O que é um populista? É seu adversário no jogo político, esteja ele onde estiver no espectro ideológico.
O que é um extremista? É seu adversário.
O que é um tirano? É seu adversário.
As palavras utilizadas para definirmos posturas políticas não conduzem a consensos, mas antes ao que chamamos, também com carga negativa, de “polarização”. São palavras inúteis para fins de conceituação portanto.
Já “consenso” é visto como algo positivo. Não deveria, pois exclui o dissenso. O problema da polarização raivosa, dominada pelo xingamento de parte a parte, surge justamente da decisão de afastar o dissenso, de não o permitir. Está em curso entre nós, de tal forma que tenho de ter muito cuidado no que vou dizer sobre isso para não ser preso.
Inclino-me a defender a liberdade para o dissenso, para as ideias tidas por boas por uns, por ruins por outros. Sim, é preciso algum consenso para elegermos rumos e ações, mas convém não reprimir o dissenso. Se tudo que nos resta é a violência para conter a tirania de nosso oponente, pois ele, oponente, não admite que expressemos nosso dissenso por palavras, a tendência é nos sacrificarmos em vista de substituir uma tirania por outra, que não apenas tire o poder de nossos adversários, mas os calem.
Na história, a permissão para o dissenso manifesto é rara. Tão rara quanto preciosa. Não caiamos na tentação de glorificarmos a censura quando a nosso favor, pois isso é evocar o ciclo de sucessão de soluções totalitárias, ciclo abundantemente repetido ao longo da história.
Aurelio Schommer
Nenhum comentário:
Postar um comentário