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domingo, 19 de janeiro de 2020

Afinal, os nazistas eram capitalistas, socialistas ou “terceira via”? - Chris Calton (Mises)

Afinal, os nazistas eram capitalistas, socialistas ou “terceira via”?
Chris Calton
é estudante da Mises University e historiador econômico. 
Ludwig von Mises, à época, já havia explicado tudo


A controvérsia parece nunca ter fim: afinal, qual era a ideologia econômica dos nazistas?
Recentemente, deparei-me com uma postagem no Twitter até bem espirituosa. A pessoa, de esquerda, afirmou o seguinte, parafraseando: "Pessoas que dizem 'Os nazistas eram socialistas; o próprio nome do partido assume isso!' devem se sentir atordoadas ao lerem 'buffalo wings'[1]."
Hoje, parece ter virado senso comum dizer que os nazistas eram capitalistas, e não socialistas, apesar do capcioso nome do seu partido: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiters Partei ou Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Traga o assunto à baila e a reação sempre será a mesma: os intelectuais arregalarão os olhos e dirão que qualquer pessoa com formação universitária tem a obrigação de saber que os nazistas eram capitalistas; se não no nome, ao menos em princípio.
Obviamente, tal alegação não faz nenhum sentido, pois não sobrevive ao mais básico teste de lógica, como será mostrado mais abaixo. No entanto, o primeiro mistério a ser desvendado é: de onde surgiu este mito de que os nazistas eram capitalistas?
Ludwig von Mises, com efeito, já havia respondido a esta pergunta em 1951 em seu ensaio "Planned Chaos".
Durante o século XIX, quando o socialismo estava começando a ficar em voga na Europa, não havia nenhuma distinção entre "socialismo" e "comunismo". Sim, havia formas distintas de socialismo, mas estas não eram diferenciadas pelos termos "socialismo" e "comunismo". Cada intelectual possuía a sua preferência, mas os termos "socialismo" e "comunismo" eram utilizados de maneira intercambiável.
Sobre isso, Mises escreveu: "Em 1875, em seu Crítica ao Programa de Gotha, do Partido Social-Democrata Alemão, Marx fez uma distinção entre a fase precoce e a fase posterior da sociedade comunista. Mas ele não reservou o nome "comunismo" à fase posterior, e não rotulou de "socialismo" a fase precoce, para diferenciá-la do comunismo".
Segundo Marx e sua teoria sobre a história, o socialismo era inevitável. De acordo com sua análise determinista, todos os países do mundo estavam destinados a seguir o mesmo caminho: do feudalismo para o capitalismo, e do capitalismo para o socialismo, quando a história acabaria. Para Marx, essa progressão era inevitável.
Na Alemanha, os primeiros propagadores do "socialismo de estado" surgiram um pouco antes de Marx. Johann Karl Rodbertus, assim como Marx, rejeitava várias das teorias socialistas então em voga, dizendo que eram insustentáveis. Rodbertus foi o primeiro pensador socialista a defender o controle tanto da produção quanto da distribuição. Segundo ele, para alcançar isso, os socialistas teriam de usar o estado. Já o maior propagador dessas idéias foi Ferdinand Lassalle, cujo proselitismo levou a um rápido crescimento da popularidade daquilo que Mises viria a rotular de "socialismo de padrão alemão".
O socialismo alemão, como Mises o definiu, diferia do "socialismo de padrão russo". O socialismo de padrão alemão, disse Mises, "mantinha, ao menos aparentemente, a propriedade privada dos meios de produção e permitia, ao menos nominalmente, o empreendedorismo e as transações de mercado".
No entanto, tal arranjo era apenas superficial. Por meio de um abrangente e complexo sistema de regulações e intervenções econômicas, a função empreendedorial dos proprietários dos meios de produção era totalmente controlada pelo estado. Industriais e comerciantes, por exemplo, não mais tinham a função empreendedorial de tentar antecipar quais seriam as demandas futuras dos consumidores para então fazer as devidas alocações de recursos visando à satisfação desta demanda e, consequentemente, ao lucro. Assim como na União Soviética, essa função de especulação empreendedorial e alocação de recursos era feita exclusivamente pelo estado.
Consequentemente, dado que era o estado quem estava no controle efetivo da alocação de recursos, o cálculo econômico de preços e custos se tornava impossível.
"Na Alemanha nazista", disse Mises,
Os proprietários dos meios de produção eram chamados de dirigentes comerciais, ou 'Betriebsführer'. O governo dizia a estes supostos empreendedores o que produzir, como produzir, em quais quantidades e a que preços. O governo também determinava de quem eles deveriam comprar, a quais preços e a quem poderiam vender. O governo decretava os salários que deveriam ser pagos para cada trabalhador. E determinava também para quem e sob quais condições o capitalista deveria investir seus fundos.
As transações de mercado não eram genuínas; eram apenas um fingimento, uma simulação.
E, dado que todos os preços, salários e taxas de juros eram estipulados pelas autoridades, eram preços, salários e juros apenas na aparência. Com efeito, eram termos meramente quantitativos em meio a um ordenamento autoritário que determinava a renda, o consumo e o padrão de vida de cada indivíduo. Era a autoridade, e não os consumidores, quem comandava a produção.
O comitê central de gerenciamento da produção era supremo. Todos os cidadãos se transformaram em meros funcionários públicos. Isso nada mais é do que um arranjo socialista camuflado sob uma aparência externa de capitalismo. Alguns termos que remetiam a uma economia capitalista foram mantidos, mas seu significado era totalmente diferente daquele de uma genuína economia de mercado.
Em suma: os nazistas praticaram controle de preços, controle de salários e arregimentaram toda a produção. A propriedade dos meios de produção continuou em mãos privadas, mas era o governo quem decidia o que deveria ser produzido, em qual quantidade, por quais métodos, e a quem tais produtos seriam distribuídos, bem como quais preços seriam cobrados, quais salários seriam pagos, e quais dividendos ou outras rendas seria permitido ao proprietário privado nominal receber.
Desnecessário ressaltar que determinar preços e salários, e estipular o que deve ser produzido, como e para quem, representam um claro ataque à propriedade privada, pois retiram dos produtores as opções que eles teriam no livre mercado para aplicar seus recursos. Trata-se de uma intervenção estatal que, na prática, proíbe os proprietários de investirem seus recursos onde e como bem quiserem.
A propaganda soviética
Mas os próprios soviéticos também tiveram um papel crucial em criar o mito de que os nazistas eram capitalistas. Os nazistas nunca tentaram esconder suas propensões socialistas (afinal, não obstante os twitteiros sarcásticos, o socialismo estava no nome deles); eles simplesmente estavam implantando o socialismo seguindo uma estratégia diferente daquela dos socialistas marxistas.
Os soviéticos rotularam os nazistas de capitalistas simplesmente porque eles já haviam começado a redefinir os termos "socialismo" e "comunismo". Os membros de seu partido, os bolcheviques, agora eram diferentes dos outros grupos socialistas rivais. Os termos "comunismo" e "socialismo" ainda eram usados de maneira intercambiável, e a própria União Soviética era apenas uma abreviação de "União das Repúblicas Socialistas Soviéticas". Só que, ao rotularem seu grupo de "Partido Comunista", o título "Comunista" — que agora significava um membro do partido de Lênin — se tornou uma maneira de dizer que aquilo era "o socialismo verdadeiro", por assim dizer.
"Foi somente em 1928", explicou Mises, "que o programa da Internacional Comunista ... começou a diferenciar o comunismo do socialismo (e não somente comunistas de socialistas)." Essa nova doutrina afirmava que, no arcabouço marxista, havia outro estágio de desenvolvimento entre capitalismo e comunismo. Esse estágio, obviamente, era o socialismo, e era neste estágio que se encontrava a União Soviética.
Em sua teoria original, Marx fez uma distinção entre o comunismo em sua fase inicial e o comunismo em sua fase final: a verdadeira igualdade só seria alcançada no estágio final do comunismo, após o estado ter sido bem-sucedido em seguir todas as políticas recomendadas por Marx e os seres humanos já terem evoluído para alem de sua "consciência de classe". Na nova doutrina, "socialismo" simplesmente se referia ao estágio inicial do comunismo marxista, ao passo que o verdadeiro comunismo — a fase final do comunismo marxista — só seria alcançada quando todo o mundo fosse comunista.
Assim, a União Soviética era meramente socialista, mas os membros do partido eram comunistas, pois representavam os poucos iluminados que já estavam trabalhando em prol do objetivo supremo do comunismo.
Por outro lado, os nazistas ainda alegavam ser socialistas e, com efeito, agiam de maneira muito semelhante à teoria socialista, com suas abrangentes e autoritárias intervenções econômicas. Só que, como ainda havia desigualdade econômica entre os cidadãos da Alemanha nazista (assim como havia na União Soviética, mas isso não interessava à narrativa), e como os nazistas mantiveram alguns dos termos técnicos de uma sociedade capitalista — especificamente, ainda havia a existência superficial de propriedade privada, ainda que em termos meramente nominais —, isso já bastava para serem vistos como o exato oposto de seus congêneres comunistas.
E então, quando os nazistas invadiram a União Soviética, Josef Stálin e seus lacaios recorreram à nova narrativa comunista para redefinir o socialismo nazista — o qual, embora não fosse marxista, se baseava nas teorias dos socialistas alemães originais que influenciaram diretamente as idéias de Marx — como "capitalista".
De acordo com essa nova narrativa, os nazistas estavam na etapa suprema do capitalismo, a qual seria a pior de todas.
Em uma época em que vários membros da intelligentsia européia estavam encantados com a União Soviética, essa narrativa de que os nazistas eram capitalistas passou a ser uma falácia extremamente conveniente. Mas trata-se de uma ideia sem o mais mínimo fundamento em princípios econômicos. É apenas uma deturpação soviética com base no arcabouço marxista. Os nazistas, que apregoavam orgulhosamente seu socialismo e que implantaram políticas socialistas com grande consistência, passaram a ser chamados de capitalistas pelo simples motivo de que eles não se encaixavam pristinamente na visão de mundo soviético-marxista.
Esta narrativa segue viva até hoje.

[1] Buffalo wings, ou asas de Búfalo, nada mais são do que asas de frango apimentadas. O nome se deve ao fato de tal prato ter sido inventado na cidade americana de Buffalo, Nova York.
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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

E por falar em diplomacia ideológica, eis aqui um exemplo: a luta contra o terrível comunismo

Numa fase em que nem o PCdoB deseja realmente implantar o comunismo no Brasil – eles só querem extorquir os capitalistas, para seu maior conforto material –, ainda tem gente que pensa em buscar chifre em cabeça de cavalo.
Eis aqui um perfeito exemplo.
Paulo Roberto de Almeida

Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores.
Em artigo exclusivo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, traça um panorama da ameaça comunista nos países latinos

O intelectual e ativista marxista boliviano Álvaro García Linera, logo após ser eleito vice-Presidente da Bolívia na chapa de Evo Morales, em 2005, declarou: “O horizonte geral da nossa era é o comunismo.”
Não há dúvida de que a América Latina viveu dentro de um horizonte comunista desde 2005, ou possivelmente desde um pouco antes, desde a vitória de Lula em 2002, ou desde a vitória de Chávez em 1999. Na verdade, esse horizonte começou a raiar com a criação do Foro de São Paulo, em 1991.
Veja-se bem a expressão: dentro de um horizonte comunista. Não em um sistema explicitamente comunista. Muitas pessoas ridicularizam a discussão sobre a presença do comunismo na América Latina atual dizendo que os partidos autoproclamados comunistas são fracos ou inexistentes e que em nenhuma parte – exceto um pouco na Venezuela – cogita-se de instaurar um sistema com propriedade coletiva dos meios de produção ou ditadura do proletariado.
Em primeiro lugar, há que observar o seguinte: o comunismo não é a propriedade coletiva dos meios de produção. O comunismo não é a ditadura do proletariado. Propriedade coletiva e ditadura do proletariado – o socialismo – são instrumentos para chegar ao comunismo, que é o estágio último da sociedade humana concebido por Marx, o zero absoluto do ser humano, onde o controle sobre o homem é tão completo que já prescinde do Estado (portanto prescinde da ditadura do proletariado). Um controle sem sujeito, apenas objetos imbecilizados, onde já não há propriedade coletiva nem individual porque já não há diferença entre indivíduo e coletividade, um sistema que se autoperpetua infinitamente, um buraco negro da humanidade, de cujo horizonte já nenhuma luz escapa. O comunismo não é a abolição do capitalismo, o comunismo é (para tomar emprestado um título de C.S.Lewis) a abolição do homem.
O socialismo, dentro da loucura marxista, é apenas um instrumento para chegar ao comunismo, mas isso não significa que não haja outros. Desde 1989-1991, quando desabou o “socialismo real”, o marxismo vem trabalhando para desenhar novos instrumentos de construção do comunismo. O principal desses instrumentos é o globalismo (termo que utilizo numa acepção algo distinta daquela mais corrente que o define como a criação de uma governança mundial; para mim, diferentemente, o globalismo é a captura da economia globalizada pelo aparato ideológico marxista através do politicamente correto, da ideologia de gênero, da obsessão climática, do antinacionalismo). 
Assim, tudo o que os marxistas desde 1989 fazem e pensam é manter aberto o horizonte comunista. Sabem que já não podem pregar abertamente o comunismo porque o mainstream (ainda) o rejeita, mas podem ir-se aproximando, avançando aqui e ali, ganhando terreno e ocupando espaços. Horizonte por definição é um lugar aonde nunca se chega, mas que necessariamente orienta e referencia nossa localização espacial. O objetivo ficou talvez mais distante do que era no tempo da União Soviética, mas continua presente. Talvez tenha ficado mais próximo É isso o que querem dizer com o “horizonte comunista”. 
Essa expressão, aliás, serve de título a um livro da marxista Jodi Dean, publicado em 2012, The Communist Horizon um de tantos trabalhos surgidos desde o final dos anos 90 discutindo justamente as formas de preservar a “utopia” comunista e reinseri-la na realidade política e social concreta de um mundo aparentemente avesso ao comunismo. Na mesma linha vão os três volumes intitulados The Idea of Communism, coleção de ensaios de dezenas de autores marxistas, coordenados pelos dois principais pensadores dessa horripilante corrente na atualidade, Alain Badiou e Slavoj Zizek. O “horizonte comunista”, a “ideia do comunismo” são a mesma coisa: mil maneiras de manter viva a ideologia comunista, tantas vezes derrotada pela realidade. Dizia Mao Tse Tung: “De derrota em derrota, até a vitória final.” Esse é o programa. Aproveitar as aparentes derrotas para fortalecer-se e seguir avançando. Pode-se argumentar que neste Século XXI o projeto comunista está mais forte do que nos anos 80, justamente porque ninguém o vê e pode operar à sombra da sociedade de consumo. Em lugar de combater o capitalismo em nome de uma alternativa socialista claramente fracassada, infiltrar-se de maneira sutil dentro do capitalismo. 
Vão já, portanto, quase trinta anos – mas os últimos 20 são especialmente significativos – em que o marxismo está cavando túneis por baixo da superfície aparentemente segura e tranquila da sociedade liberal. Os marxistas nunca se renderam a essa sociedade. Reúnem-se, pensam, programam, aplicam diferentes estratégias que vão solapando o mundo liberal-democrático, de diferentes modos, com diversas geometrias, explorando de forma inteligente e perversa as fragilidades do sistema liberal.
A principal fragilidade do sistema liberal é a seguinte: o sistema liberal não pensa. Não trabalha no mundo das ideias. Criou uma repulsa por tudo aquilo que chama de “ideológico”. Curiosamente, o sistema liberal em geral – e no Brasil os isentões em particular – aplicam a pecha de “ideológico” àqueles que procuram estudar o marxismo contemporâneo e entender seu “horizonte comunista”. Ou seja, os ideólogos que se esforçam dia e noite por criar os novos instrumentos do comunismo (e que publicam suas ideias em livros amplamente disponíveis) são ignorados e deixados trabalhar em paz, sob uma espécie de indiferença benigna por parte do establishment. Já os amantes da liberdade que lêem esses trabalhos marxistas para entender o novo projeto comunista e assim poder combatê-lo são chamados de “ideológicos”. O mundo isentão lida apenas com a figura fictícia de um certo comunismo “derrotado em 1989” e recusa-se terminantemente a reconhecer – muito menos a enfrentar – o projeto comunista real que atua hoje por toda parte.
O isentismo é antes de mais nada uma forma de preguiça intelectual. 
Também é uma forma de acomodação. O isentismo não enfrenta o comunismo. Não chega nem perto. Não quer enfrentar. Não quer reconhecer que ele existe porque, se reconhecer, vai ter de fazer alguma coisa. Assim, o isentismo se inscreve confortavelmente dentro do horizonte comunista e, no dia em que o comunismo chegar e roubar-lhe a liberdade que ele acredita possuir de graça sem precisar lutar por ela, o isentão não vai nem perceber, pois sua cegueira ideológica – ou seja, sua cegueira para a ideologia que penetra na sua mente – já lhe terá consumido todas as faculdades e sentimentos de resistência. 
Isso na melhor das hipóteses. Em outra hipótese, o isentão sabe conscientemente que seu isentismo se insere dentro do horizonte comunista e está muito feliz com isso. Faz parte voluntariamente do projeto. Não se acha comunista, mas compartilha com o projeto comunista todo o essencial: o materialismo e o ódio ao espírito, a sede insaciável de poder e de controle absoluto. A pressa com que hoje, no Brasil, os isentos correm para os braços da extrema esquerda e vice-versa, formando uma estranha “isentoesquerda”, é o sinal abjeto dessas afinidades profundas.
Então, temos em todo o mundo, a partir da virada do século, a progressiva construção de uma sociedade que é liberal apenas na suferfície, na aparência de uma economia capitalista com instituições democráticas e direitos humanos bem bonitinhos, mas que na sua subestrutura não é nada disso. Debaixo do liberalismo, no porão, os engenheiros do “ideal comunista” manejam suas alavancas. No porão grassa a corrupção, o conluio com o crime organizado, a tolerância para com a violência mais brutal, as drogas (seu tráfico e seu uso), o capitalismo distorcido pelo controle estatal, a repressão ao pensamento e à livre expressão, o anticristianismo e o antiespiritualismo, o furioso moralismo materialista, a manipulação da ciência.
E os isentões, onde estão? Estão jogando pedra justamente naqueles líderes que, no Brasil e no resto do mundo, querem descer ao porão para lutar contra todas essas mazelas. O isentão, quando você aperta, ele não quer uma economia livre, ele não quer uma internet livre, não quer um idioma livre capaz de expressar a complexidade e beleza do espírito humano em sua aventura multidimensional. Quer uma economia direcionada pelo conchavo político, quer o controle social da comunicação pelo monopólio da grande mídia, quer uma novilíngua continuamente empobrecida pela ditadura do politicamente correto que substitui a ditadura do proletariado como instrumento preferencial de construção do comunismo. Sim, o isentão está enclausurado no horizonte comunista. 
No Brasil estamos rompendo o horizonte comunista e reenquadrando o liberalismo no horizonte da liberdade. O horizonte comunista está sendo rompido igualmente em outros lugares, certamente nos EUA, também no Reino Unido, na Hungria e na Polônia, penso que está sendo rompido na África, onde os últimos laivos da associação espúria entre comunismo e libertação, que vigorou por décadas desde as lutas anticoloniais, parecem estar-se dissipando. A Igreja Católica, em parte, se havia inscrito também dentro do horizonte comunista, a partir dos anos 60 e 70, mas ali a verdadeira fé parece estar resistindo e repelindo o avanço marxista sobre a sua doutrina bimilenar. 
O horizonte comunista está sendo rompido na própria Bolívia, onde o povo deu um basta a Evo Morales e García Linera, que queriam continuar arrastando os bolivianos para o abismo à custa da fraude eleitoral. 
Porém o horizonte comunista quer voltar a estrangular-nos. Quer regressar na Bolívia (Evo Morales foi acolhido pelo novo governo e está ali, a poucos quilômetros da fronteira, à espreita). Quer voltar no Chile, no Equador e na Colômbia, quer voltar no Brasil. Quer “iluminar” com suas trevas essas grandes nações que são a Venezuela, o México e a Argentina.
Precisamos olhar para além desse horizonte comunista, que não é um horizonte onde há árvores e campos mas sim as paredes de uma cela, esse horizonte que não é onde a terra encontra o céu mas onde a terra encontra o inferno. Tudo o que temos para combater o avanço dessas paredes e a aproximação desse abismo é o apego à liberdade. A liberdade que, insisto, não é uma ideologia, mas o eixo central do ser humano. 
Para começar, precisamos estudar o comunismo a partir do que dizem e fazem os comunistas, em lugar de sair aos gritos de “ideológico, ideológico” condenando quem o estuda e quem o enfrenta.

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo - livro em Kindle de Paulo Roberto de Almeida

Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea (Portuguese Edition) eBook Kindle

Coletânea de ensaios sobre o marxismo, o comunismo, o socialismo, no plano da teoria política e da história contemporânea, sobre temas como: 

1. A parábola do marxismo em perspectiva histórica; 
2. A ideia de revolução burguesa no marxismo brasileiro; 
3. Agonia e queda do socialismo real; 
4. O modo repetitivo de produção do marxismo vulgar no Brasil; 
5. O Fim da História, de Fukuyama: o que ficou?; 
6. Os mitos da utopia marxista; 
7. O fracasso do marxismo teórico e do socialismo prático; 
8. A cultura da esquerda: sete pecados dialéticos; 
9. Sobre a responsabilidade dos intelectuais; 
10. Pode uma pessoa inteligente pretender-se comunista, hoje em dia?

Os dez ensaios aqui coletados foram concebidos e elaborados como respostas a tomadas de posição por parte de acadêmicos da grande tribo marxista e socialista que ainda pontifica impavidamente em auditórios geralmente receptivos de estudantes de humanidades e ciências sociais, quando não em outras vertentes do ambiente universitário.
Vários dos ensaios aqui reunidos, escolhidos entre dezenas de outros que pertencem à mesma família de “escritos de combate”, foram justamente publicados num típico pasquim da esquerda universitária, com o qual colaborei durante uma dezena de anos, sempre a contra corrente das tendências majoritárias (e recebendo críticas e contestações diretas a vários deles). Minha colaboração foi descontinuada sintomaticamente depois que sustentei uma discussão sobre a responsabilidade dos intelectuais nas grandes tragédias do socialismo totalitário, vindo ela finalmente a termo depois que eu questionei a inteligência daqueles que continuavam aderindo à liturgia comunista.
Esta antologia resume e expõe minhas relações de afinidade e distanciamento em relação ao marxismo e ao socialismo, mas ela não tem o objetivo de supostamente me situar no campo de uma “direita conservadora”, que de toda forma não existe no Brasil, nem no plano teórico, nem no terreno da prática. Detesto rótulos redutores e simplificadores, preferido exercer meu direito ao ecletismo doutrinário e ao ceticismo sadio, e por isso mesmo estou sempre pronto a defender argumentos de estrita racionalidade econômica, na busca das melhores soluções aos angustiantes problemas do Brasil, que sempre estiveram no coração de minhas leituras, estudos, reflexões e escritos no último meio século pelo menos. A coletânea aqui realizada é uma pequena amostra dessas preocupações com a educação dos mais jovens, com base em meu conhecimento adquirido nos livros, na atenta observação da realidade, na experiência adquirida ao longo de uma dupla carreira extremamente absorvente, no exercício da diplomacia profissional e nas lides acadêmicas desempenhadas de modo voluntário.

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Detalhes do produto

  • Tamanho do arquivo: 844 KB
  • Número de páginas: 284 páginas
  • Quantidade de dispositivos em que é possível ler este eBook ao mesmo tempo: Ilimitado
  • Editora: Edição de autor; Edição: 1 (20 de dezembro de 2019)
  • Data da publicação: 20 de dezembro de 2019
  • Vendido por: Amazon Digital Services LLC
  • Idioma: Portuguese
  • ASIN: B082YRTKCH
  • Dicas de vocabulário: Não habilitado
  • Empréstimo: Habilitado
  • Leitor de tela: Compatível 
  • Configuração de fonte: Habilitado 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O globalismo, acreditem, é o instrumento da comunização do mundo. Parbleu!

Antes de transcrever a última peça literária do nosso ministro das relações exteriores, vou tentar entender algumas coisas.
Certas coisas é preciso ler, reler, voltar a ler, para tentar saber se estamos entendendo errado, ou é o argumento que peca por total falta de lógica.
Vejamos esta frase, por exemplo: 
"Desde 1989-1991, quando desabou o “socialismo real”, o marxismo vem trabalhando para desenhar novos instrumentos de construção do comunismo. O principal desses instrumentos é o globalismo (termo que utilizo numa acepção algo distinta daquela mais corrente que o define como a criação de uma governança mundial; para mim, diferentemente, o globalismo é a captura da economia globalizada pelo aparato ideológico marxista através do politicamente correto, da ideologia de gênero, da obsessão climática, do antinacionalismo)."

Eu sinceramente gostaria de compreender, não na teoria do ministro, mas na prática da vida corrente, como é que o tal de "aparato ideológico marxista" – acho que ele leu Althusser demais – consegue capturar a "economia globalizada", para construir esse tal de globalismo.
Não existe nenhuma evidência nesse sentido, e por isso cabe dizer: argumento ôco...

Ou vejamos esta outra frase aqui: 
"A principal fragilidade do sistema liberal é a seguinte: o sistema liberal não pensa. Não trabalha no mundo das ideias. Criou uma repulsa por tudo aquilo que chama de “ideológico”. Curiosamente, o sistema liberal em geral – e no Brasil os isentões em particular – aplicam a pecha de “ideológico” àqueles que procuram estudar o marxismo contemporâneo e entender seu “horizonte comunista”."

Aqui eu compreendo, mas não consigo aceitar essa assertiva: talvez eu não me enquadre nessa condição, pois não apenas sou um liberal que pensa, como penso no marxismo, no socialismo, no comunismo, como está evidenciado nesta minha mais recente obra: 

Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas da era contemporânea (Brasília: Edição do Autor, 2019). Disponível livremente, em 10/12/2019, nas plataformas Academia.edu (link: https://www.academia.edu/41255795/Marxismo_e_Socialismo_2019_) e Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/337874789_Marxismo_e_Socialismo_trajetoria_de_duas_parabolas_na_era_contemporanea_2019). 

Pois bem, passemos ao mundo da imaginação imaginativa...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19/12/2019

Ministro das Relações Exteriores – Artigos
 Criado: 18 de Dezembro de 2019 - 12h04
Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores.
Em artigo exclusivo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, traça um panorama da ameaça comunista nos países latinos
O intelectual e ativista marxista boliviano Álvaro García Linera, logo após ser eleito vice-Presidente da Bolívia na chapa de Evo Morales, em 2005, declarou: “O horizonte geral da nossa era é o comunismo.”
Não há dúvida de que a América Latina viveu dentro de um horizonte comunista desde 2005, ou possivelmente desde um pouco antes, desde a vitória de Lula em 2002, ou desde a vitória de Chávez em 1999. Na verdade, esse horizonte começou a raiar com a criação do Foro de São Paulo, em 1991.
Veja-se bem a expressão: dentro de um horizonte comunista. Não em um sistema explicitamente comunista. Muitas pessoas ridicularizam a discussão sobre a presença do comunismo na América Latina atual dizendo que os partidos autoproclamados comunistas são fracos ou inexistentes e que em nenhuma parte – exceto um pouco na Venezuela – cogita-se de instaurar um sistema com propriedade coletiva dos meios de produção ou ditadura do proletariado.
Em primeiro lugar, há que observar o seguinte: o comunismo não é a propriedade coletiva dos meios de produção. O comunismo não é a ditadura do proletariado. Propriedade coletiva e ditadura do proletariado – o socialismo – são instrumentos para chegar ao comunismo, que é o estágio último da sociedade humana concebido por Marx, o zero absoluto do ser humano, onde o controle sobre o homem é tão completo que já prescinde do Estado (portanto prescinde da ditadura do proletariado). Um controle sem sujeito, apenas objetos imbecilizados, onde já não há propriedade coletiva nem individual porque já não há diferença entre indivíduo e coletividade, um sistema que se autoperpetua infinitamente, um buraco negro da humanidade, de cujo horizonte já nenhuma luz escapa. O comunismo não é a abolição do capitalismo, o comunismo é (para tomar emprestado um título de C.S.Lewis) a abolição do homem.
O socialismo, dentro da loucura marxista, é apenas um instrumento para chegar ao comunismo, mas isso não significa que não haja outros. Desde 1989-1991, quando desabou o “socialismo real”, o marxismo vem trabalhando para desenhar novos instrumentos de construção do comunismo. O principal desses instrumentos é o globalismo (termo que utilizo numa acepção algo distinta daquela mais corrente que o define como a criação de uma governança mundial; para mim, diferentemente, o globalismo é a captura da economia globalizada pelo aparato ideológico marxista através do politicamente correto, da ideologia de gênero, da obsessão climática, do antinacionalismo). 
Assim, tudo o que os marxistas desde 1989 fazem e pensam é manter aberto o horizonte comunista. Sabem que já não podem pregar abertamente o comunismo porque o mainstream (ainda) o rejeita, mas podem ir-se aproximando, avançando aqui e ali, ganhando terreno e ocupando espaços. Horizonte por definição é um lugar aonde nunca se chega, mas que necessariamente orienta e referencia nossa localização espacial. O objetivo ficou talvez mais distante do que era no tempo da União Soviética, mas continua presente. Talvez tenha ficado mais próximo É isso o que querem dizer com o “horizonte comunista”. 
Essa expressão, aliás, serve de título a um livro da marxista Jodi Dean, publicado em 2012, The Communist Horizon um de tantos trabalhos surgidos desde o final dos anos 90 discutindo justamente as formas de preservar a “utopia” comunista e reinseri-la na realidade política e social concreta de um mundo aparentemente avesso ao comunismo. Na mesma linha vão os três volumes intitulados The Idea of Communism, coleção de ensaios de dezenas de autores marxistas, coordenados pelos dois principais pensadores dessa horripilante corrente na atualidade, Alain Badiou e Slavoj Zizek. O “horizonte comunista”, a “ideia do comunismo” são a mesma coisa: mil maneiras de manter viva a ideologia comunista, tantas vezes derrotada pela realidade. Dizia Mao Tse Tung: “De derrota em derrota, até a vitória final.” Esse é o programa. Aproveitar as aparentes derrotas para fortalecer-se e seguir avançando. Pode-se argumentar que neste Século XXI o projeto comunista está mais forte do que nos anos 80, justamente porque ninguém o vê e pode operar à sombra da sociedade de consumo. Em lugar de combater o capitalismo em nome de uma alternativa socialista claramente fracassada, infiltrar-se de maneira sutil dentro do capitalismo. 
Vão já, portanto, quase trinta anos – mas os últimos 20 são especialmente significativos – em que o marxismo está cavando túneis por baixo da superfície aparentemente segura e tranquila da sociedade liberal. Os marxistas nunca se renderam a essa sociedade. Reúnem-se, pensam, programam, aplicam diferentes estratégias que vão solapando o mundo liberal-democrático, de diferentes modos, com diversas geometrias, explorando de forma inteligente e perversa as fragilidades do sistema liberal.
A principal fragilidade do sistema liberal é a seguinte: o sistema liberal não pensa. Não trabalha no mundo das ideias. Criou uma repulsa por tudo aquilo que chama de “ideológico”. Curiosamente, o sistema liberal em geral – e no Brasil os isentões em particular – aplicam a pecha de “ideológico” àqueles que procuram estudar o marxismo contemporâneo e entender seu “horizonte comunista”. Ou seja, os ideólogos que se esforçam dia e noite por criar os novos instrumentos do comunismo (e que publicam suas ideias em livros amplamente disponíveis) são ignorados e deixados trabalhar em paz, sob uma espécie de indiferença benigna por parte do establishment. Já os amantes da liberdade que lêem esses trabalhos marxistas para entender o novo projeto comunista e assim poder combatê-lo são chamados de “ideológicos”. O mundo isentão lida apenas com a figura fictícia de um certo comunismo “derrotado em 1989” e recusa-se terminantemente a reconhecer – muito menos a enfrentar – o projeto comunista real que atua hoje por toda parte.
O isentismo é antes de mais nada uma forma de preguiça intelectual. 
Também é uma forma de acomodação. O isentismo não enfrenta o comunismo. Não chega nem perto. Não quer enfrentar. Não quer reconhecer que ele existe porque, se reconhecer, vai ter de fazer alguma coisa. Assim, o isentismo se inscreve confortavelmente dentro do horizonte comunista e, no dia em que o comunismo chegar e roubar-lhe a liberdade que ele acredita possuir de graça sem precisar lutar por ela, o isentão não vai nem perceber, pois sua cegueira ideológica – ou seja, sua cegueira para a ideologia que penetra na sua mente – já lhe terá consumido todas as faculdades e sentimentos de resistência. 
Isso na melhor das hipóteses. Em outra hipótese, o isentão sabe conscientemente que seu isentismo se insere dentro do horizonte comunista e está muito feliz com isso. Faz parte voluntariamente do projeto. Não se acha comunista, mas compartilha com o projeto comunista todo o essencial: o materialismo e o ódio ao espírito, a sede insaciável de poder e de controle absoluto. A pressa com que hoje, no Brasil, os isentos correm para os braços da extrema esquerda e vice-versa, formando uma estranha “isentoesquerda”, é o sinal abjeto dessas afinidades profundas.
Então, temos em todo o mundo, a partir da virada do século, a progressiva construção de uma sociedade que é liberal apenas na suferfície, na aparência de uma economia capitalista com instituições democráticas e direitos humanos bem bonitinhos, mas que na sua subestrutura não é nada disso. Debaixo do liberalismo, no porão, os engenheiros do “ideal comunista” manejam suas alavancas. No porão grassa a corrupção, o conluio com o crime organizado, a tolerância para com a violência mais brutal, as drogas (seu tráfico e seu uso), o capitalismo distorcido pelo controle estatal, a repressão ao pensamento e à livre expressão, o anticristianismo e o antiespiritualismo, o furioso moralismo materialista, a manipulação da ciência.
E os isentões, onde estão? Estão jogando pedra justamente naqueles líderes que, no Brasil e no resto do mundo, querem descer ao porão para lutar contra todas essas mazelas. O isentão, quando você aperta, ele não quer uma economia livre, ele não quer uma internet livre, não quer um idioma livre capaz de expressar a complexidade e beleza do espírito humano em sua aventura multidimensional. Quer uma economia direcionada pelo conchavo político, quer o controle social da comunicação pelo monopólio da grande mídia, quer uma novilíngua continuamente empobrecida pela ditadura do politicamente correto que substitui a ditadura do proletariado como instrumento preferencial de construção do comunismo. Sim, o isentão está enclausurado no horizonte comunista. 
No Brasil estamos rompendo o horizonte comunista e reenquadrando o liberalismo no horizonte da liberdade. O horizonte comunista está sendo rompido igualmente em outros lugares, certamente nos EUA, também no Reino Unido, na Hungria e na Polônia, penso que está sendo rompido na África, onde os últimos laivos da associação espúria entre comunismo e libertação, que vigorou por décadas desde as lutas anticoloniais, parecem estar-se dissipando. A Igreja Católica, em parte, se havia inscrito também dentro do horizonte comunista, a partir dos anos 60 e 70, mas ali a verdadeira fé parece estar resistindo e repelindo o avanço marxista sobre a sua doutrina bimilenar. 
O horizonte comunista está sendo rompido na própria Bolívia, onde o povo deu um basta a Evo Morales e García Linera, que queriam continuar arrastando os bolivianos para o abismo à custa da fraude eleitoral. 
Porém o horizonte comunista quer voltar a estrangular-nos. Quer regressar na Bolívia (Evo Morales foi acolhido pelo novo governo e está ali, a poucos quilômetros da fronteira, à espreita). Quer voltar no Chile, no Equador e na Colômbia, quer voltar no Brasil. Quer “iluminar” com suas trevas essas grandes nações que são a Venezuela, o México e a Argentina.
Precisamos olhar para além desse horizonte comunista, que não é um horizonte onde há árvores e campos mas sim as paredes de uma cela, esse horizonte que não é onde a terra encontra o céu mas onde a terra encontra o inferno. Tudo o que temos para combater o avanço dessas paredes e a aproximação desse abismo é o apego à liberdade. A liberdade que, insisto, não é uma ideologia, mas o eixo central do ser humano. 
Para começar, precisamos estudar o comunismo a partir do que dizem e fazem os comunistas, em lugar de sair aos gritos de “ideológico, ideológico” condenando quem o estuda e quem o enfrenta.