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segunda-feira, 25 de março de 2019

E agora, com voces, o chanceler paralelo; mas não, é o verdadeiro - Gilvandro Filho

Eduardo Bolsonaro é mais que um chanceler. É um conflito diplomático

Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia 
23 de Março de 2019 

De tudo o que o governo de Jair Bolsonaro tem de indigesto para oferecer ao País – e não é pouco -, a delegação irresponsável de poder que é outorgada aos filhos do presidente ultrapassa os limites do tolerável. Pior, está se tornando muito mais que algo simplesmente nocivo. Em alguns casos, a coisa ameaça descambar para o incidente diplomático. Pelo que faz e acontece o “número 02” dos primeiros-filhos de Bolsonaro, a coisa não pode acabar bem. Eduardo Bolsonaro é um perigo iminente para o próprio pai, para o cambaleante governo e para o Brasil.
A imagem do deputado federal sentado no sofá da Casa Branca, em uma reunião privada do presidente-pai com o presidente-ídolo, foi uma das cenas mais estapafúrdias que a diplomacia brasileira já produziu. Bolsonaro, o pai, barrou do encontro o seu próprio chanceler, o inexplicável Ernesto Araújo, para levar o filho. E o fez, segundo disse, a convite do próprio Donald Trump. Se Araújo ainda está no cargo, só mesmo a falta de noção e de amor próprio do auxiliar deve conseguir justificar.
Jair Bolsonaro tem um filho para cada área-problema. Cada um deles com um potencial de inconveniências, o que já era mais ou menos previsto durante a campanha eleitoral. Os três já se prenunciavam os “donos” da República que viriam a ser. Mas ultrapassaram as piores expectativas. Nada é tão ruim que não possa, um dia, piorar. Eles ratificaram a máxima.
O mais velho, o ex-vereador do RJ e hoje senador Flávio, viria a mostrar-se entrosados com figuras do crime organizado do Rio de Janeiro. Já havia homenageado miliciano e, no poder, fez nascer a primeira personagem-problema do governo, o assessor-pagador-amigo de fé-irmão-camarada Fabrício Queiroz, até hoje livre, leve e solto pela falta de um juiz de primeira instância com coragem e com vontade de mostrar serviço, como parecia haver no passado.
O mais novo e mais querido é Carlos, o Carlucho, hoje vereador do RJ, é assessor para assuntos aleatórios, gerais e pessoais. Acompanha o pai em situações de extrema intimidade, como cuidar do pai durante o internamento deste, após a cirurgia no Hospital Albert Einstein, o que é plenamente justificável. Ou em outras cujo cabimento é questionável, como sentar no assento de trás do Rolls-Royce presidencial, com os pés no banco, em pleno percurso da posse presidencial.
(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)
Mas em termos de criar problema internacional, o cara é Eduardo. Deputado federal, conseguiu se encaixar no posto de presidente da Comissão de Relações Externos da Câmara dos Deputados, o que que lhe confere um certo álibi para viajar pelo mundo à cata de situações que acabam colocando o País em exposição desairosa. Desembarca em aeroportos com boné de propaganda de Trump como se fossem as orelhas de Mickey. Antecipa acordos políticos com Israel. E é, atualmente, a figura central da participação brasileira da possível guerra contra a Venezuela, ação criminosa que Trump e seus aliados cuidam para curto prazo.
A atuação, ou intromissão, de Eduardo Bolsonaro na área faz a importância do chanceler Ernesto Araújo ser muito menor que a dos juncos do jardim suspenso do Itamaraty. Com todo respeito à função dos juncos e das demais plantas do belo espelho d’água que margeia o palácio.
A brincadeira da hora do filho do meio é mesmo a guerra contra a Venezuela. Com aval do pai, diga-se de passagem, ele se diverte expelindo intenções bélicas, no que acaba falando em nome do governo brasileiro, embora não devesse. Faz eco a Trump e seus senhores da guerra e influencia o pai-presidente na formação de um campo de batalha que não lhe compete.
Mas, é impossível para os Bolsonaro aceitarem que esta guerra contra a Venezuela não é nossa. E que, no futuro, estará aberto um flanco enorme que vai acabar por nos engolir. Ou será que a concessão aos americanos da Base Militar de Alcântara não significa nada? Ou que o pré-sal não poderá ser, daqui a pouco, pretexto similar ao que é hoje o petróleo venezuelano para Trump?
Na sexta-feira (22), o nosso “ministro informal” das relações exteriores previu que, “de alguma maneira”, o “uso da força” será utilizado pelo Brasil e pelas Forças Armadas, no conflito venezuelano, que já dá como certo. A declaração, ele deu no Chile, onde o pai participava da formação de um perigoso (este sim) bloco de extrema-direita com países alinhados aos Estados Unidos e dispostos a pegar em armas para tirar do poder o governo legitimamente eleito de Nicolás Maduro.
À primeira vista, a impressão é de que Eduardo Bolsonaro não passa de um menino doido para brincar de guerra. E que o pai já lhe comprou o brinquedo.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

O chanceler paralelo: Eduardo Bolsonaro - Igor Gadelha (Crusoe)


Transcrevo, abaixo, trechos da entrevista de Eduardo Bolsonaro ao jornalista Igor Gadelha da revista Crusoé, exclusivamente sobre temas de política externa e diplomacia, à exclusão de todos os demais, sobre política interna, Congresso, etc.
Confirma-se o que já se sabia...
Paulo Roberto de Almeida


“Filho é indemissível’
Revista Crusoé, n. 41, 9/02/2019

(...)

O sr. acha que o Brasil deveria intervir ou apoiar uma intervenção militar na Venezuela?
Sou contra a ideia de que o Brasil venha a declarar uma guerra ou fazer uma intervenção na Venezuela. Até se nós quisermos aqui formar uma força humanitária e mandar um avião sobrevoar as áreas onde estão as pessoas mais ligadas ao Guaidó (Juan Guaidó, que se proclamou presidente interino do país), qual a garantia teremos de que esse avião não vai ser bombardeado na Venezuela? Nenhuma. Então, a Venezuela hoje não tem sequer uma estabilidade para você mandar uma ajuda humanitária desse porte. Além disso, mandando uma ajuda humanitária, certamente quem está lá embaixo está com armas nas mãos, que são os coletivos do Maduro, para os quais ele distribuiu vários fuzis, inclusive AK. Com apoio da Rússia, alguns anos atrás, o (Hugo) Chávez distribuiu mais de 100 mil (fuzis) para os seus coletivos, os cubanos, que são em torno de 50 mil, expectativa de 50 mil a 100 mil, mais ou menos, que estejam lá, Hezbollah, FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ELN (Exército de Libertação Nacional). Esse pessoal é que vai pegar a ajuda humanitária e distribuir entre os deles. Então temos que ter a coragem de falar o seguinte: o Maduro só vai sair do poder através do uso da força. Não estou dizendo que o Brasil tem que ir lá, entrar com militares, com as Forças Armadas, para tirar o Maduro, não. Não é isso que estou dizendo. Estou tendo uma conclusão óbvia. Porque através de eleições ele já demonstrou que não vai sair. As últimas eleições tiveram mais de 80% de abstenções. Se levarmos em conta que não houve fraude, o que é uma piada imaginar que não houve fraude naquelas eleições, o Maduro foi reeleito com 17% dos votos.
De onde viria, então, essa força para tirar Maduro do poder? Dos Estados Unidos?
Os Estados Unidos têm grandes Forças Armadas. E não só os Estados Unidos, mas qualquer iniciativa que venha a ser feita na Venezuela, como ocorreu de maneira desorganizada com Oscar Pérez, que juntou um pequeno contingente de militares e policiais e conseguiu fazer uma força ali para tentar bater de frente com o Maduro, qualquer iniciativa dessas tem que ser apoiada. Porque, se ela não for apoiada, a cada dia que passa, mais pessoas estarão morrendo de fome, e o Maduro não está nem aí para isso.

Mas que solução o sr. vê, afinal?
Vejo que, de alguma maneira, alguém tem que se organizar. Principalmente militares venezuelanos que estão no exílio, de alguma maneira, se organizar para conseguir, pouco a pouco, entrar e ir libertando a Venezuela. Agora, entre o que eu acho que pode acontecer e o que vai acontecer, há uma distância bem grande. Estou te falando aqui como um deputado federal do Brasil o que eles podem fazer, o que estão fazendo etc. Agora, toda ditadura, quanto mais ela vai se enrijecendo, mais a oposição também vai tomando medidas contrárias. O povo venezuelano estará vendo que vai morrer de fome ou vai ter que se prostituir para ter umas migalhas do governo, mais e mais pessoas vão pensando que vale a pena tentar ir para o tudo ou nada.

Qual é a sua opinião sobre a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém?
Acredito que o Brasil não pode errar porque, pelo tamanho que o Brasil tem, ele vai servir de exemplo para toda a região. Então, se o Brasil fizer uma transferência de maneira exitosa, se for um sucesso a transferência da embaixada, isso fará com que outros países possam vir a acompanhar o Brasil. Do mesmo modo que, se nós fizermos alguma coisa errada, isso vai servir de exemplo para que outros países não venham a seguir essa tentativa de transferência da embaixada para Jerusalém. O que as pessoas não atentam é que ocorreu já uma grande mudança no Oriente Médio, onde Israel não é mais visto como inimigo. Israel é cada vez mais visto como um aliado. O grande problema de toda aquela região é o Irã. O Irã é que financia o terrorismo, o Irã é que causa problemas, que dá suporte para grupos extremistas. Para você ver: Israel queria dar de graça a tecnologia de água para os fazendeiros no Irã. O governo do Irã não permitiu porque era uma ajuda de Israel. Ele prefere ver seu povo morrendo sem alimento e sem água a receber uma ajuda de Israel. E eu corroboro que aquelas relações ali mudaram quando você olha a mudança que os Estados Unidos fizeram de sua embaixada para Jerusalém. Vários países censuraram publicamente, mas não houve qualquer tipo de retaliação contra os Estados Unidos. Aí, já sei, você vai perguntar: poxa, mas olha o tamanho dos Estados Unidos. Tudo bem. Mas olha o tamanho da Guatemala. Será que, se os países árabes não quisessem destruir a Guatemala, fazer um embargo econômico, não poderiam fazer? Por que não fizeram? O Brasil é um meio termo. Não está em uma posição como a americana, nem como a guatemalteca. Mas é um meio termo, e acho, sim, que a gente tem que fazer essa mudança. Primeiro, por respeito aos eleitores, já que é uma promessa de campanha do Jair Bolsonaro. E, em conversa com o Benjamin Netanyahu, quando ele veio ao Brasil, Jair Bolsonaro se comprometeu a fazer a mudança.

Há uma pressão da bancada ruralista contra a transferência por receio de retaliações na compra de frango.
Muito frango… E carne. Do Brasil e da Austrália. E se os dois mudarem a embaixada, (os países árabes) vão fazer o quê?

O sr. concorda com o meio termo adotado pela Austrália de instalar a embaixada em Jerusalém Ocidental?
Não. Acho que tem que ser o compromisso de campanha. Você pode botar um gabinete avançado, depois pode fazer a mudança da embaixada. Tem que ver um prédio para isso. Isso pode ser que não saia de graça. Enfim. Mas são medidas que têm que ser tomadas. Outro ponto que a gente não passou, mas que é relevante, é que muitas pessoas têm medo de ataque terrorista. Ah, a gente vai estar trazendo para o Brasil a questão do terrorismo islâmico para cá. Meus caros, a Argentina já teve dois ataques terroristas nos anos 1990. Quem acha que no Brasil não tem operação de grupo extremista está redondamente enganado. O Hezbollah está aqui em cima junto com o Hamas, aqui na Venezuela. E reparem: quantas pessoas morreram de ataques terroristas em 10 anos na Europa? Não chegam a mil.

Mesmo assim é muita gente.
Eu sei. Mas calma lá. Estou querendo dizer o seguinte: e se eles começarem a fazer ataques terroristas reivindicando que as mulheres, sei lá, tenham determinado comportamento? E aí, a gente vai abaixar a cabeça para eles porque vão fazer ataques terroristas? Acho que, se eles radicalizarem com ataques terroristas, a gente poderia enrijecer as nossas leis, especificamente para esses casos. Banimento de passaporte, banimento do país, prisão perpétua. Começar a discutir aqui. Tenho certeza que, se você colocar para um plebiscito, aprova.

Mas é cláusula pétrea na Constituição a proibição da prisão perpétua, por exemplo. Como fazer?
O poder constituinte originário é do povo. O povo tem total poder para mudar. Quem vive no território brasileiro não é o povo brasileiro?

(...)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Uma nova Santa Aliança em formação? - Bloomberg

Jair Bolsonaro's Son Joins Steve Bannon's Nationalist Alliance
Daniel Zuidijk
Bloomberg, February 2, 2019

Brazil President Jair Bolsonaro’s son is joining former Donald Trump-adviser Steve Bannon’s Europe-based right-wing group, The Movement, as its representative in South America.
Eduardo Bolsonaro, a member of Brazil’s congress, will be leader of the populist-backing group in Brazil, “representing Latin American nations,” according to a statement issued Saturday by the group.
“We will work with him to reclaim sovereignty from progressive globalist elitist forces and expand common sense nationalism for all citizens of Latin America,” the younger Bolsonaro said in the statement.
Bannon’s Brussels-based The Movement is a loose allegiance of nationalist parties that was unveiled last year. They plan to launch at its first summit in Brussels later this month.

(Grato a Pedro Luiz Rodrigues, por chamar-me a atenção para este pequeno despacho, e também para a matéria que segue sobre a Europa, mas também sobre a América Latina.)


«Vox obligará a los partidos centristas a desplazarse a la derecha»
A través de su grupo populista, El Movimiento, trata de exportar el cambio político que ha vivido EE.UU. A su juicio, Vox puede lograrlo en España
David Alandete
Diário ABC, Madri, 4/02/2019

América no es suficiente para Steve Bannon (Norfolk, Virginia, 1953). El estratega político que tomó las riendas de la campaña de Donald Trump en las elecciones de 2016 y, contra todo pronóstico, lo llevó a la Casa Blanca suma ahora al nuevo presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, a su polémico grupo populista, que lleva por nombre El Movimiento.
Pero su mirada está puesta en las elecciones europeas del próximo mes de mayo, sobre las que afirma que pueden ser las más importantes de la era moderna. El objetivo de Bannon es sacudir los cimientos de la Unión Europea para que de ella surjan unos estados nación reforzados y libres del control de Bruselas. En esta estrategia España tiene un lugar destacado, porque, para Bannon, Vox es uno de los partidos «más importantes de Europa».
¿Qué aportará el presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, al movimiento que usted lidera?
Jair Bolsonaro y su familia tienen todo mi apoyo por lo que están haciendo por Brasil. Se ha ofrecido a poner en marcha El Movimiento en América Latina, donde empezamos a ver una revuelta contra la corrección política y la política de la izquierda y el marxismo cultural. Es un avance enorme en la política latinoamericana y mundial.
¿Qué papel tiene ese populismo nacionalista en la crisis que se ve en Venezuela?
Si al principio del siglo XXI, hace sólo 19 años, alguien hubiera avanzado que Venezuela, Argentina y Brasil llegarían a estar al borde del colapso, nadie le hubiera creído. Brasil y Venezuela se derrumbaron por gobiernos socialistas. Argentina, por los abusos del capitalismo clientelista. La derecha populista y nacionalista representa un rechazo a esos dos tipos de intervención estatal. Venezuela es una lección de lo que sucede cuando la izquierda y el marxismo cultural se combinan con políticas económicas socialistas que llevan al caos económico.
¿Qué cree que sucederá en las elecciones europeas?
Las elecciones de mayo serán las más importantes que haya habido para el Parlamento Europeo. Y es muy probable que sean las más importantes de la política moderna, porque se percibe todo el entusiasmo de los nacionalismos populistas. Es donde el movimiento nacionalista de Europa puede tomar un impulso decisivo.
Esos partidos, ¿no buscan acabar con la UE?
¡No estamos hablando de la destrucción de la UE! De lo que hablamos es de una reforma masiva. No es algo como lo que hemos visto en el Brexit.
Una reforma, ¿de qué calado?
Es un rechazo completo al modelo de Macron y el eje franco-alemán, que quiere unos Estados Unidos de Europa donde España sería como Carolina del Sur e Italia como Carolina del Norte. Los países se convertirían en unidades administrativas. Lo que este movimiento nacionalista quiere es una unión de estados nación individuales con su propia cultura y sociedad. Sí que queremos una unión, pero como confederación. Es un gran cambio para la UE.
Estas no son pequeñas diferencias al margen. Son desacuerdos fundamentales sobre cómo debería ser la vida en Europa. En mayo muchos votantes, creo, van a respaldar al nacionalismo.
¿Cree que ese cambio afectará también a España?
Ese cambio está en marcha. Estoy particularmente ilusionado con los avances que ha hecho Vox. Fíjense en los pocos recursos con los que han contado. Esto demuestra cuán poderoso es su mensaje. Creo que a partir de ahora empezaremos a ver cómo otros comenzarán a competir con Vox con mensajes similares al suyo. Creo que Vox es uno de los partidos políticos más importantes e interesantes de toda Europa.
¿Por qué?
Por dos razones. La primera es que por sí mismo se ha convertido en una fuerza que ha dinamizado la política española y va a tener poder en estas elecciones. Además, y esto es importante, creo que Vox está introduciendo en la política convencional los temas de los que hablan. Del mismo modo que el movimiento nacionalista y populista de Estados Unidos empujó al Partido Republicano a la derecha y el populismo, creo que Vox puede hacer lo mismo.
¿Cree que Vox puede hacer eso en España?
Sí, si se fija en los inicios del Tea Party en EE.UU., al cabo del tiempo tuvo un impacto enorme, a pesar de que fue menospreciado en un primer momento. El Tea Party fue el predecesor de Trump.
Así que ve un movimiento como el de Trump en España.
Sí. Estos movimientos comienzan con un grupo de personas muy entregadas que están comprometidas con estas ideas. A lo largo del tiempo, este mensaje se volverá muy poderoso, porque le da poder a la gente común.
¿Toda España, entonces, girará a la derecha?
Hay quienes menosprecian a un partido como Vox porque es pequeño y creo que se equivocan. El poder está en su mensaje, en su autenticidad. Esas ideas comenzarán a entrar en el debate político convencional y acabarán empujando a los partidos centristas a la derecha.
¿Con quiénes ha contactado usted en Vox?
No quiero entrar en detalles sobre con quién, pero me he encontrado en Washington con gente asociada con Vox. Debía haber ido a España en otoño, pero por las elecciones aquí en Estados Unidos no pude. Iré en un futuro cercano.
Ese nacionalismo, ¿no impulsa también a partidos independentistas como los catalanes?
No creo. Preservar el Estado nación es importante y por eso no apoyamos a esos pequeños movimientos separatistas. Entiendo sus argumentos sobre cómo el Estado debe rendir cuentas y demás, pero creo en el modelo de soberanía nacional que comenzó con la Paz de Westfalia. Hay un estado nación independiente y dentro diferentes regiones.
Sí que hay un aumento mundial del sentimiento separatista.
Por otros motivos, como cuando había en California quien decía que quería independizarse, porque Trump estaba demasiado a la derecha. No, no apoyo a esos movimientos. Sus problemas tienen que solucionarse de otro modo. Creo que las naciones individuales deben solucionar de forma interna los problemas regionales.
¿No suponen las acciones de Donald Trump en Venezuela, las sanciones y demás, un intervencionismo al que se opone este movimiento?

Es cierto que hay una tensión dentro del movimiento de Trump. Uno de los fundamentos principales del ideal de ‹América Primero› es el no intervencionismo, no meter las narices en los asuntos de otra gente. Pero eso no invalida el compromiso internacional de Estados Unidos. Se acusa a Trump de querer destruir la OTAN. ¡Nada más lejos de la realidad! Lo que hace es presionar a los aliados para que inviertan el 2% en defensa y cumplan sus objetivos. Hasta el secretario general de la OTAN lo ha reconocido. Lo mismo en Oriente Próximo y América Latina. El presidente Trump es alguien comprometido y sólo hay que escuchar lo que pide para Venezuela: evitar un derrumbe que acabaría en derramamiento de sangre y caos. Creo que es un avance enorme en lo que respecta a la presidencia de Estados Unidos.