Estudo da USP desmonta hipótese Colombo da sífilis
Marcelo Leite
Folha de S.Paulo, 5/02/2010
Ossos antigos e genética inocentam marinheiros de levar doença para a Europa
Quem for ao portal do Ministério da Saúde pesquisar sobre a sífilis encontrará que a doença sexualmente transmissível, de péssima fama, foi levada por marinheiros de Cristóvão Colombo da América para a Europa, no final do século 15. Uma informação errada, segundo estudo que surgiu de um curso de pós-graduação da USP.
A disciplina foi ministrada um ano atrás por Sabine Eggers no Instituto de Biociências. Sob o título "Variabilidade em Homo sapiens: aspectos genéticos e ambientais", não tinha a princípio nada a ver com sífilis.
A geneticista deixou os alunos escolherem o que queriam fazer. Eles optaram por estudar o efeito da evolução darwiniana na medicina, aprender paleopatologia (estudo de doenças em vestígios fósseis) e escrever um artigo científico.
O resultado saiu em formato eletrônico no periódico "PLoS Neglected Tropical Diseases", dedicado a doenças tropicais negligenciadas, em janeiro: uma refutação da hipótese de que a doença só tenha chegado à Europa depois de 1492. Os marinheiros de Colombo e as índias com quem tenham mantido relações sexuais foram inocentados da acusação de ter iniciado a epidemia que devastou Nápoles em 1495.
Mal moderno
A sífilis pode ser uma doença devastadora. Inicia-se com uma pequena ferida nos órgãos genitais, 2 a 3 semanas depois da relação desprotegida, e em seguida parece sumir. Volta a manifestar-se depois, com manchas pelo corpo, queda de cabelos, cegueira, paralisias -e pode levar à morte.
Com a descoberta da penicilina, em 1928, pôde enfim ser tratada. A dificuldade de diagnóstico, no entanto, ainda a mantém em circulação e favorece a transmissão na gravidez. No Brasil, o número de casos de sífilis congênita mais que dobrou entre 1998 e 2006, passando de 2.840 para 5.749.
Importante para a pesquisa foi a sífilis causar deformações nos ossos -como a "tíbia em forma de sabre"- identificáveis em esqueletos antigos. E biólogos moleculares já haviam "soletrado" o DNA da bactéria Treponema pallidum pallidum, agente causador da doença.
O grupo multidisciplinar de alunos planejava desde o princípio combinar as ferramentas históricas e genéticas no estudo, portanto a sífilis se tornou uma candidata forte. "Era uma escolha interessante, pois havia saído um livro recentemente ["The Myth of Syphilis", O Mito da Sífilis, de Mary Lucas Powell e Della Collins Cook] que colocava bem a sua intrincada história", conta Eggers.
O primeiro passo foi reunir na literatura científica exemplos de esqueletos com vestígios característicos de sífilis. Após depurar casos duvidosos, restaram sete registros no Velho Mundo (Europa e Ásia) anteriores ao Descobrimento.
Esqueletos e genes
O diagnóstico por paleopatologia, no entanto, sempre deixa margem a dúvidas. Existem outras treponematoses (doenças causadas por bactérias do mesmo gênero) com efeitos comparáveis. O levantamento na literatura apontava evidências fortes para inocentar marinheiros europeus e índias americanas, mas não conclusivas.
É aí que o estudo da USP inova, ao complementar o registro histórico com ferramentas de biologia molecular. A ideia -usar o chamado "relógio molecular"- partiu do aluno Fernando Lucas de Melo, primeiro autor do artigo na "PLoS".
Relógio molecular é uma técnica que parte da taxa de mutação constatada em cada organismo. A sequência do genoma muda naturalmente, com o tempo, mas cada espécie o faz em velocidade mais ou menos característica. Simplificadamente se pode dizer que, com duas amostras obtidas em locais diferentes, é possível estimar se uma se originou da outra e quanto tempo atrás.
Para a sífilis venérea ter aparecido cinco séculos atrás de cepas menos virulentas, como pressupõe a hipótese Colombo, a bactéria precisaria ter taxa de mutação cem vezes mais rápida que o previsto. Pelo relógio da USP, a sífilis deve ter emergido há mais de 4.000 anos.
A combinação dos dois métodos não foi capaz, porém, de solucionar o mistério sobre a origem geográfica da sífilis. Só se sabe que ela estava presente no Novo e no Velho Mundo antes do Descobrimento, mas não qual continente exportou para o outro o "mal de Vênus" (a deusa do amor, origem da expressão "doença venérea").
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
sábado, 6 de fevereiro de 2010
1302) Dansa nuclear do Iran: Brasil como parceiro?
Brasil nega acordo para receber urânio do Irã
Catarina Alencastro e Renato Grandelle
O Globo, 5/02/2010
Apesar da disposição de Teerã em enviar material nuclear ao exterior, AIEA ainda não foi notificada oficialmente
O Itamaraty evitou comentar nesta quinta-feira (4/2) as intenções do governo do Irã de ter o Brasil como destino de seu urânio enriquecido. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, ainda não houve qualquer conversa sobre o tema. A possibilidade foi levantada pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, dias depois da visita do colega brasileiro, Celso Amorim, a Teerã.
Outra hipótese aventada foi a de o Brasil servir como uma espécie de "fiador" do material, atuando na entrega do produto a outro país que realizaria o processo de enriquecimento para fins pacíficos. O Itamaraty nega que qualquer uma dessas possibilidades tenha sido discutida.
Brasil não tem condições de enriquecer a substância Qualquer acordo comercial entre os dois países envolvendo o urânio esbarraria em pelo menos duas limitações. O Brasil só enriquece a substância a até 3%, enquanto Teerã quer tê-la a 20%.
Outro obstáculo é a limitação da indústria brasileira. Apenas 2,6% do urânio usado nas usinas de Angra 1 e 2 são enriquecidos no país: o resto vem de um consórcio formado por Holanda, Alemanha e Reino Unido.
No início da década, um projeto do governo federal previa a instalação de dezenas de cascatas em Resende, cada uma contendo várias centrífugas, mas apenas uma está em funcionamento. Por falta de recursos, as demais nunca saíram do papel. O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Guilherme Camargo, diz que seriam necessários até US$ 300 milhões para completar o programa.
- O Brasil é autossuficiente na produção de urânio concentrado para consumo próprio. Mas, quando se trata de urânio enriquecido, nosso domínio industrial está em fase embrionária - explicou Camargo.
O novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shanon, evitou polemizar sobre a relação do Brasil com o Irã. Ele se limitou a dizer que o país é soberano e não precisa de autorização dos Estados Unidos para agir de acordo com seus interesses. Ele ressaltou ainda a importância do papel de mensageiro que o Brasil desempenha junto ao governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
- Temos um diálogo intenso com o Brasil e outros países dentro do Conselho de Segurança. O Brasil tem um papel importante, de comunicar o Irã sobre as preocupações mundiais com seu programa nuclear, especialmente com a falta de transparência, com os direitos humanos, políticos e civis, além da liberdade religiosa - afirmou o embaixador.
A súbita aceitação de Teerã do envio de urânio ao exterior pode ser um ato de boa vontade rumo à mesa de negociações.
Mas, enquanto não houver um comunicado formal à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), líderes mundiais veem com desconfiança as intenções do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Na Rússia, o presidente da comissão de Relações Exteriores do Parlamento, Konstantin Kosachyov, fez coro a Estados Unidos e França e afirmou que o Ocidente está cada vez mais perto de apertar as sanções econômicas ao país.
- O Irã muda constantemente de opinião - disse Kosachyov, referindo-se à indecisão de Ahmadinejad, que havia já sinalizado a possibilidade de enviar urânio ao exterior em novembro passado, voltando atrás pouco depois.
Já a China insiste no caminho da diplomacia. Segundo o chanceler chinês, Yang Jiechi, novas sanções ao regime dos aiatolás seriam "contraproducentes".
No último round da guerra de nervos travada acerca do programa nuclear nos últimos meses, oficiais iranianos acusaram ontem os EUA de incitar o mundo a uma "Irãfobia".
- Não querem ver boas relações entre nós e nossos vizinhos no Golfo - disse o chefe do EstadoMaior do Irã, general Hassan Firouzabadi, à agência estatal iraniana Irna.
Catarina Alencastro e Renato Grandelle
O Globo, 5/02/2010
Apesar da disposição de Teerã em enviar material nuclear ao exterior, AIEA ainda não foi notificada oficialmente
O Itamaraty evitou comentar nesta quinta-feira (4/2) as intenções do governo do Irã de ter o Brasil como destino de seu urânio enriquecido. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, ainda não houve qualquer conversa sobre o tema. A possibilidade foi levantada pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, dias depois da visita do colega brasileiro, Celso Amorim, a Teerã.
Outra hipótese aventada foi a de o Brasil servir como uma espécie de "fiador" do material, atuando na entrega do produto a outro país que realizaria o processo de enriquecimento para fins pacíficos. O Itamaraty nega que qualquer uma dessas possibilidades tenha sido discutida.
Brasil não tem condições de enriquecer a substância Qualquer acordo comercial entre os dois países envolvendo o urânio esbarraria em pelo menos duas limitações. O Brasil só enriquece a substância a até 3%, enquanto Teerã quer tê-la a 20%.
Outro obstáculo é a limitação da indústria brasileira. Apenas 2,6% do urânio usado nas usinas de Angra 1 e 2 são enriquecidos no país: o resto vem de um consórcio formado por Holanda, Alemanha e Reino Unido.
No início da década, um projeto do governo federal previa a instalação de dezenas de cascatas em Resende, cada uma contendo várias centrífugas, mas apenas uma está em funcionamento. Por falta de recursos, as demais nunca saíram do papel. O presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Guilherme Camargo, diz que seriam necessários até US$ 300 milhões para completar o programa.
- O Brasil é autossuficiente na produção de urânio concentrado para consumo próprio. Mas, quando se trata de urânio enriquecido, nosso domínio industrial está em fase embrionária - explicou Camargo.
O novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shanon, evitou polemizar sobre a relação do Brasil com o Irã. Ele se limitou a dizer que o país é soberano e não precisa de autorização dos Estados Unidos para agir de acordo com seus interesses. Ele ressaltou ainda a importância do papel de mensageiro que o Brasil desempenha junto ao governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
- Temos um diálogo intenso com o Brasil e outros países dentro do Conselho de Segurança. O Brasil tem um papel importante, de comunicar o Irã sobre as preocupações mundiais com seu programa nuclear, especialmente com a falta de transparência, com os direitos humanos, políticos e civis, além da liberdade religiosa - afirmou o embaixador.
A súbita aceitação de Teerã do envio de urânio ao exterior pode ser um ato de boa vontade rumo à mesa de negociações.
Mas, enquanto não houver um comunicado formal à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), líderes mundiais veem com desconfiança as intenções do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Na Rússia, o presidente da comissão de Relações Exteriores do Parlamento, Konstantin Kosachyov, fez coro a Estados Unidos e França e afirmou que o Ocidente está cada vez mais perto de apertar as sanções econômicas ao país.
- O Irã muda constantemente de opinião - disse Kosachyov, referindo-se à indecisão de Ahmadinejad, que havia já sinalizado a possibilidade de enviar urânio ao exterior em novembro passado, voltando atrás pouco depois.
Já a China insiste no caminho da diplomacia. Segundo o chanceler chinês, Yang Jiechi, novas sanções ao regime dos aiatolás seriam "contraproducentes".
No último round da guerra de nervos travada acerca do programa nuclear nos últimos meses, oficiais iranianos acusaram ontem os EUA de incitar o mundo a uma "Irãfobia".
- Não querem ver boas relações entre nós e nossos vizinhos no Golfo - disse o chefe do EstadoMaior do Irã, general Hassan Firouzabadi, à agência estatal iraniana Irna.
1301) A novela dos avioes militares: falta de transparencia
O que mais impressiona, em todo este processo, é a absoluta falta de explicações credíveis para certos sinais emanados do núcleo central do governo. Tudo se resume a dizer que "a decisão é política", ou que se trata de uma "relação estratégica" e outras bobagens do gênero. Já ouvi até dizer que "às vezes, o barato sai caro" (sic); confesso que não sei o que isso quer dizer, a não ser que o caro sai caro, e pode sair mais caro ainda. Se os próprios militares da Aeronáutica preferiram a opção mais barata, porque é que eles poderiam se arrepender depois? Ou será que o dinheiro não sai do bolso deles também?
Nunca ofenderam tanto a minha inteligência como agora, ou talvez sim, em vários outros caso, como se sabe; mas nunca uma ofensa desse tipo custou tão cara no meu bolso...
Entre a esperança e a desilusão
Correio Braziliense, Conexão DIplomática - 06/02/2010
Apesar das declarações constantes do presidente Lula e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, em favor do caça francês Rafale, as outras concorrentes não esconderam a surpresa diante da notícia de que a decisão já teria sido tomada pela proposta da Dassault — que continua sendo a mais cara. A posição oficial, tanto da norte-americana Boeing quanto da sueca Saab, é de que a disputa continua, que não há um anúncio oficial do governo, que Jobim negou a decisão diante das câmeras. Na verdade, o que a informação da escolha gerou nos outros dois candidatos foi um misto de desilusão e esperança. Desilusão pela falta de transparência, pelo privilégio dado a um dos concorrentes de negociar a oferta em separado, pela mudança nos critérios de avaliação. Esperança pela promessa expressa em um comunicado do Ministério da Defesa, divulgado na quinta-feira, de que o governo “levará em consideração, também, outras informações enviadas pelos governos interessados e pelos proponentes”.
A Saab já se mobiliza, e pretende enviar ao Ministério da Defesa, na próxima semana, um adendo à oferta apresentada em novembro, como um último suspiro. Mas, como a notícia pegou os suecos de surpresa, ainda será preciso espremer a proposta, principalmente nos quesitos preço e offset (contrapartidas), para ver se sai uma oferta melhor do que já foi a “melhor e última oferta”. A Boeing, no entanto, parece menos disposta a mexer em sua proposta sem antes saber do governo brasileiro o que, na verdade, está sendo pedido. “Queria que alguém pudesse me explicar os novos critérios de avaliação. Por que vou mexer no meu preço, se isso parece não estar importando para o governo, que prefere um avião ainda 20% mais caro?”, questionou o gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Boeing, Mike Coogins. “Transferência de tecnologia, pelo que entendi, não é mais o principal, nem o preço”, desabafou.
Show mantido
O governo americano mantém a programação de enviar, ainda este mês, um porta-aviões para o litoral do Rio de Janeiro com pelo menos 15 aviões Super Hornet usados pela marinha americana. A demonstração dos caças seria a tentativa final do lado americano. Se, contudo, a decisão aparentemente tomada for irreversível, o show dos F-18 servirá para mostrar o que o governo brasileiro perdeu por um precinho mais camarada.
Mais que uma compra
Em seu primeiro dia de trabalho de fato à frente da representação dos Estados Unidos, o novo embaixador, Thomas Shannon, tentou recuperar a defasagem sofrida pelos últimos cinco meses sem um alto representante norte-americano no Brasil — justamente o período mais crítico da concorrência para a compra dos caças. Em encontro com o ministro Jobim, na tarde de ontem, Shannon se empenhou em mostrar ao brasileiro a importância da parceria bilateral em segurança e a sua expectativa de aumentar essa cooperação. A preocupação é mostrar ao governo brasileiro que não só os franceses oferecem os caças “acoplados” a uma estratégia maior de defesa.
Nunca ofenderam tanto a minha inteligência como agora, ou talvez sim, em vários outros caso, como se sabe; mas nunca uma ofensa desse tipo custou tão cara no meu bolso...
Entre a esperança e a desilusão
Correio Braziliense, Conexão DIplomática - 06/02/2010
Apesar das declarações constantes do presidente Lula e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, em favor do caça francês Rafale, as outras concorrentes não esconderam a surpresa diante da notícia de que a decisão já teria sido tomada pela proposta da Dassault — que continua sendo a mais cara. A posição oficial, tanto da norte-americana Boeing quanto da sueca Saab, é de que a disputa continua, que não há um anúncio oficial do governo, que Jobim negou a decisão diante das câmeras. Na verdade, o que a informação da escolha gerou nos outros dois candidatos foi um misto de desilusão e esperança. Desilusão pela falta de transparência, pelo privilégio dado a um dos concorrentes de negociar a oferta em separado, pela mudança nos critérios de avaliação. Esperança pela promessa expressa em um comunicado do Ministério da Defesa, divulgado na quinta-feira, de que o governo “levará em consideração, também, outras informações enviadas pelos governos interessados e pelos proponentes”.
A Saab já se mobiliza, e pretende enviar ao Ministério da Defesa, na próxima semana, um adendo à oferta apresentada em novembro, como um último suspiro. Mas, como a notícia pegou os suecos de surpresa, ainda será preciso espremer a proposta, principalmente nos quesitos preço e offset (contrapartidas), para ver se sai uma oferta melhor do que já foi a “melhor e última oferta”. A Boeing, no entanto, parece menos disposta a mexer em sua proposta sem antes saber do governo brasileiro o que, na verdade, está sendo pedido. “Queria que alguém pudesse me explicar os novos critérios de avaliação. Por que vou mexer no meu preço, se isso parece não estar importando para o governo, que prefere um avião ainda 20% mais caro?”, questionou o gerente de Desenvolvimento de Negócios Internacionais da Boeing, Mike Coogins. “Transferência de tecnologia, pelo que entendi, não é mais o principal, nem o preço”, desabafou.
Show mantido
O governo americano mantém a programação de enviar, ainda este mês, um porta-aviões para o litoral do Rio de Janeiro com pelo menos 15 aviões Super Hornet usados pela marinha americana. A demonstração dos caças seria a tentativa final do lado americano. Se, contudo, a decisão aparentemente tomada for irreversível, o show dos F-18 servirá para mostrar o que o governo brasileiro perdeu por um precinho mais camarada.
Mais que uma compra
Em seu primeiro dia de trabalho de fato à frente da representação dos Estados Unidos, o novo embaixador, Thomas Shannon, tentou recuperar a defasagem sofrida pelos últimos cinco meses sem um alto representante norte-americano no Brasil — justamente o período mais crítico da concorrência para a compra dos caças. Em encontro com o ministro Jobim, na tarde de ontem, Shannon se empenhou em mostrar ao brasileiro a importância da parceria bilateral em segurança e a sua expectativa de aumentar essa cooperação. A preocupação é mostrar ao governo brasileiro que não só os franceses oferecem os caças “acoplados” a uma estratégia maior de defesa.
1300) Por que intelectuais de esquerda sao coniventes com uma ditadura abjeta?
O caso, obviamente, é o de Cuba, em relação à qual intelectuais brasileiros, que se dizem democratas e amigos da liberdade no plano interno, flertam, quando não apoiam de maneira indecorosa, uma das piores ditaduras já surgidas no hemisfério.
Não se sabe, exatamente, o que os leva a essas posições não apenas contraditórias, como inaceitáveis no plano da moral e da ética políticas. Bem, isso se explica no caso de Niemayer, um stalinista impenitente e um dos grandes idiotas latino-americanos e universais. Os casos de outros são mais dificilmente explicáveis: deve ser uma mistura de estupidez política e anti-imperialismo infantil, igualmente estúpido.
A matéria abaixo trata do caso de outro intelectual idiota, Garcia Marquez.
Paulo Roberto de Almeida (5.02.2010)
Ideologia
Cem anos de adulação
Os bastidores da amizade entre Fidel Castro e Gabriel García Márquez ajudam a explicar de onde vem o fascínio de intelectuais pelo autoritarismo de esquerda
Diogo Schelp

Fotos Jose Gotia/AP e Bettmann/Corbis/Latinstock
QUEM COCHICHA O RABO ESPICHA
García Márquez e Fidel trocam confidências em Havana, em 2002. Em seu romance sobre Simón Bolívar (à dir.), o escritor homenageou o ditador cubano
A história da amizade entre o colombiano Gabriel García Márquez, de 82 anos, e o ditador cubano Fidel Castro, de 83, é uma fábula cujo fio condutor é o interesse mútuo, apesar de Castro dizer que o escritor é o seu melhor - e provavelmente único - companheiro do peito, e de García Márquez já ter afirmado que, se o barbudo morrer, não suportará visitar Cuba sem tê-lo por perto. Por trás das constantes trocas de mensagens afetuosas, Fidel aproveita-se do prestígio literário do colombiano para fazer propaganda do regime autoritário que personifica e tentar preservar sua imagem no exterior. García Márquez vale-se da intimidade com o ditador para exercer sua obsessão pelo poder e desfrutar vantagens materiais. Alguns aspectos dessa amizade são descritos na biografia Gabriel García Márquez - Uma Vida, do inglês Gerald Martin, que a Ediouro lança em março no Brasil. Como o próprio Martin é amigo do biografado e dele obteve a autorização para escrever o livro, não se poderia esperar mais do que uma narrativa acrítica e branda sobre o vínculo entre o escritor e o ditador. Uma versão mais honesta dessa relação é apresentada pelo espanhol Ángel Esteban e pela belga Stéphanie Panichelli no livro Gabriel García Márquez e Fidel Castro - Os Segredos de uma Amizade, recém-lançado nos Estados Unidos e publicado em Portugal pela editora Ambar. Trata-se de uma obra instigante não só pela riqueza de informações, todas sustentadas por inúmeras entrevistas e documentos, mas por introduzir uma discussão pertinente sobre o que leva intelectuais estrangeiros a apoiar um regime sanguinário como o cubano, que já matou mais de 7 000 pessoas e costuma reprimir qualquer opinião divergente com cadeia ou paredón. Esteban e Panichelli, ambos professores universitários de literatura e letras, buscam a resposta a essa questão com o inconformismo de fãs que descobriram a face nefasta de seu ídolo. "Considero García Márquez um dos maiores escritores do século XX, mas, como pessoa pública, ele precisava ser desmascarado", diz Esteban.
Mais de cinco décadas de repressão política e fracasso econômico, impostos aos cubanos pelo regime comunista, não foram o suficiente para privar Fidel do apoio de escritores e artistas esquerdistas, entre os quais brasileiros como o cantor Chico Buarque e o arquiteto Oscar Niemeyer. "Há uma tradição entre parte dos intelectuais latino-americanos de falar em nome dos outros, de se considerar a voz dos que não falam. É uma visão autoritária que, como não poderia deixar de ser, produz fascínio pela tirania de esquerda", afirma o historiador Marco Antonio Villa. Mas ninguém bajula ditadores com tanta convicção quanto García Márquez. Ele passou mais de quinze anos tentando se aproximar do ditador. Para isso, escreveu artigos chapas-brancas, fez propaganda do regime cubano em entrevistas e empenhou-se para não se envolver em polêmicas que pudessem desagradar a Fidel. Em 1971, quando os principais escritores de sua geração protestaram contra a prisão do poeta cubano Heberto Padilla, García Márquez foi o único que ficou em silêncio. A partir de 1975, ele começou a visitar Cuba com frequência, em busca de amizades que pudessem lhe dar acesso ao círculo de poder em Havana. Fidel, no entanto, só começou a se interessar pelo autor de Cem Anos de Solidão em 1977. Ele fez de García Márquez um embaixador informal de sua imagem no exterior e, em troca, deu ao escritor uma plataforma política para estabelecer contato com outros governantes esquerdistas, como François Mitterrand, da França. García Márquez usou essas amizades para fazer campanha pelo Prêmio Nobel de Literatura, conquistado por ele em 1982.
O prêmio inaugurou uma nova fase na amizade entre o escritor e o ditador. No mesmo ano, Fidel ordenou que fossem dados a García Márquez uma mansão em um bairro nobre de Havana e um automóvel Mercedes-Benz para que ele pudesse desfrutar melhor suas temporadas em Cuba, onde o escritor, posteriormente, ajudou a fundar uma escola de cinema. García Márquez também se acostumou a submeter os seus manuscritos ao ditador, para que ele fizesse observações ao estilo "censura vip". Esteban e Panichelli apresentam boas provas desse fato, incluindo o depoimento de três amigos de García Márquez. Segundo eles, o romance O General em Seu Labirinto, de 1989, é uma homenagem a Fidel. No livro, o colombiano descreve Simón Bolívar (1783-1830), herói da independência dos países andinos, exatamente com as qualidades que ele costuma atribuir, em entrevistas, a Fidel. Quando cobrado por sua conivência com a violação de direitos humanos em Cuba, García Márquez explica que usa sua influência para convencer Fidel a libertar oposicionistas e a deixá-los fugir para o exílio. O escritor deve achar que, assim, está comprando sua própria absolvição na história por desfrutar as benesses de um tirano. Em 1975, ele disse em uma entrevista: "O que eu posso fazer com minha fama? Vou gastá-la em política". Até o momento, foi um péssimo investimento.
Não se sabe, exatamente, o que os leva a essas posições não apenas contraditórias, como inaceitáveis no plano da moral e da ética políticas. Bem, isso se explica no caso de Niemayer, um stalinista impenitente e um dos grandes idiotas latino-americanos e universais. Os casos de outros são mais dificilmente explicáveis: deve ser uma mistura de estupidez política e anti-imperialismo infantil, igualmente estúpido.
A matéria abaixo trata do caso de outro intelectual idiota, Garcia Marquez.
Paulo Roberto de Almeida (5.02.2010)
Ideologia
Cem anos de adulação
Os bastidores da amizade entre Fidel Castro e Gabriel García Márquez ajudam a explicar de onde vem o fascínio de intelectuais pelo autoritarismo de esquerda
Diogo Schelp

Fotos Jose Gotia/AP e Bettmann/Corbis/Latinstock
QUEM COCHICHA O RABO ESPICHA
García Márquez e Fidel trocam confidências em Havana, em 2002. Em seu romance sobre Simón Bolívar (à dir.), o escritor homenageou o ditador cubano
A história da amizade entre o colombiano Gabriel García Márquez, de 82 anos, e o ditador cubano Fidel Castro, de 83, é uma fábula cujo fio condutor é o interesse mútuo, apesar de Castro dizer que o escritor é o seu melhor - e provavelmente único - companheiro do peito, e de García Márquez já ter afirmado que, se o barbudo morrer, não suportará visitar Cuba sem tê-lo por perto. Por trás das constantes trocas de mensagens afetuosas, Fidel aproveita-se do prestígio literário do colombiano para fazer propaganda do regime autoritário que personifica e tentar preservar sua imagem no exterior. García Márquez vale-se da intimidade com o ditador para exercer sua obsessão pelo poder e desfrutar vantagens materiais. Alguns aspectos dessa amizade são descritos na biografia Gabriel García Márquez - Uma Vida, do inglês Gerald Martin, que a Ediouro lança em março no Brasil. Como o próprio Martin é amigo do biografado e dele obteve a autorização para escrever o livro, não se poderia esperar mais do que uma narrativa acrítica e branda sobre o vínculo entre o escritor e o ditador. Uma versão mais honesta dessa relação é apresentada pelo espanhol Ángel Esteban e pela belga Stéphanie Panichelli no livro Gabriel García Márquez e Fidel Castro - Os Segredos de uma Amizade, recém-lançado nos Estados Unidos e publicado em Portugal pela editora Ambar. Trata-se de uma obra instigante não só pela riqueza de informações, todas sustentadas por inúmeras entrevistas e documentos, mas por introduzir uma discussão pertinente sobre o que leva intelectuais estrangeiros a apoiar um regime sanguinário como o cubano, que já matou mais de 7 000 pessoas e costuma reprimir qualquer opinião divergente com cadeia ou paredón. Esteban e Panichelli, ambos professores universitários de literatura e letras, buscam a resposta a essa questão com o inconformismo de fãs que descobriram a face nefasta de seu ídolo. "Considero García Márquez um dos maiores escritores do século XX, mas, como pessoa pública, ele precisava ser desmascarado", diz Esteban.
Mais de cinco décadas de repressão política e fracasso econômico, impostos aos cubanos pelo regime comunista, não foram o suficiente para privar Fidel do apoio de escritores e artistas esquerdistas, entre os quais brasileiros como o cantor Chico Buarque e o arquiteto Oscar Niemeyer. "Há uma tradição entre parte dos intelectuais latino-americanos de falar em nome dos outros, de se considerar a voz dos que não falam. É uma visão autoritária que, como não poderia deixar de ser, produz fascínio pela tirania de esquerda", afirma o historiador Marco Antonio Villa. Mas ninguém bajula ditadores com tanta convicção quanto García Márquez. Ele passou mais de quinze anos tentando se aproximar do ditador. Para isso, escreveu artigos chapas-brancas, fez propaganda do regime cubano em entrevistas e empenhou-se para não se envolver em polêmicas que pudessem desagradar a Fidel. Em 1971, quando os principais escritores de sua geração protestaram contra a prisão do poeta cubano Heberto Padilla, García Márquez foi o único que ficou em silêncio. A partir de 1975, ele começou a visitar Cuba com frequência, em busca de amizades que pudessem lhe dar acesso ao círculo de poder em Havana. Fidel, no entanto, só começou a se interessar pelo autor de Cem Anos de Solidão em 1977. Ele fez de García Márquez um embaixador informal de sua imagem no exterior e, em troca, deu ao escritor uma plataforma política para estabelecer contato com outros governantes esquerdistas, como François Mitterrand, da França. García Márquez usou essas amizades para fazer campanha pelo Prêmio Nobel de Literatura, conquistado por ele em 1982.
O prêmio inaugurou uma nova fase na amizade entre o escritor e o ditador. No mesmo ano, Fidel ordenou que fossem dados a García Márquez uma mansão em um bairro nobre de Havana e um automóvel Mercedes-Benz para que ele pudesse desfrutar melhor suas temporadas em Cuba, onde o escritor, posteriormente, ajudou a fundar uma escola de cinema. García Márquez também se acostumou a submeter os seus manuscritos ao ditador, para que ele fizesse observações ao estilo "censura vip". Esteban e Panichelli apresentam boas provas desse fato, incluindo o depoimento de três amigos de García Márquez. Segundo eles, o romance O General em Seu Labirinto, de 1989, é uma homenagem a Fidel. No livro, o colombiano descreve Simón Bolívar (1783-1830), herói da independência dos países andinos, exatamente com as qualidades que ele costuma atribuir, em entrevistas, a Fidel. Quando cobrado por sua conivência com a violação de direitos humanos em Cuba, García Márquez explica que usa sua influência para convencer Fidel a libertar oposicionistas e a deixá-los fugir para o exílio. O escritor deve achar que, assim, está comprando sua própria absolvição na história por desfrutar as benesses de um tirano. Em 1975, ele disse em uma entrevista: "O que eu posso fazer com minha fama? Vou gastá-la em política". Até o momento, foi um péssimo investimento.
1299) UnB e ex-ministro da Justica a favor do apartheid racial
A UnB é um caso sério de debilidade mental coletiva: não de todos os seus integrantes, claro, apenas dos racialistas que conseguiram converter um problema social (dificuldades de acesso de estudantes pobres, nem todos negros, mas uma grande maioria de negros) em um início de política do Apartheid no Brasil.
Agora, um ex-ministro da Justiça (que militou espertamente para livrar o presidente da República da corrupção criada e estimulada pelo seu partido) sai em defesa de políticas de exclusão racial dessa universidade decadente, como se isso fosse reparar qualquer dívida histórica, uma alucinação coletiva de um bando de racistas.
A nota abaixo vem da área de informação da UnB.
Ela é particularmente viciosa, viciada e deformada: tenta equiparar problemas de minorias ou de dificientes com uma política racialista (e racista) que concerne a maioria da população brasileira, que é notoriamente mestiça, ou seja, tem traços de antecessores africanos.
Paulo Roberto de Almeida (6.02.2010)
Márcio Thomaz Bastos participará do julgamento das cotas no STF
Ex-ministro da Justiça foi convidado pelo ministro da Promoção da Igualdade Racial. Audiências públicas começam em março
Marta Avancini - Da Secretaria de Comunicação da UnB
4 de Fevereiro de 2010
O advogado criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos vai atuar em defesa do sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB) no julgamento do Superior Tribunal Federal (STF).
Bastos afirmou à UnB Agência que decidiu participar do processo por considerá-lo uma “causa justa”. “As cotas são um mecanismo importante de justiça social”, afirmou. “É o pagamento de uma dívida histórica”.
O advogado participará do processo como amicus curiae, representando entidades que, embora não participem da ação, têm interesse na matéria. No caso do processo contra as cotas raciais da UnB, organizações sociais a favor e contrárias às cotas raciais têm direito de apresentar nomes de juristas que representem seu ponto de vista para participar do processo e, dessa maneira, subsidiar a decisão dos ministros do STF.
Os nomes devem passar pelo aval do relator do processo no STF, Ricardo Lewandowski, e, se aprovados, terão direito de se manifestar durante o julgamento do processo. O convite para participar do processo a Bastos foi feito pelo ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos.
Para o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, a participação de Bastos fortalece a defesa das cotas. “Ele falará na condição de representante da sociedade e será uma expressão acolhida pelo STF. Isso significa que Tribunal quer ouvir o que ele tem a dizer sobre o tema”, analisa o reitor.
HISTÓRICO - Em junho de 2009, o Partido Democratas (DEM) entrou com uma ação no STF pedindo a suspensão do sistema de cotas na UnB, baseando-se no argumento de que, no Brasil, a exclusão do ensino superior decorre de problemas sócio-econômicos e não raciais – diferentemente do que acontece nos Estados Unidos e África do Sul.
O DEM também sustenta que o sistema de cotas raciais em universidades reforça o preconceito racial e é inconstitucional. Na UnB o sistema de cotas foi implantado em 2005 como uma política pensada para durar dez anos. Ele prevê a reserva de 20% das vagas do vestibular para afrodescendentes. Além da UnB outras 80 universidades públicas do país possuem algum tipo de sistema de ingresso diferenciado para afrodescendentes.
Para fortalecer a defesa das cotas, está sendo organizado um “abraço ao STF” em 2 de março, um dia antes das audiências públicas com pessoas interessadas no tema, promovidas pelo Supremo entre os dias 3 e 5 do próximo mês.
Segundo o ministro interino da Seppir, Elói Ferreira de Araújo, é importante que se faça uma ampla mobilização em defesa das cotas. “A tese que fundamenta a ação do DEM é contrária à justiça social e agride as políticas de promoção da inclusão como um todo” afirma Araújo.
“Está em desacordo com o ambiente que vivemos nesse país, além de ser cruel em relação à nossa história de exclusão e desigualdade”, complementa o ministro interino, que participou de uma reunião com o reitor da UnB sobre o tema nesta quarta, 03 de fevereiro.
José Geraldo analisa que a ação movida pelo DEM contra a UnB coloca em risco outros tipos de ações afirmativas que favorecem mulheres, deficientes, entre outros grupos sociais excluídos. “É fundamental que se perceba que esse tipo de política melhora o país ao promover a inclusão econômica e social”, defende.
Agora, um ex-ministro da Justiça (que militou espertamente para livrar o presidente da República da corrupção criada e estimulada pelo seu partido) sai em defesa de políticas de exclusão racial dessa universidade decadente, como se isso fosse reparar qualquer dívida histórica, uma alucinação coletiva de um bando de racistas.
A nota abaixo vem da área de informação da UnB.
Ela é particularmente viciosa, viciada e deformada: tenta equiparar problemas de minorias ou de dificientes com uma política racialista (e racista) que concerne a maioria da população brasileira, que é notoriamente mestiça, ou seja, tem traços de antecessores africanos.
Paulo Roberto de Almeida (6.02.2010)
Márcio Thomaz Bastos participará do julgamento das cotas no STF
Ex-ministro da Justiça foi convidado pelo ministro da Promoção da Igualdade Racial. Audiências públicas começam em março
Marta Avancini - Da Secretaria de Comunicação da UnB
4 de Fevereiro de 2010
O advogado criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos vai atuar em defesa do sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB) no julgamento do Superior Tribunal Federal (STF).
Bastos afirmou à UnB Agência que decidiu participar do processo por considerá-lo uma “causa justa”. “As cotas são um mecanismo importante de justiça social”, afirmou. “É o pagamento de uma dívida histórica”.
O advogado participará do processo como amicus curiae, representando entidades que, embora não participem da ação, têm interesse na matéria. No caso do processo contra as cotas raciais da UnB, organizações sociais a favor e contrárias às cotas raciais têm direito de apresentar nomes de juristas que representem seu ponto de vista para participar do processo e, dessa maneira, subsidiar a decisão dos ministros do STF.
Os nomes devem passar pelo aval do relator do processo no STF, Ricardo Lewandowski, e, se aprovados, terão direito de se manifestar durante o julgamento do processo. O convite para participar do processo a Bastos foi feito pelo ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos.
Para o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, a participação de Bastos fortalece a defesa das cotas. “Ele falará na condição de representante da sociedade e será uma expressão acolhida pelo STF. Isso significa que Tribunal quer ouvir o que ele tem a dizer sobre o tema”, analisa o reitor.
HISTÓRICO - Em junho de 2009, o Partido Democratas (DEM) entrou com uma ação no STF pedindo a suspensão do sistema de cotas na UnB, baseando-se no argumento de que, no Brasil, a exclusão do ensino superior decorre de problemas sócio-econômicos e não raciais – diferentemente do que acontece nos Estados Unidos e África do Sul.
O DEM também sustenta que o sistema de cotas raciais em universidades reforça o preconceito racial e é inconstitucional. Na UnB o sistema de cotas foi implantado em 2005 como uma política pensada para durar dez anos. Ele prevê a reserva de 20% das vagas do vestibular para afrodescendentes. Além da UnB outras 80 universidades públicas do país possuem algum tipo de sistema de ingresso diferenciado para afrodescendentes.
Para fortalecer a defesa das cotas, está sendo organizado um “abraço ao STF” em 2 de março, um dia antes das audiências públicas com pessoas interessadas no tema, promovidas pelo Supremo entre os dias 3 e 5 do próximo mês.
Segundo o ministro interino da Seppir, Elói Ferreira de Araújo, é importante que se faça uma ampla mobilização em defesa das cotas. “A tese que fundamenta a ação do DEM é contrária à justiça social e agride as políticas de promoção da inclusão como um todo” afirma Araújo.
“Está em desacordo com o ambiente que vivemos nesse país, além de ser cruel em relação à nossa história de exclusão e desigualdade”, complementa o ministro interino, que participou de uma reunião com o reitor da UnB sobre o tema nesta quarta, 03 de fevereiro.
José Geraldo analisa que a ação movida pelo DEM contra a UnB coloca em risco outros tipos de ações afirmativas que favorecem mulheres, deficientes, entre outros grupos sociais excluídos. “É fundamental que se perceba que esse tipo de política melhora o país ao promover a inclusão econômica e social”, defende.
1988) Crise de confianca nos PIGS da Uniao Europeia: o euro na berlinda
Os dois grandes jornais americanos, NYT e WP, publicaram materias analiticas sobre a crise de confiança nos chamados PIGS: Portugal, Irlanda (e Itália), Grécia e Espanha.
Debt Crisis in Euro Zone Is Severe Political Test for Bloc
By STEVEN ERLANGER
The New York Times, February 6, 2010
PARIS — What began with worries about the solvency of Greece in the face of high deficits, fake budget figures and low growth has quickly become the most severe test of the 16-nation euro zone in its 11-year history.
Anxiety about the health of the euro, which has spread from Greece to Portugal, Spain and Italy, is not simply a crisis of debts, rating agencies and volatile markets. The issue has at its heart elements of a political crisis, because it goes to the central dilemma of the European Union: the continuing grip of individual states over economic and fiscal policy, which makes it difficult for the union as a whole to exercise the political leadership needed to deal effectively with a crisis.
A policy of muddling through may be comfortable in political terms, but experts warn it can have dire economic consequences. Jean-Paul Fitoussi, professor of economics at the Institute of Political Studies in Paris, said that European leaders had “handled this crisis very badly,” feeding market speculation and greed.
Greece’s ratio of public debt to gross domestic product is no higher than Germany’s, and Greece has not defaulted, he said, but European leaders have done too little to calm the markets and rating agencies.
While no one expects that the European Union will allow Greece or the others to default or the euro zone to collapse, European leaders and the Central Bank will almost surely have to bend the rules to provide guarantees or loans, if necessary. But even tiding over countries in trouble will not solve the main flaw in the euro: the sharp divergence of national economies that share a common currency without significant fiscal coordination, let alone a single treasury.
“The challenges facing the euro zone are very serious,” said Simon Tilford, chief economist for the Center for European Reform in London. “For countries that have become pretty uncompetitive in the euro zone and have weak public finances, the current environment is very dangerous.”
It does not help matters that the European Union is undergoing a major political transition to new leaders, a new Commission and Parliament, and a new governing treaty, the Lisbon Treaty, which creates a new president and foreign affairs chief. But even if all these positions were filled, serious questions remain about whether the union or its leading member states will take charge before further damage is done.
In some sense, there is a game of chicken being played, with Greece counting on help and other countries holding back until Athens pays a steep price for its profligacy and manipulation of statistics. But the delay is costly, and there are deeper structural problems that few want to discuss.
Greece, Italy, Portugal and Spain — known now as the PIIGS, if Ireland is included — are the weak sisters of Europe, with high structural deficits matched with low prospects for the kind of economic growth and productivity improvements that can bring them back to health.
The north-south split is partly geographic, partly cultural, partly religious and partly historical, but the southerners tend to be poorer and to have less competitive economies.
“The markets are having fun testing the euro,” said Nicolas Véron, a senior fellow at Bruegel, an economic policy research institute in Brussels. But the markets are also increasing pressure on the biggest European economies, like Germany and France, to figure out ways to rescue Greece, which is already facing strikes in light of current austerity measures, and to bolster the others.
But with the European Union undergoing a triple political transition, it is not entirely clear where that leadership will come from.
“Who’s in charge now?” asked Antonio Missoroli, director of studies for the European Policy Center in Brussels. “Nobody yet, and it may still take time.”
There is a newly nominated European Commission and now a new European president, Herman Van Rompuy, and European minister for foreign affairs, Catherine Ashton. The commissioner in charge of this crisis, Joaquín Almunia, is a lame duck, due to switch jobs and become competition commissioner.
Mr. Van Rompuy has announced an informal economic summit meeting for next Thursday, to get the member nations to concentrate on the crisis.
Default for a member of the euro zone is simply unacceptable, European officials and analysts say — a country is not a bank. At the moment, even calling in the International Monetary Fund to help Greece is considered too embarrassing and not yet necessary, given the new Greek government’s apparent determination to deal realistically with its problems.
More likely, they say, is a set of bilateral loans or loan guarantees from richer countries like Germany. Leaders in France, Germany and other European nations have already begun discussing how such aid might be structured, officials said last week.
“It’s highly unlikely Greece will be allowed to default,” Mr. Missoroli said. “But no one wants to say that out loud to take the pressure off the Greek government.”
But it is also unprecedented, and difficult politically, for the European Union, or any member country, to impose conditions for economic adjustment on another member country, which is why some analysts urge the involvement of the International Monetary Fund.
Jacques Mistral, an economist at the French Institute for International Relations, said that the main actors now were Jean-Claude Trichet, president of the European Central Bank, and the leaders and finance ministers of Germany and France.
“That’s the troika, and they’re leading the process to explore different ways and compromises,” Mr. Mistral said. “When there is a will there is a path.”
But summoning that will has proved difficult in the northern tier, which mistrusts the southerners. Greece is a prime example of the disease in the euro zone, said Mr. Tilford, the economist in London, made worse by political mismanagement; the global recession, which has hit tax receipts; and the impossibility of devaluing a shared currency.
Portugal, the poorest country in the euro zone, has been stagnating for years, proving that membership in the euro “is not a panacea,” he added.
In addition, Portugal has something of a political crisis, with Parliament voting down an austerity plan on Friday that was promoted by the minority Socialist government.
Spain has relatively low debt, but high unemployment and weak banks, and after the bursting of the housing bubble it can no longer rely on construction and inflated asset prices to propel growth.
These aspects, together with the larger size of the Spanish economy, had led Nouriel Roubini, a professor at New York University, to suggest this week that Spain is a bigger threat to the euro zone than Greece.
At the same time, some northern countries, like Germany and the Netherlands, are still playing “beggar thy neighbor” by their reluctance to stimulate their own domestic purchasing, which could help weaker countries to export.
“The southerners can do their best to cut costs and be competitive,” Mr. Tilford said. “But they need the others to create more domestic demand and be less export dependent.”
Critics like Mr. Fitoussi are left wondering why the crisis was ever allowed to expand to this point. “This is much ado about nothing,” he said. “But the nothing can ruin the whole project. I don’t think the euro is in danger. But the leaders are taking too much time.”
==============
Debt crisis unsettles European economy
By Anthony Faiola
Washington Post Foreign Service
Saturday, February 6, 2010; A01
LONDON -- Governments in Athens, Madrid and Lisbon struggled on Friday to quell fears of a looming debt crisis in Europe that is pummeling the euro and rippling across global markets, as authorities vowed to impose fiscal austerity and plug their yawning budget deficits. The problem, however, is that investors don't appear to believe them.
Senior officials at the major rating agencies on Friday played down the risk of an immediate debt crisis, saying even nations such as Greece have enough reserves to put off for months a day of financial reckoning. Yet investor doubts over the will of Greece, Portugal and other nations to right their accounts have sparked a crisis of confidence that is seeping into stock and corporate bond markets across Europe and beyond. It is especially hitting banks and other institutions with broad exposure to the sovereign debt of the "PIGS" of Europe -- Portugal, Ireland, Greece and Spain.
Investor panic is threatening to drive up the cost of borrowing for myriad nations around the world and to destabilize global currency markets, with the falling euro and strengthening dollar already hitting U.S. exporters by making such items as American beef and U.S. steel more expensive overseas. The euro, the principal European currency, fell Friday to its lowest level in eight months, tumbling almost 1 percent against the dollar.
The crisis unfolding in Europe has some parallels to the debt crises that hit Latin America and Asia in the past, particularly in how Greece's problems have spread so quickly to other countries in the region with similar economic woes.
But there are major differences. Analysts said the healthy, large economies of the "eurozone" -- namely, Germany and France -- are likely to step in to prevent a default in a weaker neighbor, if only to head off the turmoil it might cause in the value of the euro.
Still, analysts remain concerned that the problems in Europe could spread to emerging markets. And although the chances of a default by Greece may be low, its impact would be felt by investors worldwide, including in the United States; roughly 70 percent of Greek bonds are held by foreigners, from pension funds to global commercial banks.
Investors also drove up to fresh highs the cost of insuring against a default in Greece, Spain and Portugal. In some instances, analysts say, those fears may not be wholly misplaced.
Portugal, in recent days, has been swallowed up in the debt market panic that began in Greece late last year. Portuguese officials have pledged to slash spending. Nevertheless, opposition lawmakers on Friday pushed through a controversial bill funneling tens of millions of euros to the Azores and Madeira islands in a move the country's finance minister openly warned could have "grave consequences for Portugal's public accounts."
In Greece and Spain, analysts additionally fear bouts of civil unrest that could roll back attempts to address the fiscal problems. The Greek government's pledge to slash spending and curb public- sector pay sparked protests in Athens on Thursday; customs officials and tax collectors walked off the job in the first of a number of planned mobilizations against government austerity measures set to continue next week.
Though E.U. officials demanding tighter spending have signed off on Greece's plan, they are dispatching a team to review government accounts, which were found late last year to have been grossly underestimating the extent of the country's economic woes.
In Spain, government union leaders on Thursday also vowed a series of protests against planned cuts, while opposition parties have threatened to hold a no-confidence vote on Prime Minister José Luis Rodríguez Zapatero. So far, analysts note, only Ireland, whose bonds have been less hard-hit by the current turmoil, has pushed through the serious cuts that have demonstrated its willingness to deal with its huge deficit.
"The fix of this problem needs to be a political solution, and you can't easily persuade people or politicians to accept this kind of medicine," said Steven Bell, chief economist of GLC, the London-based hedge fund.
Analysts said some institutional holders are dumping Greek bonds in particular because stricter borrowing rules are coming back into effect later this year at the European Central Bank. The ECB has been allowing banks, including those holding significant portions of Greek bonds, to put up riskier investments as collateral for loans to help them through the financial crisis.
But the ECB is tightening those standards later this year, when banks will be allowed to use only top-rated bonds as collateral. Fears that Greek bond ratings may lose their investment-grade status in the coming months have led some banks to sell them at a loss.
"As they see the ratings on these bonds going down, investors can't wait anymore -- they are acting now, liquidating them at huge losses into the market," said Steven Major, head of fixed-income research at London-based HSBC.
A default by Greece or any other country in the 16-nation eurozone would be potentially catastrophic to the region, leading, analysts say, to possible eviction from the monetary union and severely testing the soundness of Europe's integration. Most analysts believe the eurozone's economic powerhouses might ultimately come to the aid of Greece, currently the most troubled nation in the region, in much the way Washington bailed out Mexico in the 1990s. European officials have offered mixed signals about their willingness to do so.
But analysts say the alternative -- having the International Monetary Fund rescue a eurozone country -- would be so deeply embarrassing to Europe's major powers that they would opt to aid Greece.
Analysts are also growing more worried about the U.S. budget deficit, which remains higher than that of most eurozone nations. But Greece, Spain and other troubled countries in Europe do not command the kind of economic clout the United States does and, in many cases, have yet to escape the Great Recession.
Spain, for instance, reported Friday that it has yet to climb out of the recession, announcing that its economy contracted by 0.1 percent in the fourth quarter of 2009. Its unemployment rate is hovering near 20 percent and is still foundering amid a U.S.-style real estate bust.
Debt Crisis in Euro Zone Is Severe Political Test for Bloc
By STEVEN ERLANGER
The New York Times, February 6, 2010
PARIS — What began with worries about the solvency of Greece in the face of high deficits, fake budget figures and low growth has quickly become the most severe test of the 16-nation euro zone in its 11-year history.
Anxiety about the health of the euro, which has spread from Greece to Portugal, Spain and Italy, is not simply a crisis of debts, rating agencies and volatile markets. The issue has at its heart elements of a political crisis, because it goes to the central dilemma of the European Union: the continuing grip of individual states over economic and fiscal policy, which makes it difficult for the union as a whole to exercise the political leadership needed to deal effectively with a crisis.
A policy of muddling through may be comfortable in political terms, but experts warn it can have dire economic consequences. Jean-Paul Fitoussi, professor of economics at the Institute of Political Studies in Paris, said that European leaders had “handled this crisis very badly,” feeding market speculation and greed.
Greece’s ratio of public debt to gross domestic product is no higher than Germany’s, and Greece has not defaulted, he said, but European leaders have done too little to calm the markets and rating agencies.
While no one expects that the European Union will allow Greece or the others to default or the euro zone to collapse, European leaders and the Central Bank will almost surely have to bend the rules to provide guarantees or loans, if necessary. But even tiding over countries in trouble will not solve the main flaw in the euro: the sharp divergence of national economies that share a common currency without significant fiscal coordination, let alone a single treasury.
“The challenges facing the euro zone are very serious,” said Simon Tilford, chief economist for the Center for European Reform in London. “For countries that have become pretty uncompetitive in the euro zone and have weak public finances, the current environment is very dangerous.”
It does not help matters that the European Union is undergoing a major political transition to new leaders, a new Commission and Parliament, and a new governing treaty, the Lisbon Treaty, which creates a new president and foreign affairs chief. But even if all these positions were filled, serious questions remain about whether the union or its leading member states will take charge before further damage is done.
In some sense, there is a game of chicken being played, with Greece counting on help and other countries holding back until Athens pays a steep price for its profligacy and manipulation of statistics. But the delay is costly, and there are deeper structural problems that few want to discuss.
Greece, Italy, Portugal and Spain — known now as the PIIGS, if Ireland is included — are the weak sisters of Europe, with high structural deficits matched with low prospects for the kind of economic growth and productivity improvements that can bring them back to health.
The north-south split is partly geographic, partly cultural, partly religious and partly historical, but the southerners tend to be poorer and to have less competitive economies.
“The markets are having fun testing the euro,” said Nicolas Véron, a senior fellow at Bruegel, an economic policy research institute in Brussels. But the markets are also increasing pressure on the biggest European economies, like Germany and France, to figure out ways to rescue Greece, which is already facing strikes in light of current austerity measures, and to bolster the others.
But with the European Union undergoing a triple political transition, it is not entirely clear where that leadership will come from.
“Who’s in charge now?” asked Antonio Missoroli, director of studies for the European Policy Center in Brussels. “Nobody yet, and it may still take time.”
There is a newly nominated European Commission and now a new European president, Herman Van Rompuy, and European minister for foreign affairs, Catherine Ashton. The commissioner in charge of this crisis, Joaquín Almunia, is a lame duck, due to switch jobs and become competition commissioner.
Mr. Van Rompuy has announced an informal economic summit meeting for next Thursday, to get the member nations to concentrate on the crisis.
Default for a member of the euro zone is simply unacceptable, European officials and analysts say — a country is not a bank. At the moment, even calling in the International Monetary Fund to help Greece is considered too embarrassing and not yet necessary, given the new Greek government’s apparent determination to deal realistically with its problems.
More likely, they say, is a set of bilateral loans or loan guarantees from richer countries like Germany. Leaders in France, Germany and other European nations have already begun discussing how such aid might be structured, officials said last week.
“It’s highly unlikely Greece will be allowed to default,” Mr. Missoroli said. “But no one wants to say that out loud to take the pressure off the Greek government.”
But it is also unprecedented, and difficult politically, for the European Union, or any member country, to impose conditions for economic adjustment on another member country, which is why some analysts urge the involvement of the International Monetary Fund.
Jacques Mistral, an economist at the French Institute for International Relations, said that the main actors now were Jean-Claude Trichet, president of the European Central Bank, and the leaders and finance ministers of Germany and France.
“That’s the troika, and they’re leading the process to explore different ways and compromises,” Mr. Mistral said. “When there is a will there is a path.”
But summoning that will has proved difficult in the northern tier, which mistrusts the southerners. Greece is a prime example of the disease in the euro zone, said Mr. Tilford, the economist in London, made worse by political mismanagement; the global recession, which has hit tax receipts; and the impossibility of devaluing a shared currency.
Portugal, the poorest country in the euro zone, has been stagnating for years, proving that membership in the euro “is not a panacea,” he added.
In addition, Portugal has something of a political crisis, with Parliament voting down an austerity plan on Friday that was promoted by the minority Socialist government.
Spain has relatively low debt, but high unemployment and weak banks, and after the bursting of the housing bubble it can no longer rely on construction and inflated asset prices to propel growth.
These aspects, together with the larger size of the Spanish economy, had led Nouriel Roubini, a professor at New York University, to suggest this week that Spain is a bigger threat to the euro zone than Greece.
At the same time, some northern countries, like Germany and the Netherlands, are still playing “beggar thy neighbor” by their reluctance to stimulate their own domestic purchasing, which could help weaker countries to export.
“The southerners can do their best to cut costs and be competitive,” Mr. Tilford said. “But they need the others to create more domestic demand and be less export dependent.”
Critics like Mr. Fitoussi are left wondering why the crisis was ever allowed to expand to this point. “This is much ado about nothing,” he said. “But the nothing can ruin the whole project. I don’t think the euro is in danger. But the leaders are taking too much time.”
==============
Debt crisis unsettles European economy
By Anthony Faiola
Washington Post Foreign Service
Saturday, February 6, 2010; A01
LONDON -- Governments in Athens, Madrid and Lisbon struggled on Friday to quell fears of a looming debt crisis in Europe that is pummeling the euro and rippling across global markets, as authorities vowed to impose fiscal austerity and plug their yawning budget deficits. The problem, however, is that investors don't appear to believe them.
Senior officials at the major rating agencies on Friday played down the risk of an immediate debt crisis, saying even nations such as Greece have enough reserves to put off for months a day of financial reckoning. Yet investor doubts over the will of Greece, Portugal and other nations to right their accounts have sparked a crisis of confidence that is seeping into stock and corporate bond markets across Europe and beyond. It is especially hitting banks and other institutions with broad exposure to the sovereign debt of the "PIGS" of Europe -- Portugal, Ireland, Greece and Spain.
Investor panic is threatening to drive up the cost of borrowing for myriad nations around the world and to destabilize global currency markets, with the falling euro and strengthening dollar already hitting U.S. exporters by making such items as American beef and U.S. steel more expensive overseas. The euro, the principal European currency, fell Friday to its lowest level in eight months, tumbling almost 1 percent against the dollar.
The crisis unfolding in Europe has some parallels to the debt crises that hit Latin America and Asia in the past, particularly in how Greece's problems have spread so quickly to other countries in the region with similar economic woes.
But there are major differences. Analysts said the healthy, large economies of the "eurozone" -- namely, Germany and France -- are likely to step in to prevent a default in a weaker neighbor, if only to head off the turmoil it might cause in the value of the euro.
Still, analysts remain concerned that the problems in Europe could spread to emerging markets. And although the chances of a default by Greece may be low, its impact would be felt by investors worldwide, including in the United States; roughly 70 percent of Greek bonds are held by foreigners, from pension funds to global commercial banks.
Investors also drove up to fresh highs the cost of insuring against a default in Greece, Spain and Portugal. In some instances, analysts say, those fears may not be wholly misplaced.
Portugal, in recent days, has been swallowed up in the debt market panic that began in Greece late last year. Portuguese officials have pledged to slash spending. Nevertheless, opposition lawmakers on Friday pushed through a controversial bill funneling tens of millions of euros to the Azores and Madeira islands in a move the country's finance minister openly warned could have "grave consequences for Portugal's public accounts."
In Greece and Spain, analysts additionally fear bouts of civil unrest that could roll back attempts to address the fiscal problems. The Greek government's pledge to slash spending and curb public- sector pay sparked protests in Athens on Thursday; customs officials and tax collectors walked off the job in the first of a number of planned mobilizations against government austerity measures set to continue next week.
Though E.U. officials demanding tighter spending have signed off on Greece's plan, they are dispatching a team to review government accounts, which were found late last year to have been grossly underestimating the extent of the country's economic woes.
In Spain, government union leaders on Thursday also vowed a series of protests against planned cuts, while opposition parties have threatened to hold a no-confidence vote on Prime Minister José Luis Rodríguez Zapatero. So far, analysts note, only Ireland, whose bonds have been less hard-hit by the current turmoil, has pushed through the serious cuts that have demonstrated its willingness to deal with its huge deficit.
"The fix of this problem needs to be a political solution, and you can't easily persuade people or politicians to accept this kind of medicine," said Steven Bell, chief economist of GLC, the London-based hedge fund.
Analysts said some institutional holders are dumping Greek bonds in particular because stricter borrowing rules are coming back into effect later this year at the European Central Bank. The ECB has been allowing banks, including those holding significant portions of Greek bonds, to put up riskier investments as collateral for loans to help them through the financial crisis.
But the ECB is tightening those standards later this year, when banks will be allowed to use only top-rated bonds as collateral. Fears that Greek bond ratings may lose their investment-grade status in the coming months have led some banks to sell them at a loss.
"As they see the ratings on these bonds going down, investors can't wait anymore -- they are acting now, liquidating them at huge losses into the market," said Steven Major, head of fixed-income research at London-based HSBC.
A default by Greece or any other country in the 16-nation eurozone would be potentially catastrophic to the region, leading, analysts say, to possible eviction from the monetary union and severely testing the soundness of Europe's integration. Most analysts believe the eurozone's economic powerhouses might ultimately come to the aid of Greece, currently the most troubled nation in the region, in much the way Washington bailed out Mexico in the 1990s. European officials have offered mixed signals about their willingness to do so.
But analysts say the alternative -- having the International Monetary Fund rescue a eurozone country -- would be so deeply embarrassing to Europe's major powers that they would opt to aid Greece.
Analysts are also growing more worried about the U.S. budget deficit, which remains higher than that of most eurozone nations. But Greece, Spain and other troubled countries in Europe do not command the kind of economic clout the United States does and, in many cases, have yet to escape the Great Recession.
Spain, for instance, reported Friday that it has yet to climb out of the recession, announcing that its economy contracted by 0.1 percent in the fourth quarter of 2009. Its unemployment rate is hovering near 20 percent and is still foundering amid a U.S.-style real estate bust.
1927) Diplomacia partidaria: o Itamaraty muda os costumes
Brasil: Política Externa
Bandeiras ideológicas
Diogo Schelp
Revista Veja, edição n. , 2151 - 10 de fevereiro de 2010
A análise das notas oficiais do Itamaraty durante o governo Lula mostra subserviência aos interesses de Chávez e desrespeito a princípios universais

UM PESO, DUAS MEDIDAS
As notas do Itamaraty condenam a prisão da birmanesa Aung San Suu Kyi, mas ignoram a de Raúl Baduel (à dir.). As posições brasileiras sobre questões regionais parecem emanar diretamente de Chávez (ao lado, entre Lula e Celso Amorim)
Na Venezuela, há quarenta cidadãos presos apenas por discordar de Hugo Chávez. Um deles é Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa, que rompeu com Chávez por se opor aos planos do tirano de se perpetuar no poder. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil nunca emitiu uma única nota de repúdio à prisão de Baduel. Desde que Lula assumiu a Presidência, há sete anos, o Itamaraty mantém silêncio a respeito das medidas autoritárias na Venezuela. Outros países recebem um tratamento diferente. A diplomacia brasileira, por exemplo, divulgou três notas criticando a repressão política em Mianmar, na Ásia, duas delas contra a prisão domiciliar da vencedora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. O que motivou a posição desigual nos casos de Baduel e da dissidente birmanesa e em outros temas externos? Se fosse para defender os interesses nacionais do Brasil, o correto seria manter-se fiel aos princípios que norteiam as relações exteriores desde a promulgação da Constituição de 1988 – entre os quais a defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos. "Contudo, o que tem orientado a diplomacia brasileira nos últimos anos são as posições ideológicas do partido que está no poder", diz Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington. "Com isso, o Itamaraty trocou uma política de estado por uma política partidária." A primeira interessava ao Brasil. A segunda, ao PT. A primeira obedece a princípios. A segunda, a bandeiras partidárias.
A política externa é atribuição do Poder Executivo e, como tal, está subordinada ao presidente da República. Em governos anteriores, as decisões nessa área levavam em conta o conhecimento técnico dos diplomatas de carreira, a tradição brasileira e os princípios universalmente consagrados da convivência pacífica entre os povos. Essa tradição foi rompida ao se delegar a política externa aos humores dos radicais esquerdistas. Para compreender o alcance do viés ideológico na definição da política externa brasileira, VEJA fez um levantamento de todas as notas oficiais divulgadas pelo Itamaraty desde 2003, o começo do governo Lula. No total, foram mais de 4 600 comunicados, muitos deles informes técnicos sobre viagens do presidente. A reportagem se fixou na análise de 296 dessas notas, justamente aquelas em que o Itamaraty dá a saber a posição oficial do Brasil a respeito de questões conflituosas ou polêmicas. São notas reveladoras.

As notas sobre o conflito no Oriente Médio são a manifestação clara de opção ideológica em detrimento dos interesses nacionais permanentes (veja o quadro ao lado). Ao Brasil, que almeja legitimamente aumentar seu protagonismo internacional, interessaria não o engajamento ao lado de um dos contendores, mas a mais notória neutralidade nas complexas disputas do Oriente Médio. O comprometimento do Itamaraty é ainda mais evidente nos temas latino-americanos. As notas defenderam manobras liberticidas dos governos esquerdistas da Bolívia, da Venezuela e de Cuba, mas condenaram a deposição do presidente hondurenho Manuel Zelaya. Como ficou claro no episódio, Zelaya decidiu rasgar a Constituição de seu país para, com o apoio de Hugo Chávez, dar um golpe. "O episódio de Honduras confirmou um fenômeno preocupante: as posições do Itamaraty e de Chávez na política regional coincidem quase sempre", diz José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, no Rio de Janeiro.
O Executivo tem todo o direito de buscar suas preferências em política externa e – desde que isso tenha sido abertamente discutido na campanha eleitoral – fazer guinadas nos rumos da diplomacia. Os limites dessas manobras, porém, são dados pela tradição diplomática do país e pela persecução dos interesses nacionais permanentes – aqueles que são revertidos em benefício da maioria, e não da minoria no poder. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama mudou o tom da diplomacia, mas não seus objetivos básicos: vencer a guerra ao terror e barrar a proliferação nuclear em países párias, para citar dois exemplos. No Brasil, a mudança de rumo foi desastrosa. É antiga, legítima e positiva para todos os brasileiros a reivindicação de um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A diplomacia petista está sempre reafirmando essa meta. Mas também não perde uma chance de arruinar qualquer possibilidade de isso vir a ocorrer. O alinhamento automático de Brasília com ditaduras da América Latina, Ásia e África é uma deferência aos radicais do PT, mas um desastre internacional de previsíveis, duradouras e trágicas consequências para as pretensões brasileiras.
Bandeiras ideológicas
Diogo Schelp
Revista Veja, edição n. , 2151 - 10 de fevereiro de 2010
A análise das notas oficiais do Itamaraty durante o governo Lula mostra subserviência aos interesses de Chávez e desrespeito a princípios universais

UM PESO, DUAS MEDIDAS
As notas do Itamaraty condenam a prisão da birmanesa Aung San Suu Kyi, mas ignoram a de Raúl Baduel (à dir.). As posições brasileiras sobre questões regionais parecem emanar diretamente de Chávez (ao lado, entre Lula e Celso Amorim)
Na Venezuela, há quarenta cidadãos presos apenas por discordar de Hugo Chávez. Um deles é Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa, que rompeu com Chávez por se opor aos planos do tirano de se perpetuar no poder. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil nunca emitiu uma única nota de repúdio à prisão de Baduel. Desde que Lula assumiu a Presidência, há sete anos, o Itamaraty mantém silêncio a respeito das medidas autoritárias na Venezuela. Outros países recebem um tratamento diferente. A diplomacia brasileira, por exemplo, divulgou três notas criticando a repressão política em Mianmar, na Ásia, duas delas contra a prisão domiciliar da vencedora do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. O que motivou a posição desigual nos casos de Baduel e da dissidente birmanesa e em outros temas externos? Se fosse para defender os interesses nacionais do Brasil, o correto seria manter-se fiel aos princípios que norteiam as relações exteriores desde a promulgação da Constituição de 1988 – entre os quais a defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos. "Contudo, o que tem orientado a diplomacia brasileira nos últimos anos são as posições ideológicas do partido que está no poder", diz Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington. "Com isso, o Itamaraty trocou uma política de estado por uma política partidária." A primeira interessava ao Brasil. A segunda, ao PT. A primeira obedece a princípios. A segunda, a bandeiras partidárias.
A política externa é atribuição do Poder Executivo e, como tal, está subordinada ao presidente da República. Em governos anteriores, as decisões nessa área levavam em conta o conhecimento técnico dos diplomatas de carreira, a tradição brasileira e os princípios universalmente consagrados da convivência pacífica entre os povos. Essa tradição foi rompida ao se delegar a política externa aos humores dos radicais esquerdistas. Para compreender o alcance do viés ideológico na definição da política externa brasileira, VEJA fez um levantamento de todas as notas oficiais divulgadas pelo Itamaraty desde 2003, o começo do governo Lula. No total, foram mais de 4 600 comunicados, muitos deles informes técnicos sobre viagens do presidente. A reportagem se fixou na análise de 296 dessas notas, justamente aquelas em que o Itamaraty dá a saber a posição oficial do Brasil a respeito de questões conflituosas ou polêmicas. São notas reveladoras.
As notas sobre o conflito no Oriente Médio são a manifestação clara de opção ideológica em detrimento dos interesses nacionais permanentes (veja o quadro ao lado). Ao Brasil, que almeja legitimamente aumentar seu protagonismo internacional, interessaria não o engajamento ao lado de um dos contendores, mas a mais notória neutralidade nas complexas disputas do Oriente Médio. O comprometimento do Itamaraty é ainda mais evidente nos temas latino-americanos. As notas defenderam manobras liberticidas dos governos esquerdistas da Bolívia, da Venezuela e de Cuba, mas condenaram a deposição do presidente hondurenho Manuel Zelaya. Como ficou claro no episódio, Zelaya decidiu rasgar a Constituição de seu país para, com o apoio de Hugo Chávez, dar um golpe. "O episódio de Honduras confirmou um fenômeno preocupante: as posições do Itamaraty e de Chávez na política regional coincidem quase sempre", diz José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, no Rio de Janeiro.
O Executivo tem todo o direito de buscar suas preferências em política externa e – desde que isso tenha sido abertamente discutido na campanha eleitoral – fazer guinadas nos rumos da diplomacia. Os limites dessas manobras, porém, são dados pela tradição diplomática do país e pela persecução dos interesses nacionais permanentes – aqueles que são revertidos em benefício da maioria, e não da minoria no poder. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama mudou o tom da diplomacia, mas não seus objetivos básicos: vencer a guerra ao terror e barrar a proliferação nuclear em países párias, para citar dois exemplos. No Brasil, a mudança de rumo foi desastrosa. É antiga, legítima e positiva para todos os brasileiros a reivindicação de um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A diplomacia petista está sempre reafirmando essa meta. Mas também não perde uma chance de arruinar qualquer possibilidade de isso vir a ocorrer. O alinhamento automático de Brasília com ditaduras da América Latina, Ásia e África é uma deferência aos radicais do PT, mas um desastre internacional de previsíveis, duradouras e trágicas consequências para as pretensões brasileiras.
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