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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 2 de junho de 2024

WW debate sobre o ingresso do Brasil na OCDE: William Waack, Rubens Barbosa, Hussein Kalout, Welber Barral

 Assisti, há pouco, a íntegra do debate sobre o eventual ingresso do Brasil na OCDE, no programa WW, com a participação do embaixador Rubens Barbosa, do cientista político Hussein Kalout, e do consultor em comércio internacional Welber Barral.

 Os três foram excelentes. Uma frase porém faltou, a qualquer um, embora a primeira intervenção do embaixador Rubens Barbosa tenha tocado na “cronologia”. O Brasil já está atrasado há 30 anos, ou mais, nessa decisão de ingressar na OCDE. 

Deveria ter pedido esse ingresso sob Fernando Collor, quem iniciou a aproximação, e teria entrado quase facilmente sob FHC, logo depois do México (1994) e talvez até antes da Coreia do Sul, logo em seguida. 

Como alguns dos meus colegas e amigos sabem, em 1996, um ano depois de voltar de Paris, eu apresentei minha tese no Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco sobre o Brasil e a OCDE, “uma interação necessária”, como era o subtítulo.

Ela nem pedia adesão, apenas continuidade do processo de aproximação iniciada sob Collor,  sob a coordenação do embaixador Clodoaldo Hugheney e da qual participou meu amigo Sergio Florencio, na época já ministro. Na banca, o embaixador Jorio Dauster, conhecido nacionalista e desenvolvimentista, não parece ter apreciado o conteúdo da minha argumentação, e o próprio Clodoaldo Hugheney me perguntou se eu pretendia revisar a nossa política econômica externa “dos últimos 30 anos”, ou seja, os 30 anteriores. Eu respondi que era mais ou menos isso que eu propunha. 

A tese foi recusada, mais por razões políticas, e de atitude, do que pelo conteúdo, mas me disseram que eu poderia apresentá-la no ano seguinte, quando ela certamente seria aprovada, depois de alguns puxões de orelha em candidato tão impertinente.

 Tomei, porém, outro caminho: deixei a tese de lado e fui por outro caminho: estudei a formação da nossa diplomacia econômica no século XIX, pois os mortos, como se sabe, não se incomodam com mais nada. Essa nova tese foi publicada em três edições e hoje está livremente disponível na biblioteca digital da Funag: 

Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império. 3a. edição, revista; apresentação embaixador Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras; Brasília: Funag, 2017, 2 volumes; Coleção História Diplomática; ISBN: 978-85-7631-675-6 (obra completa; 964 p.); Volume I, 516 p.; ISBN: 978-85-7631-668-8 (link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=907) e Volume II, 464 p.; ISBN: 978-85-7631-669-5 (link: http://funag.gov.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=908).Divulgado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/09/formacao-da-diplomacia-economica-no_9.html)

Hoje a tese sobre a OCDE está disponível na minha página na Academia.edu: 

Brasil e OCDE: uma interação necessária, Brasília, 15 julho 1996, 290 p. (texto + anexos: notas, bibliografia, complementos informativos e apêndices estatísticos). Tese apresentada ao XXXII Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco. Depositada no IRBr em 15 de julho de 1996, aceita para arguição oral em 19 de setembro, com fixação da defesa para o período de 24 de outubro a 6 de novembro; defendida em 29 de outubro 1996 de 1996. Reprovada pela Banca; Informado no blog Diplomatizzando (2/06/2015; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/06/brasil-e-ocde-uma-interacao-necessaria.html 

disponibilizado em Academia.edu (2/06/2015); link: https://www.academia.edu/5659888/530_Brasil_e_OCDE_uma_interacao_necessaria_-_tese_CAE_1996_  

Abaixo o índice: 

Brasil e OCDE: uma interação necessária

 

Índice:

 

À guisa de prefácio...       5

 

I. Introdução: o Brasil e a OCDE no sistema econômico mundial  7

Esse obscuro objeto do desejo: a OCDE na agenda diplomática do Brasil   7

A interdependência econômica e a inserção internacional do Brasil   9

A história como instrumento de trabalho diplomático  13

A base do problema: definição de uma política oficial  15

 

II. A construção da interdependência: uma perspectiva de meio século 

     1. Do Plano Marshall à OCDE    17

O contexto econômico e político do pós-guerra: a OECE 17

A OECE e a reconstrução da Europa ocidental     21

A reconstituição da OECE e o estabelecimento da OCDE     24

 

     2. Os países em desenvolvimento na economia global 

Um Plano Marshall para a América Latina?  31

Comércio e pagamentos: OECE e América Latina    35

O comércio internacional e o problema do desenvolvimento   38

Intercâmbio desigual e busca da não-reciprocidade   40

 

     3. Do desenvolvimentismo à aceitação da interdependência    44

Ascensão e crise da ideologia desenvolvimentista     46

A UNCTAD e o declínio do desenvolvimentismo    50

Fragmentação e diversificação do Terceiro Mundo    54

A América Latina e o Brasil no contexto internacional    59

A macroestrutura institucional da interdependência mundial   62

 

III. A OCDE e o multilateralismo econômico    67

     1. O consenso liberal e a ortodoxia econômica: a agenda da OCDE  68

Estrutura e processo decisório na OCDE: flexibilidade e consenso   70

O mandato da OCDE e a interdependência: sinfonia inacabada  75

Templo da racionalidade econômica?: modesto poder de coerção   76

Desafios ao consenso liberal: protecionismo e unilateralismo  80

 

     2. A interdependência na prática: as relações externas da OCDE    90

Das origens ao fim da guerra fria: os alunos modelos    91

A OCDE como padrão de cooperação interestatal      93

Dormindo com o inimigo: as relações com os socialistas     94

Uma OCDE asiática?: nas origens da APEC      96

A “política externa” da OCDE: relações com países não-membros   98

             Os parceiros da transição ao capitalismo bem comportado  101

             O diálogo informal com asiáticos e latino-americanos    103

             Um dragão irrequieto: a China     106

             As economias emergentes   107

 

     3. Requisitos do contrato global: processos de adesão à OCDE   109

A marcha de adesões à OCDE: de moderato a fermo    110

Ainda a marcha da OCDE: de prestissimo a piano     113

Critérios de adesão e realismo pragmático: trade-offs  116

A marcha do capital: derrubando barreiras    117

Entrando no templo: México, República Tcheca e Hungria   122

 

IV. Brasil e OCDE: a dinâmica do relacionamento   127

     1. Histórico da política de aproximação      129

Pré-história do relacionamento: comércio compensado   130

A presença discreta da nova organização: a OCDE    131

A divisão Norte-Sul e o “clube dos países ricos”     132

Primeiros contatos estruturados: o Comitê do Aço   134

O “último dos desenvolvidos...”: a missão de 1991 à OCDE   138

 

     2. Participação nas atividades do diálogo informal  147

O Brasil como major economy     147

Prosseguimento da política de diálogo     151

O Brasil e o futuro da relação OCDE/economias dinâmicas    158

 

     3. Bases de uma mudança de status    168

O quadro geral da política econômica: culto à estabilidade  170

Liberando os fluxos de bens, de serviços e de capitais    175

Políticas estruturais e setoriais: novas disciplinas   183

 

     4. Impacto nas relações econômicas e na política externa  191

Relações econômicas internacionais: revisão de longo curso    192

Efeitos sobre o Estado e o funcionamento do aparelho social    201

Um novo paradigma na política externa?: a perspectiva global     206

 

V. Conclusões: a OCDE e a nova inserção internacional do Brasil  213

Uma balança do poder mundial: do G-7 ao G-10?     214

Idealpolitk e realismo na política externa     218

 

Anexos:

Apêndices:      223

1. OCDE: Estrutura, órgãos subsidiários e agências especializadas    225

2. Estrutura operacional de trabalho da OCDE       227

3. O Secretariado da OCDE e como ele se vê a si mesmo    232

4. Composição e participação nas atividades da OCDE     239

5. Centro de Desenvolvimento   240

6. Comitê do Aço da OCDE    241

7. As publicações da OCDE    242

8. Indicadores econômicos e sociais comparativos     246

 

Bibliografia     251

 

Nota final     261

 

Texto original da tese: 


 https://www.academia.edu/5659888/530_Brasil_e_OCDE_uma_interacao_necessaria_-_tese_CAE_1996_