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terça-feira, 1 de junho de 2021
segunda-feira, 31 de maio de 2021
A casta patrimonialista e extratora do funcionalismo federal contra a nação - Demetrio Magnoli
A casta
Por Demétrio Magnoli
31/05/2021 • 01:00
São “parasitas” que estão matando o “hospedeiro”? A sentença emitida por Paulo Guedes, como quase tudo que fala o já não tão poderoso ministro, é uma generalização estúpida. Nas suas desigualdades internas, o funcionalismo público é quase um microcosmo do conjunto da sociedade brasileira. Mas sua elite forma, de fato, uma casta aristocrática que extrai recursos vitais dos brasileiros comuns, amplificando a concentração de renda.
A casta está incrustada no funcionalismo federal: segundo o Ipea, em 2017, os servidores municipais tinham salário médio de R$ 2,9 mil, contra R$ 5 mil dos estaduais e R$ 9,2 mil dos federais. O Congresso e, especialmente, o Poder Judiciário formam os ecossistemas da casta: no Executivo, o holerite médio era de R$ 3,9 mil, contra R$ 6 mil dos funcionários do Legislativo e R$ 12 mil dos servidores do Judiciário.
Raymundo Faoro iluminou, nos idos de 1958, a relação intrínseca entre o poder estatal e o estamento dos servidores públicos. A conversão patrimonial do bem nominalmente público em propriedade privada — a prática sistemática de “tosquiar” a sociedade — expressa-se, entre tantas formas, na remuneração da casta. Os funcionários federais ganhavam, em média, 96% mais que os trabalhadores de empresas privadas, sempre em 2017. No Judiciário, 4,2% dos funcionários recebiam salários superiores a R$ 30 mil.
Getúlio Vargas esculpiu a transição para a economia urbano-industrial criando a moderna burocracia estatal e lançando as sementes da casta. Os filhos dos fazendeiros tornaram-se bacharéis. O PT, partido apoiado nos sindicatos de servidores, completou a obra varguista. Nos governos Lula e Dilma, o gasto com pessoal saltou de cerca de R$ 200 bilhões para mais de R$ 300 bilhões, já descontada a inflação.
O país existe para servir os servidores? Em 2019, o Brasil gastou 12,9% do PIB com o funcionalismo, um dos maiores dispêndios do planeta, superior ao do Canadá (12,1%) ou da França (11,8%), para não mencionar Reino Unido (9%), EUA (8,7%), Alemanha (7,6%) ou Chile (7,1%). Só o Judiciário — e sem contar o MP — consumiu 1,5% do PIB, um assalto à arca pública que fica evidente no cotejo com Itália (0,18%), França (0,15%) ou EUA (0,14%). Por aqui, terra de fidalgos togados, o vale-refeição dos juízes supera o salário mínimo em 24 das 27 unidades da Federação.
O lulismo impulsionou a casta a um novo patamar — e seus arautos nem sequer admitem a discussão de uma reforma administrativa capaz de limitar as rendas públicas destinadas a sustentar seus privilégios. O sociólogo Jessé Souza, o mais autêntico formulador da visão lulista sobre o Estado e a sociedade no Brasil, sintetizou a alegação da casta na seguinte sentença: “Os bancos querem enxugar os gastos do Estado, para que o Estado possa ter seu orçamento dirigido aos bancos”. Ficamos sabendo, então, que, segundo Jessé, propor uma reforma administrativa implica defender os interesses dos bancos.
A técnica de acusar o interlocutor de nutrir maléficas motivações ocultas, típica de espíritos autoritários, destina-se a circundar a argumentação histórica e factual, substituindo o debate informado por um torneio de insultos. Na maioria das nações democráticas, governos de diversos matizes políticos evitaram que a alta burocracia de Estado abocanhasse parcela da riqueza nacional similar à que alimenta a “nossa” casta. Seriam todos esses governos meros agentes do capital financeiro?
Na base do funcionalismo, especialmente nos níveis estadual e municipal, encontra-se a parcela dos servidores públicos de maior valor social. São, em grande parte, funcionários mal-remunerados da saúde e da educação que atendem à população de baixa renda. É a casta, não os malvados banqueiros, que desvia para si mesma os recursos necessários para a qualificação e modernização dos serviços públicos universais.
Uma reforma administrativa equilibrada — que, obviamente, não é a de Paulo Guedes — interessa à maioria dos brasileiros. Pena que, 90 anos depois de Vargas, os representantes políticos da casta ainda consigam se fantasiar como amigos do povo.
https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/casta.html
Columbia FDI Perspectives; ensaios tópicos sobre investimentos diretos estrangeiros
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domingo, 30 de maio de 2021
Origens da hostilidade entre a China e a Índia: o Tibete, 1959
https://www.youtube.com/watch?v=xthe53TvFg4&t=1538s
When India And Communist China Became Enemies | Mao's Cold War | Timeline
•11 de jun. de 2020
Amado Luiz Cervo: homenagem pelos seus 80 anos; aportes teóricos e metodológicos de sua obra - Raúl Bernal-Meza
No dia 5 de maio de 2021, o professor Estevão Chaves de Rezende Martins organizou uma sessão virtual em homenagem ao professor Amado Luiz Cervo, professor emérito da UnB, grande historiador e autor de muitas obras de história diplomática e de relações internacionais do Brasil, por ocasião de seus 80 anos.
Na ocasião, o Professor Raúl Bernal-Meza, autor de um dos artigos que figuram na revista especial Intelligere: revista de história intelectual (revistaintelligere@usp.br), apresentou um resumo, transcrito abaixo, da colaboração que ele apresentou para a revista, cujos dados editoriais e de acesso são os seguintes:
(n. 10, dezembro 2020, ISSN: 2447-9020; p. 1-14; DOI: 10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2020.178316; link da revista: http://www.revistas.usp.br/revistaintelligere/issue/view/11853/1947; link do artigo: http://www.revistas.usp.br/revistaintelligere/article/view/178316/167375). Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/44801286/Intelligere_Revista_de_história_intelectual_Dossie_Amado_Cervo_2020_); divulgado no blog Diplomatizzando (30/12/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/12/revista-intelligere-numero-especial-n.html).
Eis o texto do Professor Raúl Bernal-Meza lido na ocasião;
APORTES TEÓRICOS Y METODOLÓGICOS DE AMADO
Raul Bernal Mesa
Presentación oral, 5/05/2021
La contribución de Amado Luiz Cervo a las relaciones internacionales se puede clasificar en tres grandes líneas:
1) historia de la política exterior de Brasil;
2) historia de las relaciones internacionales de América Latina;
3) elaboración de conceptos y categorías analíticas para el estudio de las relaciones internacionales y de los tipos ideales de Estado, de cuya abstracción derivaron interpretaciones sobre la praxis de la política exterior y la diplomacia correspondiente a cada modelo, en una perspectiva histórica que se articula con los estudios de las dos líneas precedentes.
PERO HAY DOS ASPECTOS QUE ME GUSTARÍA DESTACAR DE SU TRAYECTORIA:
I) ES EL OBJETIVO INTELECTUAL HACIA EL CUAL AMADO HA DIRIGIDO LA REFLEXIÓN SOBRE LOS CONCEPTOS Y LAS CATEGORÍAS EN RELACIONES INTERNACIONALES, QUE SE SOSTIENE EN DOS CRITERIOS:
A) El aporte al pensamiento propiamente latinoamericano sobre las cuestiones teóricas para abordar el estudio de las relaciones internacionales de América Latina y de la política exterior del Brasil.
B) Su presencia activa en un grupo de académicos e intelectuales latinoamericanos que desde hace un par de décadas buscamos desarrollar nuestras propias formas teóricas y metodológicas para entender nuestras relaciones internacionales.
II) SU CONTRIBUCIÓN A LA IDENTIFICACIÓN DE UNA TRADICIÓN DE PENSAMIENTO, QUE YO HE DENOMINADO COMO LA ESCUELA DE BRASILIA, INCORPORANDO ELABORACIONES DE OTRAS ESCUELAS DE RELACIONES INTERNACIONALES, COMO LA INGLESA Y LA FRANCESA y PROMOVIENDO EL DESARROLLO DE ESTUDIOS HISTÓRICOS Y ANALÍTICOS DESDE UNA PERSPECTIVA QUE RECHAZA LA EXCLUSIVIDAD TEÓRICA QUE SE HA ATRIBUIDO A LO QUE SE CONOCE COMO LA TRADICIÓN ESTADOUNIDENSE o ESCUELA NORTEAMERICANA DE RR.II. (siguiendo la opinión de Stanley Hoffmann acerca de que los estudios internacionales son un dominio excluyente de los Estados Unidos.
AMADO HA RECHAZADO ESTA INTERPRETACIÓN QUE SE ARROGA SER LA ÚNICA QUE ES CAPAZ DE PERMITIR EL CONOCIMIENTO DE LOS ESTUDIOS INTERNACIONALES.
LA ESCUELA DE BRASILIA ES EL EJEMPLO Y RESULTADO DE ESE ESFUERZO DE INDEPENDENCIA TEÓRICA E INTELECTUAL.
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