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sábado, 18 de março de 2023

Como a diplomacia brasileira reagiu a pedido de prisão de Putin pelo Tribunal Penal Internacional - Leandro Prazeres (BBC Brasil)

Falta algum sentido moral à diplomacia brasileira, ou seja, ela pouco se importa que o tirano de Moscou seja um criminoso de guerra: continuarão mantendo relações "normais". (PRA)

Como diplomacia brasileira reagiu a pedido de prisão de Putin pelo Tribunal Penal Internacional

Vladimir Putin

Crédito, Reuters

O TPI emitiu nesta sexta-feira um mandado de prisão contra o presidente russo

Leandro Prazeres

BBC News em Brasília

Twitter, 

17 março 2023

O mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, expedido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) nesta sexta-feira (17/03) foi recebido com cautela pela diplomacia brasileira e, segundo diplomatas do país ouvidos pela BBC News Brasil em condição de anonimato, não deverá afetar as relações entre o Brasil e Rússia. 

Segundo eles, o Brasil não deverá criticar oficialmente a decisão do tribunal, do qual o Brasil é signatário. Nos bastidores, no entanto, a intenção é de que o país continue evitando medidas que, segundo eles, tentam isolar a Rússia no cenário internacional. 

O mandado de prisão contra Putin foi anunciado no início da tarde desta sexta-feira em comunicado divulgado pelo tribunal, com sede em Haia, na Holanda. 

Segundo a Corte, o pedido foi uma resposta a pedidos feitos pela promotoria do tribunal que acusa Putin e a comissária russa para os direitos da criança, Maria Lvova-Belova, de terem participação direta na deportação de milhares de crianças da Ucrânia para a Rússia após o início da guerra, em fevereiro de 2022.

A decisão foi anunciada em um momento de intensificação dos combates entre russos e ucranianos e também em meio aos esforços do governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de mediar um acordo de paz entre os dois países.

Lula, que já disse que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky seria tão responsável pelo conflito quanto a Rússia, tem defendido a criação de uma espécie de "clube de países" que ficaria responsável por negociar a paz entre Rússia e Ucrânia.

A premissa do governo brasileiro é de que este "clube" deveria envolver países não diretamente ligados ao conflito na medida em que nações como os Estados Unidos e outros membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não teriam interesse no fim rápido da guerra.

Um dos diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil sob a condição de anonimato afirmou que a diplomacia brasileira ainda estaria analisando o teor da decisão do tribunal e das acusações imputadas a Putin, mas que o Brasil continuaria evitando posições que, nas palavras dele, levassem ao "cancelamento" da Rússia no cenário internacional.

Outro diplomata afirmou que a expectativa é de que o mandado não afete as relações entre o Brasil e a Rússia no curto e médio-prazos.

Em abril, está prevista a visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, ao Brasil. Segundo esse diplomata, não haveria nenhuma indicação de que a visita poderia ser adiada por conta da decisão do tribunal.

A reportagem também ouviu que o Itamaraty estava tratando o assunto com "cautela" e que dificilmente o Brasil se manifestaria frontalmente a favor ou contra a decisão do tribunal. A ideia é manter os canais de diálogo abertos com a Rússia.

A BBC News Brasil pediu um posicionamento oficial do Itamaraty sobre a decisão do tribunal, mas até o momento, nenhuma resposta foi enviada. Assim que uma resposta for enviada, esta reportagem será atualizada.

A posição brasileira

A guerra na Ucrânia tem sido um dos principais assuntos debatidos por Lula e outros chefes de Estado desde que assumiu a Presidência, no início deste ano. 

A ideia de criar o "clube" de países para mediar o conflito é vista como uma das iniciativas da sua nova gestão para projetar o Brasil na arena internacional, a exemplo do acordo que o Brasil e a Turquia mediaram com o Irã, em 2010, sobre o seu programa nuclear. =

O acordo, posteriormente, foi rejeitado pelos Estados Unidos. 

Desde o início do conflito na Ucrânia, a posição brasileira em relação à Rússia tem sido a de condenar a invasão, mas de não isolar a Rússia.

Em fevereiro deste ano, o Brasil votou a favor de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) pedindo a retirada das tropas russas da Ucrânia.

Apesar disso, o presidente Lula rejeitou um pedido feito pelo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, para que o Brasil enviasse munição para o lado ucraniano do conflito. 

"Eu falei (para Scholz): se eu mandar as munições que você está pedindo, eu entrei na guerra. E eu não quero entrar na guerra. Eu quero acabar com a guerra", disse Lula em fevereiro à rede de TV americana CNN.

Internacionalmente, o plano brasileiro de mediar o conflito entre russos e ucranianos tem sido visto com ceticismo, especialmente pelo governo americano. 

Em resposta à BBC News Brasil em fevereiro, o governo dos Estados Unidos, um dos principais envolvidos no conflito e que já injetou pelo menos US$ 46 bilhões em armas, munições e outros tipos de suporte.

A expectativa é de que Lula volte a defender uma estratégia de mediação do conflito durante sua viagem para a China, onde irá encontrar o presidente do país, Xi Jinping. Lula estará na China entre os dias 26 e 31 de março. 

 Este texto foi publicado em  https://www.bbc.com/portuguese/articles/c149d9wjx18o


sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Putin moldou o Estado russo à imagem do KGB - Leandro Prazeres, Gordon Corera (BBC Brasil)

 Uma contaminação do Estado russo pelo KGB que vai demorar muitos anos para ser desfeita. O Brasil de Lula III vai cometer um grande erro estratégico se continuar promovendo a loucura do BRICS. Depois não digam que eu não avisei…

Paulo Roberto de Almeida 

A operação da Rússia para recuperar suspeito de espionagem que jurava ser brasileiro

  • Leandro Prazeres (@PrazeresLeandro) & Gordon Corera (Especialista em Segurança da BBC News)
Victor Muller

CRÉDITO, .

Legenda da foto, 

Homem se apresentava como Victor Muller Ferreira e havia se candidatado a posto de estágio não remunerado no Tribunal Penal Internacional

No final da tarde do dia 2 de abril em Guarulhos (SP), um grupo de policiais federais aguardava ansiosamente a chegada do passageiro sentado na poltrona 62K do voo KLM 0791, vindo diretamente da Holanda. 

Horas antes, autoridades holandesas já haviam feito o alerta: um homem suspeito de ser espião russo usando identidade brasileira havia acabado de tentar, sem sucesso, entrar no país europeu, foi barrado em Amsterdã e estava sendo devolvido ao Brasil. 

No desembarque, os agentes da PF se depararam com o homem que tentava convencê-los, apesar do forte sotaque estrangeiro, de que era brasileiro e de que não sabia o motivo de sua prisão. 

O homem preso pela PF dizia se chamar Victor Müller Ferreira. Autoridades holandesas, brasileiras e russas, no entanto, dizem que seu verdadeiro nome é Sergey Vladimirovich Cherkasov. Ele nega ser o espião apontado pelos holandeses. O governo russo se manteve em silêncio. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Pobres pagam mais impostos no Brasil - BBC Brasil

 Por que donos de empresas geralmente pagam menos impostos do que seus funcionários no Brasil

  • Camilla Veras Mota - @cavmota
  • Da BBC News Brasil em São Paulo
Totem da Receita Federal

CRÉDITO, MARCELO CAMARGO/AG. BRASIL

Legenda da foto, 

Sistema de tributação sobre o consumo do Brasil é um dos 'piores do mundo', avalia especialista da Universidade de Leeds

"Eu, como CEO da companhia, pago menos imposto do que um operador de caixa da minha empresa. Isso é uma vergonha."

Foi com essa comparação que o empresário Sergio Zimerman defendeu, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira (7/11), uma reforma do sistema tributário brasileiro. 

Com o exemplo pessoal, o fundador da rede de pet shops Petz argumentava que a ênfase na cobrança de impostos sobre o consumo — em vez da renda ou do patrimônio, por exemplo — concentra riqueza.

De fato, os mais pobres no Brasil pagam proporcionalmente mais impostos do que os mais ricos. Essa é uma dinâmica que vai no sentido contrário do que diz a Constituição, segundo a qual, "sempre que possível, os impostos serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte" (Artigo 145). Ou seja, quem ganha mais deveria pagar mais.

A seguir, a BBC News Brasil discute em três gráficos algumas das distorções que explicam por que o conjunto de regras tributárias do país penaliza os mais pobres e permite, em algumas situações, que donos de empresas paguem proporcionalmente menos impostos do que seus próprios funcionários. 

Porquinho, dinheiro e calculadora

CRÉDITO, GETTY IMAGES

Legenda da foto, 

Vigente no Brasil desde 1996, isenção da tributação de lucros e dividendos é adotada em poucos países

Tributação concentrada no consumo

Em 2021, o governo arrecadou R$ 2,94 trilhões em impostos. A maior parte, 43,5%, veio da cobrança de tributos sobre bens e serviços. 

Um montante de R$ 1,28 trilhão, incluídos aí os tributos cobrados pelas três esferas: municipal (ISS), estadual (ICMS) e federal (IPI, PIS/Cofins).

A ênfase do sistema tributário brasileiro em impostos sobre o consumo é típica de países com baixo desenvolvimento socioeconômico, explica a professora de direito tributário da Universidade de Leeds Rita de la Feria. 

"Os países com nível de desenvolvimento mais alto tendem a dar mais importância à tributação sobre a renda dos indivíduos", ela destaca. 

Distribuição da carga tributária no Brasil. Em proporção do total (%) - 2021.  .
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Logo: Brasil Partido

Fim do Podcast

Incidência da tributação indireta na renda total. Por décimos de renda familiar per capita.  .
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Debate da PEC 110 na CCJ do Senado em 2019

CRÉDITO, FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AG. BRASIL

Legenda da foto, 

Alíquota efetiva média do IRPF (%). Por faixa de renda - em salários mínimos mensais.  .
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