Eu mesmo esqueço de certos textos mais antigos que deveriam estar linkados de forma permanente na coluna da direita. De vez em quando, um deles me cai, por acaso, "no colo", ou na tela do computador. Como nunca foi publicado em algum veículo formal, creio que não estou infringindo nenhum copyright (que seria meu mesmo) se republicá-lo novamente:
A arte de ser contrarianista...
O contrarianismo, na prática
Paulo Roberto de Almeida
Já me defini, em algum trabalho anterior, como um “contrarianista”, isto é, alguém que procura ver as “coisas da vida” com um olhar cético, sempre interrogando os fundamentos e as razões de por quê as coisas são daquele jeito e não de outro, ou de como elas poderiam ser ainda melhores do que são, aparentemente a um menor custo para a sociedade ou atendendo a critérios superiores de racionalidade e de instrumentalidade. Ou seja, em linguagem da economia política, o contrarianista é um indivíduo que está sempre procurando aumentar as externalidades positivas e diminuir as negativas, sempre efetuando cálculos de custo-oportunidade do capital empregado, sobre o retorno mais eficiente possível, adequando os meios disponíveis ao princípio da escassez.
O contrarianista não é, a despeito do que muitos possam pensar, um ser que sempre é “do contra”, um caráter negativo ou pessimista. Ao contrário, trata-se, para ele, de buscar otimizar os recursos existentes, indagando continuamente como fazer melhor, eventualmente mais barato, com os parcos meios existentes. Esta é a minha concepção do contrarianismo, uma arte difícil de ser exercitada, mais difícil ainda de ser compreendida. Eu a definiria, segundo uma lição que aprendi ainda na adolescência, como um exercício de “ceticismo sadio”, ou seja, o espírito crítico que não se compraz, simplesmente, em negar as “coisas” como elas são, mas que se esforça, em toda boa vontade, para que elas sejam ainda melhores do que são, questionando sua forma de ser atual e propondo uma organização que possa ser ainda mais funcional do que a existente.
Por isso mesmo, pretendo, neste curto ensaio, tecer algumas considerações sobre a arte de ser contrarianista, o que, confesso, não é fácil. Sempre nos arriscamos a ser incompreendidos, em aparecer como puramente negativos ou derrotistas, quando o que se busca, na verdade, é reduzir o custo das soluções “humanamente produzidas” (elas sempre são falhas). Talvez, a melhor forma de se demonstrar, na prática, a arte do contrarianismo, seria elaborar uma série de manuais de sentido contrário, isto é, em lugar dos How to do something, escrever sobre “como não fazer” determinadas coisas. Como eu exercito muito freqüentemente a resenha de livros, creio que não seria difícil oferecer algumas observações sobre essa prática corriqueira da vida cotidiana. Aliás, já o fiz, num dos primeiros posts de meu blog “Book reviews” dedicado aos livros, post nº 2, “A arte da resenha” (neste link).
Existem, de fato, muitos manuais e guias sobre a arte ou a maneira de se fazer isto ou aquilo, sendo os mais conhecidos, justamente, aqueles americanos que seguem as regras usuais do gênero “how to do this or that...”. Aperfeiçoando o gênero surgiram os “beginners’ guide to...” e os “idiot’s guide for...”. Antes dessa era de proliferação infernal de guias para todos os idiotas existentes, eu cheguei a consultar, quando estava elaborando a minha tese de doutoramento, um guia de um desses americanos do self-help, que se chamava, exatamente, How to complete, and survive... a doctoral dissertation: foi útil, confesso, ao menos em diminuir o stress com os ciclos ascendentes (eufóricos) e descendentes (que podem ser depressivos, para alguns candidatos) do longo périplo na direção do final da tese. Talvez, um dia, eu faça um manual sobre “Como não exercer a diplomacia”, para o que eu mesmo teria muito material primário – autoproduzido – a ser processado e apresentado a eventuais candidatos e outros incautos da profissão.
Esperando que este dia chegue, vejamos quais poderiam ser algumas regras simples do contrarianista profissional, aquele que leva esse método a sério, considera o exercício válido do ponto de vista das best practices e pretende aperfeiçoar os procedimentos e instrumentos para elevar essa prática ao estado de “arte”, se ela já não o é. Uma simples listagem, a ser detalhada em trabalhos posteriores, poderia compreender os seguintes pontos:
1) Questione as origens:
Toda vez que for apresentado a um novo problema, ou uma questão não corriqueira, veja se consegue detectar as origens daquele problema, porque ele surgiu dessa forma neste momento e neste local. Saber a etiologia de algum fenômeno, assim como saber a etimologia das palavras, sempre ajuda a detectar as razões de sua irrupção num dado contexto em que você é chamado a intervir. As origens e fundamentos de um processo qualquer podem contribuir para determinar seu possível desenvolvimento e eventual itinerário. É assim que procedem os epidemiologistas e, creio também, os linguistas, sempre preocupados em detectar os mecanismos fundamentais de criação de um fenômeno ou processo. Portanto, não tenha medo em perguntar: “de onde surgiu isso?; como é que isso veio parar aqui?; qual é a origem desse treco?”. Pode ajudar um bocado.
2) Determine se o que está sendo apresentado é realmente a essência da coisa:
Muitas vezes somos enganados pelas aparências, como já dizia um velho humorista. As coisas podem ter mais de uma dimensão – usualmente três, mas alguns apostam em dimensões “desconhecidas” – ou em todo caso todos os lados e facetas daquele problema podem não estar imediatamente visíveis ou serem perceptíveis da posição na qual você se encontra. Por isso, não hesite em fazer como Aristóteles e ir buscar a essência da coisa, sua natureza real. Na maior parte das vezes não é preciso bisturi ou serrote, apens um pouco de reflexão ou de exame mais acurado do que lhe é apresentado. Antes de qualquer pronunciamento, vire a coisa pelo avesso...
3) Pergunte por que aqui e agora?:
As coisas não sugem do nada, está claro, e, justamente, nos assuntos da alta política, da economia ou da diplomacia, elas deitam raízes lá atrás, em movimentos tectônicos que talvez tenham passado despercebidos aos contemporâneos, mas que já se moviam na direção que vieram a assumir na atualidade. O fato de estarem sendo colocadas na agenda neste momento significa que seu movimento natural as trouxe à superfície ou que alguém tenha interesse em que essas coisas sejam agora tramitadas e eventualmente resolvidas. Examine o contexto da “aparição”, determine as condições sob as quais elas estão sendo apresentadas e prepare-se para interrogar, você mesmo, as coisas surgidas na agenda. Essas medidas de caução são sempre importantes para evitar alguma reação precipitada ou incontornável, que possa comprometer seus próximos passos no tratamento dessas coisas.
4) Examine e avalie, preventivamente, todas as opções disponíveis:
Nunca existe uma única solução para qualquer problema humanamente concebível. Os problemas podem ser encaminhados por diferentes vias, seja quanto ao método (procedimentos), seja quanto à sua substância (a matéria em questão). As vias alternativas apresentam diferentes custos e produzem efeitos muito diversos, imediatos ou delongados. Sempre existe aquilo que os economistas chamam de trade-offs, isto é, uma maneira (supostamente racional) de se obter algo valioso cedendo alguma outra coisa, alegadamente menos importante para nós. O contrarianista pergunta, sempre, se a solução apresentada é a de menor custo possível, naquelas circunstâncias, e quais seriam os retornos esperados ou presumíveis da via adotada. Os custos devem sempre ser pesados em face dos ganhos esperados, ou de um emprego alternativo dos recuros disponíveis.
Por isso, é sempre recomendável fazer simulações, avaliar custos e oportunidades, enfim proceder de modo utilitário – como os velhos filósofos ingleses ensinaram –, afastando nossos preconceitos e as idées reçues. O instinto pode sté ser bom conselheiro, mas isso só vale para pessoas anormalmente sapientes ou dotadas de muita experiência de vida. Os simples mortais, como a maioria de nós, precisam se basear em algum estudo acurado da situação para poder determinar, justamente, se a solução proposta deliver the best available outcome, ou retorno. Isso só pode ser determinado após exame do problema e determinação do menor sacrifício a ser concedido, um pouco como no jogo de xadrez (aliás, recomendável para contrarianistas de todo o gênero).
5) Uma vez determinada a “solução”, engaje-se no resultado, mas criticamente:
No curso da vida, como diria Benjamin Franklin, só existem duas coisas inevitáveis: a morte e os impostos. Mas, mesmo estes podem ser modificados, ainda que não, helàs, evitados. Por isso, em matérias humanas, cabe se engajar em todo e qualquer empreendimento com alguma porta de saída, ou via alternativa. Determinada the best option for this problem, caberia engajar-se resolutamente na sua consecução, e seguir atentamente o desenvolvimento dos procedimentos. As muitas variáveis que interferem num determinado problema nem sempre são absolutamente determinadas pelos parceiros no jogo, podendo haver interferências externas, circunstâncias fortuitas e eventos imprevisíveis que alteram o curso ou o resultado final. Por isso mesmo, se deve acompanhar qualquer problema com olho crítico, vigiando cada etapa do processo, para ver se cabe ainda manter as premissas originais e o investimento efetuado naquela solução.
6) Reconsidere todo o processo e pratique um pouco de história virtual:
Todos já leram, ou pelo menos já ouviram falar, de hipóteses não realizadas no curso real da história mas que teriam sido possíveis em outras circunstâncias: “o que teria acontecido se, em Waterloo, Napoleão não tivesse sido derrotado?”; e se Churchill isto e Hitler aquilo?, ou seja, o impoderável resumido na pergunta clássica da história virtual “What if?”. O contrarianista deve ser, antes de mais nada, um praticante da história virtual e considerar todos os outcomes possíveis num determinado processo, pois eles poderiam ter efetivamente ter acontecido.
Minha pergunta básica, para um exercício espiritual e prático de todos os contrarianistas aprendizes, para os candidatos a “céticos sadios”, seria esta: “por que o Brasil não é um país desenvolvido?” Respostas tentativas para o meu e-mail, por favor...
Brasília, 1717: 3 de fevereiro 2007, 4 p.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
1918) Assim caem os imperios...
Pelo menos é uma forma suave de cair, não no estilo wagneriano como feito por aquele imbecil do Hitler...
Deficits May Alter U.S. Politics and Global Power
By DAVID E. SANGER
The New York Times, February 2, 2010
WASHINGTON — In a federal budget filled with mind-boggling statistics, two numbers stand out as particularly stunning, for the way they may change American politics and American power.
The first is the projected deficit in the coming year, nearly 11 percent of the country’s entire economic output. That is not unprecedented: During the Civil War, World War I and World War II, the United States ran soaring deficits, but usually with the expectation that they would come back down once peace was restored and war spending abated.
But the second number, buried deeper in the budget’s projections, is the one that really commands attention: By President Obama’s own optimistic projections, American deficits will not return to what are widely considered sustainable levels over the next 10 years. In fact, in 2019 and 2020 — years after Mr. Obama has left the political scene, even if he serves two terms — they start rising again sharply, to more than 5 percent of gross domestic product. His budget draws a picture of a nation that like many American homeowners simply cannot get above water.
For Mr. Obama and his successors, the effect of those projections is clear: Unless miraculous growth, or miraculous political compromises, creates some unforeseen change over the next decade, there is virtually no room for new domestic initiatives for Mr. Obama or his successors. Beyond that lies the possibility that the United States could begin to suffer the same disease that has afflicted Japan over the past decade. As debt grew more rapidly than income, that country’s influence around the world eroded.
Or, as Mr. Obama’s chief economic adviser, Lawrence H. Summers, used to ask before he entered government a year ago, “How long can the world’s biggest borrower remain the world’s biggest power?”
The Chinese leadership, which is lending much of the money to finance the American government’s spending, and which asked pointed questions about Mr. Obama’s budget when members visited Washington last summer, says it thinks the long-term answer to Mr. Summers’s question is self-evident. The Europeans will also tell you that this is a big worry about the next decade.
Mr. Obama himself hinted at his own concern when he announced in early December that he planned to send 30,000 American troops to Afghanistan, but insisted that the United States could not afford to stay for long.
“Our prosperity provides a foundation for our power,” he told cadets at West Point. “It pays for our military. It underwrites our diplomacy. It taps the potential of our people, and allows investment in new industry.”
And then he explained why even a “war of necessity,” as he called Afghanistan last summer, could not last for long.
“That’s why our troop commitment in Afghanistan cannot be open-ended,” he said then, “because the nation that I’m most interested in building is our own.”
Mr. Obama’s budget deserves credit for its candor. It does not sugarcoat, at least excessively, the potential magnitude of the problem. President George W. Bush kept claiming, until near the end of his presidency, that he would leave office with a balanced budget. He never got close; in fact, the deficits soared in his last years.
Mr. Obama has published the 10-year numbers in part, it seems, to make the point that the political gridlock of the past few years, in which most Republicans refuse to talk about tax increases and Democrats refuse to talk about cutting entitlement programs, is unsustainable. His prescription is that the problem has to be made worse, with intense deficit spending to lower the unemployment rate, before the deficits can come down.
Mr. Summers, in an interview on Monday afternoon, said, “The budget recognizes the imperatives of job creation and growth in the short run, and takes significant measures to increase confidence in the medium term.”
He was referring to the freeze on domestic, non-national-security-related spending, the troubled effort to cut health care costs, and the decision to let expire Bush-era tax cuts for corporations and families earning more than $250,000.
But Mr. Summers said that “through the budget and fiscal commission, the president has sought to provide maximum room for making further adjustments as necessary before any kind of crisis arrives.”
Turning that thought into political action, however, has proved harder and harder for the Washington establishment. Republicans stayed largely silent about the debt during the Bush years. Democrats have described it as a necessary evil during the economic crisis that defined Mr. Obama’s first year. Interest in a long-term solution seems limited. Or, as Isabel V. Sawhill of the Brookings Institution put it Monday on MSNBC, “The problem here is not honesty, but political will.”
One source of that absence of will is that the political warnings are contradicted by the market signals. The Treasury has borrowed money to finance the government’s deficits at remarkably low rates, the strongest indicator that the markets believe they will be paid back on time and in full.
The absence of political will is also facilitated by the fact that, as Prof. James K. Galbraith of the University of Texas puts it, “Forecasts 10 years out have no credibility.”
He is right. In the early years of the Clinton administration, government projections indicated huge deficits — over the “sustainable” level of 3 percent — by 2000. But by then, Mr. Clinton was running a modest surplus of about $200 billion, a point Mr. Obama made Monday as he tried anew to remind the country that the moment was squandered when “the previous administration and previous Congresses created an expensive new drug program, passed massive tax cuts for the wealthy, and funded two wars without paying for any of it.”
But with this budget, Mr. Obama now owns this deficit. And as Mr. Galbraith pointed out, it is possible that the gloomy projections for 2020 are equally flawed.
Simply projecting that health care costs will rise unabated is dangerous business.
“Much may depend on whether we put in place the financial reforms that can rebuild a functional financial system,” Mr. Galbraith said, to finance growth in the private sector — the kind of growth that ultimately saved Mr. Clinton from his own deficit projections.
His greatest hope, Mr. Galbraith said, was Stein’s law, named for Herbert Stein, chairman of the Council of Economic Advisers under Presidents Richard M. Nixon and Gerald R. Ford.
Stein’s law has been recited in many different versions. But all have a common theme: If a trend cannot continue, it will stop.
Deficits May Alter U.S. Politics and Global Power
By DAVID E. SANGER
The New York Times, February 2, 2010
WASHINGTON — In a federal budget filled with mind-boggling statistics, two numbers stand out as particularly stunning, for the way they may change American politics and American power.
The first is the projected deficit in the coming year, nearly 11 percent of the country’s entire economic output. That is not unprecedented: During the Civil War, World War I and World War II, the United States ran soaring deficits, but usually with the expectation that they would come back down once peace was restored and war spending abated.
But the second number, buried deeper in the budget’s projections, is the one that really commands attention: By President Obama’s own optimistic projections, American deficits will not return to what are widely considered sustainable levels over the next 10 years. In fact, in 2019 and 2020 — years after Mr. Obama has left the political scene, even if he serves two terms — they start rising again sharply, to more than 5 percent of gross domestic product. His budget draws a picture of a nation that like many American homeowners simply cannot get above water.
For Mr. Obama and his successors, the effect of those projections is clear: Unless miraculous growth, or miraculous political compromises, creates some unforeseen change over the next decade, there is virtually no room for new domestic initiatives for Mr. Obama or his successors. Beyond that lies the possibility that the United States could begin to suffer the same disease that has afflicted Japan over the past decade. As debt grew more rapidly than income, that country’s influence around the world eroded.
Or, as Mr. Obama’s chief economic adviser, Lawrence H. Summers, used to ask before he entered government a year ago, “How long can the world’s biggest borrower remain the world’s biggest power?”
The Chinese leadership, which is lending much of the money to finance the American government’s spending, and which asked pointed questions about Mr. Obama’s budget when members visited Washington last summer, says it thinks the long-term answer to Mr. Summers’s question is self-evident. The Europeans will also tell you that this is a big worry about the next decade.
Mr. Obama himself hinted at his own concern when he announced in early December that he planned to send 30,000 American troops to Afghanistan, but insisted that the United States could not afford to stay for long.
“Our prosperity provides a foundation for our power,” he told cadets at West Point. “It pays for our military. It underwrites our diplomacy. It taps the potential of our people, and allows investment in new industry.”
And then he explained why even a “war of necessity,” as he called Afghanistan last summer, could not last for long.
“That’s why our troop commitment in Afghanistan cannot be open-ended,” he said then, “because the nation that I’m most interested in building is our own.”
Mr. Obama’s budget deserves credit for its candor. It does not sugarcoat, at least excessively, the potential magnitude of the problem. President George W. Bush kept claiming, until near the end of his presidency, that he would leave office with a balanced budget. He never got close; in fact, the deficits soared in his last years.
Mr. Obama has published the 10-year numbers in part, it seems, to make the point that the political gridlock of the past few years, in which most Republicans refuse to talk about tax increases and Democrats refuse to talk about cutting entitlement programs, is unsustainable. His prescription is that the problem has to be made worse, with intense deficit spending to lower the unemployment rate, before the deficits can come down.
Mr. Summers, in an interview on Monday afternoon, said, “The budget recognizes the imperatives of job creation and growth in the short run, and takes significant measures to increase confidence in the medium term.”
He was referring to the freeze on domestic, non-national-security-related spending, the troubled effort to cut health care costs, and the decision to let expire Bush-era tax cuts for corporations and families earning more than $250,000.
But Mr. Summers said that “through the budget and fiscal commission, the president has sought to provide maximum room for making further adjustments as necessary before any kind of crisis arrives.”
Turning that thought into political action, however, has proved harder and harder for the Washington establishment. Republicans stayed largely silent about the debt during the Bush years. Democrats have described it as a necessary evil during the economic crisis that defined Mr. Obama’s first year. Interest in a long-term solution seems limited. Or, as Isabel V. Sawhill of the Brookings Institution put it Monday on MSNBC, “The problem here is not honesty, but political will.”
One source of that absence of will is that the political warnings are contradicted by the market signals. The Treasury has borrowed money to finance the government’s deficits at remarkably low rates, the strongest indicator that the markets believe they will be paid back on time and in full.
The absence of political will is also facilitated by the fact that, as Prof. James K. Galbraith of the University of Texas puts it, “Forecasts 10 years out have no credibility.”
He is right. In the early years of the Clinton administration, government projections indicated huge deficits — over the “sustainable” level of 3 percent — by 2000. But by then, Mr. Clinton was running a modest surplus of about $200 billion, a point Mr. Obama made Monday as he tried anew to remind the country that the moment was squandered when “the previous administration and previous Congresses created an expensive new drug program, passed massive tax cuts for the wealthy, and funded two wars without paying for any of it.”
But with this budget, Mr. Obama now owns this deficit. And as Mr. Galbraith pointed out, it is possible that the gloomy projections for 2020 are equally flawed.
Simply projecting that health care costs will rise unabated is dangerous business.
“Much may depend on whether we put in place the financial reforms that can rebuild a functional financial system,” Mr. Galbraith said, to finance growth in the private sector — the kind of growth that ultimately saved Mr. Clinton from his own deficit projections.
His greatest hope, Mr. Galbraith said, was Stein’s law, named for Herbert Stein, chairman of the Council of Economic Advisers under Presidents Richard M. Nixon and Gerald R. Ford.
Stein’s law has been recited in many different versions. But all have a common theme: If a trend cannot continue, it will stop.
1917) Como anda o marxismo no Brasil? (ou seria marquissismo?)
Um leitor de meu post:
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
1914) O Fim da Historia, de Fukuyama
o Equiano Santos, historiador da Bahia, mencionou em seu comentário a diatribe ocorrida algum tempo atrás a propósito de uma "resenha devastadora" que eu havia feito de um livro pretensamente marxista, organizado por um professor seu da Bahia, que se acredita marxista. O livro era este:
Jorge Nóvoa (org.) Incontornável Marx. São Paulo/Salvador: Unesp/UFBA, 2007, 407 p.
Confesso que a resenha era deliberadamente negativa (et pour cause), e mesmo que eu a tenha chamado de "nota crítica", ela simplesmente desmantelava uma compilação mal feita, com artigos medíocres (com algumas poucas exceções), de pessoas que digeriram mal Marx e seus discípulos. Mesmo tendo aposentado meus livros dessa vertente, creio conhecer o velho barbudo melhor do que muitos dos colaboradores a essa obra.
Acreditem, o livro era tão ruim que talvez nem merecesse a nota que fiz, pois falar dele já representou uma espécie de promoção ou propaganda, indevida, provavelmente.
De fato, parece que os organizadores e autores ficaram "órfãos" de outras resenhas a propósito dessa obra lamentável do ponto de vista do marxismo acadêmico, e se não fosse a polêmica involuntariamente despertada por mim, eles teriam ficado sem qualquer publicidade, coitados.
Pois bem, já que o assunto foi levantado novamente, permito-me remeter a essa "nota crítica, ao fim da qual eu recomendava aos eventuais candidatos à sua leitura que empregassem seu dinheiro de outra forma, mais apetitosa, comprando uma pizza:
Paulo Roberto de Almeida: “Marxistas totalmente contornáveis”
Espaço Acadêmico (ano 7, n. 84, maio 2008, disponível neste link).
Bem, logo depois os ataques à minha resenha e, especialmente, contra a minha pessoa foram de tal forma virulentos, reveladores de um fundamentalismo tão sectário, que eu julguei por bem responder aos meus enraivecidas comentaristas, com um outro artigo, que retomava a maior parte dos ataques da tribo de esclerosados marquissistas de bar. Meu artigo-resposta foi este:
“Manifesto Comunista, ou quase...: dedicado a “marquissistas” à beira de um ataque de nervos (a propósito de uma simples resenha)”
Espaço Acadêmico (ano 8, n. 85, junho de 2008; disponível neste link).
Eu não diria que o bando de enfurecidos marquissistas de opereta se tenha redimido dos ataques, mas, ao ver expostos seus apelos inquisitoriais, censórios e gulaguianos, eles se guardaram de fazer novos ataques at large, ou seja, que chegassem ao meu conhecimento. Devem estar até hoje trocando insultos contra a minha pessoa, mas em privado, o que não deixa de alimentar ainda mais a sua raiva. Não fiquem com furúnculos, rapazes...
Se eu tiver tempo, algum dia, vou fazer uma análise detalhada de cada uma das contribuições a esse livro que representa um desserviço aos estudos sérios em torno do marxismo no Brasil, mostrando toda a esclerose e o reacionarismo desses marquissistas de departamentos universitários.
Por enquanto fica apenas o registro devido de um não-debate sobre um não-livro...
Paulo Roberto de Almeida (3.02.2010)
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
1914) O Fim da Historia, de Fukuyama
o Equiano Santos, historiador da Bahia, mencionou em seu comentário a diatribe ocorrida algum tempo atrás a propósito de uma "resenha devastadora" que eu havia feito de um livro pretensamente marxista, organizado por um professor seu da Bahia, que se acredita marxista. O livro era este:
Jorge Nóvoa (org.) Incontornável Marx. São Paulo/Salvador: Unesp/UFBA, 2007, 407 p.
Confesso que a resenha era deliberadamente negativa (et pour cause), e mesmo que eu a tenha chamado de "nota crítica", ela simplesmente desmantelava uma compilação mal feita, com artigos medíocres (com algumas poucas exceções), de pessoas que digeriram mal Marx e seus discípulos. Mesmo tendo aposentado meus livros dessa vertente, creio conhecer o velho barbudo melhor do que muitos dos colaboradores a essa obra.
Acreditem, o livro era tão ruim que talvez nem merecesse a nota que fiz, pois falar dele já representou uma espécie de promoção ou propaganda, indevida, provavelmente.
De fato, parece que os organizadores e autores ficaram "órfãos" de outras resenhas a propósito dessa obra lamentável do ponto de vista do marxismo acadêmico, e se não fosse a polêmica involuntariamente despertada por mim, eles teriam ficado sem qualquer publicidade, coitados.
Pois bem, já que o assunto foi levantado novamente, permito-me remeter a essa "nota crítica, ao fim da qual eu recomendava aos eventuais candidatos à sua leitura que empregassem seu dinheiro de outra forma, mais apetitosa, comprando uma pizza:
Paulo Roberto de Almeida: “Marxistas totalmente contornáveis”
Espaço Acadêmico (ano 7, n. 84, maio 2008, disponível neste link).
Bem, logo depois os ataques à minha resenha e, especialmente, contra a minha pessoa foram de tal forma virulentos, reveladores de um fundamentalismo tão sectário, que eu julguei por bem responder aos meus enraivecidas comentaristas, com um outro artigo, que retomava a maior parte dos ataques da tribo de esclerosados marquissistas de bar. Meu artigo-resposta foi este:
“Manifesto Comunista, ou quase...: dedicado a “marquissistas” à beira de um ataque de nervos (a propósito de uma simples resenha)”
Espaço Acadêmico (ano 8, n. 85, junho de 2008; disponível neste link).
Eu não diria que o bando de enfurecidos marquissistas de opereta se tenha redimido dos ataques, mas, ao ver expostos seus apelos inquisitoriais, censórios e gulaguianos, eles se guardaram de fazer novos ataques at large, ou seja, que chegassem ao meu conhecimento. Devem estar até hoje trocando insultos contra a minha pessoa, mas em privado, o que não deixa de alimentar ainda mais a sua raiva. Não fiquem com furúnculos, rapazes...
Se eu tiver tempo, algum dia, vou fazer uma análise detalhada de cada uma das contribuições a esse livro que representa um desserviço aos estudos sérios em torno do marxismo no Brasil, mostrando toda a esclerose e o reacionarismo desses marquissistas de departamentos universitários.
Por enquanto fica apenas o registro devido de um não-debate sobre um não-livro...
Paulo Roberto de Almeida (3.02.2010)
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
1916) Concurso para a carreira diplomatica: alguns comentarios pessoais (esquizofrenicos, talvez...)
Depois que eu (levianamente) elaborei este post:
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
1912) Dicas para a carreira diplomatica
fazendo, como de hábito, meu anarquismo habitual em matéria de boas regras de conduta, mas atendendo, como sempre, demandas externas, alguns curiosos, legitimamente, perguntaram-me o que eu faria em termos de leituras e preparação, para me tornar um diplomata.
Sinceramente, não sei. Aliás, tudo o que eu não quero é me ocupar de concurso para o Itamaraty, por ser algo muito complicado e extremamente responsável.
Eu até acho que se eu fizesse o concurso hoje, seria reprovado, pelo menos com base na minha pouca preparação para o concurso que fiz, no século passado.
Não apenas porque as provas são realmente difíceis, o que elas são, de fato, mas também porque elas são, como dizer?, "peculiares".
Em todo caso, algumas das perguntas que recebi, foram estas:
1) O quê na sua opinião comporia uma boa base de leituras relativas ao Brasil?
2) Que obras você acrescentaria?
3) O quê você acha que falta?
4) Ou ainda: Se você tivesse que remontar a lista de “leituras brasileiras” o quê você colocaria de novo?
5) Por que você considera o CACD passavelmente esquizofrênico?
6) A carga de leitura deveria ser menor? Ou maior?
7) O que se requer de um candidato à diplomacia?
8) Quais os livros que acreditas tratarem melhor desses temas? (Independente de sua procedência)
Bem, são perguntas importantes para serem respondidas num "átimo", como diriam os italianos (sem o acento). Não vou sequer tratar aqui dos livros ou de uma bibliografia ideal, o que deixo para oportunidade futura.
Se eu tivesse esse tipo de concurso sob minha responsabilidade, não delegaria a função a "terceiros", professores de RI ou das matérias setoriais (salvo em casos muito específicos). Acho que uma comissão de diplomatas, de todas as classes, poderia elaborar algumas centenas de questões, que depois seriam selecionadas e misturadas, alteradas ligeiramente em sua redação, ou ordem (negativo, positivo, por exemplo, ou certo e errado), e depois preparadas para uma prova geral, a que se seguiriam provas setoriais.
Mas, eu começaria por abolir qualquer exigência de diploma para ser diplomata, mesmo de primeiro grau. Acredito que basta demonstrar preparação respondendo questões de forma objetiva e depois passando por uma banca seletiva para questões não exatamente objetivas.
Esse bacharelismo do Brasil me parece ridículo. Diplomata não é necessariamente alguém que tenha muitos diplomas, ou mesmo apenas um. Trata-se apenas de alguém preparado para a carreira. Isso é vocação, e pode ser por autodidatismo integral, ou seja, a pessoal aprendeu a ler com os pais, e estudou toda a vida por sua própria conta. Se não for um autista -- desses capazes de decorar uma lista telefônica inteira, e portanto apto a decorar os livros do programa oficial -- nem alguém maluco, talvez poss ser diplomata, sem diploma nenhum.
Voltarei ao assunto.
Paulo Roberto de Almeida (2.02.2010)
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
1912) Dicas para a carreira diplomatica
fazendo, como de hábito, meu anarquismo habitual em matéria de boas regras de conduta, mas atendendo, como sempre, demandas externas, alguns curiosos, legitimamente, perguntaram-me o que eu faria em termos de leituras e preparação, para me tornar um diplomata.
Sinceramente, não sei. Aliás, tudo o que eu não quero é me ocupar de concurso para o Itamaraty, por ser algo muito complicado e extremamente responsável.
Eu até acho que se eu fizesse o concurso hoje, seria reprovado, pelo menos com base na minha pouca preparação para o concurso que fiz, no século passado.
Não apenas porque as provas são realmente difíceis, o que elas são, de fato, mas também porque elas são, como dizer?, "peculiares".
Em todo caso, algumas das perguntas que recebi, foram estas:
1) O quê na sua opinião comporia uma boa base de leituras relativas ao Brasil?
2) Que obras você acrescentaria?
3) O quê você acha que falta?
4) Ou ainda: Se você tivesse que remontar a lista de “leituras brasileiras” o quê você colocaria de novo?
5) Por que você considera o CACD passavelmente esquizofrênico?
6) A carga de leitura deveria ser menor? Ou maior?
7) O que se requer de um candidato à diplomacia?
8) Quais os livros que acreditas tratarem melhor desses temas? (Independente de sua procedência)
Bem, são perguntas importantes para serem respondidas num "átimo", como diriam os italianos (sem o acento). Não vou sequer tratar aqui dos livros ou de uma bibliografia ideal, o que deixo para oportunidade futura.
Se eu tivesse esse tipo de concurso sob minha responsabilidade, não delegaria a função a "terceiros", professores de RI ou das matérias setoriais (salvo em casos muito específicos). Acho que uma comissão de diplomatas, de todas as classes, poderia elaborar algumas centenas de questões, que depois seriam selecionadas e misturadas, alteradas ligeiramente em sua redação, ou ordem (negativo, positivo, por exemplo, ou certo e errado), e depois preparadas para uma prova geral, a que se seguiriam provas setoriais.
Mas, eu começaria por abolir qualquer exigência de diploma para ser diplomata, mesmo de primeiro grau. Acredito que basta demonstrar preparação respondendo questões de forma objetiva e depois passando por uma banca seletiva para questões não exatamente objetivas.
Esse bacharelismo do Brasil me parece ridículo. Diplomata não é necessariamente alguém que tenha muitos diplomas, ou mesmo apenas um. Trata-se apenas de alguém preparado para a carreira. Isso é vocação, e pode ser por autodidatismo integral, ou seja, a pessoal aprendeu a ler com os pais, e estudou toda a vida por sua própria conta. Se não for um autista -- desses capazes de decorar uma lista telefônica inteira, e portanto apto a decorar os livros do programa oficial -- nem alguém maluco, talvez poss ser diplomata, sem diploma nenhum.
Voltarei ao assunto.
Paulo Roberto de Almeida (2.02.2010)
1915) Triste Fim de Policarpo Social Mundial (com desculpas a Lima Barreto)
Acho que o genial Lima Barreto não merece esta vinculação indevida. Ou talvez sim: ele gostava muito de fazer romances picarescos -- como, por exemplo, "O Homem que sabia Javanês", gozando do Itamaraty de sua época... -- e talvez encontrasse nesses convescotes animados do FSM um bom motivo para mais um conto de sua pluma implacável.
Bem, tentei ficar à altura desse outro gênio da raça...
Triste Fim de Policarpo Social Mundial
(Brasília, 2 fevereiro 2010, 5 p.; 2107)
Resumo e conclusão sobre o FSM-10: uma farsa, como sempre.
Publicado em Mundorama (02.02.2010; link).
Bem, tentei ficar à altura desse outro gênio da raça...
Triste Fim de Policarpo Social Mundial
(Brasília, 2 fevereiro 2010, 5 p.; 2107)
Resumo e conclusão sobre o FSM-10: uma farsa, como sempre.
Publicado em Mundorama (02.02.2010; link).
1914) O Fim da Historia, de Fukuyama: agora com os links
Acho que já tinha anunciado neste espaço, mas é que agora recebi os links das respectivas publicações.
O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?
Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico.
Diplomata de carreira, professor de pós-graduação do Uniceub.
Publicado em Mundorama (21.01.2010; link).
Republicado no Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010; link).
Relação de Publicados n. 949.
Sumário:
1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
2. O que Fukuyama de fato escreveu?
3. Fukuyama tinha razão?
4. Do fim da História ao fim da Geografia
5. Existem opções aos órfãos do socialismo?
Resumo: Reavaliação das principais teses de Francis Fukuyama, em seu ensaio de teoria da história sobre a ausência de alternativas às democracias liberais de mercado, depois da derrocada dos sistemas socialistas e do início do processo de transição nos antigos Estados do sistema socialista, fenômeno equiparado por esse autor a um equivalente do ‘fim da História’ da tradição interpretativa hegeliana. A tese é válida em sua concepção geral, mas os processos concretos de transição não obedecem a um padrão único de organização política, econômica e social.
Palavras-chave: Francis Fukuyama, fim da História, socialismo, capitalismo.
O Fim da História, de Fukuyama, vinte anos depois: o que ficou?
Paulo Roberto de Almeida
Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico.
Diplomata de carreira, professor de pós-graduação do Uniceub.
Publicado em Mundorama (21.01.2010; link).
Republicado no Meridiano 47 (n. 114, janeiro 2010; link).
Relação de Publicados n. 949.
Sumário:
1. O que restou, vinte anos depois, da tese controversa de Fukuyama?
2. O que Fukuyama de fato escreveu?
3. Fukuyama tinha razão?
4. Do fim da História ao fim da Geografia
5. Existem opções aos órfãos do socialismo?
Resumo: Reavaliação das principais teses de Francis Fukuyama, em seu ensaio de teoria da história sobre a ausência de alternativas às democracias liberais de mercado, depois da derrocada dos sistemas socialistas e do início do processo de transição nos antigos Estados do sistema socialista, fenômeno equiparado por esse autor a um equivalente do ‘fim da História’ da tradição interpretativa hegeliana. A tese é válida em sua concepção geral, mas os processos concretos de transição não obedecem a um padrão único de organização política, econômica e social.
Palavras-chave: Francis Fukuyama, fim da História, socialismo, capitalismo.
1913) Economia brasileira: em face do ufanismo governamental, uma analise mais sobria
O BRASIL SAIU MUITO MAL DA CRISE!
Trechos da coluna de Cesar Maia, na Folha de S.Paulo (30.01.2010)
1. As projeções catastróficas feitas após setembro de 2008 e a quebra de instituições financeiras nos EUA apontavam para crise tão grave quanto a de 1929. Mas não levaram em conta que o gasto do Estado em nível mundial, como proporção do PIB, é agora quase três vezes maior. O gasto público não acompanha os ciclos econômicos e é sempre menor que a profundidade da crise. Mais ainda depois que o keynesianismo deu a receita para que cumprisse função anticíclica.
2. Sempre que se tem uma expectativa muito negativa sobre qualquer coisa e a realidade não é tão ruim quanto se imaginava, a sensação de alívio dificulta uma análise cuidadosa da crise e de seus desdobramentos. Isso ocorreu aqui no Brasil em 2009, sendo o maestro da banda o próprio presidente. Só interessava ver números de PIB e emprego. À medida que os números foram sinalizando um quadro menos sombrio, passou-se a dizer que o Brasil saíra da crise na frente. Mas o tempo vai mostrando que não foi assim. O Brasil saiu da crise muito pior do que entrou e, grave, num quadro econômico internacional muito mais competitivo.
3. A reação do governo à crise foi de um keynesianismo populista, de estímulo ao consumo. Uma inflação de 4% parece pequena olhando para trás. Mas, se levarmos em conta que o PIB caiu em 2009 cerca de 1% e que o câmbio despencou, que inflação seria essa com a economia crescendo e o câmbio num nível adequado? A taxa de juros poderia ter caído bem mais se os problemas não fossem tão evidentes. O déficit público nominal dobrou, passando para 4% do PIB.
4. O déficit em conta corrente no balanço de pagamentos vai na mesma direção, apontando em 2010 para US$ 40 bilhões. Isso reforçará a necessidade de juros altos para estimular a entrada de capitais e fechar o balanço sem recorrer às reservas. A dívida pública bruta cresce com a transferência de recursos da União aos bancos estatais.
5. O custo Brasil (infraestrutura econômica) continua subindo. A taxa de desemprego se manteve, mas com a precarização do emprego, indicativo de queda da produtividade. Com o derretimento de parte dos derivativos, a demanda agregada mundial será menor, e mais o mundo mais competitivo exigindo maior produtividade. Aqui se perdeu essa oportunidade por um populismo keynesiano. Câmbio, juros, contas públicas e externas, preços, produtividade, tudo em desalinho. Pode ser que as gorduras pré-crise segurem o tranco em 2010, até porque vale tudo em ano eleitoral. Os candidatos que se preparem para 2011.
Trechos da coluna de Cesar Maia, na Folha de S.Paulo (30.01.2010)
1. As projeções catastróficas feitas após setembro de 2008 e a quebra de instituições financeiras nos EUA apontavam para crise tão grave quanto a de 1929. Mas não levaram em conta que o gasto do Estado em nível mundial, como proporção do PIB, é agora quase três vezes maior. O gasto público não acompanha os ciclos econômicos e é sempre menor que a profundidade da crise. Mais ainda depois que o keynesianismo deu a receita para que cumprisse função anticíclica.
2. Sempre que se tem uma expectativa muito negativa sobre qualquer coisa e a realidade não é tão ruim quanto se imaginava, a sensação de alívio dificulta uma análise cuidadosa da crise e de seus desdobramentos. Isso ocorreu aqui no Brasil em 2009, sendo o maestro da banda o próprio presidente. Só interessava ver números de PIB e emprego. À medida que os números foram sinalizando um quadro menos sombrio, passou-se a dizer que o Brasil saíra da crise na frente. Mas o tempo vai mostrando que não foi assim. O Brasil saiu da crise muito pior do que entrou e, grave, num quadro econômico internacional muito mais competitivo.
3. A reação do governo à crise foi de um keynesianismo populista, de estímulo ao consumo. Uma inflação de 4% parece pequena olhando para trás. Mas, se levarmos em conta que o PIB caiu em 2009 cerca de 1% e que o câmbio despencou, que inflação seria essa com a economia crescendo e o câmbio num nível adequado? A taxa de juros poderia ter caído bem mais se os problemas não fossem tão evidentes. O déficit público nominal dobrou, passando para 4% do PIB.
4. O déficit em conta corrente no balanço de pagamentos vai na mesma direção, apontando em 2010 para US$ 40 bilhões. Isso reforçará a necessidade de juros altos para estimular a entrada de capitais e fechar o balanço sem recorrer às reservas. A dívida pública bruta cresce com a transferência de recursos da União aos bancos estatais.
5. O custo Brasil (infraestrutura econômica) continua subindo. A taxa de desemprego se manteve, mas com a precarização do emprego, indicativo de queda da produtividade. Com o derretimento de parte dos derivativos, a demanda agregada mundial será menor, e mais o mundo mais competitivo exigindo maior produtividade. Aqui se perdeu essa oportunidade por um populismo keynesiano. Câmbio, juros, contas públicas e externas, preços, produtividade, tudo em desalinho. Pode ser que as gorduras pré-crise segurem o tranco em 2010, até porque vale tudo em ano eleitoral. Os candidatos que se preparem para 2011.
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