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segunda-feira, 6 de julho de 2009

1196) O medidor da "maldade": viajando pelos Estados vilões

A Folha de São Paulo deste domingo 5 de julho de 2009, trouxe, na última página do seu caderno "Mais", uma matéria com o escritor e viajante Tony Wheeler, fundador da editora de guias de viagens Lonely Planet, e autor do recentemente publicado "Bad Lands", um livro de viagens sobre os "estados-violões", assim chamados (rogue States, no original) por terem sido enquadrados pela doutrina Bush no "eixo do mal". Pois bem vejamos o que é o seu

Medidor da Maldade
Trata-se de um "malignômetro" pelo qual Tony Wheeler combina quatro quesitos para avaliar o potencial maléfico de certos países, todos os estados-vilões que ele visitou e que constam do seu livro (que não conheço ainda).
Esses critérios são:
1) Maus tratos a seus cidadãos, de 0 a 3
2) Envolvimento com o terrorismo, de 0 a 3
3) Ameaça a outros países, de o a 3
4) Culto à personalidade dos líderes, de 0 a 1

Com base nesses critérios, ele sai distribuindo pontos aos países que visitou, resultando na seguinte lista da "maldade"

1) Coréia do Norte, campeã absoluta, com 7 pontos redondos, mas o livro está defasado, pois dá apenas um ponto para "ameaça a outros países", quando talvez ela merecesse 3 atualmente, o que elevaria o total a 9

2) Iraque, com 6 pontos, mas o autor está completamente defasado, pois dá 3 pontos para "ameaça a outros países", quando as invasões e guerras com Irã e Kwait já fazem parte do passado e provavelmente não voltarão a ocorrer. De fato, uma nota confirma que se tratava do Iraque sob Saddam Hussein, mas um guia de viagens tem por obrigação ver não o passado, mas o presente e as perspectivas imediatas.

3) Irã, com 5 pontos, sendo 2 por envolvimento com o terrorismo. Uma nota diz que o país merece meio ponto extra pelo decreto religioso contra o escritor Salman Rushdie.

4) Afeganistão e Líbia, empatados com 4,5 pontos, mas a Líbia ganha dois por envolvimento com o terrorismo, quando aparentemente ela renunciou a esse apoio (mas, nunca se sabe...). Quanto ao Afeganistão, se tratava do país sob o regime talebã, mas aparentemente a vida não melhorou muito desde então, apenas se mudou a direção do país.

5) Arábia Saudita, com 4 pontos, mas pode-se questionar os critérios do autor: 2 pontos são por maus-tratos aos cidadão, eu diria claramente às mulheres, e mais 2 por envolvimento com o terrorismo, o que obviamente não é de responsabilidade da monarquia reinante, que deveria ser condenada por atraso monumental nos temas civis e políticos, reacionarismo educacional, fundamentalismo religioso, desrespeito aos direitos do homem, especificamente quanto à liberdade religiosa.

6) Albânia, com 3 pontos, embora uma nota precise que "especialmente sob o regime Enver Hoxha, da qual ainda não se recuperou totalmente. Se posso acrescentar algo, é que o país precisa ser visto de modo totalmente diferente. Antes, se tratava de um totalitarismo comunista miserável para o seu próprio povo, mas aparentemente ordeiro. Depois, mergulhou no caos das máfias criminosas, envolvidas com tráfico ilegal de pessoas, drogas, armas, enfim, um prato cheio para filmes de Hollywood.

7) Mianmar, com 2,5 pontos, sendo 2 por maus tratos aos seus cidadãos (deveria ser 3 inteiros, ou talvez mais).

8) Cuba, com apenas 1,5 ponto por maus tratos aos seus cidadãos. Acho que o autor só ficou nas praias cubanas, pois se tivesse conversado mais com a população local talvez aumentaria os pontos nesse quesito. Ele não dá nenhum ponto por culto à personalidade, dizendo que tem mais fotos de Ché Guevara do que de Fidel Castro. A questão não é essa: é que a ilha é uma fazenda pessoal dos Castros, que comandam o processo político e a vida pessoal dos cubanos com mão-de-ferro, nos últimos 50 anos.

Enfim, o livro pode dar ideias a outros para fazerem seus próprios indicadores de "malignidade" de certos governos...

ALiás, já existe um Index dos Estados Falidos, na Fund for Peace, do qual falarei oportunamente. Os interessados podem buscar o
Index of Failed States, neste link.
Não se assustem...

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