O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quarta-feira, 24 de abril de 2024

A grande divisão e as ameaças visíveis - Paulo Roberto de Almeida

 A grande divisão e as ameaças visíveis 

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Nota sobre uma nova fratura no sistema internacional.

  

Primeiro uma transcrição, retirada de uma das redes sociais:

 

Viagem ao Passado (@viagempassado)

https://t.co/Qy4rGuxCVM


O Dia em que o Mundo Mudou: 

O Nascimento do Eixo: Há 83 anos, os líderes da Alemanha nazista, da Itália fascista e do Império do Japão assinaram em Berlim o Pacto Tripartite, que formalizou a aliança conhecida como Eixo. Em 27 de setembro de 1940, eles decidiram apoiar e cooperar uns com os outros em seus esforços para estabelecer e manter uma nova ordem mundial, baseada na dominação de suas respectivas esferas de influência. O acordo também previa defesa mútua caso algum dos países fosse atacado por uma nação que não estivesse envolvida na Segunda Guerra Mundial. O objetivo do pacto era intimidar os Estados Unidos e outros países neutros, e desafiar a hegemonia das potências aliadas. 

O pacto tripartite foi o resultado de uma série de acordos anteriores entre os países do Eixo, como o Pacto Anti-Comintern de 1936, que visava conter a expansão do comunismo liderado pela União Soviética, e o Pacto de Aço de 1939, que fortaleceu a cooperação militar entre a Alemanha e a Itália. O pacto também recebeu a adesão de outros países aliados ou subordinados ao Eixo, como Hungria, Romênia, Bulgária, Eslováquia, Iugoslávia e Croácia. O pacto tripartite teve um grande impacto na história e na geopolítica mundial, sendo considerado um dos principais fatores que desencadearam a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, após o ataque japonês a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941. O pacto também definiu os dois blocos antagônicos que se enfrentaram no maior conflito bélico da história, que resultou na morte de milhões de pessoas e na derrota e ocupação dos países do Eixo.”

 

Agora o meu comentário (PRA): 

O mundo se dividiu radicalmente nos anos 1930, e tivemos uma tragédia ainda maior do que a da Grande Guerra. O Pacto Tripartite (Eixo), era formado por três potências militaristas, fascistas, expansionistas, belicistas. O atual "Eixo do Mal" é mais ou menos isso, embora em graus diversos: Rússia, China, Coreia do Norte, Irã, sem um acordo formal entre essas potências, às quais podem ser agregadas alguns simpatizantes a mais: Venezuela, Cuba, Síria, Nicarágua, certas ditaduras do chamado Sul Global que colaboram com as duas grandes autocracias, que lideram essa coalizão anti-G7, anti-OCDE, anti-Ocidente.

O Brasil tradicional, o dos governos oligárquicos do passado, o dos governos centristas ou mesmo os governos populistas mais recentes, sempre procurou manter-se à margem dos grandes conflitos interimperiais. Tentamos nos manter alheios, ou neutros, em face da Grande Guerra e também do segundo maior conflito europeu, mas acabamos sendo envolvidos, a despeito de nossa vontade, nesses conflitos, por ataques diretos à nossa soberania, a nossos interesses, às nossas vidas. Depois, sempre mantivemos, ou construímos, a autonomia e a independência na política externa. 

Isso durou até a chegada dos companheiros ao poder, em 2003. A partir daí, a política externa e a diplomacia brasileira passaram a ser influenciadas e conduzidas com base na visão do mundo da esquerda petista, notoriamente comprometida com projetos identificados com o que ainda havia de socialismo e de ditaduras supostamente de esquerda no mundo, ou pelo menos não engajadas na esfera ocidental liderada pelos Estados Unidos e diversos países europeus de cunho democrático. Mas mesmo ditaduras em nada esquerdistas, contrárias a outros valores que a esquerda petista eventualmente defendia – direitos das minorias, das mulheres, etc. –, também passaram a desfrutar do apoio dos governos petistas, bastando que fossem antiamericanos o suficiente para justificar a tomada de posição.

O BRIC, depois BRICS e agora BRICS+, foi o momento decisivo na construção dessa coalização antiocidental que passou a marcar a diplomacia brasileira desde meados dos anos 2000, e que se manteve com ainda mais vigor a partir dos anos 2010 e atualmente. A visão antiamericana e antiocidental – mesmo em aliança com governos abertamente de direita ou reacionários, como a Rússia de Putin e o Irã dos aiatolás – passou a influenciar e mesmo a determinar a postura da política externa lulopetista, e a submeter, por passividade própria, a diplomacia profissional do Itamaraty.

Mas, os desafios atuais são bem maiores do que a simples discordância quanto a modelos de desenvolvimento, políticas econômicas e seus reflexos sociais. Estamos falando, agora, do próprio destino da civilização, dada a postura belicista dos atuais contendores. A nova divisão que se estabeleceu agora tem a ver com a hegemonia ou a preeminência em escala mundial, portanto civilizatória. A tragédia, numa érea nuclear como a atual (inclusive de detentores não declarados), seria incomensuravelmente maior do que jamais existiu na história da humanidade. Ditadores não hesitam ante o perigo! Começou na Crimeia, estendeu-se à Ucrânia, alcançou Hong Kong e projeta-se sobre Taiwan e a península coreana.

O Brasil de Lula parece já ter escolhido o seu campo, e é isto que nos preocupa atualmente. Os companheiros poupam, são coniventes e se aliam aos desafiadores e contestadores da ordem ocidental, a que nos trouxe um pouco de liberdade e de prosperidade. Eles acreditam que a China seja próspera e poderosa pelo PCC, pelo socialismo, não por ter abraçado a economia de mercado e a globalização. São anacrônicos em tudo e por tudo, e não parece haver esperança de que se convertem à economia de mercado e à democracia “burguesa”, ambas desprezadas por eles. Existe ainda muita ambiguidade nos comportamentos dos chefes petistas, que por características do Brasil capitalista ainda influencia as políticas gerais do Brasil, inclusive pela predominância de velhas e novas oligarquias políticas e pelo poderio dos capitalistas, que os financiam. 

Os diplomatas permanecem silenciosos e submissos, infelizmente.

As ameaças vão crescer!

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4640, 24 abril 2024, 3 p.


Karl Polanyi against the ‘free market’ dystopia - László Andor (Social Europe)

Karl Polanyi against the ‘free market’ dystopia

László Andor

Social Europe, 23rd April 2024 

https://www.socialeurope.eu/karl-polanyi-against-the-free-market-dystopia

Sixty years on from Polanyi’s death and 80 since his classic text appeared, it is time to reassess the Hungarian social scientist’s legacy.


In April 1944, Karl Polanyi published his magnum opus. He died precisely 20 years later, on April 23rd 1964.

Polanyi might seem an enigmatic figure in the social sciences: he became influential well after his death and his fame is the result of a single book, The Great Transformation, which came to inspire a new generation of intellectuals in the neoliberal era. For a thinker identified with the phrase ‘double movement’, this double anniversary provides an opportunity to reflect on his life and his outstanding contribution to political economy.

A life in three chapters

Polanyi’s life is like a trilogy. The first part is his upbringing, youth and study in Hungary, his developing political consciousness and experience. The second begins with his departure and includes the decades of European emigration, when the rise of fascism is the key issue for politics, economics, society and eventually the fate of the international order. Volume three is his life in the United States, where the ageing Polanyi continues his research in economic history and anthropology while engaging in the intellectual dialogue on the cold war and ‘peaceful coexistence’ with the Soviet Union.

Polanyi grew up in Budapest, speaking German and Hungarian—and very quickly learnt English, French, Latin and Greek as well. As a student, he was influenced by the great Hungarian intellects of the time: Ervin Szabó and Oszkár Jászi. The librarian Szabó was a father figure for Marxists, anarchists and syndicalists, while Jászi was the beacon for progressive liberalism. Polanyi became the first leader of the Galileo Circle, committed to collective learning and activism.

By the time of the war, Polanyi considered himself a liberal socialist, in the footsteps of German thinkers such as Eduard Bernstein and Franz Oppenheimer. In 1919, he left Hungary to receive medical treatment in Austria. Meanwhile, a shortlived Budapest Commune was overthrown and displaced by a ‘white’ counter-revolution, making return impossible. In ‘red’ Vienna, Polanyi and Ilona Duczynska married (in 1923) and he started working as an editor of the prestigious economics journal Der Österreichische Volkswirt (Austrian Economist). He became a critic of the market-fundamentalist ‘Austrian school’ of economics, represented among others by Ludwig von Mises and Friedrich Hayek.

The move from Austria took three years for the whole family, but Polanyi had to leave quickly after the Nazi takeover of Germany (1933). In England he worked as a journalist and a tutor, carrying out extensive research and collecting most of the materials for the book. The move from England to the US was also very complicated, since Ilona was not given a US visa (due to her earlier political activity and independent-minded communist outlook). Eventually, they ended up living in Canada, from where Karl commuted to New York to teach. Columbia and Chicago universities were practically competing for him. Columbia offered more and Polányi found himself in company with the crème de la crème of post-war American sociology: Robert Merton, Seymour Martin Lipset and C Wright Mills.

In the 50s and 60s, Polanyi turned to economic history and anthropology, which produced his book Dahomey and the Slave Trade (published posthumously in 1966). But he also engaged with the key debates of the time: the effects of new technology, industrialisation and modernisation in economic sociology and the cold war in international relations. He worked hard to launch a new journal, Coexistence, with collaborators such as the Cambridge post-Keynesian economist Joan Robinson. He aimed to bring together authors from east and west, deepening mutual understanding and convergence, but a terminal illness prevented him from seeing the blossoming of this project.

Polanyi’s life became inseparable from politics but he always remained a scientist, researcher and professor. From his youth, he was inspired by Hamlet, which also had an influence on his method: he favoured complex analysis, while refusing to imagine himself, in a ‘time out of joint’, as ‘born to set it right’. He handed over his legacy to outstanding students at Columbia: David Landes, Abe Rotstein, Terence Hopkins, Immanuel Wallerstein. And a long list of economic sociologists and post-Keynesian economists were to be influenced by him—starting with Joseph Stiglitz, who wrote the preface for the 2001 edition of The Great Transformation.

The Great Transformation

Through this journey, the two most important companions of Polányi’s life were Ilona and his brother, Michael. Between the communist wife and the liberal brother, Karl was the socialist: close to the British Fabians, appreciating the US New Deal and assuming that European social democracy remained committed to its ‘maximum programme’. Through lively debates with Ilona in the 1920s, his views on the market evolved and became more critical. He discovered the ‘Christian content’ in Marx’s works, and tended to agree that the market economy was embedding class divisions within society. By the time of moving to England, Polanyi already associated markets with chaos and suffering, rather than efficiency and justice.

In The Great Transformation Polanyi did not only elaborate on the fall of laisser-faire and the outbreak of World War I but connected the two as the collapse of 19th-century civilisation. The book was written in Vermont during the second world war. It explains the contradictions of the ‘self-regulating market’ and the ‘gold standard’ currency regime, which he holds responsible for the human tragedies of the last century. The book provides deep economic and social analysis but not a political programme, so—according to Polanyi’s biographer Gareth Dale—it ‘can legitimately be read either as an anticapitalist manifesto or as a social-democratic bedtime story’.

The title that made Polanyi so famous actually came from the publisher. His own provisional title was ‘Origins of the Cataclysm: A Political and Economic Inquiry’. Another possibility was ‘Anatomy of the 19th Century: Political and Economic Origins of the Cataclysm’. Others were ‘The Liberal Utopia: Origins of the Cataclysm’ and, the simplest, ‘Freedom from Economics’. These speak volumes about what the author wanted to express through concepts which have since become famous, particularly the ‘double movement’ of the marketisation drive and the regulatory response.

Coming from central Europe, Polanyi was directly affected by the rise of fascism. He did not however reduce this political degeneration to cultural or intellectual factors but connected it with the failure of economic policy. In The Great Transformation, he highlighted that ‘the victory of fascism was made practically unavoidable by the liberals’ obstruction of any reform involving planning, regulation, or control’. It is one of the most oft-cited sentences of the book—the connection between ‘liberal obstruction’ and rising fascism is not only a question of history. Polanyi appears as immensely prescient about the era of neoliberalism (the ‘Washington consensus’) and perhaps even more visionary as a predictor of various counter-movements.

In his 2001 preface, Stiglitz highlighted that for Polanyi the main target of examination and criticism was the market, and that beyond the market system there was a broader economy and beyond that a broader society. In other words, a really-existing modern economic system is always an amalgam of the market and other mechanisms, including government planning and the social and solidarity economy, and the combination of these (their sizes, strengths and shares) defines what kind of society we live in. Stiglitz is not alone in stressing that the description of the economic system as a hybrid of various mechanisms—irreducible to self-equilibrating market transactions, conceived as akin to barter, as in neoclassical economics—is one of the most important Polanyian insights.

A social-scientific star

Polanyi may have thought that the discredited doctrines of his time about the self-regulating market would never regain their dominance. From the ‘stagflation’ 1970s, however, the increasingly hegemonic neoliberal trend revived many elements of pre-Keynesian economics. After the fall of the Berlin wall the neoliberal revival was globalised, but the sustainability of this was questioned by many.

For all those sceptics, Polanyi represented the social-scientific alternative to the platitudes of Francis Fukuyama, who claimed that ‘free market’ capitalism, allied to liberal democracy, would carry all before it. He now provides a framework for contemporary authors to elaborate on all the different types of systemic malfunction, from finance to climate. The grave consequences of neoliberal globalisation explain why, since the 1990s, The Great Transformation has appeared in many more languages and editions, and why Polanyi has become a star, if not a cult figure, for social scientists outside a privileged mainstream.

The British political scientist Andrew Gamble highlights his relevance this way:

Recent analyses inspired by Polanyi suggest that neo-liberalism can be understood as the first phase of a new double movement, with neo-liberalism emerging initially in the 1970s as a reaction to the excesses of the welfare state and Keynesianism, creating in the 1980s—through the application of its ideas—a new era of free-market dominance. In turn, it is suggested, this will be followed by a reaction to curb the excesses of neo-liberalism and reimpose political controls over the market.

Polanyi’s critique of the gold standard has also appeared highly relevant in the context of the ordoliberal European economic and monetary union. Just as maintaining gold parity at all costs meant inflicting austerity on depression-era Britain, so the requirements of EMU forced Greece into the ‘internal devaluation’ of cuts in real wages and pensions amid the eurozone crisis.

In the contemporary European context, the generation-long half-cycles of the double movement have been replaced by much shorter periods of liberalisation and socialisation. Instead of the long cycles of Anglo-American economic history, we can observe short cycles of a European pas de deux: the establishment of the single market is followed by EU-level labour legislation and cohesion policy, the Stability and Growth Pact is followed by the Lisbon strategy, the eastern enlargement is followed by reviews of the posted-workers directive and the eurozone crisis triggers the adoption of the European Pillar of Social Rights (EPSR).

The balance between liberalisation and socialisation in the European context must be further studied. Most certainly, the EPSR is not a full answer to the failure of the initial model of EMU, which explains why in the recent period a new discussion has begun about the need for a European ‘social union’ that would offer an EU-level safety net for the social-security systems of the member states. Karl Polanyi may not offer a practical guide, but he most certainly provides the intellectual inspiration for this envisaged new transformation.


László Andor 

László Andor is secretary general of the Foundation for European Progressive Studies and a former member of the European Commission.



 

 

O Brasil e a Defesa nacional - Rubens Barbosa (O Estado de S. Paulo)

O Brasil e a Defesa nacional 

Rubens Barbosa 

O Estado de S. Paulo, terça-feira, 23 de abril de 2024


Congresso e sociedade têm de olhar para o futuro e concentrar seus esforços no fortalecimento do Ministério da Defesa, chefiado por um civil, e na modernização das Forças Armadas


A História nos ensina que alguns fatos, de natureza simples, podem se transformar em marcos divisores na vida dos países, com fortes consequências para as futuras gerações. São fatos que se tornam simbólicos por representar uma mudança de atitude, de comportamento e de trajetórias que caracterizaram a vida política até aquele momento.

O Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar definitivamente, por unanimidade (11 a 0), que o artigo 142 da Constituição federal não comporta a interpretação de que as Forças Armadas representam um Poder Moderador entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, criou um fato histórico. A decisão pode ser considerada como uma virada de página no longo e conturbado relacionamento entre civis e militares ao longo dos últimos 120 anos no Brasil.

Desde a Proclamação da República até 1985, a interferência e participação dos militares na política foi fator de instabilidade interna e de restrição à democracia no País. As Forças Armadas, como instituição de Estado, nos últimos 40 anos, em especial nos últimos cinco, ao contrário do que ocorreu no passado, não assumiram uma posição ideológica e evitaram interferência que pudesse ameaçar o Estado Democrático de Direito, como estimulado pelo governo anterior. Essa mudança de atitude – de espécie de tutela da Nação para o grande mudo – reforça a percepção de que a decisão do STF possa ser vista como histórica.

Virada a página da cultura intervencionista na relação entre civis e militares, o Congresso Nacional e a sociedade, via instituições civis especializadas e as organizações militares, têm de olhar para o futuro, com visão estratégica, e concentrar seus esforços no fortalecimento do Ministério da Defesa, chefiado por um civil, e na modernização das Forças Armadas.

A modernização das Forças Armadas não deve ser vista como uma questão dos militares, mas da sociedade em geral. A capacidade militar deve ser entendida de forma ampla, pois ela não depende apenas da capacidade operacional de combate, exercida por um importante instrumento de defesa, que são as Forças Armadas. Não se pode mais adiar o exame de ampla transformação no modo de operar das três Forças no tocante à capacidade de logística de defesa, responsável pelo desenvolvimento e fornecimento dos meios de que as Forças Armadas precisam para compor suas unidades de combate e para sustentar seu emprego em combate. Sem ela, como ocorre agora, as Forças Armadas deixam de operar eficientemente.

A logística de defesa teria de se modernizar do lado da oferta, provida pela Base Industrial de Defesa (BID), em particular por uma parte que deve ser considerada estratégica; e do lado da demanda, constituída por uma organização do Estado responsável por aquisições e políticas industriais e de CT&I para desenvolver e sustentar a BID estratégica. Sem uma capacidade de logística de defesa própria, é impossível a um país das dimensões do Brasil ter capacidade militar eficiente.

No contexto de um mundo em profundas transformações geopolíticas, científicas e tecnológicas, com enorme impacto nos esforços brasileiros para alcançar objetivos estratégicos relacionados ao seu desenvolvimento econômico e social e, também, na preservação de sua soberania e independência e na projeção externa, torna-se urgente estabelecer uma agenda positiva para a Defesa Nacional de curto, médio e longo prazos, que responda aos desafios externos atuais e futuros.

No curto prazo, a agenda deveria incluir, entre outros aspectos, o fortalecimento da BID por meio de sua crescente nacionalização, atuação vigorosa do BNDES e do Banco do Brasil para o financiamento do comprador de produtos da BID e para a outorga de performance bonds a empresas de defesa.

No médio prazo, deveriam estar incluídos os meios à disposição do Ministério da Defesa, via previsibilidade orçamentária (vinculada ao PIB) e manutenção dos investimentos para conclusão dos atuais projetos especiais das Forças Armadas, a fixação em lei de incremento gradual de investimentos em defesa, a revisão da assimetria quanto à imunidade tributária das importações de defesa, apoio a projetos das Forças Armadas com forte conteúdo científico e tecnológico, treinamento, pesquisa e cooperação técnica, e, depois de estudos apropriados, a criação de órgão para cuidar da logística da Defesa.

No longo prazo, incluiria a política de reaparelhamento das Forças, a redução do custo com pessoal (ativa e reserva) e significativa autossuficiência em altas tecnologias críticas para o desenvolvimento dos produtos de defesa considerados estratégicos.

A grande vulnerabilidade do Brasil na área da Defesa é sua reduzida base industrial de defesa, incapaz de atender às necessidades de suas Forças Armadas. Quase todos os meios existentes e/ou os seus principais componentes e tecnologias críticas são comprados no exterior e fornecidos por países da Otan. Os gastos em defesa no Brasil representam 1,1% do Orçamento geral da União, com cortes adicionais recentes (R$ 419 milhões) e apenas 7% dirigidos a investimentos e à compra de armamentos.

O Brasil, no contexto da nova política industrial, necessita empreender imediatamente um grande e continuado esforço para desenvolver e fortalecer, da forma mais autônoma possível, sua capacidade militar. 


O Império se retrai na África: Rússia e China ocupam os espaços no Niger e em outros países - Ishaan Tharoor, Sammy Westfall (WP)

 

Três listas de livros de Paulo Roberto de Almeida: impressos, digitais e editados: 1992-2024

 No total, 71 livros, mas com algumas reedições:  

4637. “Livros organizados ou editados por Paulo Roberto de Almeida, 1992-2024”, Brasília, 23 abril 2024, 1 p. Relação livros organizados ou editados por mim (14). Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/04/livros-organizados-ou-editados-por.html).

 

4638. “Livros publicados em formato impresso por Paulo Roberto de Almeida, 1993-2022”, Brasília, 23 abril 2024, 2 p. Relação dos livros publicados em formato impresso (29). Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/04/livros-publicados-em-formato-impresso.html).

 

4639. “Livros publicados em formato digital por Paulo Roberto de Almeida, 2009-2024”, Brasília, 24 abril 2024, 2 p. Relação dos livros publicados em formato digital (28). Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/04/livros-publicados-em-formato-digital.html).


Agora falta organizar a lista dos meus capítulos em livros coletivos organizados por terceiros, dos quais recebi convites. São mais de uma centena, talvez chegando a duas centenas, mas preciso ainda relacionar cronologicamente.

Finalmente, existem trabalhos publicados sob outros nomes, ou anonimamente, e não apenas durante a ditadura militar...


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 24 abril 2024

Livros publicados em formato digital por Paulo Roberto de Almeida, 2009-2024 (28 livros)

 Livros publicados em formato digital por Paulo Roberto de Almeida, 2009-2024

 

Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.

Relação dos livros publicados em formato digital.

 

 

1)      Treze ideias fora do lugar nas relações internacionais do Brasil: argumentos contrarianistas sobre a política externa e a diplomacia (Brasília: Diplomatizzando, 2024. 91 p.; ISBN: 978-65-00-91081-0; ASIN: B0CS5PTJRLKindle). Apresentação no blog Diplomatizzando (13/01/2024; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2024/01/treze-ideias-fora-do-lugar-nas-relacoes.html). 

2)      Marxismo e socialismo: trajetória de duas parábolas na era contemporânea (2ª ed.; Brasília: Diplomatizzando, 2023, 307 p.; ISBN: 978-65-00-05969-4; ASIN: B0CR31C5YG; 1ª. edição: Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas na era contemporânea (Brasília: Edição do autor, 2019, 283 p.; 844 KB; ISBN: 978-65-00-05969-4; Edição Kindle, ASIN: B082YRTKCH)

3)      O Brasil no contexto regional e mundial: artigos sobre nossa dimensão internacional; Brasília: Diplomatizzando, 2023, 216 p.; 1323 KB; ISBN: 978-65-00-89870-5; ASIN: B0CR1Z682R)

4)      A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2022, 277 p.; 1377 KB; ISBN: 978-65-00-46587-7; ASIN: B0B3WC59F4)

5)      O Itamaraty sob ataque, 2018-2021: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo (Brasília: Diplomatizzando, 2021, 130 p. ISBN: 978-65-00-22215-9; ASIN: B094V28NGD)

6)      Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020, 169 p.; ISBN: 978-65-00-19254-4; Academia.edu)

7)      Um contrarianista na academia: ensaios céticos em torno da cultura universitária (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 471 p.; 1172 KB; ISBN: 978-65-00-06751-4; ASIN: B08668WQGLAcademia.edu)

8)      A ordem econômica mundial e a América Latina: ensaios sobre dois séculos de história econômica (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 394 p.; 2286 KB; ISBN: 978-65-00-05967-0; Kindle, ASIN: B08CCFDVM2)

9)      O Mercosul e o regionalismo latino-americano: ensaios selecionados, 1989-2020 (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 497 p.; 2537 KB; ISBN: 978-65-00-05970-0; Kindle, ASIN: B08BNHJRQ4)

10)   O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; 205 p.; 1309 KB; ISBN: 978-65-00-05968-7; Kindle, ASIN: B08B17X5C1).

11)   Vivendo com livros: uma loucura gentil. (Brasília: Edição de Autor, 2019, 344 p.; 557KB; ISBN: 978-65-00-06750-7; Kindle, ASIN: B0838DLFL2).

12)   Um contrarianista no limbo: artigos em Via Política, 2006-2009 (Brasília: Edição de Autor, 2019, 331 p; 2439 KB; Kindle, ASIN: B083611SC6Academia.edu).

13)   Minhas colaborações a uma biblioteca eletrônica: contribuições a periódicos do sistema SciELO (Brasília: Edição de Autor, 2019, 525 p.; 920 KB; Kindle, ASIN: B08356YQ6S).

14)   Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Brasília, Edição do Autor, 2019, 543 p.; 1908 KB; Kindle, ASIN: B082Z756JH).

15)   O panorama visto em Mundorama: ensaios irreverentes e não autorizados (Brasília: 2ª. edição do Autor, 2019, 655 p.; 5725 KB; Academia.edu; Kindle, ASIN: B082ZNHCCJ).

16)   Pontes para o mundo no Brasil: minhas interações com a RBPI (Brasília, Edição do Autor, 2019, 685 p.; 1693 KB; Kindle, ASIN: B08336ZRVS).

17)   Marxismo e socialismo no Brasil e no mundo: trajetória de duas parábolas na era contemporânea (Brasília: Edição do autor, 2019, 200 p.; ISBN: 978-65-00-05969-4; Kindle, ASIN: B082YRTKCH); 2ª edição: Brasília: Diplomatizzando, 2023, 214 p.; ASIN: B0CR31C5YG)

18)   Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (Brasília: Edição do autor, 2019, 184 p., ISBN: 978-65-901103-0-5; Academia.eduAmazon.com.br)

19)   Nunca Antes na Diplomacia…: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Editora Appris, e-book, 2016, 450 p.; 1366 KB; Kindle, ASIN: B0758G8BXLAmazon.com.br).

20)   O Panorama visto em Mundorama: Ensaios Irreverentes e Não Autorizados (Hartford: 2a. edição do autor, 2015, 294 p.; DOI: 10.13140/RG.2.1.4406.7682; nova edição, ampliada dos artigos até o final de 2015, em 4/12/2015, em 374 p.; Research Gate; edição original: Academia.edu)

21)   Paralelos com o Meridiano 47: Ensaios Longitudinais e de Ampla Latitude (Hartford: Edição do Autor, 2015; 543 p.; 1908 KB; DOI: 10.13140/RG.2.1.1916.4006; Academia.edu; ASIN: B082Z756JHResearch Gate). 

22)   Volta ao Mundo em 25 Ensaios: Relações Internacionais e Economia Mundial (Brasília: 1ª edição: 2014; 2ª. edição: 2018; Kindle edition; 809 KB; ASIN: B00P9XAJA4).

23)   Rompendo Fronteiras: a Academia pensa a Diplomacia (Kindle, 2014, 414 p.; 1324 KB; ASIN: B00P8JHT8Y).

24)   Codex Diplomaticus Brasiliensis: livros de diplomatas brasileiros (Kindle, 2014, 326 p.; ASIN: B00P6261X2Academia.edu; ).

25)   Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Kindle edition, 2014, 151 p., 484 KB; ASIN: B00OL05KYG).

26)   Prata da Casa: os livros dos diplomatas (Hartford: edição para a Funag, 2013, 667 p; não publicada; disponível em Research Gate; 2ª. edição de Autor; 16/07/2014, 663 p.; Academia.eduResearch Gate).

27)   O Príncipe, revisitado: Maquiavel para os contemporâneos (Hartford: Edição de Autor, 2013, 187 p.; 658 KB; Edição Kindle, ASIN: B00F2AC146).

28)   O Moderno Príncipe: Maquiavel revisitado (Rio de Janeiro: Freitas Bastos, edição eletrônica, 2009, 191 p.; ISBN: 978-85-99960-99-8; esgotado; ASIN: B00F2AC146). 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4639, 24 abril 2024, 2 p.