y permanente entre ambos países, que sirva como ejemplo y espejo a toda la región latinoamericana.

Los acuerdos comerciales regionales en la agenda brasileña
Lia Valls Pereira
A comienzos del siglo xxi, Brasil amplió su agenda de acuerdos comerciales. Además de priorizar el Mercosur y la integración sudamericana, se firmaron varios acuerdos con países en desarrollo. No obstante, el análisis de esos acuerdos demuestra que los más importantes abarcan pocos productos y aún no han entrado en vigor. Con respecto a los acuerdos con países desarrollados, la agenda brasileña está estancada.

Inserción económica brasileña en América del Sur
Ricardo Sennes y Ricardo Mendes
América del Sur tiene un lugar destacado en la internacionalización económica de Brasil, en lo relativo a su expansión comercial y a la de sus inversiones. La posición de Brasil frente a la actual crisis económica debe profundizar esa tendencia de crecimiento. Sin embargo, la región carece de instituciones y acuerdos para la protección de las inversiones o para la integración energética, entre otros temas. En ese escenario, es posible que surjan tensiones entre Brasil y los países vecinos por cuestiones económicas.

Integración y transición energética: una perspectiva brasileña
Adilson de Oliveira
América del Sur se encuentra en una posición privilegiada para participar en el proceso de transición hacia la era pospetróleo. El vasto potencial de energías renovables y fósiles abre ventanas de oportunidad para que la región sea fuente segura de abastecimiento de energía. Para explorar esas oportunidades, es esencial que el desarrollo del mercado energético regional ocurra de forma cooperativa y coordinada. La elaboración de un marco regulatorio que promueva la oferta de seguridad energética y la constitución de un acuerdo regional que ofrezca seguridad jurídica para la inversión es esencial para el éxito de la transición energética de la región.

¿Agronegocio de la crisis o crisis del agronegocio?
Leila Harfuch, Marcelo Moreira y Luciane Chiodi
El objetivo de este artículo es comprender las consecuencias reales de la crisis económica internacional sobre el agronegocio brasileño, en el marco de la agricultura mundial y dadas las características particulares de los principales sectores agrícolas brasileños. El análisis concluye que la combinación de los elevados costos de producción, la caída de los precios y la falta de disponibilidad de crédito comprometen la respuesta de la agricultura brasileña a la demanda de alimentos.

El programa Bolsa Familia: un éxito entre el público y la crítica
Julia Sant’Anna
En los últimos 6 años, la política social del gobierno del presidente Luiz Inácio Lula da Silva ha recibido escasas críticas. El programa Bolsa Familia, eje central de la estrategia social desde 2003, parece mostrar que pueden convivir el pragmatismo económico y las políticas de bienestar destinadas a un amplio sector de la población, que antes no era considerado como prioritario en el gasto social brasileño. Ésta no es una receta necesariamente nueva ni surgida de la izquierda, pero está funcionando con bastante éxito en el Brasil de Lula.

Crisis: ¿más incertidumbre y más pobres?

La gran crisis económica de 2008: un revés geopolítico para Occidente
Roger C. Altman
El colapso económico de 2008, el peor en más de 75 años, es un importante revés geopolítico para Occidente. Ha despojado a Washington y a los gobiernos europeos de los recursos y la credibilidad que necesitan para mantener su papel en los asuntos globales. Estas debilidades se repararán con el tiempo, pero mientras tanto seguirán acelerando tendencias que están provocando que el centro de gravedad del mundo se aleje de Estados Unidos.

De la Ronda de Doha al siguiente Bretton Woods: una nueva agenda de comercio multilateral
Aaditya Mattoo y Arvind Subramanian
Los líderes del mundo podrían sentirse tentados a revisar la fracasada Ronda de Doha sobre comercio internacional; sin embargo, Doha no trata los problemas económicos más urgentes del mundo, incluidos aquellos que contribuyeron a la actual crisis financiera. Lo que se necesita, en cambio, es una nueva conversación —un segundo Bretton Woods— que trate las necesidades de las potencias tradicionales y emergentes por igual.

Ideas en crisis: notas sobre el derrumbe de la economía global
Pablo Larrañaga
La situación económica actual conlleva una crisis del saber compartido a propósito de la globalización, sustentado en la oposición entre las lógicas del Estado y del mercado. Para el autor, las posibilidades de una recuperación económica estable dependen de satisfacer, en el marco de distintos riesgos de regresión, una difícil ecuación: el compromiso con la globalidad y una acción pública efectiva.

La política del hambre
Paul Collier
La crisis de los alimentos puede tener efectos desastrosos sobre los más pobres. Los políticos tienen el poder de resolver la crisis alimentaria, pero deben estar dispuestos a poner fin a los prejuicios contra las grandes granjas comerciales y las cosechas genéticamente modificadas, y eliminar los subsidios a la agricultura —los gigantes del populismo romántico, impulsados tanto por la ilusión como por la ambición—.

Mundo

El mito del renacimiento autocrático: por qué prevalecerá la democracia liberal
Daniel Deudney y G. John Ikenberry
Después de años de triunfalismo liberal, el temor de que las autocracias han encontrado nuevas formas de prosperar ha aumentado en tiempos recientes. De hecho, los imperativos de la democracia liberal son más fuertes que nunca. La clave para debilitar a las autocracias es incorporarlas al orden liberal, no excluirlas de él.

La ventaja de Estados Unidos: el poder en el siglo de la interconectividad
Anne-Marie Slaughter
En el mundo de las redes del siglo xxi, el poder de un Estado se mide según su capacidad para convertir la conectividad en innovación y crecimiento. Debido a su demografía, geografía y cultura, Estados Unidos tiene el potencial de hacer del siglo de la interconectividad un siglo estadounidense.

Comentarios y reseñas

Una agenda más general: una política exterior que va más allá de la era de Bush
Stephen R. Graubard
La próxima agenda internacional de Estados Unidos aún está por formularse y el gran riesgo que podría resultar ser provinciana y demasiado poco imaginativa con respecto a lo que es probable que el mundo valore mañana.

Raudel Ávila Solís
La política como espectáculo: el sexenio de Vicente Fox

Gabriela A. Cantú García
Rostros del hombre: los caminos de la libertad frente a los absolutos

Luis Alfonso Gómez Arciniega
The Dictator’s Shadow: Life Under Augusto Pinochet

Pablo Jiménez Meza
Homeland: descenso a un mundo de odio

Jonathan D. Prendas Rodríguez
La percepción de Brasil en el contexto internacional: perspectivas y desafíos

Antonio Puig Escudero
Razón y desarrollo: el crecimiento económico, las instituciones
y la distribución de la riqueza espiritual

José Enrique Sevilla Macip
País de mentiras

Andrea Valencia Montes de Oca
Del comunismo al terrorismo: la contención en el mundo de la posguerra fría

Clásico (1962)

Ideas equivocadas sobre Brasil
Gilberto Freyre
Muchos analistas no comprenden que Brasil es un Estado distinto de los países hispanoamericanos. La experiencia de tener una monarquía parlamentaria en el momento de su independencia es lo que lo distingue de los demás países de América Latina. Brasil, con base en su propia historia, está tratando de encontrar su propio tipo de democracia —política, económica, social, étnica— en lugar de seguir pasivamente los modelos extranjeros.

1199) Alberto Tamer sobre o Mercosul

Esse Mercosul não interessa ao Brasil
Alberto Tamer
O Estado de São Paulo, 5.07.2009

Para que serve hoje o Mercosul?, pergunta editorial do Estado de sexta-feira. Para nada, respondemos. Só para atrapalhar. Como está aí, é obsoleto, ultrapassado, não interessa mais ao Brasil. Na verdade, nunca existiu. Foi uma figura de retórica, pois Paraguai e Uruguai não contam, não contaram nunca, e o Mercosul nada mais é do que um acordo comercial entre Brasil e Argentina, que definha mês a mês.

Entre janeiro e junho, último dado oficial do Ministério de Desenvolvimento, a receita das exportações brasileiras para a Argentina despencou 42,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Um ritmo bem superior à queda de 22% das nossas vendas totais. O valor das nossas importações caiu menos, 19,5%, porque temos um mercado mais
aberto que o argentino.

MAS ELES ESTÃO EM CRISE…
E precisam de ajuda! Sei, sei sim, mas só não entendo porque só se fecham com o Brasil e abrem generosamente para a China. As exportações brasileiras que precisam de licença prévia caíram 61% neste ano enquanto as chinesas apenas 39%. Eles continuam nos roubando nichos importantes de mercado. Estão desalojando nossas indústrias.

O seu governo já deu a entender que não se trata de uma política temporária. A proteção do seu mercado veio para ficar. E continuamos a fazer concessões unilaterais. Nossos empresários querem salvar o que podem enquanto nossos amigos argentinos prometem mas não cumprem. Acho que aprenderam com o pessoal do G-8…

MAS O MERCOSUL PESA MUITO!
Pesava, não pesa mais. Em 2007, chegou a representar 17% das exportações brasileiras. Recuou para 10% em 2008 e em maio (último dado oficial) não passava de 8,7%. Vem declinando a cada mês. É o efeito Argentina que é, na verdade, o Mercosul. A sua participação nas exportações brasileiras só vem caindo. Vamos aos números. Perdoe,
leitor, sei que cansam, mas às vezes são inevitáveis e, neste caso, imprescindíveis.

1 – Entre 1997 e 2000 representavam 13% das nossas exportações totais.
2 – De 2006 a 2007 a participação caiu para 8%, em média.
3 – No ano passado, ainda representou 8,9%.

Agora, fique atento. Nos quatro primeiros meses deste ano, recuou para 7%. Não é porque o Brasil exportou mais para outros mercados – ao contrário, exportou menos. É que a Argentina passou a nos trocar pela China e por outros parceiros mais interessantes.

É mais do que justo que a Argentina se aproxime da China, um parceiro novo e promissor, e se afaste do Brasil, que já deu o que pode dar. Ela está defendendo seus interesses. Concordo. Mas, e os nossos, onde ficam? Vamos continuar amarrados ao Mercosul, enquanto a Argentina não nos faz nenhuma concessão? Vamos continuar não podendo fechar acordos com outros países sem a aquiescência do Mercosul? Ora, está na hora de “virar a mesa”e acabar com isso.

PRESIDENTE, VAMOS MUDAR?
Nós até poderemos conviver com menos comércio, mas jamais podemos continuar impedidos de fazer acordos com quem atender aos nossos interesses sem ter de “pedir autorização” a esse Mercosul agonizante. Está lá, escrito nos estatutos! Não podemos continuar dependendo da Argentina, que com frequência está contra nós na OMC e em outros fóruns internacionais. O Mercosul, nos termos atuais, não ajuda nada, só atrapalha. O acordo que se discute com a União Europeia se arrasta sabem há quanto tempo? Mais de 10 anos!

Ora, sr. presidente. Vamos dar um chega pra lá nisso? Não querem importar mais? Muito bem, mas não encham, vão cuidar da vida. Podemos até ajudar, mas não atrapalhem. Vocês dançam um tango chorado e nós um sambinha gostoso com os Estados Unidos, a UE e a China e com quem mais quisermos. Foi o que fizeram o Chile, o México e outros países
sul-americanos.

VAMOS AOS BILATERAIS
Presidente, o senhor deve ordenar – sim, ordenar – ao Itamaraty que cumpra promessa feita há pelo menos dois anos, de iniciar e concluir rapidamente acordos bilaterais com outros países. E, se a Argentina, o Paraguai, o Uruguai reclamarem, é problema deles! Que se mude o acordo ou saímos dele. Ah! mas eles ainda são nosso terceiro parceiro comercial, senhor colunista! Sim, mas 70% do que importam vêm dos Estados Unidos, da China, da União Europeia e de outros países, informa o ministro Miguel Jorge.

Mas 95% das nossas exportações são de produtos industrializados, o ponto fraco do nosso comércio exterior! Sim, mas eles só importam porque precisam, seus empresários já estão entrosados com os nossos, uma linha comercial mais antiga e deixarão logo de importar quando a China oferecer condições, preço e crédito melhores.

OLHA O CHÁVEZ AÍ!
E, a propósito, sr. presidente, já imaginou o que pode acontecer se a Venezuela entrar mesmo no Mercosul? Será um deus nos acuda! O “generalíssimo” Chávez é capaz de perfilar as tropas na fronteira e ameaçar invadir o Brasil se fecharmos algum acordo com os EUA, o grande Satã do Norte. Sr. presidente, vamos refazer esse Mercosul, pois esse que está aí não interessa mais ao Brasil.

1198) Sistema monetario internacional: trabalho publicado

Meu mais recente trabalho publicado:

Falácias acadêmicas, 10: mitos sobre o sistema monetário internacional
Brasília, 23 junho 2009, 9 p. Décimo artigo da série especial, sobre a fragilidade das recomendações pretensamente keynesianas a partir da crise econômica internacional.

Espaço Acadêmico, vol. 9, n. 98, julho 2009, p. 15-21

Citação ABNT:
ALMEIDA, P. Falácias acadêmicas, 10: mitos sobre o sistema monetário internacional. Revista Espaço Acadêmico, Brasil, 9 jun. 2009. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/7445/4364. Acesso em: 06 jul. 2009.

Esse ensaio faz parte de uma série, como indica o seu nome, Falácias Acadêmicas, cujos títulos elaborados até aqui podem ser conferidos neste link.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

1197) Limmericks...

Nada como revisitar velhos posts. A gente descobre coisas das quais já se tinha esquecido, como est post de 4 de Fevereiro de 2007, por exemplo:

697) Limmericks...

Reproduzo-o aqui, por mero deleite literário.

Como sabem muitos (mas nem todos), “limmericks” é uma forma de expressão poética contendo algum ensinamento prosaico, ou mesmo um divertimento passageiro, organizada em cinco estrofes, que sempre combina duas rimas na forma aabba.
Não sei se tenho jeito para essas coisas, mas vou tentar arriscar...

Honestidade intelectual

Honrar a palavra dada
Recusar a verdade revelada
Ser, no equilíbrio, um cético
Manter comportamento ético
É a que aspiro, antes de mais nada

Projeto de vida

Ampliar conhecimento
É o meu empreendimento
Propagar sabedoria
Distribuir benfeitoria
Eu vivo para esse invento...


Imediatamente recebi um comentário, do qual, infelizmente só vim a tomar conhecimento nesta data, 06.07.2009:

Blogger ☆ MJ disse...

aparentemente você leva jeito sim para isso =)

seu blog ajuda e muito a me informar

espero no futuro ser nada mais nada menos do que você é no presente =)
seu currículo é o meu sonho!
parabéns!

Quarta-feira, Fevereiro 07, 2007 8:40:00 AM

1196) O medidor da "maldade": viajando pelos Estados vilões

A Folha de São Paulo deste domingo 5 de julho de 2009, trouxe, na última página do seu caderno "Mais", uma matéria com o escritor e viajante Tony Wheeler, fundador da editora de guias de viagens Lonely Planet, e autor do recentemente publicado "Bad Lands", um livro de viagens sobre os "estados-violões", assim chamados (rogue States, no original) por terem sido enquadrados pela doutrina Bush no "eixo do mal". Pois bem vejamos o que é o seu

Medidor da Maldade
Trata-se de um "malignômetro" pelo qual Tony Wheeler combina quatro quesitos para avaliar o potencial maléfico de certos países, todos os estados-vilões que ele visitou e que constam do seu livro (que não conheço ainda).
Esses critérios são:
1) Maus tratos a seus cidadãos, de 0 a 3
2) Envolvimento com o terrorismo, de 0 a 3
3) Ameaça a outros países, de o a 3
4) Culto à personalidade dos líderes, de 0 a 1

Com base nesses critérios, ele sai distribuindo pontos aos países que visitou, resultando na seguinte lista da "maldade"

1) Coréia do Norte, campeã absoluta, com 7 pontos redondos, mas o livro está defasado, pois dá apenas um ponto para "ameaça a outros países", quando talvez ela merecesse 3 atualmente, o que elevaria o total a 9

2) Iraque, com 6 pontos, mas o autor está completamente defasado, pois dá 3 pontos para "ameaça a outros países", quando as invasões e guerras com Irã e Kwait já fazem parte do passado e provavelmente não voltarão a ocorrer. De fato, uma nota confirma que se tratava do Iraque sob Saddam Hussein, mas um guia de viagens tem por obrigação ver não o passado, mas o presente e as perspectivas imediatas.

3) Irã, com 5 pontos, sendo 2 por envolvimento com o terrorismo. Uma nota diz que o país merece meio ponto extra pelo decreto religioso contra o escritor Salman Rushdie.

4) Afeganistão e Líbia, empatados com 4,5 pontos, mas a Líbia ganha dois por envolvimento com o terrorismo, quando aparentemente ela renunciou a esse apoio (mas, nunca se sabe...). Quanto ao Afeganistão, se tratava do país sob o regime talebã, mas aparentemente a vida não melhorou muito desde então, apenas se mudou a direção do país.

5) Arábia Saudita, com 4 pontos, mas pode-se questionar os critérios do autor: 2 pontos são por maus-tratos aos cidadão, eu diria claramente às mulheres, e mais 2 por envolvimento com o terrorismo, o que obviamente não é de responsabilidade da monarquia reinante, que deveria ser condenada por atraso monumental nos temas civis e políticos, reacionarismo educacional, fundamentalismo religioso, desrespeito aos direitos do homem, especificamente quanto à liberdade religiosa.

6) Albânia, com 3 pontos, embora uma nota precise que "especialmente sob o regime Enver Hoxha, da qual ainda não se recuperou totalmente. Se posso acrescentar algo, é que o país precisa ser visto de modo totalmente diferente. Antes, se tratava de um totalitarismo comunista miserável para o seu próprio povo, mas aparentemente ordeiro. Depois, mergulhou no caos das máfias criminosas, envolvidas com tráfico ilegal de pessoas, drogas, armas, enfim, um prato cheio para filmes de Hollywood.

7) Mianmar, com 2,5 pontos, sendo 2 por maus tratos aos seus cidadãos (deveria ser 3 inteiros, ou talvez mais).

8) Cuba, com apenas 1,5 ponto por maus tratos aos seus cidadãos. Acho que o autor só ficou nas praias cubanas, pois se tivesse conversado mais com a população local talvez aumentaria os pontos nesse quesito. Ele não dá nenhum ponto por culto à personalidade, dizendo que tem mais fotos de Ché Guevara do que de Fidel Castro. A questão não é essa: é que a ilha é uma fazenda pessoal dos Castros, que comandam o processo político e a vida pessoal dos cubanos com mão-de-ferro, nos últimos 50 anos.

Enfim, o livro pode dar ideias a outros para fazerem seus próprios indicadores de "malignidade" de certos governos...

ALiás, já existe um Index dos Estados Falidos, na Fund for Peace, do qual falarei oportunamente. Os interessados podem buscar o
Index of Failed States, neste link.
Não se assustem...

1195) O melhor livro de relacoes internacionais da decada

What is the best international relations book of the decade?
Daniel Drezner
Foreign Policy, Wed, 07/01/2009

The International Studies Association announces a book contest:

The International Studies Best Book of the Decade Award honors the best book published in international studies over the last decade. In order to be selected, the winning book must be a single book (edited volumes will not be considered) that has already had or shows the greatest promise of having a broad impact on the field of international studies over many years. Only books of this broad scope, originality, and interdisciplinary significance should be nominated.

Hmmm.... which books published between 2000 and 2009 should be on the short list? This merits some thought, but the again, this is a blog post, so the following choices are the first five books that came to mind:

John J. Mearsheimer, The Tragedy of Great Power Politics (2001)
G. John Ikenberry, After Victory (2001).
Mia Bloom, Dying to Kill (2003)
Raghuram Rajan and Luigi Zingales, Savng Capitalism from the Capitalists (2003).
Gregory Clark, A Farewell to Alms (2007).
I don't agree with everything in these books -- but they linger the most in the cerebral cortex.

So, dear readers, which books do you think are worthy of consideration for this award?

sábado, 4 de julho de 2009

1194) Um debate sobre a educacao

Reproduzo abaixo as quatro etapas de um debate, involuntário, que um leitor de um dos meus artigos provocou recentemente.
O artigo em questão se chama "O afundamento da educação no Brasil", e pode ser lido neste link.

Reproduzo abaixo as quatro etapas do "debate".

1) On Wednesday, June 24, 2009, at 12:42PM, "Victor MP" wrote:

A despeito de minha divergência com a opinião do autor, gostaria de perguntar porque a sociologia afundaria o ensino? sobre o incentivo do "conflito que já deveria estar na lata do lixo", deveria mas não está! ele está só velado e o sr como diplomata deveria saber disso! Quanto a ler ou não Marx, pode até ser que não sejam a maioria, mas existem os que lêem!


2) Minha resposta, na mesma data:

2009/6/24 Paulo R. Almeida:

Grato por escrever-me, mas sinceramente, nao consegui entender a razao de sua pergunta a mim e as demais referencias. Suponho que se refira a algum texto meu, mas nao consigo determinar os parametros dessa discussao. Agradeceria esclarecimentos.
Eu falei do afundamento do ensino no Brasil por uma serie de razoes, nao apenas por isso. Em lugar de se concentrar o foco no ensino da lingua nacional, matematicas e ciencias elementares, ficam inventando coisas que so podem prejudicar a formacao dos jovens.
De fato, sou contra a obrigatoriedade do ensino de filosofia e de sociologia no ensino medio. Acredito que deveria ficar como materias opcionais, como outras. O Brasil tem a mania de fazer tudo obrigatorio, o que simplesmente conforma reservas de mercado injustificaveis.
Cordialmente,
----------------------
Paulo Roberto de Almeida


3) Novo comentário de meu correspondente:

On 04/07/2009, at 11:19, Victor MP wrote:

Eu escrevi porque li o texto do Sr. na Revista Espaço acadêmico, não concordo que devam ser priorizadas as "matemáticas" por exemplo, talvez se começassem a ensinar a história como deve ser ensinada desde o princípio (sem falsos heróis por exemplo!), a geografia ensinada de outra forma (aplicada, seria muito mais útil se fosse ensinado por exemplo como é feita a previsão climática), mesmo a matemática poderia ser muito mais interessante. As exigências do mercado não podem ser a única direção para a educação! Do jeito que o Sr. Dr. colocou parece que a entidade "mercado" não deseja formar somente trabalhadores!
As duas visões que o senhor cita, de fato se contrapõem! Pode até ser que possam ser harmonizadas, mas a educação tem um papel importante nisso! A Educação do Brasil se deteriora não pela obrigatoriedade de disciplinas, mas pela forma que são lecionadas as disciplinas. Além disso, programas que pretendiam mudar a educação como a Escola Plural sofrem mais críticas do que recebem o apoio que deveriam receber! Temos vários pedagogos famosos como Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, dentre outros que são simplesmente ignorados pelos professores, que só pensam no baixo salário (que nem é tão baixo em relação ao resto dos profissionais), dizem que trabalham em casa planejando aulas, corrigindo provas, etc; mas qual profissional pode se gabar de não levar nenhum trabalho pra casa!? A educação se deteriora é pela postura dos profissionais e políticos e não porque existem disciplinas demais! Inclusive pq quem aprende línguas por exemplo é pq faz curso fora da escola (raramente aprende na escola - principalmente se for pública e em um turno só!), então pq não oferecer estas disciplinas nas escolas públicas em um outro turno, mas oferecê-las com a qualidade que é oferecida por cursos de fora!?
Sobre a citada teoria da jabuticaba, queria observar que alguns problemas só aparecem aqui no Brasil! seja qual seja a desculpa ou justificativa que encontrem para tal: políticos corruptos, povo ignorante, coisas do tipo! Inovações às vezes são muito bem vindas, pois se o problema da Educação não foi resolvido é pq ainda exige que algo seja feito ou criado! O problema da Educação é um problema mundial, mesmo nos países onde não existem analfabetos! Porque educação não é só aprender a ler e escrever e fazer contas! Educação é ensinar a pensar principalmente (é claro que isso a pessoa vai aprender ao longo da vida, mas a filosofia e sociologia podem ajudar nisso com certeza!).
Programas como o Bolsa Família e Bolsa escola, mesmo sendo (individualmente) uma quantia muito pequena, permitem que as crianças e adolescentes frequentem as escolas, oferecem cursos profissionalizantes, acompanham a saúde dos bolsistas, dentre outras coisas é uma inovação bem vinda, mesmo tendo um carater assistencialista realmente melhora a vida das pessoas! Concordo que colocar estudos afro-brasileiros é demais! (inclusive pq isso pode estar inserido na disciplina de sociologia). Pq os estudos são Brasileiros (já que somos todos mistura!).Concordo também com o Sr. que uma reserva de mercado para jornalista é bizarra, mas a profissão foi criada em nosso país na época das ditaduras, para que fossem tirados do currículos os conteúdos de filosofia e sociologia por exemplo, ou seja a reserva é resquício desse tempo. Infelizmente os problemas que o Sr. " confrontos classistas e raciais que já deveriam estar na lata de lixo da história", não estão na lata de lixo e a função dos cientistas sociais é justamente alertar para estas questões! Marx não tem uma visão ultrapassada do mundo, inclusive PQ no seu livro mais importante "O Capital" ele analisa o Capitalismo e não prega o socialismo, e as análises feitas por ele das iniquidades do modo de produção capitalista estão tão atuais que chegam a ser assustadoras! E eu não sou um marxista, mas estou longe de ser também um liberal!
Desculpe-me qualquer coisa, não gosto dos problemas, mas gosto da discussão que provoca, pois alimenta o cérebro com idéias que podem ser úteis para uma solução. Um abraço
Victor (Cientista Social)


4) Minha resposta nesta data (4.06.2009):

Caro Victor,
Grato pelos esclarecimentos e pelos comentarios. Agora sei que voce comentava meu artigo sobre o "afundamento" da educacao no Brasil (que continua, a despeito de esforços do ministro da Educacao).
Se voce nao concorda em que sejam priorizadas as tres areas fundamentais em qualquer ensino de qualquer pais em qualquer epoca -- lingua nacional, matematicas e ciencias elementares -- você está ipso facto concordando nao apenas com o afundamento da educacao no Brasil, como com o afundamento do proprio Brasil.
Nao vou me alongar em argumentos, mas se voce pesquisar historia economica mundial, verá que os povos desfrutando de maior prosperidade material (que costuma vir junto com liberdades, democracia, seguranca, esperanca de vida, etc), sao justamente aqueles mais educados, independentemente dos recursos naturais, localizacao geografica, cor da pele ou religiao.
Prosperidade material se constroi com excelentes recursos humanos, ou seja boa qualidade da educacao e produtividade da mao de obra, refletida na inovacao tecnologica, competitividade, etc.
Nao vou comentar os demais pontos, pois voce parece concordar comigo.
Mas se nao concordar no essencial, lamento por voce, pois voce continuará contribuindo, mesmo involuntariamente, para o afundamento da educacao e do proprio Brasil, ou pelo menos mantendo o pais em ritmo de baixo crescimento, desigualdade, incapacidade inovadora e perspectivas muito lentas de melhorias sociais e materiais.

Quanto a Marx, acho que voce sobredimensiona as qualidades de sua contribuicao, como milhares de outros, alias. Ele foi um filosofo social importante, influente, mas suas analises do capitalismo sao falhas, e suas prescricoes para a superacao do capitalismo foram mais falhas ainda. Se ele tivesse razao, a Uniao Sovietica nao teria desaparecido e todos os paises socialistas que existiram seriam grandes potencias economicas, e nao a miseria material e humana que foram (e por isso mesmo desapareceram).
O melhor teste das teorias é a realidade.
O Brasil nao passa em varios testes, a comecar pela educacao...
-------------
Paulo Roberto de Almeida

(por enquanto é isto...)

1193) PIB por paridade de poder de compra dos paises

Como diz este verbete da Wikipedia (uma fonte tão distorcida, ou tão confiável quanto outras, segundo estudos conduzidos até aqui), o PIB por paridade de poder de compra (PPP na sigla em ingês) dos países pode ser uma medida mais realista da "prosperidade" relativa dos habitantes desses países, uma vez que leva em conta dados relativos a inflação e custo de vida nesses países, e não apenas a conversão nominal do seu valor agregado em dólares correntes, segundo as taxas de câmbio do momento (que podem ser tão distorcidas quanto determinados preços subsidiados).
Nas três estimações, FMI, Banco Mundial e CIA, o Brasil aparece em nono lugar. Selecionei apenas os vinte primeiros lugares, mas a lista completa pode ser consultada no link abaixo indicado.

Abaixo, portanto, um artigo da Wikipedia sobre o assunto, recomendando consulta ao site, neste link, para apreciar as três tabelas completas.

List of countries by GDP (PPP)
Wikipedia, the free encyclopedia (acesso em 4.07.2009)

There are three lists of countries of the world sorted by their gross domestic product (GDP) (the value of all final goods and services produced within a nation in a given year). The GDP dollar estimates given on this page are derived from purchasing power parity (PPP) calculations. Using a PPP basis is arguably more useful when comparing generalized differences in living standards on the whole between nations because PPP takes into account the relative cost of living and the inflation rates of the countries, rather than using just exchange rates which may distort the real differences in income. However, economies do self-adjust to currency changes over time, and technology intensive and luxury goods, raw materials and energy prices are mostly unaffected by difference in currency (the latter more by subsidies), despite being critical to national development, therefore, the sales of foreign apparel or gasoline per liter in China is more accurately measured by the nominal figure, but everyday food and haircuts by PPP.

Several economies which are not considered to be countries (world, EU, and some dependent territories) are included in the list because they appear in the sources. These economies are not ranked in the charts here, but are listed in sequence by GDP for comparison.

* The first table includes data for the year 2008 for 179 of the current 185 International Monetary Fund members and the Republic of China (Taiwan), as well as for the following unranked entities: the European Union, China's Hong Kong Special Administrative Region, and the world. Data are in millions of international dollars and were calculated by the International Monetary Fund. Figures were published in April 2009.
* The second table includes data for the year 2007 for 178 of the 193 currently recognized sovereign nations, the two Chinese Special Administrative Regions (Hong Kong and Macau), and for the unranked entities of the world and the Eurozone. Data are in millions of international dollars (rounded to the nearest 100 million) and were compiled by the World Bank. Figures were published in April 2009.
* The third table is a tabulation of the CIA World Factbook GDP PPP data update of 2008. The data for GDP at purchasing power parity (PPP) have also been rebased using the new ICP price surveys and extrapolated to 2007. Final figures are estimates in millions of international dollars.

List by the International Monetary Fund (2008)
Rank Country GDP (PPP) $M
World 68,996,849
European Union 15,247,163
1 United States 14,264,600
2 China 7,916,4291
3 Japan 4,354,368
4 India 3,288,345
5 Germany 2,910,490
6 Russia 2,260,907
7 United Kingdom 2,230,549
8 France 2,130,383
9 Brazil 1,981,207
10 Italy 1,814,557
11 Mexico 1,548,007
12 Spain 1,396,881
13 South Korea 1,342,338
14 Canada 1,303,234
15 Turkey 915,184
16 Indonesia 908,242
17 Iran 819,799
18 Australia 795,305
19 China (Taiwan) 711,418
20 Netherlands 675,375


List by the World Bank (2007)
World 65,973,053
United States 13,751,400
Eurozone 10,611,658
2 China 7,096,671
3 Japan 4,297,171
4 India 3,096,867
5 Germany 2,830,135
6 United Kingdom 2,142,959
7 Russia 2,087,449
8 France 2,077,952
9 Brazil 1,832,983
10 Italy 1,802,177
11 Mexico 1,484,919
12 Spain 1,416,361
13 South Korea 1,201,770
14 Canada 1,180,948
15 Turkey 1,028,897
16 Indonesia 837,612
17 Iran 778,035
18 Australia 733,904
19 Netherlands 633,854
20 Poland 609,420

List by the CIA World Factbook (2008)
World 69,490,000
European Union 14,820,000
1 United States 14,290,000
2 China 7,800,000
3 Japan 4,348,000
4 India 3,267,000
5 Germany 2,863,000
6 United Kingdom 2,231,000
7 Russia 2,225,000
8 France 2,097,000
9 Brazil 1,990,000
10 Italy 1,821,000
11 Mexico 1,559,000
12 Spain 1,378,000
13 Canada 1,307,000
14 South Korea 1,278,000
15 Indonesia 915,900
16 Turkey 906,500
17 Iran 842,000
18 Australia 800,500
19 China (Taiwan) 738,800
20 Netherlands 670,200

Para a lista completa ver o link já indicado.
O mesmo verbete apresenta links para os seguintes temas correlacionados:
* List of countries by GDP (nominal)
* List of countries by GDP growth
* List of countries by GDP (PPP) per capita
* List of countries by GDP (nominal) per capita
* List of countries by Human Development Index