O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Asia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Asia. Mostrar todas as postagens

sábado, 12 de agosto de 2017

The Rise of the East: and the perils of new conflicts - Gideon Rachman

Novo livro, de acordo com o Zeitgeist:

Easternisation

War and Peace in the Asian Century

Easternisation by Gideon Rachman
Buy this eBook
US$ 28.19
Selected as a Book of the Year by Evening Standard

The West’s domination of world politics is coming to a close. The flow of wealth and power is turning from West to East and a new era of global instability has begun.
Easternisation is the defining trend of our age – the growing wealth of Asian nations is transforming the international balance of power. This shift to the East is shaping the lives of people all over the world, the fate of nations and the great questions of war and peace.
A troubled but rising China is now challenging America’s supremacy, and the ambitions of other Asian powers – including Japan, North Korea, India and Pakistan – have the potential to shake the whole world. Meanwhile the West is struggling with economic malaise and political populism, the Arab world is in turmoil and Russia longs to reclaim its status as a great power.
We are at a turning point in history: but Easternisation has many decades to run. Gideon Rachman offers a road map to the turbulent process that will define the international politics of the twenty-first century.
Random House; August 2016
320 pages; ISBN 9781473521162
Read online, or download in secure EPUB
Title: Easternisation
Author: Gideon Rachman

sábado, 5 de abril de 2014

Por que a Asia resistiu melhor 'as crises do que a America Latina? - paper do FMI

A Ásia resistiu melhor às crises porque não perpetrou as mesmas bobagens que a América Latina nas décadas anteriores e no período recente. Senão vejamos:
1) crescimento moderado do crédito não é o que tivemos no Brasil no passado recente, ao contrário: ele dobrou nos últimos oito anos;
2) crédito baseado na poupança interna? Nem pensar...;
3) Financiamento externo reduzido? Ninguém consegue...
4) Transações correntes sólidas? Mas elas estão se degradando rapidamente...
Pois é, tudo o que temos de bom, que é um sistema bancário sólido (et encore) foi feito pelo governo anterior; a flutuação cambial também, que nos ajuda a aliviar os desequilíbrios externos e que os companheiros tanto criticaram quando foi feito.
Os companheiros, na verdade, são responsáveis por tudo o que está acontecendo de ruim na economia brasileira, e já nem falo da destruição da Petrobras e da Eletrobras, das patifarias em todas as áreas e da incompetência generalizada. Eles estão simplesmente afundando o Brasil.
Podiam pelo menos aprender como fazer as coisas direito.
Este paper do FMI sobre a Ásia ensina como...
Paulo Roberto de Almeida

Why Was Asia Resilient? Lessons from the Past and for the Future
Prepared by Phakawa Jeasakul, Cheng Hoon Lim, Erik Lundback
February, 2014
IMF Working Paper, WP/14/38
Monetary and Capital Markets Department 

Abstract:
Asia proved to be remarkably resilient in the face of the global financial crisis, but why was its output performance stronger than that of other regions? The paper shows that better initial conditions—in the form of lower external and financial vulnerabilities—contributed  significantly to Asia’s resilience. Key pre-crisis factors included moderate credit expansion, reliance on deposit funding, enhanced bank asset quality, reduced external financing, and improved current accounts. These improvements reflected the lessons from the Asian financial crisis in the late 1990s, which helped reshape both public policies and private sector behavior. For example, several countries stepped up their use of macroprudential policies, well before they were recognized as an essential component of the financial stability toolkit.
They also overhauled financial regulations and strengthened oversight of financial institutions, which helped reduce risk-taking by households and firms before the global financial crisis. Looking ahead, Asia is in the process of adjusting to more volatile external conditions and higher risk premiums. By drawing the right lessons from its pre-crisis experiences, Asia’s economies will be better equipped to address new risks associated with increased cross-border capital flows and greater integration with the rest of the world.

This Working Paper should not be reported as representing the views of the IMF.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Paulo Antonio Pereira Pinto: um africanista e um asianista exemplar, agora em Burkina Faso

Tenho o prazer de transcrever o mais recente artigo do meu amigo Paulo Antonio Pereira Pinto, o famoso PaPePinto do Itamaraty, provavelmente o único "tout-terrain" da carreira, como já provou diversas vezes nos mais diversos cantos do planeta, quase um Indiana Jones da diplomacia brasileira.
Paulo Roberto de Almeida

Burkina Faso – a Terra dos Homens Livres, onde a negociação continua

Paulo Antônio Pereira Pinto

Mundorama, 02/09/2013

Após a grata surpresa de que Burkina Faso significa “Terra dos Homens Justos”, fica-se sabendo que seu Ministro da Economia se chama Bem Bamba.  Mesmo assim, o país consta da lista dos cinco mais pobres. A impressão inicial, no entanto, é a de que esta parece ser uma daquelas estatísticas, que não se sabe direito como são feitas. Pelo menos na capital Uagadugu, a situação de miséria não é tão grave quando comparadas, por exemplo, com a Índia, onde entre os 700 milhões de miseráveis, os urbanos vivem ao relento. Aqui, há aquele comércio informal que persegue o visitante nas paradas de trânsito e em frente a estabelecimentos e mercados, mas também há muitas lojas, à beira das ruas, que expõem móveis e produtos diversos, indicando que há uma classe média ascendente bem bamba. As pessoas parecem alegres e simpáticas.
Costuma-se dizer que Burkina Faso é 50% cristã, 50% muçulmana e 100% animista. Um dos desafios intelectuais, portanto, será  procurar entender a boa convivência local com o Islã. No Mali vizinho, como se sabe, tal “coabitação” não tem sido bem sucedida.
De regresso temporário à África, após ter servido no continente, entre 1976 e 1982, sucessivamente em Libreville, Maputo e Pretória, procuro fazer breve exercício de reflexão, sobre os obstáculos que foram superados, naquelas décadas, e a atual satisfação que o trabalho de política externa pode proporcionar ao diplomata brasileiro em postos africanos.
Na África Ocidental de colonização francesa, quando da abertura de nossas Embaixadas, a partir da década de 1970, tratava-se mais de ouvir discursos nos quais seus dirigentes, com frequência, deixavam escapar frases como “nous les français”. Identificavam-se, dessa forma, como elite local, com valores semelhantes aos das depostas autoridades da antiga metrópole.
Gradativamente, cabia apresentar o Brasil não como um “candidato a mais a colonizador”, nem com projeto apenas mercantilista, mas como parceiro capaz de encontrar “soluções comuns para problemas comuns”. Por exemplo, na Libreville super-tropical, no início dos anos de 1970, os franceses haviam construído um hospital com “teto de proteção contra neve”, que contava, também, com cozinha não equipada para o preparo de comida africana. Eram trágicas, então, as imagens dos pacientes em quartos “aquecidos contra a neve” e seus familiares cozinhando alimentos nos corredores. Pouco a pouco empresas de engenharia nossas foram se apresentando como parceiros mais adequados e, como consequência, diferentes formas de cooperação científico-tecnológica e diálogo político se foram consolidando.
Em Moçambique, onde servi, entre 1977 e 79, logo após a Independência, não causava boa impressão dizer que “falamos a mesma língua”, pois, quase sempre a resposta dos dirigentes do novo país era a de que “nunca ouvimos o sotaque brasileiro, na luta contra os imperialistas portugueses”. Estava viva, ainda, na memória dos vitoriosos, que o Brasil votara, sistematicamente na AGNU, contra a condenação do colonialismo português. Foi necessário, então, trabalho de enorme paciência para identificar objetivos nacionais comuns – inclusive o da preservação do idioma herdado – graças à liderança do Embaixador Ítalo Zappa, um dos responsáveis, como se sabe, pela mudança de orientação em nossa política africana.
Exerci a encarregatura de negócios em Pretória, entre 1979 e 82, como Segundo Secretário, pois mantínhamos Embaixada, sem titular, a título de protesto contra o “apartheid”. No início dos três anos e meio de chefia, a primeira coisa que fiz, a título de protesto quanto ao racismo em vigor, foi contratar uma secretária negra – algo proibido pelo “Jobs reservation act”, que então determinava ser tal emprego ocupado apenas por brancos. Tive minha sala invadida três vezes por consulentes inconformados ao serem atendidos por uma africana.
Tive oportunidade de relatar ao Itamaraty, naquele período, encontros que mantive com lideranças anti-appartheid. Para visitar o Dr. Natho Motlana, tinha que ir a SOWETO, com escolta armada de aliados do dissidente, obtida pela já citada secretária africana. Fui o primeiro diplomata estrangeiro a oferecer jantar ao Bispo Tutu, que chegou atrasado, por ter que superar sucessivos obstáculos ao ingresso de negros à Residência, situada em bairro nobre da então Pretória branca. Restou-me uma grande frustração. Pedi e não fui autorizado, pelo regime militar brasileiro, a viajar à ilha  onde se encontrava preso  importante opositor do regime: Nelson Mandela.
Verifica-se, atualmente, que a emergência da Nova África sofre ainda de condicionamentos de seu passado colonial, no que diz respeito à visualização de suas trajetórias estratégicas no século XXI. Países africanos avançam em processo de autonomia e desenvolvimento ancorado em imensos recursos naturais de que dispõem. Em sua trajetória para a construção de uma sociedade urbano-industrial, precisam integrar-se a diferentes sub-regiões para desenvolver espaços econômicos, políticos, socioculturais, técnico – científicos capazes de sustentar projetos nacionais.
Nesse sentido, caberia efetuar o reconhecimento do avanço das diferentes formas de cooperação científica e tecnológica e intercâmbios comerciais, já existentes entre o continente e o Brasil. O autor não está habilitado a relatar em detalhes todos os projetos já realizados, nem seria possível contê-los neste curto espaço. O trabalho de implementação das soluções comuns para problemas compartilhados e o incremento das trocas de bens e conhecimentos é, sem dúvida, enorme e gratificante desafio para as Embaixadas brasileiras em capitais africanas.              Há que ter cuidado, contudo, para não identificar, em cada manifestação de apreço por líder africano pelo Brasil, uma busca por modelo de governança nosso a ser adaptado a este continente.
Quanto ao momento atual do cenário afro-ocidental, conforme visto de Uagadugu, registro, por exemplo, a situação quase inusitada, na política internacional, em que um país, considerado como dos mais pobres do mundo, o Burkina Faso, é capaz de desempenhar mediações regionais, como o fez com papel definitivo na questão do Mali e, segundo consta, teria atuado também na crise da Costa do Marfim.
Nas décadas de 1970-80, quando servi na África Austral, foram indispensáveis aos movimentos de libertação nacional os então chamados “países da linha de frente” – entre outros, Tanzânia e Zâmbia desempenharam este papel com respeito à FRELIMO, de Moçambique e, como se sabe, este agiu da mesma forma quanto à ZANU, no caso do Zimbabwe. Tratava-se, naquela época, de fornecer refúgio, em território vizinho, para “freedom fighters”. Em retaliação, sofria-se com bombardeios das potências coloniais, que faziam numerosas vítimas, entre a população civil do anfitrião dos guerrilheiros. Não havia registro, no entanto, de algum ator regional capaz ou desejoso de atuar como mediador.
De acordo com registros disponíveis, o “país dos homens justos” substituiria, hoje, o lema, em vigor há  mais de trinta anos, de “a luta continua”, pela persistência na negociação.
Obtém, como resultado, recompensas na atração de auxílio financeiro externo para o reforço da governabilidade interna. Despojados de riquezas próprias, os “burquinabés” se beneficiariam, econômica e politicamente, da mediação de conflitos entre países vizinhos.
Assim, a organização de frequentes conferências regionais e internacionais mais amplas gera atividades econômicas nesta capital, enquanto personalidades associadas ao Governo, como recompensa pelos serviços de mediação executados, são elevadas a posições de realce em organizações dedicadas à promoção da paz e do desenvolvimento.
O Burkina Faso depende fortemente de ajuda do exterior, que corresponderia a cerca de 80% de seus investimentos públicos. Os aportes externos totalizariam US 400 milhões anuais. O país conta, ademais, com estimadas 16000 organizações não governamentais, que trariam outras centenas de milhões de US para sua economia.
Registre-se a abertura de Ouga – na versão simplificada do nome complicado da cidade – a todas as formas de cooperação externas. É um dos poucos aliados diplomáticos de Taiwan e, até recentemente, se identificava com a Líbia, tendo o falecido Cel. Kadhafi investido em projetos locais. O principal hotel desta capital exibia enorme fotografia do ex-líder.
França e Estados Unidos parecem atribuir importância ao Estado burkinabé. A visível parceria militar favoreceria a França, por resultados positivos, repetidamente obtidos pelo Burkina Faso, em negociações para a libertação de prisioneiros capturados por movimentos islamistas na área do Sahel.
Washington teria superado antipatias quanto a Ouga, a partir da década de 1990, durante a qual, sempre como resultado da vocação local para estabelecer vínculos de cooperação externa, este país cultivou laços com Charles Taylor e Mouammar Kadhafi. A partir do início do milênio em curso, no entanto, melhorou o diálogo entre as duas capitais, inicialmente pela disposição burkinabé, segundo consta, de permitir o cultivo, neste país, de algodão por controvertido método da empresa norte-americana Monsanto.
A principal importância do Burkina Faso para a França e os EUA parece ser a atual utilização deste país por bases militares para os conhecidos “drones” que policiam “movimentos terroristas” no Sahel.
Quanto ao efeito de toda a cooperação externa para a governabilidade interna, há controvérsias. Por um lado, seu regime tem sido blindado contra críticas do exterior, em benefício das bem sucedidas parcerias mencionadas acima e pelo livre exercício de milhares de ONGs, também já citadas.
Por outro, a ausência de condenações, a “imperfeições”  de suas formas de governança, atrasa reformas necessárias ao aperfeiçoamento político interno e a introdução de novos mecanismos de inclusão social. Seria ingênuo imaginar que é “impossível de prever ou inacreditável não antecipar” que a África Ocidental permanecerá imune às turbulências políticas vizinhas.
Aprendi, a propósito, que a « parenté à plaisanterie » é uma prática social utilizada no Burkina Faso e outros países desta região, que consiste em brincadeira com a troca de “insultos simulados” entre indivíduos de diferentes famílias e etnias, como forma de aliviar tensões do convívio diário, bem como evitar confrontações, como resultado de heranças de conflitos históricos, rivalidades religiosas ou étnicas. Este ritual de “indelicadezas”, que inclui diferentes xingamentos, sinceros ou não, contribui para uma tolerância sustentável, entre grupos com identidades distintas que, como se sabe, foram forçados a conviver, pelo colonialismo europeu, em unidades políticas, cujo futuro é ainda incerto.
A leitura dos jornais aqui publicados, a propósito, transmite a impressão de que o mesmo conceito lúdico se aplica ao debate político. Assim, metade de cada diário parece dedicar-se a “cartas abertas” de personalidades que criticam ou apoiam medidas governamentais. Não me é possível, ainda, concluir quando e como a oposição de ideias, sinceras ou não, levarão a políticas de interesse público. Pode tratar-se, apenas, de prática política da tal “parenté à plaisanterie”
Aproveito para citar, a respeito da influência aqui exercida por nosso País, que: “Pôr-se-ia, como hipótese, que o Brasil, apesar de todos os seus recursos, ainda não se deu a trabalho que o valesse, não por obstáculos internos ou externos, mas simplesmente porque o não concebeu suficientemente claro. E, se algum trabalho tem, é esse de ajudar a sair de suas indeterminações os povos do mundo que não encontram, nas grandes nações, guia algum que valha a pena seguir; primeiro a África.” Agostinho da Silva, in Perspectiva brasileira de uma política africana.
Finalmente, cito que, por ocasião de encarregatura em Maputo, em algum período entre 1977 e 79, compareci, com outros representantes estrangeiros, ao aeroporto, para despedida de praxe do Presidente Machel, que viajava ao exterior. Ao cumprimentar-me Samora Machel se defrontou com um Terceiro-Secretário, envergando terno comprado em Paris, me questionou sobre as relações bilaterais e, diante de minha aparência e postura sofisticada nas respostas, observou ao então Vice-Presidente Marcelino dos Santos: “Este jovem é muito frio para ser brasileiro”. Prontamente, tendo uma recaída carioca, lhe respondi: “O que o Sr. esperava, que eu estivesse fantasiado de baiana e assoviando a Aquarela do Brasil?”. Ele sorriu, satisfeito por me ter transmitido lição sobre como os africanos enxergam os brasileiros. A partir de então, para não ser mais confundido, só usei aqueles “safari suits”, a exemplo das autoridades e funcionários locais e voltei a falar como o fazia na Praia de Ipanema, onde me criei.
Logo após minha chegada a Uagadugu, em agosto, recebi a visita do jovem brasileiro Hugo Reichenberger, funcionário da UNHCR, que cuida de refugiados do Mali no Burkina Faso, que me informou haver lugares, em sua área de trabalho, onde o ingresso de “homens brancos” não é permitido. Rindo, me disse ainda já ser do conhecimento dos grupos armados da região, que ele não é branco – é brasileiro.
Paulo Antônio Pereira Pinto é Diplomata. Em Missão Transitória na Embaixada em Uagadugu, Burkina Faso. Chefe do Escritório de Representação do MRE no Rio Grande do Sul (ERESUL). Foi  Embaixador do Brasil em Baku, Azerbaijão, entre 2009 e 2012, e Cônsul-Geral em Mumbai, entre 2006 e 2009. Serviu a partir  de 1982, durante vinte anos, na Ásia Oriental, sucessivamente, em Pequim, Kuala Lumpur, Cingapura, Manila e Taipé. Na década de 1970 trabalhou, na África,  nas Embaixadas em Libreville, Gabão, e Maputo, Moçambique e foi Encarregado de Negócios em Pretória, África do Sul.  As opiniões expressas são de sua inteira responsabilidade e não refletem pontos de vista do Ministério das Relações Exteriores.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Poluicao urbana: voce ainda pensa que Sao Paulo e' muito poluida? Pense outra vez...

O Financial Times nao deixa de ter senso de humor...
Mas Londres já foi, em outras épocas, uma cidade muito poluída, justamente pelo uso de carvao para aquecimento, o que foi abandonado posteriormente.
China e Índia fazem uso intensivo de carvao, tanto para aquecimento doméstyico, como para fins energéticos e industriais, e o pior é que se trata de carvao de péssima qualidade.
Nao espanta, assim, essa situacao terrivel, que eu já contemplei pessoalmente, da janela do trem, de Shanghai a Beijing: passamos por cidades onde era impossível distinguir qualquer coisa, tal a quantidade de smog no ar. Tudo cinzento.
O custo humano é terrível.
Esses sao os nossos aliados no BRICS...
Paulo Roberto de Almeida

“Crazy bad” air pollution – in pictures

A picture is worth a thousand words. And China’s extreme air pollution problem – now “beyond crazy bad” as one blogger put it, really needs to be seen to be believed.
In that spirit, beyondbrics has put together some images of the toxic smog that has hit swathe of northern China this month, causing flights to cancel, prompting runs on air purifiers and face masks and even inspiring one entrepreneur to sell fresh air in a can.
Tiananmen Square – with toxic smog….

Credit: Mark Ralston/AFP/Getty Images
…and sans smog

Credit: ChinaFotoPress via Getty Images
Good to see someone in the government has a sense of humour. Residents can take comfort in being able to LOOK at TV images of a blue sky.

Credit: Feng Li/Getty Images
Because there’s not not much blue sky to be found here….

Credit: Feng Li/Getty Images
or here….

Credit: Feng Li/Getty Images
That last photo? That’s supposed to be a view of the Forbidden City. Below, sans smog.

Credit: Wang Zhao/AFP/Getty Images
Can’t blame people for stocking up on masks and air purifiers. What next? People walking around with gas masks and carrying oxygen tanks?

Credit: STR/AFP/Getty Images
One entrepreneur doesn’t think that’s so far fetched. Chen Guangbiao, a philanthropist and one of China’s richest man, has started selling “canned fresh air” (pictured below) for RMB 5 ($0.80) each as a tongue in cheek protest over China’s air quality. The air is purportedly from far-flung and pristine regions of Tibet and Taiwan.

==================
O Shanghai Daily confirma a poluicao da capital:

Rain helps clear the air a little in Beijing

Source: Xinhua 
Shanghai Daily, February 1, 2013
 
THE heavy smog that has choked Beijing for the past five days weakened slightly yesterday due to rain, although the capital's air remained heavily polluted.

A little rain fell overnight on Wednesday, the Beijing Meteorological Bureau said. The air quality index fell but was still above 200, or seriously polluted.

Earlier this week, Beijing implement stricter measures to reduce pollutants, including suspending the use of 30 percent of local government vehicles and halting production at 103 heavily polluting companies.

But not everyone abided by the measures. More than 800 government vehicles supposed to be suspended were still in use, municipal traffic authorities said.

And several construction sites ordered to suspend their work failed to do so on Wednesday.

In many other parts of north and east China, smog has disrupted flights and traffic.

Thirty flights were canceled and 78 flights were delayed yesterday morning at an airport in Tianjin, just east of Beijing.

Visibility was reduced to less than 50 meters in many parts of east China's Shandong Province.

However, the National Meteorological Center rescinded its yellow smog alert early yesterday with smog in central and east China expected to be dispersed by a cold front due today.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Ian Buruna on China and Asia - Le Monde


"Le modèle chinois ébranle les certitudes américaines"

LE MONDE CULTURE ET IDEES | 07.01.12 | 17h08   •  Mis à jour le 08.01.12 | 09h15
par Propos recueillis par Sylvain Cypel
Des employées d'une ligne de production dans l'entreprise de matériel électronique Suzhou Etron à Suzhou, en Chine.
Des employées d'une ligne de production dans l'entreprise de matériel électroniqueSuzhou Etron à Suzhou, en Chine.Reuters/© Aly Song / Reuters

NEW YORK, CORRESPONDANT - Installé depuis 2005 à New YorkIan Buruma est devenu l'un des intellectuels les plus en vue aux Etats-Unis. Il collabore à la New York Review of Books, au New York Times et au New Yorker. Polyglotte (néerlandais, anglais, allemand, chinois, japonais et français, quoi qu'il en dise), il a été l'éditeur des pages culturelles de la Far Eastern Economic Reviewà Hongkong, et de The Spectatorà Londres. Aujourd'hui professeur de démocratie, droits de l'homme et journalisme à l'université Bard - "façon de dire que j'enseigne ce que je veux, c'est le charme du système universitaire américain", dit-il en riant -, il est un auteur polyvalent et prolifique. Nous avons interrogé cet intellectuel à focale large, prix Erasmus 2008, sur sa spécialité initiale : la Chine et l'Extrême-Orient.

Votre itinéraire vous place au carrefour de l'Asie, de l'Europe et de l'Amérique. En quoi cela influence-t-il votre regard sur le monde ? 
Mon père est néerlandais, ma mère anglaise d'origine juive allemande. L'Asie puis l'Amérique se sont ajoutées un peu par hasard. Très jeune, étudiant en langue et littérature chinoises, j'étais un cinéphile. Un jour, j'ai vu à Paris Domicile conjugal(1970), de François Truffaut. Le personnage d'Antoine Doinel y tombe amoureux de la Japonaise... et moi aussi ! A l'époque, aller en Chine était impossible. Je me suis donc tourné vers le Japon, où j'ai étudié le cinéma et participé à la troupe de danse Dairakudakan. L'Amérique est venue à moi tardivement, quand on m'a proposé d'y enseigner. Je me sens toujours plus européen qu'américain. Un Européen marié à une Japonaise et parfaitement chez lui à New York, la ville de la mixité.
Vous êtes progressiste et un produit typique du multiculturalisme. Pourquoi dénoncez-vous la "courte vue" des progressistes sur l'islam ?
Je ne suis pas "progressiste". C'est ce pays tellement conservateur que sont les Etats-Unis qui m'a beaucoup poussé à gauche ! Je l'étais moins en Europe et en Asie. Je n'ai jamais admis les complaisances de gens de gauche pour toutes sortes de potentats sous le prétexte d'accepter les différences. Et je suis opposé à l'idéologie du multiculturalisme. Lorsque le terme décrit une réalité, il me convient. Sur le plan factuel, je suis multiculturel. Mais l'idée que les gens doivent impérativement préserver toutes leurs racines est absurde. Dans le cas célèbre d'un crime d'honneur commis en Allemagne, où le juge avait estimé que le criminel avait des circonstances atténuantes en raison de sa culture d'origine, je considère qu'il a tort.
Il y a des choses plus importantes que la culture. Je n'admets pas l'argument culturel pour justifier l'excision. En même temps, je suis plus tolérant que la loi française pour l'affichage des symboles religieux. Qu'une policière ou une enseignante soit interdite de porter le niqab dans ses fonctions, oui. Une personne dans la rue, non. Ce type d'interdiction n'est qu'une façon de dissuader des gens impopulaires d'adhérer à une religion impopulaire.
La peur des Japonais était très forte il y a vingt-cinq ans aux Etats-Unis. Comment expliquez-vous qu'un même phénomène soit aujourd'hui dirigé contre la Chine ?
Les deux phénomènes ne sont pas similaires. Ce qui faisait peur aux Américains il y a une génération, c'était la visibilité des Japonais : Mitsubishi rachetait le Rockefeller Center, Toyota déboulait, etc. Leurs marques étaient très visibles. De plus, dans l'histoire américaine, les Japonais sont suspects. Aujourd'hui, les Américains se disent que, si les Chinois parviennent à la puissance qu'avaient les Japonais, ils seront bien plus dangereux. Mais, sur le fond, la menace nipponne avait été grandement exagérée et la menace chinoise l'est tout autant. D'abord, l'absence de liberté intellectuelle en Chine reste un obstacle très important pour son développement. Ensuite, l'intérêt des deux parties à préserver des liens l'emportera sur les forces poussant au conflit.
Quelle est la part de réalité et de fantasme dans cette tension montante ?
Par fantasmes, vous entendez peur. Elle est fondée : la montée en puissance de la Chine ne pourra que réduire le pouvoir et l'influence américaine dans le monde. Après 1945, les Etats-Unis sont devenus le gendarme de l'Asie. Ce n'est plus le cas. Des peurs populistes sont également fondées sur des motifs socio-économiques. Mais je ne pense pas qu'elles atteignent le niveau des peurs anti-nippones de la fin des années 1980. Et les craintes de l'influence économique chinoise sont surtout concentrées dans les Etats de la vieille économie, où l'industrie lourde est en déclin.
Un sondage de l'Institut Pew a montré que les Américains croient que la Chine est devenue la première puissance économique mondiale. Or elle reste loin des Etats-Unis. C'est un fantasme typique... 
C'est une combinaison d'ignorance et de peurs, exploitées par des chroniqueurs de radios dans le but de blâmer Barack Obama. Mais je le répète : le déclin des Etats-Unis est un fait, comme la montée en puissance économique de l'Asie. Ce déclin génère un choc, dont il ne faut pas s'alarmer inconsidérément. Au début du XXesiècle, l'invention du personnage de Fu Manchu (sorte de génie du Mal incarnant le "péril jaune") avait provoqué un arrêt de l'immigration sino-nipponne en Amérique qui avait même eu un impact en Europe. A suivi la menace communiste, qui était, pour les Etats-Unis, loin d'être aussi réelle qu'on l'a présentée. Mais même la CIA y a sincèrement cru.
Les Etats-Unis sont un pays qui vit sous la peur constante de puissances extérieures qui menaceraient de faire disparaître son espace sécurisé. Ce pays a bâti et a été bâti par une société d'immigrés mais, dans le même temps, il pourchasse ces immigrés pour se protéger. Comme la France, du reste. Et, comme les Français, les Américains s'estiment porteurs d'une mission civilisatrice universelle. Or le "modèle chinois" ébranle leurs certitudes.
Est-ce parce que les Américains fondent leur économie sur l'idée que la liberté est le meilleur garant du succès, alors que les Chinois ont une croissance très supérieure avec un régime dictatorial ?
C'est exactement ça. Ce mélange chinois réussi de capitalisme et d'Etat fort est plus qu'une remise en cause, il est perçu comme une menace. Je ne vois pourtant pas monter une atmosphère très hostile à la Chine dans l'opinion. Depuis un siècle, les Américains ont toujours été plus prochinois que pro-nippons. Les missions chrétiennes ont toujours eu plus de succès en Chine qu'au Japon. Pour la droite fondamentaliste, ça compte. Et, dans les années 1980, des députés ont détruit des Toyota devant le Capitole ! On en reste loin.
Et le regard des Chinois sur les Etats-Unis, comment évolue-t-il ?
Tout dépend de quels Chinois on parle, mais, pour résumer, c'est attirance-répulsion. Surtout parmi les classes éduquées qui rêvent d'envoyer leurs enfants dans les universités américaines et en même temps peuvent être emplies de ressentiment à l'égard d'une Amérique qu'elles perçoivent comme hostile, pour beaucoup à cause de la propagande de leur gouvernement. Du communisme comme justificatif du pouvoir il ne reste rien. Le nouveau dogme est un nationalisme fondé sur l'exacerbation d'un sentiment victimaire vis-à-vis du Japon et des Etats-Unis. En Chine, à Singapour, en Corée du Sud, on constate une forte ambivalence typique de certaines élites, par ailleurs fortement occidentalisées, pour qui le XXIsiècle sera asiatique. Dans les années 1960, au Japon, a émergé une nouvelle droite ultranationaliste, dont les représentants les plus virulents étaient professeurs de littérature allemande ou française. Ils voulaient se sentir acceptés, légitimes en termes occidentaux, et se sentaient rejetés. C'est ce que ressentent aujourd'hui les nationalistes chinois.
En 2010, vous avez écrit que la Chine est restée identique sur un aspect essentiel : elle est menée par une conception religieuse de la politique. Serait-elle politiquement soumise à l'influence du confucianisme, comme l'espace musulman le serait par le Coran ?
Dans le cas chinois, il ne s'agit pas que de confucianisme ; le maoïsme était identique. Il n'y a aucune raison pour que les musulmans ne puissent accéder à la démocratie tout en préservant leur religion. La Turquie, l'Indonésie l'ont fait. La Chine le pourrait tout autant. Des sociétés de culture sinisante comme Taïwan ou la Corée du Sud ont montré qu'un changement est possible. L'obstacle à surmonter, en Chine, est que le confucianisme rejette la légitimité du conflit. L'harmonie est caractérisée par un ordre social ou règne l'unanimité. Donc la plus petite remise en cause apparaît instantanément menaçante.
Qu'est-ce qui pourrait déclencher un processus démocratique en Chine ?
Le plus grand obstacle est l'alliance entre les élites urbaines et le Parti communiste. Les deux ont peur de l'énorme masse paysanne ignorante. Ces élites ont une telle histoire récente de violence et une telle peur d'un retour du chaos qu'elles préfèrent un ordre qui leur assure la croissance, au risque d'avancer vers la démocratie. Pour le pouvoir, la grande faiblesse de ce système est que, le jour où l'économie cesse de croître et que l'enrichissement des élites urbaines s'arrête, l'édifice s'écroule. Dans ce cas, tout pourrait advenir, d'une alliance entre démocrates, ressortissants des nouvelles élites, et une fraction du parti, jusqu'à un coup d'Etat militaire.

sábado, 17 de setembro de 2011

Mercado de luxo: crescimento continuo na Asia


LVMH Sees No Slowdown in Luxury Goods Demand, Expands in Asia
Bloomberg News, September 17, 2011

LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton SA, the maker of Celine handbags and TAG Heuer watches, sees no signs of slowing demand for luxury products in Europe or America, said Yves Carcelle, who runs the fashion and leather goods unit.
“Even in period of crisis, people want to treat themselves,” Carcelle, 63, said at the opening of a Louis Vuitton shop at the Marina Bay Sands in Singapore today. “We don’t see any signs of slowing down whether it’s in Europe or in America. The world of luxury doesn’t obey the same rule.”
Carcelle said there will be less net opening of stores and more investment into improving the size of stores, because “luxury retail has to be a luxurious experience.”
(...) The brand is opening stores in Asia to tap demand from growing numbers of wealthy Asians.
The company is expanding its store in Manila and adding one level to its Lee Gardens store in Hong Kong to double its floor space, Jean-Baptiste Debains, president of Louis Vuitton Asia- Pacific, said at the Singapore opening. It’s also making its Sydney outlet “two or three times bigger” and expanding its store in Ho Chi Minh City in Vietnam, he said.
(...).
Asian Market
The biggest market in the world is still Japan, while the No. 1 clientele is mainland Chinese, who shop “a lot” when they travel to places such as Singapore, Hong Kong, Macau and Paris, Carcelle said.
Luxury goods sales in China are set to rise 18 percent a year to 180 billion yuan ($28.2 billion) between 2010 and 2015, consultant McKinsey & Co. has estimated. Cie. Financiere Richemont SA said this month it sees no signs that demand is weakening in the country, after posting a 46 percent increase in Asia-Pacific sales in the five months through August.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

America Latina: crescimento empurrado pela Asia

A China e a India, e outros paises asiáticos, estão longe de constituir, ainda, o motor da economia mundial, e de certa forma são incapazes de sustentar a retomada do crescimento nos EUA e na Europa, inclusive porque dependem desses mercados de consumo para suas exportações.
Mas, a Asia é claramente responsável pelo crescimento da AL: em outros termos, continuamos a ser uma economia "reflexa", como já proclamava, desde os anos 1940, um economista preclaro como Eugenio Gudin...
Paulo Roberto de Almeida 

70% DO CRESCIMENTO DA AMÉRICA LATINA EM 2010 SE DEVEU À ÁSIA!
Trechos do artigo de Jorge Castro, analista e ex-ministro argentino no Clarín (19).

1. A América Latina cresceu 6% este ano, com um aumento da renda per capita de 4,8%, depois de cair -1,9% em 2009. A expansão da região ultrapassou todas as previsões, segundo a Cepal, e as únicas exceções a este crescimento generalizado são a Venezuela e o Haiti, que caíram -1,6% e -7%, respectivamente. É um crescimento heterogêneo. A América do Sul vai crescer 6,6%, enquanto o México e a América Central, 4,9%.

2. A diferença entre as duas dinâmicas é que na América do Sul estão os países exportadores de commodities (agrícolas, minerais e energia), que tiveram uma extraordinária melhora em termos de intercâmbio e um valor recorde em suas exportações. Mais de 70% do crescimento sul-americano este ano é devido à demanda de países emergentes (China / Índia).

3. Isso significa que o PIB mundial cresceu em 2010 em U$S 69.947 bilhões (poder de compra doméstico -PPP), dos quais os países avançados têm 49,3%, e os demais, 50,7%. Neste quadro, a China tem, medida em PPP, uma porcentagem maior do que a dos EUA da produção mundial (U$S 15.203 bilhões/21,7% versus U$S14.369 bilhões/20,5%). Devido a isso, o crescimento da China este ano representa 59% do total mundial, enquanto que o crescimento dos EUA equivale a 15%.
(da coluna diaria do ex-blog de Cesar Maia, 21.12.2010)