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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Debatendo (inutilmente?) com um adepto convencido - Paulo Roberto de Almeida


Carta à presidente de um adepto convencido: observações de um iconoclasta não convencido

Paulo Roberto de Almeida
 
Recebi hoje, de um interlocutor frequente nestes tempos não convencionais de convencimento pela vitória (aparente, pelo menos) do seu partido nas recentes eleições presidenciais, o desafio de comentar uma longuíssima carta que ele mandou para soberana. Ela não vai ler, obviamente, mesmo que tivesse apenas dois parágrafos: os 225 aspones que a cercam apenas vão arquivar a missiva, se é verdade que ela seguiu para o endereço correto do palácio de trabalho (assim parece) da soberana, mas também desconfio que essa não é bem a intenção do missivista: ele provavelmente quer se destacar dos companheiros mais companheiros e aparecer, por assim dizer, como um conselheiro do príncipe de boa vontade, dizendo uma quantas palavras gentis, e depois fazendo críticas e sugestões para um reino feliz para a sua soberana, que não é minha, mas ocorre que eu não sou exatamente anarquista, e pretendo atuar seguindo as instituições (o que nem sempre, ou quase nunca, é o caso dos companheiros, que sabotam as mesmas instituições incessantemente, e que pretendem substituí-las por correias de transmissão do partido neobolchevique a que obedecem, na mais pura tradição leninista e stalinista).
Mas, como eu não sou de recusar desafios, vou comentar, e provavelmente discordar, quanto à maior parte dos argumentos do autor da missiva. Não por espírito contrarianista da minha parte – o que eu tenho, sim, e não tem por que esconder – mas simplesmente por cortesia com o missivista, aqui vão minhas observações, apenas quanto aos tópicos relevantes, pois seria muito enfadonho comentar esse verdadeiro tratado de política partidária.
Transcrevo as palavras do Adepto Convencido (AC: ), que faço seguir de meus próprios comentários (PRA: )

AC:Cara presidenta, se eu vivesse em uma ditadura militar, espero que eu tivesse coragem para pegar em armas, sequestrar embaixadores e assaltar bancos; mas pelo retorno a uma democracia-liberal como a que temos hoje, e não para a instauração de uma ditadura marxista de qualquer tipo. Não obstante não compactuar com vosso idealismo revolucionário marxista, o respeito.
PRA: Como deve saber o missivista, a sua soberana não parece ter dado muitos tiros, mas praticou várias ações ditas revolucionárias, não exatamente para fazer o Brasil retornar a uma democracia burguesa, que todos os revolucionários, inclusive eu, desprezavam, mas para implantar um regime socialista de ditadura do proletariado. Se tivessem tido sucesso o Brasil seria, no limite, uma grande Cuba miserável, ditatorial, obviamente, e numa hipótese mais amena, uma Venezuela bolivariana sem muito petróleo. Ainda bem que não deu certo, e fomos derrotados. Alguns partiram para o exílio, como eu, outros ficaram e amargaram tortura e cadeia, como a soberana. Mas isso não é o mais importante. O importante é que, salvo um ou dois gatos pingados – e eu apenas me lembro do Gabeira e do Sirkis – nenhum desses ex-guerrilheiros fez sua autocrítica, ou melhor, se arrependeu sinceramente pelos “malfeitos” cometidos. Ao contrário, vários pretendem se vingar dos militares que os combateram, orientando os trabalhos de uma dita Comissão da Verdade para um relatório parcial, enviesado, distorcido, que não vê nenhuma responsabilidade nos ataques guerrilheiros (precoces, num momento em que o Brasil vivia a chamada ditabranda) no recrudescimento da ditadura militar e na repressão que se seguiu. Até parece que os militares saíram imediatamente torturando e matando guerrilheiros, e que eles não fizeram nada. Essa correção, todos os guerrilheiro reciclados ainda precisam fazer, para sua própria credibilidade e simples de honestidade intelectual. Eu reconheço que estava errado, e digo sinceramente: ainda bem que éramos fracos, pois poderíamos ter causado muitas outras mortes e até precipitado o país numa guerra civil, como em outros casos.

AC:É fundamental que se aumente a retribuição por titulação dos professores de ensino fundamental e médio; que os professores que tenham especialização, mestrado ou doutorado nas áreas em que lecionam recebam remuneração crescentemente mais alta por isso, e que essa remuneração seja incorporada em suas aposentadorias.”
PRA: Aqui começam as sugestões e reivindicações do AC, e começam mal, por algo puramente corporativo. O problema da educação no Brasil não é exatamente de caráter remuneratório, e sim de deficiências de formação dos professores, e não é aumentando as dotações, a qualquer título, que se vai resolver o problema da má qualidade do ensino, em todos os níveis, da pré-escola ao pós-doc. Eu recomendaria ao AC examinar com mais atenção o problema educacional, para incidir sobre o que é prioritário, não sobre o que é secundário.

AC:É fundamental que na nova edição do programa Ciência Sem Fronteiras universidades, faculdades e institutos de países em desenvolvimento com centros de pesquisa e ensino tão bons quanto a Universidade de Brasília, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade de Campinas, como Rússia, África do Sul, Índia, Israel, Turquia e Irã sejam também contemplados, sem deixar de lado as parcerias e destinos já existentes.
PRA: Errado, também. Quando alguém quer melhorar, precisa aprender nos livros ou com gente mais preparada. É evidente que as melhores condições de estudo e de preparação técnica – e aqui já me posiciono contra a extensão do CSF ao terreno das humanidades – se encontram nos países desenvolvidos. Que esses países citados possam exibir centros tão bons quanto os brasileiros citados chega a ser risível, pois pode-se perguntar quanto deles, e dos nossos, estão bem situados nos rankings de produção científica. Tem também as facilidades de acesso a documentação, comunicações, etc. Eu, aliás, sou contra o CSF, acho que é pura demagogia política e um turismo acadêmico, que serve para aprender um pouco de inglês (agora, pois antes só se aprendia lusitano e portunhol). Sou pela formação clássica, e bolsas distribuídas seletivamente, não por atacado, como se faz com o CSF, visando mais os números do que a qualidade da formação. Muito dinheiro jogado fora com esse turismo acadêmico, e que falta para bolsas e projetos científicos de verdade, no Brasil e no exterior.

AC:É fundamental que, ao menos em nossas maiores universidades federais, tenhamos bibliotecas e espaços de estudo que funcionem vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. É do interesse destas instituições e de todos aqueles que se interessam pelo desenvolvimento da educação, da cultura e da inovação no país que esses espaços de estudo existam, de modo a fomentar ambientes de estudo e pesquisa.
PRA: Nisso concordo a 150%, e acho uma vergonha o funcionamento das universidades federais, nas quais o sindicalismo mafioso dos funcionários impede até professores de darem aulas. Acho que estabilidade é uma balela, para várias categorias, e a chamada “tenure” deveria ser atribuída apenas ao longo de uma carreira dedicada ao ensino e pesquisa, não de entrada como ocorre hoje. Existem muitos outros aspectos, mas não cabe abordar aqui.

AC:É fundamental que criminalizemos não apenas a homofobia, já citada em vosso discurso, mas também a transfobia.”
PRA: Pode até ser fundamental, mas o Brasil está sendo fragmentado em direitos minoritários, que capturam a agenda pública e distorcem o debate em torno dos verdadeiros problemas da população. As minorias conseguiram nacos formidáveis dos orçamentos públicos, deixando os verdadeiramente necessitados sem o atendimento de suas necessidades. Não estou sendo politicamente correto, e não pretendo ser: para mim antes passam as necessidades das maiorias; as minorias precisam ser respeitadas, mas precisam ser contidas, do contrário o país vai virar um arquipélago de ativistas.

AC:É fundamental a regulamentação econômica da mídia.
PRA: Mídia é a palavra preferida daqueles que pretendem controlar a imprensa. O que é fundamental é uma lei que impeça qualquer controle da mídia. Quanto aos aspectos econômicos, o melhor remédio é competição. Enquanto o Estado restringir o mercado, cartelizando-o, distribuindo concessões a conta-gotas, vai continuar essa concentração que se considera danosa. Abram-se todas as portas, SEM CONCESSÃO de subsídios oficiais, SEM PROPAGANDA governamental (que deveria ser extinta, simplesmente) e deixemos os agentes diretos – empresas, cidadãos, associações – resolverem quem oferece o melhor serviço à população. Concorrência é o melhor desinfetante contra monopólios e carteis. Eu extinguiria também todos os canais e redes públicas, pois sempre é fonte de corrupção e de favores indevidos, além de cabide de empregos para o partido no poder. NENHUM órgão público deve fazer propaganda, a não ser aquela estritamente vinculada a avisos epidemiológicos e de catástrofes para a população, o que é aviso, não publicidade.

AC:É fundamental acelerar os trâmites para reconhecimento dos territórios quilombolas, inclusive com a isenção dos impostos territoriais correspondentes.
PRA: Eu diria que esse tipo de incentivo gera uma indústria do quilombolismo, como já se gerou a indústria do indigenismo falso, e o das indenizações por suposta resistência contra a ditadura. QUALQUER medida discriminatória para grupos organizados vai gerar um mercado secundário de falsificações e embustes, que acabam gerando mais problemas do que os existentes anteriormente, que podem ser resolvidos topicamente por medidas específicas, não por políticas gerais, que são um convite à corrupção e ao desvio de dinheiro. Já vimos esse filme com milhares de sem terras e sem teto que existem profissionalmente, para certos objetivos ocultos, não para as necessidades diretas. De todo modo, não cabe ao Estado prover tudo diretamente aos cidadãos: criando-se um ambiente de mercado competitivo, todas essas necessidades podem ser atendidas. Como já disse alguém, o melhor programa social é o emprego.  Ponto.

AC: “...o presente manifesto não demanda diminuição da carga tributária...”
PRA: Pois é uma pena, e está errado. O Brasil, dentro do seu nível de renda per capita, é um país claramente disfuncional, capturando renda da sociedade dez pontos de PIB acima de países emergentes equivalentes. Temos uma carga fiscal de país rico, para uma renda per capita 5 a 6 vezes menor. Algo está errado e precisa ser corrigido. Sabe-se que há uma relação direta, e inversa, entre o tamanho da carga fiscal e o nível da taxa de crescimento: quanto maior uma, menor a outra. O Brasil precisa escolher o que quer: o caminho atual o condena a um crescimento medíocre, o que significa dobrar a renda apenas em duas gerações ou mais. É isso o que se pretende?

AC:Peço-lhe respeitosamente que mantenha sempre que possível a proximidade e as boas relações com os parlamentares do PSOL,...
PRA: Bem, deve ser a tal de “utopia concreta”, não é? Inacreditável, como depois de um século inteiro de experimentos socialistas, que só redundaram em miséria, opressão, e dezenas de milhões de mortos, alguém ainda tem coragem de propor esse tipo de programa para o Brasil. Ainda que os alucinados não venham a perpetrar o seu programa delirante, é evidente que quanto mais estatismo mais atraso econômico, e mais perpetuação de nossas distorções. Alucinação mental é um problema grave entre os nossos gramscianos de botequim. Isso passa com a idade, mas até lá é preciso suportar...

AC:A grande imprensa foi muito habilidosa em produzir uma imagem das manifestações como uma crítica a vosso governo, especialmente entre os eleitores do estado de São Paulo. A senhora deve investir em comunicação para evitar isso o máximo possível...”
PRA: Mais um que acredita que quem cria matérias de imprensa é a própria imprensa, não fatos objetivos. Vou repetir: SOU CONTRA qualquer “comunicação” de governo. Nenhum governo precisa disso. Basta ter um porta voz, e a imprensa, toda ela, a mídia golpista, a mídia mercenária dos companheiros, as ONGs com “mídia” vão repercutir o que for importante. Apenas isso e nada mais do que isso.

O resto da longuíssima mensagem é uma ajuntamento heteróclito de reivindicações setoriais, locais, aconselhamento político e “aulas” de história. Alguns dos “argumentos” são francamente patéticos, mas não vou perder tempo em rebatê-los, pois eu teria de também dar aulas de história para o jovem conselheiro da soberana. Ele vai crescer, ler mais um pouco, e viajar pelo mundo, para aprender o que é o mundo real, muito diferente daquele que aprendeu nas aulas das saúvas freireanas, dos gramscianos de botequim, e dos companheiros de partido, alguns mercenários empenhados em fabricar números e argumentos falaciosos com os quais ele pretende “aconselhar” a soberana. Tudo é uma questão de tempo, de leituras e de experiência de vida. Mas, claro, precisa ter a mente aberta, e pensar com a sua própria cabeça, não com a dos velhacos que pretendem induzi-lo a erro. Fundamentalismo político é igualzinho ao religioso: conduz a criacionistas incapazes de pensar fora dos quadros mentais nos quais foram treinados. Se conviverem apenas nesses meios, eles viram perfeitos robôs...

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 3 de novembro de 2014.

Codex Diplomaticus Brasiliensis (3): Apresentacao - Paulo Roberto de Almeida

Hartford, Edição de Autor, 2 novembro 2014, 326 p. 

Livro digital, em edição de autor, composto de resenhas de livros de diplomatas, já publicadas no Prata da Casa
Disponível na plataforma Academia.edu:
Link:
https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_

 
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Apresentação 

Codex Diplomaticus era o título em latim que muitas chancelarias de antiga tradição usavam para designar a sua coleção, ou códice, de atos internacionais: tratados solenes, acordos de cooperação, convenções setoriais ou simples memorandos de entendimentos, assinados com potências estrangeiras e, de modo geral, mais entre soberanos que trocavam embaixadas ad hoc, do que entre dois Estados nacionais. Esses grossos volumes, que na Idade Média tardia eram feitos em pergaminho, e muitos deles encadernados com madeira e couro, passaram também a conter, na era do papel, atos multilaterais assinados ao cabo de alguma conferência diplomática reunindo diversas dessas potências, geralmente na sequência de grandes conflitos militares, como foi o caso dos tratados de Westfália (1648). Foi a partir desse doloroso despertar da era moderna que se deu início ao costume de repertoriar os documentos que faziam parte dos tratados de aliança e de convivência entre Estados nacionais, quando o latim ainda era a língua por excelência das relações internacionais e consolidava, como tal, o registro dos atos mais importantes da política externa dos seus soberanos.
O Brasil, obviamente, não é parte original dessa tradição: não esteve na conferência que restabeleceu a paz europeia, depois da guerra de Trinta Anos, nem jamais usou o latim como sua língua diplomática. Na primeira grande conferência em que esteve representado – mas indiretamente, como Reino Unido, em Viena –, a língua usada já era o francês, que continuou muito em voga na diplomacia brasileira até depois do final da Segunda Guerra Mundial. Mas, à diferença do suporte dialetal e diplomático que presidiu ao final do último grande conflito militar da era napoleônica, a Primeira Guerra Mundial, e ao tratado de Versalhes, o inglês suplantou rapidamente o francês como a língua de trabalho e de referência das conferências multilaterais e dos grandes atos internacionais, provavelmente desde a primeira “declaração das nações unidas,” de 1942, ainda com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha unicamente. Nem se mencione o latim, que o próprio Vaticano pensa abandonar como língua oficial de seus documentos mais importantes; parece que nem nos seminários se estuda latim convenientemente.
  Pode parecer estranho, assim, alguém pretender apresentar um simulacro de Codex Diplomaticus Brasiliensis, que sequer é assemelhado a um repertório dos atos internacionais do país, que devem estar devidamente registrados na sua chancelaria diplomática. Não seja por isso: eu estava tentando achar um nome para esta minha segunda coleção especializada de resenhas de livros ligados às relações internacionais e à política externa do Brasil e como o nome me era simpático, e estava disponível, resolvi me apropriar dele, sem pedir licença a ninguém. Sem falsas analogias, portanto, segue aqui um dos derivativos do meu primeiro “códice” de leituras diplomáticas, que veio a lume com o título mais ou menos nobiliárquico de Prata da Casa. A despeito de ser enorme, esse livro ainda está disponível aos curiosos na plataforma Academia.edu, mas ele vem sendo esquartejado aos poucos em volumes mais modestos.
Separei, em primeiro lugar, a verdadeira “prata da casa”, que eram as centenas de mini-resenhas de livros de diplomatas que publiquei nos últimos dez anos no boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros, a ADB; ele já se encontra disponível na mesma plataforma (e vem sendo regularmente acessado, como posso constatar). Faço agora o mesmo com as resenhas mais longas dos livros escritos e publicados por colegas de carreira. Mas também pretendo fazer o mesmo com os de não diplomatas.
Comparecem, portanto, aqui mais de 40 autores identificados nominalmente, com a particularidade de que existem livros com mais de dois autores, mas também obras coletivas, com muitos autores, alguns deles diplomatas, São quase seis dezenas de livros, embora alguns títulos se repitam devido ao fato de terem sido objeto de novas edições, como é o caso de alguns do próprio autor desta coleção. Se ela é o equivalente de um Codex, ou códice, eu não sei, mas ela certamente comporta os mais importantes, ainda que não todos, os títulos produzidos dentro da carreira nas duas últimas décadas. Como se pode constatar, os diplomatas também escrevem e publicam, o que é um sinal de que a Casa não está fechada sobre si mesma, como muitos querem fazer acreditar.
Que os diplomatas escrevam, isso é um truísmo pleonástico, se me permitem a redundância. Entre telegramas e outros atos de ofício, os diplomatas passam a vida na palavra escrita, o que é complementado pela oralidade das conferências multilaterais e das muitas reuniões bilaterais ou regionais, sem mencionar os encontros informais, que constituem, provavelmente, o essencial da carreira: prepara-se tudo de antemão, se possível com entendimentos preliminares em torno de algum acordo geral ou setorial, e depois se passa à finalização, sob a forma de algum acordo ou tratado internacional. Tudo isso fazia – deve ainda fazer – objeto de notas detalhadas que vão parar nos arquivos da nossa diplomacia, embora eu mantenha fundadas suspeitas de que alguns episódios recentes não tenham recebido o mesmo tratamento meticuloso.
Mas eu não quero me referir aqui aos expedientes oficiais, geralmente redigidos num diplomatês insosso que nunca me agradou particularmente. Aliás, os poucos diplomatas que se distinguiram na vida pública do país, o fizeram como artistas ou intelectuais, não especificamente como diplomatas, e os que o fizeram possuíam uma escrita elegante e refinada, não necessariamente conforme aos cânones da diplomacia. Desafio qualquer um de meus colegas a me apontar um burocrata que tenha entrado para a história – do país ou mesmo de sua diplomacia – apenas porfiando o diplomatês que somos obrigados a usar na chancelaria: talvez o Visconde de Cabo Frio, mas ele não seria um candidato à Academia Brasileira de Letras, não é mesmo? Quem o fez, por exemplo, foram Oliveira Lima e o Barão do Rio Branco, nessa sequência, e não precisamente por seus escritos “diplomáticos”, e sim pela pesquisa histórica ou os artigos de atualidade internacional que produziram no contexto da atuação política do Brasil no cenário internacional. Todos os demais contemplados ao longo de mais de um século se distinguiram nas letras e no labor das diversas áreas das humanidades.
Mas, ainda que muitos não acreditem, diplomatas também escrevem coisas diferentes dos telegramas e ofícios de chancelaria, e isso merece registro e comentários. Pois foi exatamente essa virtude que me motivou a sempre buscar resenhar as obras de colegas contemporâneos – e alguns de tempos outros também – não apenas como mero registro burocrático, o que seria o dever e a obrigação de algum encarregado de códices de sua chancelaria, mas por simples empatia com essas obras, que me foram dadas conhecer através de uma leitura atenta, mas não por isso menos crítica. Não sou adepto do elogio hipócrita, nem dos adjetivos grandiloquentes: o que tenho a dizer, eu escrevo, tout simplement. Talvez seja por isso que algumas das minhas mini-resenhas ficaram naquele espaço que a própria Igreja extinguiu, e que antigamente se chamava limbo.
Estão aqui organizados, portanto, segundo uma estruturação temática mais conforme o caráter geral de cada obra, todos os livros que integravam a segunda parte do Prata da Casa, ou seja, as resenhas mais longas de livros de diplomatas. Ficaram ainda de fora todas as demais obras que também pertencem ao mesmo universo, ou seja, às relações internacionais, em geral, e à política externa do Brasil, em particular, mas que foram escritas por “paisanos”, ou autores não diplomatas, alguns até estrangeiros. A esses dedicarei um terceiro volume, provavelmente agregando à coleção alguns livros de caráter geral, mas que interessam à cultura diplomática em seu sentido amplo.
Como parece inevitável numa Casa que tem o seu “santo protetor”, o Barão comparece aqui diversas vezes e, como não poderia deixar de ser, na primeira parte da coletânea, voltada para o cenário histórico da diplomacia brasileira. Talvez seja uma deformação acadêmica desde resenhista, que sequer é historiador de formação, mas o fato é que quase a metade das obras resenhadas foram inseridas nessa categoria, embora muitas delas também o pudessem ser na de multilateralismo ou na de regionalismo. A decisão por dividir as resenhas nessas cinco grandes seções, me deixa na incômoda posição de exibir apenas duas humildes resenhas para obras puramente literárias, embora muitas outras tenham sido objeto de mini-resenhas no volume Polindo a Prata da Casa. Numa outra encarnação, quem sabe?, eu possa voltar como um grande leitor de novelas, romances e poesia, mas, nesta aqui, a deformação já parece incontornável: sou um incurável viciado em literatura especializada nas humanidades e nas ciências sociais aplicadas (e com incompetência manifesta em várias delas).
Como já disse em outra ocasião, artigos de resenhas, ou review-articles, ao estilo da New York Review of Books – e a maior parte dos textos aqui inseridos se enquadra nessa categoria –, têm mais a virtude de destacar mais as preferências e as inclinações intelectuais do próprio resenhista do que, talvez, o espírito da obra e as motivações de seus autores, mas não vejo nisso um problema maior na confecção e publicação destes textos de “bibliomania”. Afinal de contas, todos têm o direito de exibir, a qualquer título, suas afinidades eletivas e seus gostos pessoais em matéria de artes, culinária e intelecto. As minhas estão claramente expressas nas revisões críticas que elaborei a respeito das obras que busquei ler de forma atenta e anotada.
Desde já esclareço que estas resenhas não são, nem de longe, as de todas as obras de diplomatas que me chegaram às mãos e que integram a minha biblioteca. Como poderão constatar, poucas das obras que aqui comparecem foram publicadas pelo próprio Itamaraty, e as que o foram não fazem parte daquilo que se poderia chamar de “corveia diplomática”, ou seja, os trabalhos de final de curso, na etapa inicial do Rio Branco, ou naquela intermediária do Curso de Altos Estudos. Talvez apenas três ou quatro, dentre as quase 60 obras lidas e resenhadas, pertencem a essa categoria dos trabalhos “oficialmente encomendados”, mas as dessa vertente que eu escolhi resenhar se situavam, de certa forma, num outro terreno que não o do “longo memorando” interno à carreira, que geralmente são aqueles trabalhos que ficam marcados pela adesão à, e pelo conformismo com a doutrina do momento. Não que eu tenha qualquer hostilidade contra obras “de carreira” – tanto porque quase todas elas foram objeto de leitura e de uma mini-resenha de minha parte – mas é que elas não expressam, por assim dizer, aquela característica que é inerente ao artista ou ao  verdadeiro intelectual, que é a liberdade de pensamento.
Creio já ter dito que o Itamaraty é uma espécie de Vaticano da diplomacia, que tem a sua própria, por sinal uma das melhores do mundo; é que ele também cultiva esses valores essenciais ao seu funcionamento, que são a hierarquia, a disciplina e a adesão ao dogma do momento. Tudo isso combina mal com essa qualidade que eu tanto prezo, que é a capacidade de dizer o que se pensa, no mais puro exercício dessa faculdade humana que é o livre arbítrio, sem mestre, sem patrão, sem verdades reveladas. Nunca fui adepto do conformismo ambiente, e por isso mesmo preciso terminar e publicar o meu Dicionário dos Disparates Diplomáticos que pretende, à la Bouvard e Pécuchet, compilar as mais belas pérolas destes tempos não convencionais.
Enquanto ele não vem, permito-me oferecer aos curiosos, aos necessitados, aos que praticam o hábito saudável da leitura – sem contra indicações, a não ser a de despertar o ceticismo sadio em quem aprecia um mundo de certezas – esta coletânea de leituras já feitas, em torno de um pequeno universo que é tão diverso quanto o próprio, com a vantagem de não necessitar buscar em bibliotecas ou em sebos aquele livro de que se tinha ouvido falar mas não estava ao alcance da mão, ou da tela de e-reader ou de computador. Se eu reunisse todas as resenhas feitas ao longo de uma vida dedicada aos livros, construída por eles e na companhia desses singelos objetos de prazer intelectual, elas provavelmente ocupariam vários volumes, centenas de páginas e teriam aquele aspecto de gabinete de curiosidades que também caracteriza a busca incessante dos dois personagens de Flaubert.
Livros, pelo menos os impressos, apresentam esse incômodo de natureza material de ocuparem muito espaço e de demandarem certa organização, sob o risco de não encontrar algum específico, depois de certo tempo (o que já me levou, algumas vezes, a comprar duas vezes a mesma obra, ou ir buscar em bibliotecas o que eu já não mais encontrava no patrimônio privado), e de acabar descobrindo para sua surpresa que a biblioteca particular já se converteu num labirinto à la Borges, relido por Eco, ou num cemitério dos livros esquecidos, à la Carlos Ruiz Zafón. Depois das resenhas dos que estão aqui presentes, ainda penso reproduzir num volume adicional aqueles que integravam a Terceira Parte do Prata da Casa, com uma nova organização e, provavelmente, mais algumas adições.
Os leitores deste volume não precisam ser necessariamente os pesquisadores de temas da diplomacia brasileira ou jovens candidatos à carreira. Qualquer um que encontre prazer na leitura terá, nas páginas que se seguem, a curiosidade de consultar, ou até de comprar os próprios, pelo menos assim espero. Quanto aos diplomatas autores que ficaram “esquecidos” na minha seleção de leituras, apresento minhas humildes desculpas pela discriminação involuntária, que foi unicamente motivada por falta de oportunidade, ou, mais frequentemente, de tempo. Como também já disse em outras ocasiões, vou necessitar de mais ou menos 150 anos adicionais para conseguir ler os livros que me esperam em minha biblioteca, nas que frequento habitualmente, em todas as livrarias que percorro, e agora nas ofertas digitais que pululam todos os dias na minha tela ou se oferecem nos book-reviews que leio regularmente.
Na verdade, meu projeto secreto é o de ler e resenhar tudo o que de mais importante, na minha área, se publicou 150 anos para trás, aproximadamente, o que oferece, como se pode ver, um bom pedaço de história da cultura contemporânea, mas que seja intelectualmente relevante. Entre essas leituras, certamente aparecerão vários livros de colegas diplomatas, do Brasil atual e do passado, o que justificaria, talvez, o início de um outro projeto, um de “Leituras Diplomáticas”, se a nossa Casa fosse racional em suas loucuras. Mas isso é conversa para uma outra oportunidade. Por enquanto, fiquem com a meia centena de livros que se oferecem a todos os que aqui adentrarem.

Paulo Roberto de Almeida
(o mesmo bibliomaníaco incurável, sempre...)
Hartford, 2 de novembro de 2014

https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_ 

Codex Diplomaticus Brasiliensis (2): Indice completo - Paulo Roberto de Almeida

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros 
Hartford, Edição de Autor, 2 novembro 2014, 326 p. 

Livro digital, em edição de autor, composto de resenhas de livros de diplomatas, já publicadas no Prata da Casa
Disponível na plataforma Academia.edu:
Link:  https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_
 
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Índice Geral 

Primeira Parte, 21
A diplomacia brasileira na História
José Vicente Pimentel (org.): Pensamento Diplomático Brasileiro, 1750-1964
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil
Paulo Roberto de Almeida: O estudo das relações internacionais do Brasil (2a. edição)
José Manoel Cardoso de Oliveira: Atos Diplomáticos do Brasil, 1492-1912
Paulo Roberto de Almeida, Katia de Queiroz Mattoso: Une Histoire du Brésil
Luís Valente de Oliveira e Rubens Ricupero (orgs.): A Abertura dos Portos
Evaldo Cabral de Mello: A outra Independência
Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil
Paulo Roberto de Almeida: Formação da diplomacia econômica no Brasil (2a. edição)
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos, O Império e as repúblicas do Pacífico
Manoel de Oliveira Lima: Nos Estados Unidos, Impressões políticas e sociais
Álvaro da Costa Franco (org.): Visconde do Rio Branco: A política exterior no Parlamento
Secretaria dos Estrangeiros: O Conselho de Estado e a política externa do Império, 1858-62
J. A. Pimenta Bueno: Consultores do Ministério dos Negócios Estrangeiros, 1859-1864
Suely Braga da Silva: Paulo Nogueira Batista: o diplomata através de seu arquivo
Carlos Henrique Cardim: A Raiz das Coisas: Rui Barbosa, o Brasil no Mundo
Marcelo Raffaelli: As relações entre Brasil e Estados Unidos durante o Império
R. Ricupero; João H. Pereira de Araújo (org.): Rio Branco: Biografia Fotográfica,1845-1995
Manoel Gomes Pereira (ed.): Obras do Barão do Rio Branco
Manoel Gomes Pereira (org.). Barão do Rio Branco: 100 Anos de Memória
Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos (curador): Rio Branco: 100 anos de memória
Ângela Porto (organizadora): Barão do Rio Branco e a caricatura
Fernando de Mello Barreto Filho: Sucessores do Barão: relações exteriores, 1912-1964
Fernando de Mello Barreto: Sucessores do Barão, 2: relações exteriores, 1964-1985
Eugênio Vargas Garcia: Entre América e Europa: a política externa na década de 1920
Valdemar Carneiro Leão: A Crise da Imigração Japonesa no Brasil (1930 - 1934)
Carlos Alberto Leite Barbosa: Desafio Inacabado: a política externa de Jânio Quadros
Paulo Almeida, Rubens Barbosa e Francisco Rogido (orgs.): Guia dos Arquivos Americanos 

Segunda Parte, 141
O Brasil e o multilateralismo
Luiz Felipe de Seixas Corrêa: A Palavra do Brasil nas Nações Unidas: 1946-1995
Paulo Roberto de Almeida: O Brasil e o multilateralismo econômico
Demétrio Magnoli e Carlos Serapião: Comércio exterior e negociações internacionais
Paulo R. de Almeida: Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais
Paulo Roberto de Almeida: Relações Internacionais e Política Externa do Brasil
Paulo R. de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil (2a. edição)
Paulo R. de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil (3a. edição)
  
Terceira Parte, 179
Política externa regional e integração
Rubens Antonio Barbosa: América Latina em Perspectiva: a integração regional
Paulo Roberto de Almeida: O Mercosul no contexto regional e internacional
Sérgio Abreu e Lima Florêncio e Ernesto Henrique Fraga Araújo: Mercosul Hoje
Paulo Roberto de Almeida: Mercosul: Fundamentos e Perspectivas
Paulo R. de Almeida e Yves Chaloult (orgs.): Mercosul, Nafta, Alca: a dimensão social
Paulo Roberto de Almeida: Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud
Renato L. R. Marques: Mercosul 1989-1999: depoimentos de um negociador
Leonardo Carneiro Enge: A Convergência Macroeconômica Brasil-Argentina
Otávio Augusto Drummond Cançado Trindade: O Mercosul no Direito Brasileiro
Rubens Antônio Barbosa (org.). Mercosul quinze anos
Paulo R. de Almeida; Rubens Antonio Barbosa (eds.): Relações Brasil-Estados Unidos
Paulo Roberto de Almeida: Integração Regional: uma introdução 

Quarta Parte, 243
Pensamento Político e Econômico
Sérgio Bath: Maquiavelismo: A prática política segundo Nicolau - Maquiavel
Paulo Roberto de Almeida: Velhos e novos manifestos: o socialismo na era da globalização
Rubens A. Barbosa, Marshall C. Eakin, Paulo R. Almeida (orgs.): O Brasil dos brasilianistas
Paulo R. de Almeida: A Grande Mudança: consequências econômicas da transição política
Marshall C. Eakin, Paulo R. Almeida (eds.): Guide to Brazilian Studies in the United States
Brazílio Itiberê da Cunha, Expansão Econômica Mundial
Paulo Roberto de Almeida: O Moderno Príncipe (Maquiavel revisitado)
Paulo Roberto de Almeida: Globalizando, ensaios sobre a globalização e a antiglobalização
Rubens Antonio Barbosa: revista Interesse Nacional




Quinta Parte, 293

Literatura 
Geraldo Holanda Cavalcanti: Encontro em Ouro Preto: contos fantásticos
Edgard Telles Ribeiro: O Punho e a Renda  

Apêndices, 303
Complemento de informação sobre outros trabalhos do autor
(A) Ensaios sobre relações internacionais e sobre política externa do Brasil, 303
(B) Livros publicados pelo autor, 321
(C) Nota sobre o autor, 325

https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (1) - Paulo Roberto de Almeida

Codex? Sim, um códice, mas não de atos internacionais do Brasil.
Diplomaticus? Ok, foram escritos por diplomatas, daí a expressão.
Brasiliensis? Não de Brasília, mas de brasileiros, no sentido que dava Hipólito da Costa.
O subtítulo se explica não é? Só falta dizer que se trata de resenhas, e este é a sequência do meu ebook anterior, Polindo a Prata da Casa, que compilava toda a Primeira Parte  do Prata da Casa, recolhendo todas as mini-resenhas de livros de diplomatas publicadas na seção pertinente do Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros-ADB.
Agora, o Codex Diplomaticus Brasiliensis recolhe toda a Segunda Parte do mesmo Prata da Casa, que são as resenhas mais longas, ou resenhas-artigos, dos livros publicados dos diplomatas.
Aqui vai a apresentação, e o conteúdo.
Paulo Roberto de Almeida

Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros
Hartford, Edição do Autor, 2 de novembro de 2014, 326 p.

 
“Todos os homens, pela sua própria natureza, aspiram a conhecer.”
Aristóteles

“Eu sou um cidadão do mundo.”
Diógenes
“As leis morais devem valer para todos os seres racionais.”
Emanuel Kant

Sumário

Apresentação
pág. 11
  
Índice Geral
pág. 17
  
Primeira Parte, 21
A diplomacia brasileira na História
  
Segunda Parte, 141
O Brasil e o multilateralismo

Terceira Parte, 179
Política externa regional e integração
  
Quarta Parte, 243
Pensamento Político e Econômico
  
Quinta Parte, 293
Literatura

Apêndices, 303
Complemento de informação sobre outros trabalhos do autor
(A) Ensaios sobre relações internacionais e sobre política externa do Brasil
(B) Livros publicados pelo autor
(C) Nota sobre o autor

 Livro disponível na plataforma do Academia.edu:
https://www.academia.edu/9084111/24_Codex_Diplomaticus_Brasiliensis_livros_de_diplomatas_brasileiros_2014_ 

Seguem, em dois posts na sequência, o índice completo e, em seguida, a apresentação do livro.