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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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domingo, 20 de setembro de 2015

Affonso Celso Pastore: Recessao seguida de estagnacao, destino do Brasil

Para quem acredita em teorias conspiratórias, o cenário só pode ser esse: os petistas reunidos com os keynesianos de botequim decidiram impor ao país a mais longa recessão de sua história seguida de uma estagnação sem fim.
Só pode ser isso. É o pior é que é, mais a estupidez congênita e a teimosia de quem vcs sabem.
Paulo Roberto de Almeida 
ESTADAO
19set15
Entrevista. Affonso Celso Pastore

Para o ex-presidente do BC, País precisa de reformas estruturais para sair da crise, mas não há nenhum sinal vindo do governo Dilma de que isso será feito

'Crescimento, só em outro governo'

Alexa Salomão
Para o economista Affonso Celso Pastore, o Brasil está num “impasse”: precisa mudar a política econômica e fazer reformas para voltar a crescer, mas ele não percebe interesse do governo para tocar essa agenda. “Basta ver as últimas medidas do ajuste”, diz. “São paliativas.” Sem as devidas reformas, ele acredita que a economia vai amargar a recessão, seguida de estagnação. “O que eu espero agora é votar na próxima eleição”, diz. A seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu ao Estado


Como o sr. viu as novas medidas do ajuste fiscal?
O governo fez um anúncio que não deu nenhuma confiança. Não tem uma reforma. Não tem um ajuste estrutural. Não tem nenhuma tentativa de resolver o problema que está sendo apontado, eu diria que pela unanimidade dos economistas quem têm uma postura mais crítica ao governo. Há um crescimento de despesas que é absolutamente incompatível com o crescimento da receita. O País precisa de reformas estruturais: na Previdência, na educação, no sistema tributário, naquilo que o Marcos Lisboa(economista, ex-secretário de Política Econômica) chama de meias entradas, os benefícios que o governo dá a empresários, os subsídios, os controles de preços. Enfim, toda aquela parafernalha de erros que, primeiro cessou o crescimento econômico a partir de 2013, depois, levou ao início da recessão em 2014 e ao seu aprofundamento agora. Não há nenhuma tentativa de mudança. Apenas pequenas medidas que postergam gastos, e o grosso do ajuste é feito em cima de aumento de impostos. É um ajuste fiscal absolutamente paliativo.
Mas não há o menor sinal de mudança, na sua opinião?
Não. Não vinda da Dilma, nem de seus ministros. Não vinda daí. Não vejo nenhuma mudança. Olha, no domingo vocês publicaram dois artigos: o do Armínio (Fraga, ex-presidente do Banco Central, Respostas à Altura da Crise) e outro, mais longo, do Bernard Appy, Marcos Lisboa, Marcos Mendes e Sérgio Lazzarini (os economistas apontaram saídas para a crise, como a reforma da previdência). Não é a primeira vez que esse tipo de agenda aparece. Já tinha também aparecido na Folha, em outro artigo assinado também por Marcos Lisboa, Mansueto Almeida e Samuel Pessôa. Nos artigos que tenho publicado no Estado, faço críticas fundamentadas em um diagnóstico muito semelhante. Esses economistas não são juniores. Existe quase um consenso sobre qual é a agenda que o País precisa implementar para reverter, gradativamente, esse tipo de crise. A agenda passa por uma revisão profunda na política fiscal. Temos de reduzir a pobreza, mas não podemos desperdiçar recursos. Não podemos continuar aposentando mulheres com 52 anos e homens com 54 anos. Não podemos continuar a elevar o salário mínimo acima da produtividade média da mão de obra. No ano que vem, vamos ter crescimento abaixo de zero e o salário mínimo vai crescer 10%. Não dá para continuar a fazer transferência de renda e a dar subsídios a determinados setores da economia. Estou apenas dando alguns exemplos do que está lá dentro daqueles artigos.
Na sua avaliação, porque, apesar de tantos economistas insistirem nessa agenda, Brasília parece não ouvi-los?
Por um tempo, eu pensei que Brasília não ouvisse porque não tinha apoio político. Minha impressão é que ainda que tivesse apoio, não faria. Há duas vedações à retomada do bom caminho. Uma é a crise política – e não fui eu que fiz. Quem fez foi a Dona Dilma. Essa crise foi gerada por ela. Depois posso até elaborar isso melhor. A segunda questão é puramente ideológica: achar que se resolve problemas gastando e dando estímulos.
Por que a presidente Dilma gerou a crise política?
Quando a presidente foi eleita, não olhou para a oposição. No discurso de posse, não mencionou a oposição. Ela não chamou a oposição. Fez uma tentativa de isolar o PMDB. Tentou criar um novo partido. Naquele momento, ela gerou uma reação do PMDB – e o PMDB elegeu o presidente da Câmara e começou a fazer oposição firme à presidente. A presidente, em vez de partir para o diálogo e tentar uma composição, foi para o confronto. Tentou no fundo, enfim, por todas as formas, adquirir o controle sobre a Câmara e não conseguiu. Conseguiu foi ter o Congresso contra ela. Isso gerou um impasse político. Se esse impasse não tivesse existido e tivesse havido uma tentativa de acordo, talvez ela conseguisse levar adiante um programa de reformas – mas isso se ela, ideologicamente, tivesse a crença de que o programa de reformas é o caminho para o crescimento econômico. Não há na cabeça dela, nem na cabeça do ministro do Planejamento dela, nenhuma ideia de que reformas conduzem ao crescimento econômico. Basta ver as últimas medidas do ajuste fiscal: indicam que o caminho para eles é continuar distribuindo, distribuindo, distribuindo, para no fundo continuar recebendo o apoio. Mas não está conseguindo apoio e também não está conseguindo crescimento econômico. 
Muitos dizem que este não é o ajuste defendido pelo ministro Levy...
Desculpe. O Levy é ministro. Ele está lá. Então, é o ajuste dele. Não fui eu que fiz esse ajuste. Não foi o Marcos Lisboa, não foi o Samuel, o Lazzarini. Não foi nenhum desses caras. O ajuste que cada um deles indicou e com o qual eu concordo, não é o ajuste do Levy que está aí. 
Há quem defenda a saída de Dilma, um impeachment ou a renúncia. Como o sr. vê esse cenário político?
De política, eu não entendo. Não sei para onde vai. A crise econômica vai se aprofundar, mas eu não sei se a sociedade ou o sistema político vai ter alguma reação e mudar o governo. Não tenho como prever ou como analisar algo assim. A única coisa que eu coloco é o seguinte: ou esse governo muda – muda a política econômica, muda a sua aproximação com os investimentos, muda como estimular a economia e passe a usar os recursos de forma que caiba dentro do que tem de receita, enfim, muda a política econômica – ou realmente o País não vai crescer. E mais: vai ter uma recessão mais longa. A recessão já uma das mais longas da história. Começou no segundo semestre de 2014. O Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos, da Fundação Getulio Vargas) datou isso lá atrás. Agora, a recessão vem se aprofundando. Acho que ela continua no terceiro e no quarto trimestres deste ano e entra pelo ano que vem. Já temos várias instituições que fazem contas mostrando uma grande probabilidade de que em 2016 teremos queda do PIB (Produto Interno Bruto, que mede a geração de riqueza de um país). Do ponto de vista de tamanho, essa é uma das recessões mais longas da história do Brasil. Ela também é muito profunda. Quando essa recessão terminar, é difícil ver como vai se dar a retomada do investimento, como a economia vai voltar a crescer. Ou seja, dadas as informações que temos hoje, a gente vê um período de queda de PIB, seguido por um longo período de estagnação. Eu acho que só vamos retomar o crescimento em outro governo. Não neste. 
Chegamos a um impasse?
Nós estamos num impasse há muito tempo. Não é de agora. E não vejo – eu não vejo mesmo – perspectiva de saída. O que espero agora é votar na próxima eleição, outro governo, para ver se a gente consegue ter uma política econômica diferente. Não vejo isso se alterando com o governo de Dilma Rousseff.
Mas o País aguenta mais três anos no impasse? Corremos o risco de ficar este tempo todo sem crescer?
Se o País aguenta, ou não, eu não sei, mas o custo vai ser grande. E é exatamente esta a perspectiva: depois que acabar essa recessão, eu acho que vamos ter um período sem crescimento. Com esse tipo de política econômica, a economia cai e depois não se recupera.
Caminhamos, então, para uma nova década perdida?
Eu não sei se é uma década, mas é um período longo.
Nesse cenário, até onde o dólar vai?
“O câmbio é uma variável inventada por Deus para desmoralizar economistas.” A frase é atribuída ao Greenspan (Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, o Banco Central dos EUA) e eu acho que ele tem plena razão. Depende do prêmio de risco. Tenho enchido a paciência dos leitores do Estado repetindo: no Brasil, o câmbio anda junto com o CDS(sigla para Credit Default Swap, título que funciona como um termômetro de risco de calote de um País). No último artigo até coloquei um gráfico para mostrar. De lá para cá, o CDS andou um pouco mais e o câmbio também. E o CDS andou não porque alguém ficou maluco, mas porque os riscos cresceram. Cresceu o risco de sustentabilidade da dívida. Havia uma probabilidade de a dívida chegar a 72% do PIB. Agora, com os números fiscais que estão aí, a probabilidade é maior. Então, na medida que o risco cresce, o câmbio tende a depreciar. 
Economistas dizem que o câmbio fará o ajuste, levando à retomada do crescimento via exportações.
Uma hora qualquer a exportação até pode reagir, mas até agora não reagiu – e o câmbio já andou mais do que qualquer economista supôs que fosse andar neste ano. As exportações continuam caindo. E as importações estão caindo dominadas muito mais pela contração da atividade econômica do que pela depreciação cambial, embora a depreciação também afete. 
Como seria um segundo rebaixamento, o cenário piora ou fica como está?
Piora um pouco mais. Para crescer, é preciso investimento. Com cenário de incerteza, a tendência é que a taxa de investimento siga caindo.

sábado, 19 de setembro de 2015

O aparelhamento do Estado brasileiro pelos companheiros - Ricardo Bergamini

Ricardo Bergamini, um economista aplicado -- no sentido da applied economics -- de Curitiba, resume, cortante como sempre, todos os números da tragédia que vivemos hoje no Brasil, ou seja, a falência da economia devido ao peso desmesurado do Estado aparelhado. Mas ele trata apenas dos números, e eu prefiro me referir à completa deterioração institucional do Brasil por causa das mentalidades e das políticas esquizofrênicas implementadas pelo partido totalitário, um processo que eu já designei como sendo de crimes econômicos acrescidos de crimes comuns, pois infelizmente estamos sob o comando, desde 2003, de uma malta de mafiosos, que são ineptos absolutos no plano administrativo. Eles simplesmente estão destruindo o Brasil, sobretudo no plano moral.
Em todo caso, aqui vai o artigo de Ricardo Bergamini.
Paulo Roberto de Almeida 

Quebrar o termômetro não cura a febre

 

No período do governo do PT (2003/2014) houve um crescimento de pessoal na União (Executivo, Legislativo e Judiciário) de 285.829 servidores.

 

Prezados Senhores

 

Confesso que estou de saco cheio de ler propostas e participar de palestras onde somente se aborda assuntos relacionados aos termômetros, quais sejam: Carga Tributária. Estoque da Dívida, Taxa de Juros, Taxa de Câmbio, Inflação, dentre outras.

 

Todos esses indicadores são apenas termômetros da economia, não causa (febre). E não tenho dúvida de que uma das causas da nossa grave febre econômica é o aparelhamento do estado brasileiro promovido pelo PT, conforme estudo abaixo, onde em 12 anos houve um acréscimo 285.829 servidores públicos federais iluminados, intocáveis com os seus direitos adquirido e estabilidade de emprego, e o mais grave é que estarão imunes à crise. 

 

Conhecendo o grau de periculosidade do bando refece de demônios que assumiram o poder em 2003, alguém acreditaria na lisura dos concursos públicos que selecionaram esses quase 300.000 servidores? Eu não. Meu primeiro ato no poder seria fazer um novo concurso, caso contrário estaria convivendo com inimigos mortais dentro do poder.

 

Qual a necessidade do Legislativo Federal (81 senadores e 513 Deputados Federais) terem esse maracanã de servidores públicos?

 

 

Quantitativo de Servidores Federais da União (Ativos, Aposentados e Pensionistas) – Fonte MP

 

Base: Ano de 2014

 

*Variação: Dezembro de 2010 em relação a Dezembro de 2002

**Variação: Dezembro de 2014 em relação a Dezembro de 2010

Poder

Dezembro/02

Dezembro/10

*Variação

Dezembro/14

**Variação

Executivo Civil

1.131.842

1.248.375

116.533

1.327.314

78.939

Executivo Militar

583.077

625.658

42.581

655.804

30.146

MPU

7.391

10.487

3.096

19.934

9.447

Judiciário

102.809

141.943

39.134

138.839

(3.104)

Legislativo

30.847

35.018

4.171

35.068

50

Ex-Territórios e DF

180.808

146.688

(34.120)

145.644

(1.044)

Total

2.036.774

2.208.169

171.395

2.322.603

114.434

 

 

No governo Lula (2003/2010), comparando com dezembro de 2002, houve aumento do efetivo da União da ordem de 171.395 servidores: Legislativo aumento de 4.171; Judiciário aumento de 39.134; Executivo Militar aumento de 42.581; Executivo Civil aumento de 116.533; MPU (Ministério Público da União) aumento de 3.096 e Ex-Territórios e DF redução de (34.120). 

 

No governo Dilma (2011/2014), comparado com dezembro de 2010, houve aumento do efetivo da União da ordem de 114.434 servidores: Legislativo aumento de 50; Judiciário redução 3.104; Executivo Militar aumento de 30.146; Executivo Civil aumento de 78.939; MPU (Ministério Público da União) aumento de 9.447 e Ex-Territórios e DF redução de 1.044.

 

No período do governo do PT (2003/2014) houve um crescimento de pessoal na União (Executivo, Legislativo e Judiciário) de 285.829 servidores.

 

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

 

Ricardo Bergamini

Revolutions bourgeoises et modernisation capitaliste: a editora me manda um poster

Recebi, esta semana, um poster simpático sobre a publicação de meu próximo livro, que ainda não recebi, para conferir, mas a capa ficou bonita (fui eu quem escolhi a ilustração, com a ajuda de Carmen Lícia).
Reproduzo abaixo o sumário (não o índice completo) do livro, e o início da minha introdução (Avant-Propos) a esta edição da minha tese de doutoramento, remetendo ao texto completo na plataforma Academia.edu.
Paulo Roberto de Almeida



(Sarrebruck: Éditions Universitaires Européennes, 2015, 496 p.; ISBN: 978-3-8416-7391-6); 
version révisée de la thèse présenté en 1984 à la Faculté des Sciences Sociales, Politiques et Économiques de l’Université Libre de Bruxelles: Classes Sociales et Pouvoir Politique au Brésil: une étude sur les fondements méthodologiques et empiriques de la Révolution Bourgeoise ; ajoutée du travail 2862). 
Relação de Originais n. 2863; Publicados n. 1193.


SOMMAIRE DU LIVRE

Avant-Propos :
Capitalisme et démocratie au Brésil, à trente ans de distance, 15

1.    Introduction , 42

Première Partie
THÉORIE ET PRATIQUE DE LA
RÉVOLUTION BOURGEOISE

2.    La carrière d’un concept  56
3.    Théorie de la Révolution Bourgeoise ,  71
4.    La modernisation capitaliste, 100
5.    Classe et Pouvoir , 119
6.    Pratique de la Révolution Bourgeoise , 153
7.    Bourgeoisie et révolution dans la pratique historique et dans
       la théorie sociologique , 214

Deuxième Partie
LA REVOLUTION BOURGEOISE AU BRÉSIL:
MYTHE ET REALITÉ

8.    Les bases de la Révolution Bourgeoise au Brésil , 239
9.    La transition au capitalisme , 271
10.  Différenciation sociale et crise des élites , 287
11.  Caractère de la rupture313
12.  L’État et les classes sociales , 341
13.  Démocratie et autocratie dans le capitalisme , 378
14.  Bourgeoisie et démocratie: réalité historique et mythe sociologique , 409

       Bibliographie , 429
       Autres livres par Paulo Roberto de Almeida , 450

Avant-Propos :
Capitalisme et démocratie au Brésil, à trente ans de distance

 (...)
Le présent travail – lequel, dans sa première incarnation, avait été soutenu en 1984, en tant que thèse de doctorat en Sciences Sociales à l’Université Libre de Bruxelles, sous le titre quelque peu ambitieux de « Classes Sociales et Pouvoir Politique au Brésil : une étude sur les fondements méthodologiques et empiriques de la Révolution Bourgeoise » – ne prétend certes pas se poser en « synthèse » de sociologie historique appliquée et, même s’il tend vers ce but, n’est en aucun cas une synthèse achevée. Plus modestement, il cherche, d’une part, à établir le bilan critique d’un modèle explicatif de nature historico-sociologique – sous le concept de Révolution Bourgeoise, à côté des révolutions bourgeoises réelles – et, d’autre part, à faire la mise au point empirico-théorique de la légitimité de ce modèle pour l’interprétation d’un processus donné de développement historique : la modernisation économique de la société brésilienne et ses manifestations au niveau du système de pouvoir. Elle touche donc à deux domaines classiques de la sociologie et de l’histoire, objets d’attention constante au sein de l’académie : le capitalisme et la démocratie.
Si, éventuellement, le travail n’a pas pu répondre à tous les problèmes soulevés par ce type de démarche, nous espérons néanmoins qu’il aura su poser toutes les questions pertinentes qu’il est possible d’énoncer dans ce genre d’entreprise. En attendant la « synthèse » sociologique du développement historique de la société brésilienne, dans son long cheminement vers une authentique démocratie politique dans le cadre d’une économie capitaliste avancée, voici donc un « travail d’analyse » théorico-empirique qui a tout fait pour mériter son caractère d’ouvrage académique : premier projet, lectures intensives et recherches extensives, recomposition du plan et nouvelle formulation des hypothèses de travail, développement des arguments, critique approfondie du manuscrit, mise au point du texte et rédaction finale, bref, le plat de consistance de tout candidat prétendant à des titres académiques.
Après avoir été l’objet d’un âpre débat avec (et entre) les membres du jury, lors de sa soutenance publique, au début du mois de juin de 1984, et ayant été décernée une évaluation finale de « Grande Distinction » par les examinateurs, la thèse a été déposée à la Bibliothèque de la Faculté des Sciences Sociales, Politiques et Économiques de l’Université Libre de Bruxelles, où elle a dormi le sommeil des justes au cours des trois décennies successives. Pour être plus précis, quelques petits morceaux arrachés ça et là à ses première et deuxième parties ont servi à composer deux ou trois articles, publiés l’un en tant que chapitre d’un livre collectif, les autres dans deux revues académiques brésiliennes. Mais, à part cela, l’ensemble est resté inédit et oublié depuis, y compris car, n’ayant pas entamé une carrière académique, comme prétendu à l’origine, et préférant plutôt suivre le service diplomatique de l’État, son contenu de sociologie historique comparée a toujours eu très peu de rapports avec les sujets de relations économiques internationales dont je me suis occupé depuis. Les révolutions bourgeoises ne sont pas, décidemment, un sujet diplomatique.
(...)

 Ler a íntegra deste Avant-Propos, neste link de Academia.edu: 

Uma outra frase da semana, bem mais preocupante, sobre a cleptocracia petralha

Do ministro Gilmar Mendes, ao se referir à governança cleptocrática do partido totalitário dominado pelos companheiros mafiosos:

“[Os petralhas] não roubam para o partido, não roubam só para o partido, é o que está se revelando, roubam para comprar quadros. Isso lembra o encerramento do regime alemão quando se descobriu que os [membros[ do partido tinham quadros, tinham dinheiro no exterior, é o que estamos vivendo aqui.”

Quando o ministro Gilmar Mendes fala de "regime alemão", ele está se referindo obviamente aos nazistas, um partido formado por líderes criminosos, que praticaram as piores perversidades não só contra o povo judeu -- uma raça que prometiam eliminar, apenas por serem judeus -- mas contra toda a humanidade, e que saquearam, roubaram, fraudaram, pilharam, não apenas em favor do regime -- o tal Reich que deveria durar mil anos -- mas em seu próprio benefício, como criminosos vulgares que eram.
Os petralhas são exatamente como os nazistas: criminosos vulgares. Só não podem declarar uma guerra de eliminação contra os "inimigos de classe" porque as circunstâncias mudaram, o mundo mudou, mas o espírito, o pensamento, a vontade totalitária permanece a mesma que aquela alimentada pelos assassinos bárbaros que foram os nazistas (e os stalinistas também).
Paulo Roberto de Almeida


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

A frase da semana, do mes, do ano, de sempre... - Jorge Luis Borges, sobre o livro

Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu próprio corpo. O microscópio, o telescópio são extensões de sua visão; o telefone é a extensão de sua voz; em seguida, temos o arado e a espada, extensões de seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.

Jorge Luís Borges

Cronica sobre um leitor compulsivo: quem sera'? - Paulo Wangner de Miranda


Recebi, de um colega de "desprofissão" (como ele mesmo classifica sua atual atividade), Paulo Wangner de Miranda, uma saborosa crônica sobre um curioso personagem, que adquiriu o hábito de leitura desde bebezinho e depois saiu por aí, lendo nas horas mais impróprias, nas ocasiões mais inusitadas, causando até pequenos acidentes de trânsito e confusões variadas.
 Quem será?
Não pode ser este que aqui escreve, pois só aprendi a ler na tardia idade de sete anos, ainda que eu tenha procurado descontar o atraso desde então.  
 Ainda assim, essa crônica está extremamente saborosa, e por isso vai aqui publicada, sempre respeitando os direitos autorais de que a escreveu, em prosa decassílaba, se ouso dizer. 
Vocês vão reparar que tem algumas rimas espalhadas aqui e ali, o que recomenda leitura atenta.
Mas creio que só alguns leitores, habituados a escritos bizarros e de outras latitudes, entenderão certas alusões a situações e personagens...
Em todo caso, seja quem for o personagem em questão, posso dizer que gostei muito...
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Paulo Roberto de Almeida

this one is 4 u:

Dia desses vi no sítio virtual de um xará, e colega de desprofissão, uma confissão de amor pela leitura. Mais que amor, compulsão, sim senhor. Do tipo que faria questão de acompanhar o pai ao cartório para ler, em primeira mão o registro de seu nascimento.

E fazer observações, e ementas, sobre a grafia, soletrar e regras de acentuação ao pai e ao tabelião. E não contente com sua prodigalidade leitoral - de que a miopia de dois dígitos é prova - o danado pesquisa e ainda escreve sobre o que lê. O homem não é só o que lê. Pode escrevê!

Isso naturalmente não o impediu de nos devidos e indevidos tempos de flertar, olhar pras pernas e mesmo comer sopa de letras. Se o m andava de quatro pra ver se lhe escapava ao fino e permanente escrutínio, o o, ó, é que dava mais dó, pois com essa sua forma rotunda era vítima da cobiça mais profunda.

Eu mesmo, com todas as poucas letras de meus muitos textículos, não me vi 'neamoins' protegido de sua estranha sanha: numa volta de carro que fizemos, na encantadora cidade de Berna, que parece de fato hiberna, ele no volante, enquanto papeava, também furiosamente, papelava, folheando furibundo um jornal local. Em alemão, ou nalguma língua cantonal. E se jactava de já ter batido - de leve - o automóvel em faceiras traseiras em função daquela compulsão de besteiras.

Autuado pela infração todo texto legal leu até que o guarda, sem aguardar, escafedeu.

ab, Paulo