segunda-feira, 16 de junho de 2025

Minha relação com o judaismo e com o povo judeu - Paulo Roberto de Almeida

Minha relação com o judaismo e com o povo judeu

Paulo Roberto de Almeida 

        Talvez possa adiantar, desde logo, uma simples palavra, “nenhuma”, mas permito-me transcrever aqui, e completar, a resposta que dei a uma indagação feita a propósito de uma prévia postagem minha sobre o efeito destrutor do atual governo de Israel, o de Netanyahu, sobre a própria “ideia de Israel”, como símbolo e ideal de preservação de uma das mais ricas tradições culturais de um povo, uma nação eminentemente positiva para toda a humanidade, mas contestada por antissemitas e antissionistas primários e ignorantes. 

O comentário foi o seguinte:

You must have your skin in the game to understand present moment. You have not.” [Nunca pretendi estar envolvido nesse pequeno grande jogo, mas tenho direito à minha opinião sobre ele.]

Eis minha resposta e comentário que completarei no seguimento:

        “[Nome do Autor do questionamento feito à postagem mais abaixo]: Não tenho nenhuma relação política, religiosa, acadêmica ou institucional com o judaísmo ou com o Estado judeu, a não ser uma natural simpatia por um povo que, historicamente, representou, e efetivou, contribuições intelectuais, humanistas e práticas de um valor imensamente positivo para toda a humanidade (o que está refletido no enorme número de prêmios Nobel, proporcionalmente à pequenez da população), uma nação dispersa pelo mundo, mas unida pela cultura, pela religião e pela memória escrita, e que sofreu desproporcionalmente mais que qualquer outra coletividade nacional, atacada por impérios, por outras religiões (cristianismo e islamismo) e por um império poderoso, liderado por um fanático, que pretendia eliminar esse povo da face da Terra. Não conseguiu, mas deixou uma marca terrível na história da humanidade, reforçando e propaganda a mitologia do sionismo como elemento maléfico para outros povos e nações, mas que é um simples nacionalismo defensor de tradições relevantes para seu próprio povo e para o mundo, pois que não pretende converter ninguém, conquistar nenhuma outra nação, a não ser assegurar o seu direito de viver em paz numa região ancestral, que infelizmente foi objeto de muitas conquistas imperiais.”

        Ultrapassei aqui, nessa exata expressão sobre as “conquistas imperiais”, o número de caracteres permitidos pela ferramenta, mas completo agora: “… conquistas imperiais e deslocamento de outros povos, como por exemplo o palestino, assim chamado sob esse termo geográfico, mas que é, como outros povos, uma assemblagem de tradições diversas (entre elas denominações cristãs e islâmicas), num molde comum de origem semita (o que quer que esse conceito represente como “raça”), e também submetido a dominações sucessivas de impérios e nações estrangeiras.”

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        Transcrevo novamente no seguimento a postagem “inaugural”, para que se possa compreender o contexto do comentário inquisitivo efetuado após sua divulgação.

        Meu agradecimento ao questionador pela oportunidade oferecida de desenvolver algumas de minhas ideias sobre uma das mais importantes questões da grande tradição ocidental (em oposição, por exemplo, a outra relevante continuidade histórica, que é a da cultura e civilização chinesas), que está no centro de um dos mais significativos desenvolvimentos culturais, políticos e intelectuais do Ocidente desde a Antiguidade, passando, infelizmente, por episódios sombrios na história da humanidade, representados pelo “antijudaísmo”, uma chaga obscurantista terrível ainda não superada nos últimos dois séculos (datando do século XIX o nascimento do racismo científico, que se tornou oficial por momentos).

Paulo Roberto Almeida

Brasília, 16/06/2025

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A postagem “original”:

O reverso da imagem:

Ninguém, em qualquer época, lugar e circunstância, conseguiu destruir a ideia de Israel tão completamente, tão ferozmente, tão cruelmente e tão decididamente, quanto o atual primeiro ministro Netanyahu e sua clique de fanáticos ministros, todos eles empenhados em eliminar radicalmente a noção de que o sionismo nasceu para defender o direito de um povo viver em paz e união com a comunidade internacional e todos os seus integrantes, sem distinção de origem, raça, cor, religião ou língua. Esqueceram de quando o povo judeu vivia acuado, procurando abrigo, comida, proteção e salvação. Eles só podem ser virulentamente antissemitas.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 16/06/2025

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