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domingo, 24 de outubro de 2010

Na morte do socialismo, faltou tinta para confirmar por escrito

Terminei de ler, no trem de Tóquio a Osaka, o livro de John Lewis Gaddis, The Cold War: A New History (New York: Penguin, 2005), que eu já conhecia de folhear em livrarias, mas que nunca tinha lido por completo (o que agora fiz, inclusive notas e referências bibliográficas).
Pois bem, o que me chamou a atenção, mais para perto do final, foi um detalhe prosaico, que eu não conhecia (e aposto que nenhum dos meus leitores tampouco), mas que é imensamente revelador do imenso castelo de areia que constituía, finalmente, o socialismo de tipo soviético.
Transcrevo:

And so on December 25, 1991 -- two years to the day after the Ceausescus execution, twelve years to the day after the invasion of Afghanistan, and just over seventy-four years after the Bolshevik Revolution -- the leader of the Soviet Union [Mikhail Gorbachev] called the president of the United States to wish him a Merry Christmas, transferred to [Boris] Yelstsin the codes needed to lauch a nuclear attack, and reached for the pen with which he would sign the decree that officially terminated the existence of the U.S.S.R. It contained no ink, and so he had to borrow one from the Cable News Network television crew that was covering the event.
[Reference: Don Oberdorfer, From the Cold War to a New Era: The United States and the Soviet Union, 1983-1991 (updated edition; Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1998), p. 471-472]; citado por Gaddis, p. 257 e 297.

Vejam vocês o patético da coisa: o socialismo, que sempre se caracterizou pela penúria generalizada de bens, não conseguiu sequer assegurar uma caneta que funcionasse para que o presidente formal do grande império que constituia a URSS pudesse assinar a dissolução formal desse Estado que durou 70 anos. Se não fosse o pessoal da CNN, o socialismo teria durado mais um pouco...
Claro, para ser totalmente preciso com a história, o que estava acabando em dezembro de 1991 era a União Soviética, não exatamente o socialismo, mas aquela pode ser tomada como a representante legítima deste último, inclusive porque os chineses comunistas estavam brincando de capitalismo há mais de dez anos, então.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A frase da semana, do ano, da historia do socialismo...

Temos que apagar para sempre a noção de que Cuba é o único país do mundo em que se pode viver sem trabalhar.

Raul Castro, presidente de Cuba, em discurso na Assembléia Nacional de Cuba
(setembro 2010)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cuba chegou à revolução agrícola (bem, isso já tinha ocorrido dez mil anos atrás...)

Incrível certas matérias, como elas estimulam nosso conhecimento histórico, eu diria até arqueológico e, se eu me arriscasse em terreno desconhecido, até geológico...
Acho incrível como os cubanos -- socialistas, por supuesto -- estejam chegando agora na revolução agrícola, bem, uns dez mil anos depois que todo esse processo começou, ao que parece, no Crescente Fértil (aquela área do Oriente Médio, hoje meio desértica, mas que já foi um oceano de fertilidade, se me permitem a expressão; leiam Jared Diamond, Armas, Germes e Aço, se quiserem saber mais).
Estas singelas reflexões me foram despertadas pela matéria abaixo, que retiro do blog sempre certeiro do economista Klauber Cristofen Pires, de quem já tinha transcrito, dois posts abaixo, a matéria sobre protecionismo comercial.
Paulo Roberto de Almeida

Revolução Alimentar Cubana em andamento
Por Klauber Cristofen Pires
Quinta-feira, Maio 13, 2010

Às vezes me ponho a comentar sobre notícias veiculadas nos jornais cubanos. Obviamente, não se constitui isto um esforço de media watch, o que seria impossível, haja vista a recorrência com que mentem onze vezes a cada dez palavras. A graça está em ir além do que o editor cubano pretende ocultar, isto é, tentando enxergar o que está por detrás dos seus olhos...

Do site do Juventud Rebelde, a matéria de Roberto Díaz Martorell traz como título: "Renuncian campesinos de la Isla de la Juventud a productos de la canasta básica -
Lisandro Tablada Rodríguez, organizador de la ANAP en ese territorio, comentó a JR que los labriegos y sus familias entendieron la importancia de esta decisión y están dispuestos a cooperar".

Traduzindo, "Os camponeses da Ilha da Juventude renunciam aos produtos da cesta básica - Lisandro Tablada Rodriguez, organizador da ANAP neste território, comentou ao JR que os colonos e suas famílias entenderam a importância desta decisão e estão dispostos a cooperar."

A ANAP é a Associação Nacional de Pequenos Agricultores. Segundo seu organizador, cerca de 406 agricultores renunciaram ao recebimento da cesta básica, e outros 221 abdicaram da distribuição de leite, porque produzem estes bens em casa, assim atendendo ao chamado que esta ANAP fizera para incrementar a produção de alimentos, "uma tarefa estratégica que hoje constitui um assunto de segurança nacional.

A foto acima ilustra a reportagem, exaltando os méritos dos heróicos "campesinos" de quem fala. Segundo a família entrevistada, esta produz leite, feijão, suínos e caprinos, para consumo familiar e entrega ao estado. "A coisa é pegar duro no trabalho e não ter de medo da terra. Se não semeamos não comemos nós e não come o povo", sentenciaram os irmãos Gutiérrez Nápoles."

Como o leitor pode perceber, depois de cinquenta anos do regime comunista, Cuba finalmente pretende ingressar na era do...roçado! Que tal? A coisa tá feia, e os próprios agricultores já foram, digamos assim, "convidados" a renunciar à entrega da cesta básica, como forma de o governo pressioná-los a produzir um quilo de batatas. Não é mesmo algo assim...revolucionário?

Repassemos a lição: depois de dois mil anos em que o antigo Egito já sustentava todo o Império Romano de grãos; depois dos Maias e Astecas que aprenderam a desenvolver elaboradas técnicas de plantio irrigado e um arrojado calendário astronômico para a agricultura, depois que até os silvícolas da Terra de Cruz plantavam normalmente mandioca, cará, inhame, banana de São Tomé, e ananazes, agora é Cuba quem tem o que nos dizer: "é só não ter medo da terra e encará-la com o trabalho firme"!

"Venceremos" e "vila a la Revolucíon hasta siempre" são os termos mais comum nos dizeres que costumam aparecer em faixas estendidas nestes campos de trabalho coletivos. Caramba, vencer algo tão prosaico como plantar em solo verdejante de um clima tropical-temperado como o cubano deve ser mesmo um feito, não? Não é a toa que se faz disto matéria jornalística...
Publicado por Klauber Cristofen Pires às 3:26 PM

1 comentários:
Anônimo disse...
Agora só está faltando o MST ir fazer curso de técnicas agrícolas em Cuba. Que tal?