Diplomatizzando

Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).

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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Planejando a próxima política externa do Brasil: trechos do livro Apogeu e Demolição da Política Externa - Paulo Roberto de Almeida

 Agora que vamos ter um novo governo, a partir de 2023, encerrando de vez a vergonhosa diplomacia bolsolavista, transcrevo abaixo alguns extratos do capítulo 9 do meu livro: 

Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira 

(Curitiba: Appris, 2021) 

Sumário e apresentação neste link: 

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/06/apogeu-e-demolicao-da-politica-externa_18.html


9. Um exercício de planejamento estratégico para a diplomacia 

 

Introdução: demolição e reconstrução da diplomacia brasileira

Uma avaliação sumária, e consensual, da diplomacia brasileira e da política externa governamental, desde a inauguração do governo Bolsonaro em janeiro de 2019, não poderia deixar de constatar a imensa perda de qualidade formal e substantiva desses dois vetores da projeção externa do Estado brasileiro, e do próprio Brasil, nos planos regional, hemisférico e mundial, ou até para o próprio país: a política externa deixou de refletir as necessidades e carências do processo brasileiro de desenvolvimento, assim como deixou de corresponder às expectativas que vizinhos e parceiros tradicionais mantinham sobre suas características intrínsecas e sobre as qualidades próprias do corpo diplomático profissional no bom relacionamento do país com todos esses interlocutores externos e no âmbito dos organismos internacionais dos quais o país faz parte. 

(...)

Um trabalho de reconstrução da política externa, na forma e sobretudo no conteúdo, e de restauração dos princípio e padrões elevados de trabalho da diplomacia brasileira – tal como indicado no subtítulo de meu livro anterior, Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (2020) – não poderá ser iniciado antes do final da presente gestão, e não só no que se refere à chancelaria, uma vez que as principais deformações derivam da própria orientação e comando do chefe de Estado, notoriamente incapaz de se corrigir por sua vontade autônoma e que tem sob controle assessores igualmente ineptos e um chanceler manifestamente submisso às ordens dos amadores que fingem entender de diplomacia. Na ausência de uma próxima correção de todas as deformações acumuladas ao longo do período que se estende desde a sua posse, em 2019, cabe, aos próprios membros da diplomacia, assim como a personalidades vocacionadas para a área da política externa, exercer seu talento e conhecimento na formulação de algum planejamento para o futuro da ação internacional do Brasil. 

(...)

9.1. A política externa e a diplomacia no desenvolvimento nacional

A política externa e a diplomacia são coetâneas à própria construção da nação, aliás desde antes mesmo que ela assumisse o formato político de um Estado independente, como brilhantemente demonstrado pela obra que já nasceu clássica do embaixador Rubens Ricupero: A diplomacia na construção do Brasil, 1750-2016 (2017). (...)

(...)

9.1.2. Os desafios: uma matriz dos recursos e das debilidades nacionais

Uma melhor avaliação que se adequaria, sinteticamente, às “fortalezas” e “fraquezas” do Brasil enquanto economia emergente, embora ainda carente de melhores indicadores de produtividade e de inovação, ganharia muito se auxiliada visualmente com uma estrutura tipo SWOT (sigla em inglês para os conceitos de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), tal como reproduzida abaixo. 

 

Quadro SWOT para o Brasil

Ambiente

Fatores Positivos

Fatores Negativos

 

 

 

 

Interno

Grande território; diversidade e abundância de recursos naturais; fontes diversificadas de energia (renováveis, em grande parte); demografia favorável (bônus, alta proporção de ativos); regime democrático estável; expansão da economia de mercado dependente do extremo regulacionismo estatal; população receptiva à globalização, mas tolhida pela ação intrusiva do Estado; talentos individuais disponíveis; grande unidade cultural, mesma língua, sem conflitos religiosos; federalismo atuante, ainda que contraditório; estabilidade econômica afetada pela recessão de 2015-16, não superada ainda; riscos sociais moderados; flexibilidade adaptativa da população e grande tolerância nos costumes e modos de vida; propensão ao multirracialismo.

Exploração predatória dos recursos naturais, exacerbada por novo governo descomprometido com políticas de sustentabilidade em 2019-20; bônus demográfico diminuindo rapidamente, com crescimento acelerado do número de velhos; altos custos previdenciários e de gastos com saúde; baixa capacidade tecnológica de transformação produtiva; matriz energética “poluída” por recursos de fontes fósseis; mercado interno ainda de baixa renda; regime democrático de baixa qualidade, com altos graus de corrupção política; sistema político disfuncional e democracia de baixa qualidade; altos níveis de tributação regressiva; aumento da delinquência e dos particularismos culturais, raciais e de gênero; gastos públicos elevados; baixa produtividade por má educação; burocracia estatal ineficiente.

 

 

 

 

Externo

Enorme capacidade para expandir a oferta de produtos básicos, sobretudo alimentares e minérios; agricultura capitalizada, produtividade garantida por P&D e administração conectada a mercados; lições das crises financeiras e da dívida externa trouxeram menor dependência e altas reservas internacionais; atração de IED, pelas oportunidades de mercado e desvalorização cambial; mão-de-obra sendo formalizada; possível grau de investimento nos próximos anos; diplomacia profissional qualificada, dependente de boa gestão política.

Uso extensivo, mais do que intensivo, dos recursos naturais; políticas setoriais (industrial e comercial) incompatíveis com aumento da oferta externa; má infraestrutura de exportação; baixo coeficiente de abertura externa; poupança interna insuficiente; oferta externa de baixo valor agregado, baixa elasticidade; mão-de-obra protegida, cara; baixa competitividade externa; inserção reativa na globalização; volatilidade das políticas econômicas externas, defensivas; política externa errática, contraditória e ineficiente desde 2019.

Elaboração: Paulo Roberto de Almeida, 08/12/2020

 

Os traços econômicos mais relevantes do Brasil contemporâneo, tanto pelo lado de suas vantagens relativas, quanto pelo lado das limitações percebidas, estão por demais evidentes no quadro acima para merecer elaboração mais detalhada. (...)

(...)

9.2. Campos de atuação da diplomacia e da política externa 

A esfera de atuação dos governos, em geral, e o leque de interesses e de atividades abertos às instituições diplomáticas nacionais, em particular, estão sendo cada vez mais ampliados, em função, justamente, da crescente complexidade dos processos produtivos, da integração e especialização da economia mundial pelo desenvolvimento desigual e combinado das cadeias globais e regionais de valor. Tais características impõem uma sobrecarga sobre as ferramentas diplomáticas, que passam a ter de tratar de uma gama crescente de assuntos nos foros internacionais, multilaterais, regionais e plurilaterais, temas geralmente de base técnico-científica. (...)

(...)

9.2.1. Multilateralismo, regionalismo e bilateralismo como instrumentos

Qualquer técnico médio de uma profissão manual devotado a um bom serviço para seus clientes sabe que uma caixa de ferramentas diversificada e bem guarnecida é a melhor garantia de um trabalho bem feito. As caixas do bombeiro, de mecânico, do técnico precisam ter ferramentas para todos os tipos de parafusos, porcas e roscas. 

Todas as três ferramentas diplomáticas são relevantes, cada uma adaptada a circunstâncias específicas. Pretender privar-se de uma delas — do multilateralismo, por exemplo —, por puro preconceito “soberanista” e inaceitável miopia “nacionalista”, representa uma recusa irracional das simples regras de trabalho do técnico médio. Nenhum serviço diplomático digno desse nome pode pretender desempenhar bem suas funções privando-se dos instrumentos mais adequados a cada contexto negociador. (...)

(...)

9.2.2. A política externa multilateral: interfaces políticas e econômicas

O multilateralismo é, simplesmente, o terreno mais frequente de interações entre Estados soberanos desde pouco mais de um século. A despeito de, por vezes, mais lento e mais complicado, é a melhor garantia de um ambiente sadio para a cooperação externa. Apenas grandes impérios autossuficientes têm a pretensão — mas muitas vezes ilusória — de atuar sozinhos nos foros externos e internacionais. Certamente não é o caso do Brasil; mas, mesmo sendo o maior país no âmbito regional, o Brasil teria muito mais vantagens em atuar de maneira uniforme, isto é, multilateral, com seus vizinhos.

O multilateralismo é a forma predominante da cooperação entre Estados num ambiente cada vez mais interdependente como é o nosso atualmente, mas ele não elimina a cooperação regional e a bilateral para objetivos mais específicos em temas mais sensíveis (segurança, por exemplo). No caso de Estados pequenos, ou dotados de meios modestos de defesa de seus interesses concretos, o multilateralismo pode oferecer salvaguardas relativamente eficientes para defender-se dos abusos dos poderosos. No plano econômico, é evidente que o ambiente multilateral oferece maiores oportunidades de acesso a mercados e regras uniformes do que regras específicas para alguns poucos membros ou participantes em esquemas mais restritos, regionais ou plurilaterais. 

 

9.2.3. A geografia política e a geoeconomia global das relações exteriores

Apenas noções antiquadas de geopolítica pretendem limitar a esfera dos interesses nacionais ao âmbito de uma geografia determinada, ainda que de alcance regional ou mesmo mundial. A complexa estrutura da economia mundial contemporânea determina, quase que de modo imediato, uma imbricação necessária das economias nacionais, que de resto já funcionam em interdependência crescente, não tanto em função de determinações e escolhas governamentais, mas sobretudo em função de decisões tomadas em nível microeconômico, por parte das empresas privadas, que atuam segundo seu próprio cálculo de modo independente para uma alocação ótima de investimentos diretos. Critérios básicos nesse terreno são a abertura econômica, a criação de um ambiente favorável aos investimentos estrangeiros e a liberalização comercial de modo amplo, se possível ou necessário de modo unilateral. (...)

(...)

9.2.4. América do Sul: eixo de um espaço econômico integrado

Durante aproximadamente um século – e a despeito de uma inclinação inicial do regime imperial, sobretudo nas Regências, por uma diplomacia sul-americana –, a referência básica da diplomacia regional brasileira apoiava-se no conceito político de América Latina, que na verdade era mais terminológico do que prático, pois nunca houve, de verdade, uma articulação concreta em torno de objetivos “latino-americanos” comuns, além da confrontação vaga com o grande vizinho do Norte. (...)

(...)

Independentemente, dessas tribulações de antes e de agora, de avanços e recuos no eterno e recorrente projeto de integração regional, é certo que a América do Sul pertence orteguianamente à nossa circunstância, e como tal oferece ao Brasil a grande oportunidade de realizar o velho sonho da constituição de um amplo espaço econômico integrado, e isso só pode ser feito sob a liderança do Brasil, não naquele conceito de comando e controle, como costumam ser os projetos imperialistas, mas num conceito de abertura unilateral de seus mercados a todos os vizinhos sul-americanos, sem exigências de contrapartida ou reciprocidade. O Brasil seria capaz de fazer isto, pelo vigor de sua economia, pelos avanços de sua tecnologia e pela capacidade de absorver os produtos agrícolas e industriais, os serviços de todos os seus vizinhos. Mas, o Brasil será capaz de fazer isso? A resposta dependeria, obviamente de algum estadista diplomático.

 9.2.5. O multilateralismo econômico: eixo da inserção global do país

Participante da conferência de Bretton Woods, em 1944 (que criou o FMI e o Banco Mundial), fundador do Gatt, em 1947 (ainda que não gostasse dele no início), participante da conferência de Havana, em 1948 (que criou uma primeira organização internacional do comércio, mas que não entrou em vigor), animador de diversas outras conferências econômicas internacionais (geralmente sobre produtos de base) e da reforma do Gatt, em 1964, quando também passou a ser um dos principais “agitadores” da Unctad e de todas as demais iniciativas de criação de uma “nova ordem econômica internacional”, debatedor ativo em praticamente todas as rodadas de negociações do Gatt e, depois, da OMC, o Brasil sempre foi, a despeito de um baixo coeficiente de abertura externa, um grande promotor de reformas no sistema multilateral de comércio e nas demais iniciativas na frente das relações econômicas internacionais, e como tal tem todo interesse em reforçar uma estrutura de normas a serem seguidas por todos os países participantes, evitando o arbítrio unilateral a que recorrem alguns sócios poderosos. 

(...)

9.2.6. Ambientalismo e sustentabilidade: eixos dos padrões produtivos

Apenas a franja lunática de céticos políticos nega as evidências de mudanças climáticas sob a ação da economia industrial e da diminuição da cobertura vegetal natural pela atividade agrícola e de criação, mudança que se faz não apenas no sentido do aquecimento global, mas também da poluição e da diminuição de espécies animais. Infelizmente este é o quadro no Brasil de Bolsonaro, sendo que tais posturas estão sendo implementadas contra os interesses do próprio Brasil, nomeadamente o seu setor do agronegócio, mas também com graves efeitos na sua imagem internacional, pois que combinadas ao negacionismo do presidente e de vários de seus ministros em várias esferas do debate internacional do meio ambiente e da cooperação científica mundial.

(...)

9.2.7. Direitos humanos e democracia: eixos da proposta ética do país

Existem acordos, resoluções, declarações, cortes e decisões na área dos direitos humanos, a começar pela Declaração de 1948 e todos os demais instrumentos setoriais que foram sendo criados desde então nessa área crucial dos progressos civilizatórios. Com a democracia, a situação é mais fluída, pois existem menos instrumentos e meios de comprometimento com um conjunto de cláusulas básicas, de seguimento de suas poucas disposições e de monitoramento de seu cumprimento: o Compromisso Democrático da OEA, por exemplo, é bem mais abrangente e avançado do que o Protocolo Democrático do Mercosul, que só pode ser acionado se houver “ruptura democrática”: ou seja, se o eventual membro (como ocorreu com a Venezuela, quando fazia parte) tiver eleições razoavelmente legítimas, mas destruir a democracia por dentro (como aliás vem ocorrendo até em países membros da UE), pode continuar no bloco sem problemas. Nada disso impede o Brasil e sua diplomacia de serem impecáveis em matéria de direitos humanos e de respeito ao espírito e ao conteúdo mesmo dos sistemas democráticos mais avançados, o que está longe de ser o caso no Brasil atualmente. (...)

(...)

9.2.8. Blocos e alianças estratégicas na matriz externa

Blocos e alianças estratégicas deveriam ser como esses remédios de tarja preta, que só podem ser receitados em condições especiais, depois de um bom exame do paciente, da avaliação de seus efeitos colaterais e com um bom seguimento regular por especialistas na questão. Tais agrupamentos têm sido sobre-estimados e sobretudo vendidos a um preço acima de seu valor de mercado. Ao longo da história, muitos desses grupos foram constituídos, geralmente com objetivos econômicos ou de defesa.

Os mais frequentes são os blocos de comércio, mas mesmo aqui, as variedades são muitas, desde os analgésicos das áreas de preferências tarifárias (como os acordos da Aladi, e vários outros pelo mundo, sobretudo entre países em desenvolvimento), ao fortificante das zonas de livre comércio (são centenas e centenas já registradas na OMC (como a EFTA, por exemplo, embora algumas fossem bem mais musculosas, como o antigo Nafta), à vitamina da união aduaneira (o próprio Mercosul é uma, mas parece uma colcha de retalhos, muito perfurada), à anfetamina do mercado comum (o que gostaria de ser o Mercosul, mas ainda não consegue, e que corresponde à Comunidade Europeia nos anos 1960), passando depois aos antibióticos das uniões econômicas e monetárias (só a União Europeia adentrou por essa via, não considerando os países que renunciaram a ter moeda própria), até chegar nos barbitúricos da união política (por vezes por incorporação voluntária ou consentida, em outras por absorção). 

(...)

9.2.9. Relações com parceiros bilaterais e regionais

Existem os que podem ser escolhidos, por afinidade política, por intensidade de laços humanos e econômicos, e aqueles que não podem ser escolhidos, que são dados pela natureza e pela história, por contiguidade geográfica ou por vínculos profundos, derivados da própria formação do país e seu desenvolvimento ulterior. O Brasil esteve mais vinculado a Portugal e à Europa durante a maior parte de sua história, depois teve nos Estados Unidos seu principal parceiro para quase tudo, adquirindo agora um grande parceiro comercial e provedor de investimentos e outras vantagens econômicas, numa conjuntura da história mundial em que a Ásia, e a Ásia Pacifico em especial, voltará a ser a região mais rica do mundo, como já foi no passado, superando o mundo norte-atlântico, que dominou a economia (e a política) mundial nos últimos cinco séculos. 

(...)

9.2.10. Vantagens comparativas e exploração de novas possibilidades

Vantagens comparativas, justamente, constituem a base sobre a qual se assentam os duplos fluxos, in e out, que todo país mantém com todos os demais, à base das assimetrias naturais que são as que sustentam as interações de todos os tipos. O Brasil tem inúmeras vantagens comparativas, absolutas e relativas, e uma análise prospectiva pode revelar em quais direções o país deve dirigir os seus esforços de investimento nos próximos anos, o que exige, obviamente, um governo que escape do jogo mesquinho da política corrente para visualizar os cenários futuros abertos ao engenho e arte do povo brasileiro, dos seus agentes econômicos, dos seus artistas, músicos e esportistas. O mapa diplomático brasileiro é um dos mais extensos do mundo, o que deveria facilitar um esforço de identificação de tendências de consumo e de desenvolvimento em cada um dos países nos quais temos representação. Por uma vez, caberia, sem descurar nossas vantagens baseadas em recursos naturais dos últimos 500 anos, explorar as futuras vantagens, com base na projeção do que podemos fazer no quadro da economia do conhecimento e da sustentabilidade.

 

9.2.11. Integração política externa e políticas de desenvolvimento

Essa integração sempre existiu, mesmo quando se tratava de defender o tráfico e a escravidão, ou a defesa dos interesses do café e da “valorização” das matérias primas de modo geral. Na fase da industrialização, a postura foi mais defensiva, na justificativa das medidas protecionistas, restritivas e de atração de investimentos. A verdade é que poucos diplomatas se distinguiram na exposição de ideias econômicas que destoassem do consenso geral das elites dominantes, do contrário o Brasil poderia ter exibido uma trajetória mais positiva de desenvolvimento econômico, o que poderia ter sido por eles registrado em alguns exemplos asiáticos que tiveram desempenho bem superior ao do conjunto da América Latina até recentemente. (...)

(...)

9.3. O Itamaraty como força motriz da inserção global do Brasil

Não tenho certeza de que o Itamaraty possa servir de força motriz, ainda que ele deveria se esforçar para fazê-lo. Ele tem excelente quadros, gente muito bem preparada e experiente, mas a própria Casa é muito conservadora, muito recatada, quando não submissa aos dirigentes do momento. Para ser força motriz, a Casa ou seus integrantes deveriam oferecer ideias próprias, baseadas no conhecimento profundo que eles devem ter sobre o Brasil e na experiência adquirida na observação atenta de fatos e processos ocorridos na história e na trajetória recente de outros países, todos eles, os bem sucedidos e os fracassados (pois se retiram mais ensinamentos destes últimos do que dos primeiros). Os diplomatas deveriam ousar mais, se é que pensam poder oferecer subsídios a um novo processo de desenvolvimento nacional.

(...)

9.3.1. Gestão da Casa, com base nas melhores práticas da governança

Sempre considerei que, com seus sacrossantos princípios militares da hierarquia e da disciplina, o Itamaraty sempre foi mais feudal do que weberiano, embora tenha sido também razoavelmente meritocrático. Ele consagra, em todo caso, o esforço daqueles que oferecem dedicação integral à Casa, ainda que a custa de certo compadrio e de algumas relações de vassalagem, numa burocracia de boa qualidade que deveria ser bem mais executiva do que relacional. Mas ele não é exatamente patrimonialista, uma praga que infesta várias outras administrações brasileiras, mesmo se alguns barões da Casa tenham aproveitado situações de prestígio e de certa promiscuidade com outros membros das elites do poder para circular entre bons postos no exterior e chefias na Secretaria de Estado, criando uma certa aristocracia da diplomacia. Poucos são os diplomatas de origem modesta que galgaram o cimo da carreira, mas os que o fizeram foi à custa de muito estudo, muito trabalho, bastante dedicação e algumas janelas de oportunidade que podem surgir em determinados momentos da política brasileira.

Uma gestão moderna da Casa teria de preservar as tradições e peculiaridades do serviço diplomático e combiná-las a métodos de trabalho desenhados para a gestão de uma complexa rede de postos no exterior, muito desiguais entre si, e de uma Secretaria de Estado que tampouco pode funcionar como um ministério entre outros. Um bom diagnóstico da situação presente poderia ser feito por uma dessas firmas de organização e métodos, mas isso provavelmente não seria suficiente para um novo esforço de modernização do funcionamento da Casa e dos postos no exterior. O mais provável seria mobilizar mais uma vez a competência dos diplomatas espalhados pelos grandes postos para um grande estudo comparativo sobre a estrutura burocrática e os métodos de trabalho, de comunicação e de processamento das informações com os postos no exterior desses grandes países. Mas teria de ser preciso, mais do que tudo, encontrar um diplomata com alma de burocrata, para processar tudo isso e oferecer algum diagnóstico, em grupo de trabalho, para a partir daí definir as grandes linhas da próxima reforma (elas são sempre necessárias).


Para acesso integral ao livro e aos seus textos, pode ser encomendada à Editora Appris ou à Amazon.


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domingo, 2 de setembro de 2018

Uma estratégia para o agronegocio brasileiro 2 - Marcos Jank

Agro Global 2: Acesso aos Mercados

Jornal “Folha de São Paulo”, Caderno Mercado, 01/09/2018

Marcos Sawaya Jank (*)

Trata-se da peça central de um novo ciclo de crescimento do agro.

No segundo artigo da série sobre os desafios da inserção global do agro brasileiro vamos tratar do tema mais crucial para consolidar um novo ciclo de crescimento desse setor: acesso a mercados.

De nada adianta recebermos dezenas de pedidos de clientes potenciais a cada semana ou propostas de parceria no exterior se não conseguimos a "permissão para exportar", ou seja, para ingressar formalmente nos mercados. Sem acesso efetivo, tampouco adianta baixar custos, melhorar a infraestrutura ou diferenciar produtos.

No passado, as principais restrições de acesso a mercados eram altas tarifas de importação, quotas proibitivas e a concorrência com subsídios domésticos. Hoje as barreiras mais perversas são as não-tarifárias: sanitárias, técnicas ou burocráticas.

Temos ganhado mercado frente aos nossos concorrentes nos produtos que enfrentam menores barreiras, como soja, milho, algodão, café e celulose. Já nas carnes, lácteos, açúcar, frutas e alimentos processados o Brasil tem perdido partes de mercado por causa de barreiras e subsídios, que hoje exigem do país maior estratégia e priorização de ações.

Como a nossa produção agropecuária já ultrapassa, de longe, a dimensão do mercado doméstico, é necessário agir em três frentes de acesso a mercados:

1. Negociações comerciais: para manter o acesso que conquistamos no passado temos obrigatoriamente de retomar negociações com países e blocos estratégicos. Não vai ser fácil. Ficamos 15 anos isolados do mundo, sem uma política comercial consistente. Hoje estamos no fim da fila, pois nossos concorrentes e clientes da Europa, América do Norte, Ásia, Oceania e Aliança do Pacífico estão cobertos por mais de uma centena de acordos de livre-comércio ou preferenciais.

Na agenda agro, precisamos concluir o Acordo UE-Mercosul o mais breve possível, mesmo que de forma subótima. Deveríamos investir pesado na Ásia, por meio do ingresso na Parceria Transpacífica (CPTPP) ou de um acordo com a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Em paralelo, precisamos avançar na difícil negociação com o Japão e a Coreia do Sul, já anunciada mas ainda pouco factível.

2. Parcerias estratégicas: de longe, a parceria mais importante é com a China, nosso maior cliente e investidor no agro. Temos de diversificar as exportações para esse país muito além da soja, atrair investimentos e agir de forma mais estratégica e coordenada, dentro do governo e em ligação estreita com o setor privado. Uma parceria estratégica com os EUA também seria fundamental, ainda que difícil no contexto da atual administração americana.

3. Abertura para importações: exportamos sete vezes mais do que importamos no agro. Queremos acessar o mundo, falamos o tempo todo das nossas belezas e grandezas, mas na hora de negociar com os parceiros comerciais não oferecemos nada em troca.

Dos cinco maiores exportadores do agro mundial, somos o único que tem importações irrisórias. Continuamos sendo um dos países mais fechados do mundo. Trigo, cacau, café, banana, coco, camarão, lácteos e pescados são exemplos de produtos nos quais o protecionismo localizado impede grandes volumes de exportações potenciais.

Acesso aos mercados é peça central no tabuleiro que leva a um novo ciclo de crescimento do agro brasileiro. O tema torna-se ainda mais relevante em um ambiente de comércio administrado por interesses geopolíticos, retaliações, disputas comerciais e um imenso "toma lá dá cá".

(*) Marcos Sawaya Jank é especialista em questões globais do agronegócio. Escreve aos sábados, a cada duas semanas.
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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Contra o planejamento estatal... e pelas liberdades econômicas - Paulo Roberto de Almeida (OESP)

Contra o planejamento estatal...

...e pelas liberdades econômicas: tirem o Estado de cima dos empresários!
Paulo Roberto de Almeida  
O Estado de São Paulo, 5 de outubro de 2016
Neste link: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,contra-o-planejamento-estatal,10000080251

Participei muito recentemente de mais um exercício de engenharia social: num desses edifícios públicos muito vistosos de Brasília, tecnocratas, sempre cônscios de suas responsabilidades, e políticos, talvez menos cônscios, e sim voltados para objetivos mais prosaicos, reuniram-se para proclamar, uma vez mais, o início de mais um desses planos muito bem planejados – com perdão pela redundância – para tentar salvar o Brasil dos males causados por eles mesmos, políticos e tecnocratas, nessa ordem.
Já não sei quantas vezes assisti, acompanhei ou até participei, direta e pessoalmente, desses planos grandiosos, concebidos e implementados (aqui nunca completamente, ainda bem) por técnicos competentes para nos salvar de nossos próprios males e para nos conduzir a futuros mais radiosos, em todo caso um pouco mais, do que aqueles perpetrados por algum plano precedente. Desta última vez, presente poucos dias atrás no lançamento prematuro de mais um desses planos (estou participando também de outro, ainda em curso, e no mesmo órgão), pude constatar que as metas eram, como acontece de forma recorrente, bastante ambiciosas: dobrar a renda per capita e a taxa de investimento público em menos de uma geração, crescer a taxas vigorosas ao mesmo tempo que se distribui renda de forma corajosa, ou seja, aumentar o bem-estar geral numa proporção ainda não alcançada pelos planos anteriores; numa palavra, pôr a cornucópia estatal a serviço da sociedade de uma forma um pouco mais bem organizada do que o fizeram planos precedentes, tudo isso graças a políticos clarividentes e tecnocratas totalmente engajados no novo plano salvador.
Não vou entrar em detalhes quanto ao novo planejamento salvacionista para não constranger os engajados quando, mais adiante, confrontarmos os desejos no papel com a realidade cruel de números sempre frustrantes. Mas vou, desde já, declarar minha contrariedade com e minha oposição a mais esse plano, que nada mais representa do que um capítulo a mais numa longa série de planos estatais – eu mapeei vários, desde os anos 1930 – cuja grande realização é, a cada vez, tornar a sociedade brasileira cada vez mais dependente do Estado, e do planejamento estatal. Uma coisa sustenta a mesma coisa, como se pode constatar.
Por que sou contra essas tentativas repetidas, ainda que bem-intencionadas, de engenharia social? Por uma razão muito simples: depois de ter assistido a, ouvido falar ou participado de 15 ou 20 planos estatais nas últimas duas gerações, acredito sinceramente que nossa experiência com planos gerais ou setoriais de estímulo à economia nacional e de produção rápida de felicidade social nos deveria incitar, quando menos, a um simples bom senso, e concluirmos que a repetição indefinida desses planos salvadores não nos vai levar necessariamente à superação de males que foram criados por nós mesmos, tecnocratas concursados, ou políticos eleitos. Somos nós que levamos o Brasil e os brasileiros à situação em que eles se encontram hoje, sempre pensando dispensar o bem. Depois de tudo isso, cheguei à conclusão de que não merecemos mais sofrer, seja nas mãos de tecnocratas bem-intencionados ou nas de políticos oportunistas.
Por essa mesma razão, decidi não mais participar desses dolorosos exercícios de autoflagelação econômica e passar a adotar a única atitude responsável para um burocrata consciente das nossas limitações, que acredito ser: recusar novos experimentos de engenharia social e política e proclamar em alto e bom som que já identificamos o inimigo a combater. E esse inimigo é o Estado, ou seja, nós mesmos. Doravante, ouso propor que não mais tenhamos planejamento estatal – o que não deve impedir a pesquisa econômica aplicada – e nos limitemos à única atitude sensível e sensata do ponto de vista da cidadania, ao contemplarmos um caso avançado de esquizofrenia econômica, como acredito ser a situação do Brasil atual (também passada, esperando sinceramente que não a do futuro).
Temos de passar a fazer o que é apenas prosaico, corriqueiro, simples e direto. E que começa justamente pela recusa de novos grandes planos estatais. No seu lugar, eu proporia a adoção de um programa baseado em coisas já suficientemente mapeadas, identificadas e transparentes, que aparecem todo ano num relatório do Banco Mundial: Doing Business (Fazendo Negócios). A leitura do capítulo brasileiro, e das mais variadas listas classificatórias nas quais nosso país aparece em posições vergonhosas para a autoestima nacional, deveria bastar para este governo, qualquer governo, agora e mais adiante, abandonar essa ideia de mobilizar todo um batalhão de reformadores sociais na confecção de um novo plano e passar a aplicar aquilo que já foi identificado e inferniza nossos empresários numa teia de loucuras burocráticas piores do que os mais ardentes círculos do inferno de Dante em matéria de ambiente de negócios. Está tudo feito, explicado, demonstrado: não precisa fazer mais nada, pois bastam uma checking list e um pelotão de antiburocratas para começar a mudar todo o arcabouço regulatório naquilo que ele perturba a vida dos empresários.
Quem quer que se tenha debruçado sobre esses relatórios sabe o que está errado e o que precisa ser feito. No geral, ficamos da metade para o fim; no que depende das próprias empresas, melhoramos bastante, mas no que depende do governo(tributação, regulação, etc.) recuamos para os últimos lugares da lista.
O Brasil não precisa de mais planos estatais: o que o Brasil e os brasileiros precisam é de mais liberdades econômicas. Tirem o Estado de cima dos empresários! Que tal começar pelo Doing Business?

*Diplomata de carreira, é professor no Centro Universitário de Brasília (UNICEUB) - site: www.pralmeida.org - blog: http://diplomatizzando.blogspot.com
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sábado, 18 de junho de 2016

Guilhotina no orcamento "diplomatico", ou internacional do Brasil: Itamaraty sugeriu?

Confusa essa história, ou confusa a matéria (o que é mais provável): não se sabe se os cortes em órgãos do sistema Mercosul foram sugeridos pelo Itamaraty -- o que seria incongruente com o caso do Tribunal Permanente de Revisão, por exemplo, ainda que justificado no caso de penduricalhos "sociais" criados pelo companheiros, sem qualquer conexão com o Tratado de Assunção -- ou se o Planejamento decidiu de maneira mais ou menos arbitrária, ou de forma totalmente arrogante, e ao arrepio do Itamaraty.
Até que se esclareça claramente esses "cortes", permanecem as dúvidas, mas também acho que o Brasil participa de uma série imensa de inutilidades, às quais o Brasil aderiu pela inconsciência de alguns funcionários de alguns órgãos de Estado (ou até de estados e agências públicas, eventualmente inclusive de diplomatas) que talvez pensem que dinheiro nasce em árvores, ou que dinheiro público não custa nada.
Em todo caso, a tal de "diplomacia ativa e altiva" (e soberana, não esquecer), ou seus representantes credenciados vão botar a boca no trambone, denunciando o "crime contra" a política externa brasileira e a dignidade do Brasil, a traição da "diplomacia companheira" e seus grandes "objetivos estratégicos" para colocar o Brasil no primeiro plano do cenário internacional, enfim, todas essas coisas magnifícas, como vocês podem imaginar.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil estuda deixar 34 organizações internacionais para reduzir custos

Reuters
16/06/201620h41
Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro estuda abandonar 34 organizações internacionais, entre elas seis instituições do Mercosul, para reduzir os custos resultantes da participação do país nessas entidades, disseram fontes com conhecimento do assunto à Reuters.
Entre as entidades que podem deixar de ter a participação brasileira, segundo uma lista a qual a Reuters teve acesso, estão a Secretaria-Geral Ibero-Americana, que prepara as cúpulas da região, e a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), responsável pelo desenvolvimento industrial de países mais pobres.
A lista foi preparada pelo Ministério do Planejamento, responsável por pagar as cotas brasileiras às instituições internacionais. A intenção, de acordo com uma das fontes, é diminuir custos.
Os números mais recentes, explica a fonte, apontam para uma dívida de mais de 3 bilhões de reais do governo brasileiro com dezenas de organizações internacionais. Até hoje, no entanto, não havia se cogitado uma decisão unilateral de saída, já que há um custo diplomático para isso.
De acordo com o Itamaraty, não há uma decisão fechada sobre a lista. As sugestões foram passadas pelo Planejamento e encaminhadas às áreas responsáveis e às embaixadas onde ficam às organizações para que avaliem a relevância do Brasil permanecer ou não nos organismos.
Em alguns casos, a saída da organização não faz sentido, como no caso da Secretaria do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul, órgão administrativo do tribunal responsável por solução de controvérsias nas normas e entre os membros do bloco.
De acordo com uma das fontes, foram poucos os casos julgados na última década, o que pode levar a crer, em uma análise fria dos números, que o órgão tem pouca importância. Uma saída do órgão, no entanto, deixaria o país sem representação em caso de uma controvérsia com outro país do bloco.
A lista inclui ainda outras cinco organizações do Mercosul, como o Instituto Social do Mercosul, o Fundo de Promoção do Turismo e o instituto de políticas públicas de direitos humanos do bloco.
Alguns órgãos apontados pelo Planejamento são pouco conhecidos, como o  Acordo de Conservação de Albatrozes e Petréis ou a Comissão Internacional da Pimenta do Reino. Mas a proposta inclui, por exemplo, a Secretaria-Geral Ibero-Americana e outras organizações da Cúpula dos Estados Ibero-Americanos, incluindo a organização para a Educação, a Ciência e a Cultura e para a Juventude.
Na última cúpula, em 2014, o presidente interino Michel Temer representou o Brasil como vice-presidente. A presidente afastada Dilma Rousseff esteve em 2012 no encontro do órgão, na Espanha.
De acordo com uma das fontes, há casos em que o Brasil já pensou em sair há alguns anos, como do Sistema Econômico Latino-Americano (Sela), que tem sede em Caracas.
A avaliação na época era de que a organização havia perdido parte da sua razão de ser com a criação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), mas acabou-se desistindo da ideia de deixar a entidade quando outros países, que também sairiam, mudaram de posição.
Dentro do Itamaraty há quem avalie que a preparação de uma lista de organizações pelo Planejamento, mesmo que tenha sido passada ao Ministério das Relações Exteriores para análise, mostra que ainda há um desprestígio da diplomacia, mesmo com as promessas do novo chanceler, José Serra, de valorizar a pasta.
Outros, no entanto, consideram que é possível sim rever a participação do Brasil em algumas organizações.
A saída de organismos internacionais seria mais uma medida para corte de custos no Ministério das Relações Exteriores. De acordo com uma das fontes, Serra recebeu a promessa de recomposição do orçamento do Itamaraty, mas o ministério passará, de qualquer forma, por uma reestruturação.
Na última quarta-feira, foi publicado no Diário Oficial da União o corte de 46 cargos em comissão no Itamaraty, a maioria nos níveis mais baixos. Ao contrário dos demais ministérios, onde os chamados CCs são ocupados por indicados políticos, no Itamaraty, por lei, só podem ser dados a diplomatas de carreira.

Posted by Paulo Roberto de Almeida at 01:35 Nenhum comentário:
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Labels: contribuições, cortes no orçamento, Itamaraty, orçamento, órgãos internacionais, planejamento, torrando dinheiro dos contribuintes

sábado, 23 de novembro de 2013

China: reformas capitalistas (ao estilo dos companheiros?) - MervalPereira

China para 100 anos
Merval Pereira
O Globo, 23/11/2013

Fazendo um balanço dos últimos cem anos na história da França, a revista econômica L´Expansion mostra que já em 1913 os países então chamados de “novos”, e não de “emergentes” como hoje, eram considerados os eldorados, a ponto de Guillaume Appolinaire ser autor de uma poesia sobre os que esperam ganhar dinheiro na Argentina e retornar a seu país depois de terem feito fortuna.
Já naquela época as raízes dos BRICS estavam lançadas com China, Rússia, Brasil, ao lado da Argentina, os países plenos de matérias primas, em que tudo é possível, que os bancos e as grandes fortunas buscavam para investimentos.
Em 1917, quando a revolução comunista estourou, 44% dos bancos russos eram de propriedade de estrangeiros, a maior parte de franceses. Curiosamente, as seis principais economias do mundo cem anos atrás eram as mesmas de hoje, em lugares ligeiramente trocados, com exceção dos Estados Unidos, que já era a primeira, e a França, que continua em quinto lugar.
A Alemanha era a segunda economia e hoje é a quarta; a China era a terceira e hoje é a segunda; a Inglaterra era a quarta economia do mundo e hoje é a sexta, e o Japão, que era a sexta, hoje é a terceira maior economia do mundo.
A Argentina era a 11 economia do mundo e hoje cai pelas tabelas, podendo ser a 25 economia se os números oficiais estiverem corretos. O Brasil já foi a sexta economia, ultrapassando a Inglaterra, mas com o crescimento pífio dos últimos anos pode estar na décima posição.
 Perguntado sobre como avaliava a Revolução Francesa, o premier chinês Zhou Enlai teria respondido que ainda era muito cedo para fazer uma avaliação. A resposta seria típica de uma cultura milenar, com uma marcação de tempo mais cautelosa que a ocidental.
Ao anunciar no ultimo dia 15 o mais ambicioso plano de reformas sociais e econômicas desde as reformas colocadas em prática por Deng Xiaoping entre o final dos anos 70 e o início dos 80 do século passado, transformando a China no líder econômico entre os mercados emergentes, o Presidente Xi Jinping e o Premier Li Keqiang, preparam o país para os próximos cem anos.
Segundo especialistas, é mais que um plano. É uma reforma de tal envergadura que altera completamente as atuais crenças e valores de todo um sistema de governo. Já comparável a situações que ocorrem poucas vezes na história das nações, como a revolução industrial na Inglaterra do século XIX, ou a arrancada tecnológica - aço, estradas de ferro, petróleo, e rede bancária - que fez a América se tornar a nação mais industrializada do mundo no primeiro quarto do século XX.
Das nada menos que 60 medidas tomadas pelos chineses para transformar sua economia em competitiva no mundo moderno, sair do “capitalismo de Estado” para o capitalismo realmente de mercado, cinco são as mais importantes segundo os analistas.
A mais emblemática delas é o afrouxamento da política de um bebê por família. Agora podem ter dois, desde que um dos pais seja filho único. A controversa política do filho único introduzida em 1979 contribuiu para a queda da taxa de nascimentos, mas agora a população está envelhecendo rapidamente.
A consequência imediata foi a valorização das ações na bolsa de Hong Kong de indústrias ligadas ao consumo infantil, de brinquedos a lacticínios. O consumo desses produtos cresce rapidamente na China, mas ainda é apenas 25% dos níveis dos Estados Unidos e Europa.
Também vão mudar as regras da migração: antes os migrantes tinham que desistir dos serviços públicos quando se transferiam para grandes cidades, agora não mais. Resultado: libera-se o mercado de trabalho, permitindo a livre circulação de mão-de-obra.
A política de registro de famílias por residência, conhecida como sistema “hukou", dificultava a mudança das áreas rurais para os centros urbanos. Apesar disso, a China hoje já tem mais habitantes nos centros urbanos do que nas áreas rurais.
Para alguns, esta é a maior reforma na política de urbanização desde 1958. No entanto, as maiores cidades como Beijing, Shanghai, Guangzhou and Shenzhen vão manter as restrições. ( Amanhã, incentivo a investimentos privados)


Posted by Paulo Roberto de Almeida at 22:00 Nenhum comentário:
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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Propostas para um governo racional - Fabio Giambiagi e Claudio Porto

Vai ser dificil ter algo parecido, mas dizem que a esperança...
PRA

Livro: Propostas para o governo: 2015-2018

03/10/2013 por mansueto
Convite-Proposta-para-o-Governo-2015-2018É com muito prazer que uso este espaço para sugerir fortemente que todos comprem o livro, Propostas para o Governo 2015-2018, organizado por Fábio Giambiagi e Claudio Porto. Os autores dispensam apresentação, mas vou falar um pouco dos dois.
Em relação ao Fábio Giambiagi, ele é um dos economista mais respeitados na área de finanças públicas e tem um grande mérito: fala o que de fato acredita e sempre fundamenta suas teses com a literatura e com dados empíricos. Tem uma capacidade anormal de escrever, editar e ainda estimular outros economistas a escreverem. A primeira vez que estive com ele foi em uma reunião em Brasília, em 1995, quando ele trabalhou no Ministério do Planejamento. Mas só nos conhecemos de fato, em 2004, quando passei a escrever com certa frequência da área de finanças públicas e ele ainda estava no IPEA.
Claudio Porto conheci no lançamento de um outro livro que organizou com Fábio Giambiagi: Brasil 2022. Claudio é uma daquelas pessoas batalhadoras que saiu do Recife para o Rio de Janeiro para ampliar a sua consultoria, a Macroplan, que cresceu e hoje tem vários associados de peso. Ele criou uma instituição que está por trás do planejamento estratégico de vários órgãos públicos e privados, além de projetos de planejamento e avaliação de Estados e Municípios.
O que posso falar além desta breve introdução é que sou fã dos dois e fiquei agradecido por ter sido convidado para participar do livro com um capítulo sobre política fiscal. O livro tem um total de 24 capítulos, cada um limitado a 10 páginas, e tenho certeza que será um importante livro de consulta para a sociedade brasileira e para os nossos candidatos.
Segue abaixo a lista dos capítulos e dos autores. O lançamento do livro será no dia 29 de outubro de 2013, às 19 hs na Livraria da Travessa no Shopping Leblon no Rio de Janeiro. É muito provável que eu vá para o lançamento no Rio.

Livro: Propostas para o governo: 2015-2018

Organizadores: Fábio Giambiagi e Claudio Porto
Editora: Elsevier
Parte I – Introdução
1.A economia brasileira na segunda metade da década: riscos de esgotamento do ciclo de expansão iniciado em 2004 (Fabio Giambiagi/Marcelo Kfoury Muinhos)
2.Oportunidades e desafios para um novo ciclo de desenvolvimento do Brasil: uma agenda para o médio prazo (Claudio Américo de Figueiredo Porto/Adriana Fontes)
Parte II – O arranjo macroeconômico
3.O financiamento do desenvolvimento: à procura de novas fórmulas (Bernard Appy)
4.Desafios para a consolidação do regime de metas de inflação no Brasil (Daniel L. Sinigaglia/Nilson Teixeira)
5.Que regime monetário-cambial? (Tiago Berriel/Carlos Viana de Carvalho/Rafael Ihara)
6.A política fiscal no Brasil e perspectivas para 2015/2018 (Mansueto Almeida)
7.Tributação e competitividade: o que fazer? (Everardo Maciel)
8.Riscos e possibilidades do endividamento externo no Brasil (Fernando Honorato Barbosa)
9.Salário mínimo: razões e bases para uma nova política (Fabio Giambiagi)
Parte III – Políticas para a promoção do desenvolvimento
10. Produto potencial: onde estamos? Para onde vamos? (José Ronaldo de Castro Souza Junior)
11.Como elevar a produtividade? (Jorge Arbache)
12.Política industrial e comercial para um mundo em transformação: uma agenda para 2015 (Claudio Frischtak/Mauricio Mesquita Moreira)
13.Uma política social para uma economia competitiva (Francisco H. G Ferreira/ Marcio Gold Firmo)
14.Ensino técnico e profissional: a falta que faz, e como fazer (Cláudio de Moura Castro/Simon Schwartzman)
15.Reforma previdenciária, cedo ou tarde (Marcelo Abi-Ramia Caetano)
16.Perspectivas para a FUNPRESP: a evolução dos ativos dos fundos de pensão dos servidores da União no século XXI (Felipe Vilhena Antunes Amaral)
17.Incentivos fiscais para a previdência complementar ou Reforma da Previdência: “Doutor, dá pra rolar uma boa notícia?” (Flavio Martins Rodrigues)
18.Uma agenda de trabalho para o setor elétrico (Elena Landau/Joísa Dutra/Patrícia Regina Pinheiro Sampaio)
19.Infraestrutura para o crescimento (Mailson da Nóbrega/Adriano Pitoli)
20.Concorrência no Brasil: e agora? (Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt/Elizabeth Farina/Claudio Monteiro Considera)
21.A agenda da inovação: 2015/2018 (Carlos Américo Pacheco, Rafael Lucchesi/Luís Gustavo Delmont)
22.Brasil conectado: os novos desafios e oportunidades da gestão pública em tempo real (Alexandre Mattos/Glaucio Neves/Gustavo Morelli)
23.Desenvolvimento sustentável: tendências, novas formas de aferir valor e oportunidades para o Brasil (Clarissa Lins)
24.Políticas de desenvolvimento regional no contexto do desafio da competitividade (Alexandre Rands Barros)

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Publicado em Economia | Etiquetado desenvolvimento econômico, Fábio Giambiagi, política fiscal, Propostas para 2015-2018 | 2 Comentários

2 Respostas

  1. em 03/10/2013 às 8:25 PM | RespostaManelim Silva
    Haverá versão digital do livro à venda?

  2. em 03/10/2013 às 8:34 PM | RespostaManelim Silva
    Mansueto,
    Isso é um livro ou um ajuntamento de 24 artigos?


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Posted by Paulo Roberto de Almeida at 00:58 Nenhum comentário:
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Labels: Claudio Porto, Fabio Giambiagi, livro, Mansueto Almeida, planejamento, políticas públicas.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Imperio repensa o seu exercito - Foreign Policy

Foreign Policy Situation Report
Foreign Policy February 9, 2013

FP Exclusive: Odierno says the Army must change

Whither the Army? At the end of more than a decade of two large land wars and budget cuts forcing new thinking in the military's role in the world, the Army is at a crossroads. While the much-hyped pivot to Asia seems to give the strategic nod to the Air Force and the Navy, with the small Marine Corps not far behind, the Army is now seen as having to adapt quickly to position itself for a new future. For the man who has to lead that transition, it's all about explaining what the Army does, how important decisions today will affect tomorrow, and what the service must do to change. Army Chief of Staff Gen. Ray Odierno is releasing his "strategic intent" this morning exclusively on FP and here in Situation Report, where he makes the case that his service is still critical, still relevant, and still necessary in an uncertain world. But he says the service must also adapt to meet an array of new challenges by making forces more scalable and investing heavily -- and earlier in their careers -- in building leaders, all while remaining accountable to the taxpayers who make the force possible.

Odierno: "To posture the force for the complexities of the strategic environment, we must simultaneously reform our processes and training to generate forces scalable from squad to corps. We cannot afford to limit our planning to brigade combat teams. Our success going forward will be built on deploying the right soldiers, with the right training, in the right size units, at the right time. Small unit leadership will be at a premium in this potential environment of dispersed, decentralized operations. In some circumstances that may require small teams of soldiers engaged in partnership activities. Others may require the combined mass of brigades, divisions, or corps. This does not necessarily suggest a smaller force, but an Army capable of deploying tailored packages to the point of need, while retaining the ability to rapidly reassemble into larger combat formations as requirements change or small conflicts expand."

On the Army of today: "[A]n objective assessment of what is required to fulfill our mission in a complex future environment against a constantly evolving range of threats demands that we continue to invest in the specific skills, equipment, and forces needed to do so effectively. This demands foresight and innovation, as well as a bottom-up engagement by our most valuable asset -- our soldiers and leaders. It also requires recognition that the Army, like our nation, must be good stewards of our resources in an era of increasing fiscal austerity."

On keeping pace with technology: "The cyber revolution has created new ways for people to connect. Information passes instantly over great distances, and entire virtual communities have been created through social media.... [M]any of our adversaries lack the ability to confront our forces physically, choosing instead to employ virtual weapons with potentially devastating effect. We must take full advantage of these technologies, building our own capabilities to operate in cyberspace with the same level of skill and confidence we enjoy on the land. We will either adapt to this reality or risk ceding the advantage to future enemies."

On equipment and the leaders it needs: "This effort requires equipment that gives our squads, as the foundation of the force, capabilities that overwhelm any potential foe, enabled by vehicles that improve mobility and lethality while retaining survivability. It needs a network that connects all our assets across the joint force together in the most austere of environments to deliver decisive results in the shortest time possible. It demands leaders with the ability to think broadly and critically, aware of the cultural lenses through which their actions will be viewed and cognizant of the potential strategic ramifications of their decisions."

The Navy's Adm. Jon Greenert wrote on FP about the Navy's pivot to Asia in November and the Marine Corps' Lt. Gen. Richard Mills wrote on FP last fall about the need for the Corps to return to the littorals for the bulk of the operations in the future.

Odierno's likely new boss will probably be confirmed by the full Senate next week, we're told. There are still a good many people who believe Chuck Hagel is the right man for the Pentagon's top job, but his showing at the confirmation hearing Thursday was roundly considered lackluster. That's why he's still working the Hill this week, visiting senators who are seen as key to getting him the 70 votes the Hagel camp wants. The Senate Armed Services Committee is expected to vote Thursday, and the full Senate will take up the confirmation next week before the President's Day recess, Situation Report is told. That could put Hagel in office within a couple of weeks. Indeed, Panetta's Farewell Tour begins this week.
Posted by Paulo Roberto de Almeida at 17:15 Nenhum comentário:
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Paulo Roberto e Carmen Lícia

Paulo Roberto e Carmen Lícia
No festival de cinema de Gramado, 2016

Breve Perfil

Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais, com vocação acadêmica voltada para os temas de relações internacionais, de história diplomática do Brasil e para questões do desenvolvimento econômico. Profissionalmente, sou membro da carreira diplomática desde 1977. Minhas preocupações cidadãs voltam-se para os objetivos do desenvolvimento nacional, do progresso social e da inserção internacional do Brasil. Entendo que cinco das condições básicas para que tais objetivos sejam atingidos podem ser resumidas como segue: macroeconomia estável, microeconomia competitiva, boa governança, alta qualidade dos recursos humanos e abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros. Este blog serve apenas de divertissement. Para meus trabalhos mais sérios, ou pelo menos de caráter acadêmico, ver o site http://www.pralmeida.org/.

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  • Tobias Barreto: ingresso no IHG-DF
  • Manifesto Globalista
  • The Great Destruction on Brazil
  • Manual pratico de decadência
  • Miséria da Oposição no Brasil
  • Pensamento Diplomatico Brasileiro
  • Tratado Geral da Mafia
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Uma reflexão...

Recomendações aos cientistas, Karl Popper:
Extratos (adaptados) de Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades (Popper falando a biólogos, em 1963, em plena Guerra Fria):
"A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico, do qual muitos de nós temos orgulho. Um orgulho desse tipo é compreensível. Mas ele é um erro. Deveria ser nosso orgulho ensinar a nós mesmos, da melhor forma possível, a sempre falar tão simplesmente, claramente e despretensiosamente quanto possível, evitando como uma praga a sugestão de que estamos de posse de um conhecimento que é muito profundo para ser expresso de maneira clara e simples.
Esta, é, eu acredito, uma das maiores e mais urgentes responsabilidades sociais dos cientistas. Talvez a maior. Porque esta tarefa está intimamente ligada à sobrevivência da sociedade aberta e da democracia.
Uma sociedade aberta (isto é, uma sociedade baseada na idéia de não apenas tolerar opiniões dissidentes mas de respeitá-las) e uma democracia (isto é, uma forma de governo devotado à proteção de uma sociedade aberta) não podem florescer se a ciência torna-se a propriedade exclusiva de um conjunto fechado de cientistas.
Eu acredito que o hábito de sempre declarar tão claramente quanto possível nosso problema, assim como o estado atual de discussão desse problema, faria muito em favor da tarefa importante de fazer a ciência -- isto é, as idéias científicas -- ser melhor e mais amplamente compreendida."

Karl R. Popper: The Myth of the Framework (in defence of science and rationality). Edited by M. A. Notturno. (London: Routledge, 1994), p. 109.

Uma recomendação...

Hayek recomenda aos mais jovens:
“Por favor, não se tornem hayekianos, pois cheguei à conclusão que os keynesianos são muito piores que Keynes e os marxistas bem piores que Marx”.
(Recomendação feita a jovens estudantes de economia, admiradores de sua obra, num jantar em Londres, em 1985)

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