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sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Diplomacia: tradições, mudanças e desafios: livro de Fernando de Mello Barreto (2024) - disponível na Biblioteca Digital da Funag


 

Diplomacia: tradições, mudanças e desafios

Descrição:
Neste livro, o autor apresenta uma visão completa e atualizada sobre o mundo da diplomacia, desde os principais conceitos, seus fundamentos históricos até os desafios do presente e as perspectivas para o futuro. É um guia acessível tanto para aqueles que aspiram a carreira quanto para o público interessado em temas internacionais.


Detalhes
Autor(a)Fernando de Mello Barreto
EditoraFUNAG - Fundação Alexandre de Gusmão
AssuntoBrasil - História diplomática | Brasil. Ministério das Relações Exteriores (MRE) - história | Carreira pública | Diplomatas | Política Externa - Brasil | Relações Internacionais - Brasil
Ano2024

Edição1a. edição

Nº páginas293

IdiomaPortuguês
ISBN978-65-5209-067-6

Link: 

https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1294

terça-feira, 26 de novembro de 2024

A questão da Hierarquia e da Disciplina, nas Forças Armadas e na Diplomacia (1a parte) - Paulo Roberto de Almeida

A questão da Hierarquia e da Disciplina, nas Forças Armadas e na Diplomacia (1a parte)

Paulo Roberto de Almeida


Ao retornar, em março de 1977, de um autoexílio na Europa, iniciado no final de 1970, a partir do recrudescimento da máquina repressora do regime militar contra os opositores da ditadura, entre os quais eu me incluía ativamente, retorno decidido depois que o então general-presidente Ernesto Geisel anunciou uma “abertura gradual e flexível”, eu me engajei imediatamente no movimento político pela redemocratização e pela anistia dos exilados. Durante todo o tempo passado na Europa, dedicado, ao lado dos estudos, ao trabalho informativo e analítico de resistência à ditadura, preservei minha identidade, escrevendo e me reunindo sob o disfarce de pseudônimos, preservando assim meu passaporte.

Ao me reintegrar a atividades docentes em faculdades privadas de São Paulo, eu visava iniciar uma típica carreira acadêmica numa das grandes universidades públicas do Brasil, o que só seria possível por concurso. Poucos meses depois, o único concurso anunciado, lido numa curta nota da FSP, foi o de um concurso direto para a carreira diplomática, aberta — à diferença dos vestibulares para o curso de formação de diplomatas pelo Instituto Rio Branco, que exigia somente dois anos de qualquer curso superior — a titulados completos, ou seja, graduados do terceiro ciclo. Eu já tinha graduação e mestrado completos, e estava em meio a um doutoramento em Sociologia Histórica, deixado interrompido ao decidir retornar ao Brasil.

Não pretendia voltar a ser aluno de algum curso de graduação, mas tampouco tinha conhecimento de minha situação junto aos órgãos de segurança e de investigação, bastante ativos inclusive no exterior. O concurso seria, portanto, uma maneira indireta de “testar minha ficha”. Fiz o concurso, entre julho e outubro de 1977 — na terceira e última fase eu me encontrava em Brasília, quando o ministro do Exército, general Sylvio Frota, tentou derrubar Geisel da presidência da República — e, para minha “tranquilidade política” (num ambiente ainda tenso no Brasil) fui chamado para a posse, em 1o. de dezembro, sem qualquer objeção aparente do SNI ou de outros serviços do regime. 

O que não se confirmou em 1977, acabou acontecendo em 1978: fui fichado pelo SNI como “diplomata subversivo”, mas isso só vim a saber bem depois. Minha maior surpresa, ao ingressar no Itamaraty, foi ter sido apresentado a dois conceitos que eu imaginava ter vigência unicamente nos meios militares: Hierarquia e Disciplina. Em praticamente todas as palestras e discursos que ouvíamos nessa fase já agônica do regime militar, eles figuravam de forma recorrente, sobretudo em direção e em intenção dos alunos do IRBr e dos jovens diplomatas, entre os quais eu me incluía. 

Meu horror ao regime militar só era maior do que minha objeção ao autoritarismo implícito a esse tipo de imposição vinda do alto, pois que meu anarquismo sempre foi maior do que o meu marxismo, ambos aprendidos e exercidos precocemente, quando me iniciei nas leituras políticas logo depois do golpe militar de 1964.

(a continuar)

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 26/11/2024


Diplomacia, diplomatas e política externa: aspectos do processo de institucionalização do Itamaraty - Zairo Borges Cheibub (Biblioteca Digital Funag)

Diplomacia, diplomatas e política externa: aspectos do processo de institucionalização do Itamaraty


A Fundação Alexandre de Gusmão publica o livro Diplomacia, Diplomatas e Política Externa: aspectos do processo de institucionalização do Itamaraty, do professor pesquisador Zairo Borges Cheibub 

O objetivo do autor é demonstrar que o Ministério das Relações Exteriores atingiu um nível elevado de institucionalização devido a um processo gradual de burocratização e racionalização da carreira diplomática, resultando em um grau de autonomia da estrutura organizacional. Essas características conferem ao Itamaraty, na visão do autor, interesses próprios e a estabilidade necessária para manter a continuidade na política externa.  

O autor apresenta uma análise histórica da trajetória do MRE desde a Independência até os anos 1980, destacando os principais pontos de mudança na evolução da instituição e da carreira diplomática.  

O livro está disponível gratuitamente na biblioteca digital da FUNAG e para compra na nossa loja virtual 




Descrição:
O objetivo do autor deste livro é demonstrar que o Ministério das Relações Exteriores atingiu um nível elevado de institucionalização devido a um processo gradual de burocratização e racionalização da carreira diplomática, resultando em um grau de autonomia da estrutura organizacional. Essas características conferem ao Itamaraty, na visão do autor, interesses próprios e a estabilidade necessária para manter a continuidade na política externa.   O autor apresenta uma análise histórica da trajetória do MRE desde a Independência até os anos 1980, destacando os principais pontos de mudança na evolução da instituição e da carreira diplomática.
Detalhes
Autor(a)Zairo Borges Cheibub
EditoraFUNAG - Fundação Alexandre de Gusmão
AssuntoBrasil. Ministério das Relações Exteriores (MRE) - história | Carreira pública | Diplomatas | Elite burocrática | História Diplomática - Brasil | Política externa - Brasil | Relações Internacionais - Brasil
Ano2024

Edição1a. edição

Nº páginas119

IdiomaPortuguês
ISBN978-65-5209-072-0

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

China-Rússia: armas e diplomacia - Adbeel Barbosa Lucio (Observatorio de Politica China)

 Apenas transcrevendo: uma história incompleta das relações militares Rússia (ex-URSS) e RPC, desde o surgimento desta, em 1949, esquecendo tudo o que ocorreu pelo meio, inclusive guerra de frinteira e rompimento de relações politicas. Só se reaproximaram por erros do imperialismo americano em sua hegemonia já contestada pelos dois impérios ex-comunistas.

O titulo deveria ser mais armas que diplomacia. (PRA)


China-Rusia: armas y diplomaciaAdbeel Barbosa Lucio, analista independiente

In AnálisisSeguridad y defensa by Director OPCh


Conmemorando el 75° aniversario del establecimiento de las relaciones diplomáticas entre Rusia y China, se han llevado a cabo diferentes reuniones gubernamentales a lo largo de este año, con una amplia agenda en las diferentes áreas de cooperación entre estas dos naciones, este mes tuvo turno el campo militar.

El ministro de defensa ruso, Andrei Belousov acompañado de los integrantes del departamento militar, llegó a Beijing el pasado lunes 14 de octubre del año en curso, donde fue recibido por su homólogo el almirante Dong Jun, junto con una escolta de honor y una orquesta para celebrar una ceremonia de bienvenida.

Anterior a esto, el Ministerio de Defensa Ruso comunicó en la red social Telegram que “el ministro depositó una ofrenda floral en el Monumento a los Héroes del Pueblo en la Plaza de Tiananmen” (Ministerio de Defensa Ruso, 2024), este monumento de 37,94 metros está ubicado al norte del Mausoleo de Mao Zedong y fue construida en honor a las víctimas de la lucha revolucionaria en los siglos XIX y XX.

Andrei Belousov, nacido en 1959 y egresado de la Universidad Estatal de Moscú en la carrera de economía, fue nombrado ministro de Defensa el 12 de mayo de 2024, luego de doce años en donde Serghei Shoiugu estuvo al frente de la Defensa Rusa. Algo que sorprendió al mundo pues ¿cómo un economista podría ser el nuevo ministro de defensa en medio de la situación en Ucrania?

Desde el 2000 hasta la actualidad, el nuevo ministro ha trabajado en 7 puestos para el gobierno ruso entre los que destaca “Asistente Presidencial” de 2013 a 2020, cargo que le permitió trabajar con el presidente Vladimir Putin; ¿podrá ser esta la razón para darle el cargo?

Posterior a la ceremonia, se abrió un diálogo con el Almirante Dong Jun, quien llegó a la cabeza del Ministerio de Defensa chino en octubre de 2023; anteriormente fue comandante de la armada china desde 2021, gracias a esto alcanzó el rango de Shangjiang (almirante) y su formación comenzó en la Academia Naval de Dalian a los 17 años, esta academia fue creada en 1949; la primera de su tipo.

En el comunicado oficial del Ministerio de Defensa Nacional de la República Popular China, Jung le compartió estas palabras al representante del país más grande del mundo: “Los dos ejércitos deben seguir profundizando la coordinación estratégica, mejorar la calidad y la eficacia de la cooperación, impulsar el desarrollo de las relaciones entre militares, salvaguardar firmemente los intereses comunes de los dos países y trabajar juntos para mantener la estabilidad estratégica global.”

Para finalizar esta reunión, Belousov contestó a su homólogo que “Rusia está dispuesta a trabajar con China para seguir llevando a cabo una cooperación estrecha y eficiente, enfrentar conjuntamente los desafíos de seguridad e impulsar las relaciones militares bilaterales a un nuevo nivel.” (Ministerio de Defensa Nacional de la República Popular China, 2024)

Esta reunión muestra un avance significativo en el crecimiento de esta alianza e intentan ser un contrapeso a la postura militar estadounidense relacionada a Ucrania y Taiwán. Pero esta visita no es el único hecho que respalda la iniciativa de Putin y Xi en fomentar la cooperación militar de alto nivel; un día antes de la visita del ministro ruso, en el océano pacifico las dos armadas de estos países realizaron un entrenamiento conjunto.

El domingo 13 de octubre del 2024, “Varios buques de guerra de Rusia y China han llevado a cabo ejercicios de tiro con fuego real en el océano Pacífico como parte de los entrenamientos en lucha antisubmarina y defensa antiaérea”, informó el medio RT, citando al Ministerio de Defensa del país euroasiático. (Rusia Y China Realizan Ejercicios Navales Con Fuego Real En El Pacífico (VIDEO), 2024)

Ambos países mostraron su potencial naval al mandar buques como el Navío Antisubmarino ruso “Almirante Pantelyev”, el cuál alberga diferentes misiles antisubmarinos y puede transportar dos helicópteros KA-27, utilizados en la actual guerra con Ucrania. Por su parte, la armada china envió el Destructor Xining (117) puesto en servicio en 2017 y diseñado para albergar un sistema destructor de misiles guiados con un gran rendimiento en sigilo.

En la misma noticia RT mencionó que “un grupo de buques realizó la detección de un submarino ‘enemigo’ y se le dio seguimiento en una zona del noroeste del Pacífico. Para neutralizar el sumergible, las tripulaciones rusas emplearon lanzacohetes RBU-6000.»

Ver navegar a esta clase de navíos, escoltados por otras fragatas, buques de menor tamaño y cruceros, todos con armamento y objetivos en batalla diferentes; deja claro que la alianza militar está en una muy buena etapa.

Este ejercicio conjunto no es el único en lo que va del año, el pasado mes de septiembre se llevaron a cabo tres grandes ejercicios militares en diferentes partes de los mares y océanos del mundo, los que llevaron por nombre “Ocean-2024”, “Northern/Interaction 2024” y “Beibu-Interaction 2024”.

Ambos países protagonizan dos importantes conflictos, por un lado, está la ocupación rusa en territorio ucraniano y por el otro la defensa por parte de China de que la isla de Taiwán es parte de su territorio.

La estrategia de estos aliados es fortalecer al máximo sus áreas de cooperación, además de impulsar el grupo BRICS y la OCS, la reunión de los ministros y la variedad de ejercicios navales conjuntos es ejemplo de esto, ahora la pregunta es ¿se preparan para algo más?

 

Referencias

-Ministerio de Defensa Nacional de la República Popular China. (2024, Octubre 14). El ministro de Defensa chino se reúne con su homólogo ruso en Pekín. Sitio web del Ministerio de Defensa China. Retrieved Octubre 16, 2024, from http://eng.mod.gov.cn/xb/News_213114/TopStories/16345363.html

-Ministerio de Defensa Ruso. (2024, Octubre 14). El Ministro de Defensa ruso llegó a China en visita oficial. Sitio Oficial en Telegram del Ministerio de Defensa de Rusia. Retrieved octubre 15, 2024, from https://t.me/mod_russia/44482

-Rusia y China realizan ejercicios navales con fuego real en el Pacífico (VIDEO). (2024, October 14). Actualidad RT. Retrieved October 17, 2024, from https://actualidad.rt.com/actualidad/526422-rusia-china-tiro-pacifico-ejercicio.


segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Certas quedas são extremamente bem-vindas... - Lula ausente da reunião do Brics - Igor Gielow (FSP)

Certas quedas são extremamente bem-vindas... Ausência de Lula na cúpula do BRICS evita possíveis tensões diplomáticas com os EUA Igor Gielow Folha de S. Paulo, 21/10/2024 - 09h36 A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 16ª Cúpula do BRICS, realizada em Kazan, Rússia, pode ter evitado um cenário diplomático delicado para o Brasil, de acordo com especialistas em relações internacionais. Leonardo Trevisan, professor da ESPM, destacou que um encontro presencial entre Lula e o presidente russo Vladimir Putin poderia ter gerado tensões com os Estados Unidos, considerando o atual contexto de conflitos globais. Em análise publicada no Estadão, Trevisan afirmou que, diante das crescentes tensões entre o Ocidente e a Rússia, uma imagem de Lula ao lado de Putin poderia ser interpretada de forma negativa pelos Estados Unidos. “O aperto de mãos com Putin seria visto como um sinal de alinhamento em um momento de confronto entre o Ocidente e a Rússia”, explicou Trevisan. Segundo o especialista, isso poderia resultar em pressões diplomáticas adicionais para o Brasil, especialmente em sua relação com Washington e outros aliados ocidentais. A cúpula do BRICS, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, discute uma série de temas, incluindo a desdolarização das economias do bloco. Essa pauta já provocou reações nos Estados Unidos, particularmente de Donald Trump, ex-presidente e atual candidato à presidência pelo Partido Republicano. Trump tem sido categórico em suas declarações sobre o tema, afirmando que, se retornar ao poder, buscará punir países que optarem por seguir esse caminho. Além disso, Trevisan comentou que outro aspecto sensível seria a possibilidade de um encontro entre Lula e o presidente do Irã. Para o professor, tal reunião poderia ser vista como um distanciamento do Brasil em relação a aliados tradicionais no Oriente Médio, como Israel. Embora o Brasil tenha mantido uma postura crítica em relação a Israel em diferentes ocasiões, uma reunião com o Irã, neste momento, poderia ser interpretada como uma mudança significativa na política externa brasileira. “Isso ultrapassaria um limite que o governo brasileiro tem evitado até agora”, destacou o especialista. Outra questão em debate na cúpula é a proposta de China e Índia de incluir a Nicarágua e a Venezuela no BRICS, uma ideia que, segundo Trevisan, não é vista com bons olhos pelo Brasil. Ele apontou que o governo brasileiro considera que essas inclusões não trariam benefícios estratégicos. “O Brasil não tem interesse em fortalecer suas relações com a Nicarágua, e a reaproximação com a Venezuela ainda é um processo delicado”, afirmou. Em meio a esses contextos, o Brasil será representado na cúpula pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Fontes diplomáticas indicaram que a ausência de Lula foi justificada como “força maior”, em razão de um acidente doméstico sofrido pelo presidente no fim de semana. O ministro Vieira, de acordo com essas fontes, terá plenos poderes para negociar e representar o Brasil em todas as discussões. A presença de Vieira na cúpula reflete a importância dada pelo governo brasileiro ao BRICS, ao mesmo tempo que busca evitar a associação direta de Lula com Putin, em um momento em que as relações entre Rússia e países ocidentais estão especialmente tensas. A participação do Brasil no BRICS é vista como uma oportunidade para fortalecer laços econômicos e políticos com outras potências emergentes, mas também exige cuidados na condução das relações internacionais, especialmente com os Estados Unidos. A estratégia de Lula parece ter sido calculada para manter o equilíbrio entre diferentes interesses geopolíticos. O Brasil, como membro do BRICS, está engajado nas discussões do bloco, que busca reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais. Contudo, o país também mantém relações importantes com os Estados Unidos e a União Europeia, e um alinhamento explícito com a Rússia e a China poderia comprometer esses laços. A ausência de Lula, portanto, pode ser vista como uma medida preventiva para evitar confrontos diplomáticos que poderiam surgir em meio ao cenário internacional volátil. Embora o Brasil busque ampliar sua influência no BRICS, o governo parece estar ciente dos riscos de ser associado de forma muito próxima aos interesses de Rússia e China, especialmente em um momento em que os Estados Unidos demonstram grande sensibilidade em relação à postura de seus aliados em temas globais. Com isso, o papel do Brasil na cúpula do BRICS ficará nas mãos do ministro Vieira, que terá a tarefa de conduzir as negociações sem comprometer a posição de neutralidade que o país tem procurado manter. A decisão de Lula de não participar pessoalmente do encontro em Kazan pode ter sido um movimento estratégico para proteger a diplomacia brasileira de um embaraço internacional.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Sanções econômicas como arma de guerra - Palestra de Paulo Roberto de Almeida, a convite de Vladimir Aras (2022)

Sanções econômicas como arma de guerra

Palestra de Paulo Roberto de Almeida, a convite de Vladimir Aras

Os acasos das repostagens, por terceiras pessoas, que por vezes cruzam o meu "caminho", me levaram a um Instagram de quase dois anos atrás, sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, a convite do meu ex-aluno de Doutorado Vladimir Aras, que mantém um foro de debates em Direito:
Live com o professor e diplomata Paulo Roberto de Almeida sobre as consequências econômicas da guerra da Ucrânia. O professor PRA deu uma aula de história, geopolítica, direito internacional e diplomacia.

Eis o texto citado na minha alocução: 

4131. “Consequências econômicas da guerra da Ucrânia”, Brasília, 19 abril 2022, 18 p. Notas para desenvolvimento oral em palestra-debate promovida no canal Instagram do Instituto Direito e Inovação (prof. Vladimir Aras), no dia 21/04/22. Nova versão reformatada e acrescida do trabalho 4132, sob o título “A guerra da Ucrânia e as sanções econômicas multilaterais”, com sumário, anexo e bibliografia. Divulgado preliminarmente na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/77013457/AguerradaUcrâniaeassançõeseconômicasmultilaterais2022) e anunciado no blog Diplomatizzando (20/04/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/04/a-guerra-da-ucrania-e-as-sancoes.html). Transmissão via Instagram (21/04/2022; 16:00-17:06; link: https://www.instagram.com/tv/CcoEemiljnq/?igshid=YmMyMTA2M2Y=); (Instagram: https://www.instagram.com/p/CcoEemiljnq/).


sábado, 13 de janeiro de 2024

Treze ideias fora do lugar nas relações internacionais do Brasil: argumentos contrarianistas sobre a política externa e a diplomacia - Paulo Roberto de Almeida (Kindle)


Treze ideias fora do lugar nas relações internacionais do Brasil: argumentos contrarianistas sobre a política externa e a diplomacia

Brasília: Diplomatizzando, 2024. 126 p.; ISBN: 978-65-00-91081-0; ASIN: B0CS5PTJRLKindle). Relação de Originais n. 4561; Relação de Publicados n. 1542.

 

Índice 


Prefácio: Como ser contrarianista com algum senso de humor

 

1. Desigualdade e injustiças mundiais: progresso e poder

O mundo é injusto e desigual, está baseado nas relações de força e na prepotência dos poderosos. 

Correto, mas menos do que antes e menos do que se pensa.

 

2. Periferia histórica e dependência estrutural: mitos diplomáticos

O Brasil está situado na periferia, por razões históricas e estruturais e, portanto, forçado a uma situação de dependência em relação às poderosas nações centrais.

Certo relativamente, mas errado absolutamente; válido num passado distante, não muito válido depois de 200 anos de independência e cem anos de ideologia do desenvolvimento.

 

3. Empresas multinacionais e dependência tecnológica

A dominação econômica de empresas multinacionais atua como obstáculo para nossa independência tecnológica e se reflete em relações desiguais na balança tecnológica.

Totalmente errado. Os efeitos são exatamente no sentido contrário, mas o trabalho principal tem de ser feito em casa.

 

4. Protecionismo dos ricos: responder na mesma moeda?

O Brasil não consegue exportar devido ao protecionismo dos países ricos que protegem seus setores estratégicos ou sensíveis. O Brasil deveria fazer o mesmo.

Muito relativo: o protecionismo talvez tenha uma incidência marginal nos fluxos globais e não seria ele um obstáculo absoluto ao dinamismo das exportações brasileiras, que dependem de outros fatores vinculados à produtividade geral e competitividade da economia nacional. Imitar práticas protecionistas não é necessariamente receita para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

 

5. Multilateralismo e política de blocos

O multilateralismo e os blocos regionais representam nossa melhor defesa no plano mundial, por isso precisamos atuar mediante grupos de países.

Correto no plano multilateral, mas eventualmente duvidoso no plano regional; em todo caso, vantagens relativas. A coordenação a partir de posições de “mínimo denominador comum” podem ser fatores enfraquecedores, não reforçadores, de nossas posições.

 

6. Alianças preferenciais no Sul Global

Devemos reforçar os laços com grandes países (China, Rússia), com outros países em desenvolvimento (Índia, África do Sul) e, com os da América do Sul, com os quais dispomos de vantagens comparativas. 

Talvez, mas vejamos os custos e benefícios desse tipo de política de aliança com o chamado Sul Global.

 

7. Abertura econômica só com plena reciprocidade

Só podemos abrir nossa economia e liberalizar o comércio na base da estrita barganha recíproca e com o oferecimento de concessões equivalentes e substantivas. 

Trata-se de um dos maiores absurdos econômicos já ouvidos, só justificável politicamente pelo dito “não se dá nada de graça, sem algo em troca”.

 

8. Capitais voláteis e desafios nas contas externas

Os capitais voláteis são responsáveis pela desestabilização de nossas contas externas e devem ser estritamente controlados.

Pura bobagem, que não resiste à menor análise empírica. A volatilidade está implícita nas políticas econômicas dos países emergentes e medidas de controle teriam como resultado fuga de capitais e ágio cambial.

 

9. Tratados internacionais devem ser sempre recíprocos

Os tratados devem ser sempre recíprocos e respeitadores de nossa soberania e autonomia nacional.

Retórica vazia: soberania se defende com desenvolvimento, não com boas intenções e tratados bonitos. 

 

10. Globalização desigual e suas ameaças

A globalização acentua as desigualdades dentro e entre as nações. Por isso o Brasil deve evitar uma abertura excessiva à economia mundial.

Errado. O contrário é verdadeiro, mas a inserção internacional não exime a capacitação endógena.

 

11. Assimetrias estruturais devem ser corrigidas prioritariamente

Processos de liberalização entre parceiros muito desiguais beneficiam principalmente os mais poderosos, por isso devemos primeiro corrigir assimetrias estruturais.

Não necessariamente, uma vez que todos os processos de interdependência – a fortiori de integração – sempre se dão entre parceiros relativa ou absolutamente desiguais e os mais exitosos são justamente aqueles que mobilizam países em estágios diversos de desenvolvimento.

 

12. Uma diplomacia voltada prioritariamente para o desenvolvimento

A ação diplomática brasileira deve servir ao processo de desenvolvimento nacional.

Sem dúvida, mas não se deve fazê-la cumprir objetivos que não são os seus.

 

13. Uma diplomacia reconhecida como de alta qualidade

Nossa diplomacia é altamente capacitada e profissional, reconhecida pelos seus dotes de excelência.

Talvez, ou certamente, mas atitudes autocongratulatórias raramente são benéficas do ponto de vista da manutenção da qualidade do serviço.

 

Nota sobre o autor

Livros do autor


Disponível na Amazon.com.br, neste link.


segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Bibliografia seletiva sobre política externa e diplomacia do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Bibliografia seletiva sobre política externa e diplomacia do Brasil

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata e professor

 

Almeida, Paulo Roberto de (2021a). Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira. Curitiba: Appris.

 ______ (2021b). O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo, 2018-2021. Brasília: Diplomatizzando; edição Kindle.

______ (2020a). Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira. Brasília: Diplomatizzando; disponível em: https://www.academia.edu/44037693/Uma_certa_ideia_do_Itamaraty_A_reconstrucao_da_politica_externa_e_a_restauracao_da_diplomacia_brasileira_2020_; acesso em 16/01/2022.

______ (2020b). O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira. Brasília: Diplomatizzando; edição Kindle. 

______ (2019). Miséria da diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty. Boa Vista: Editora da UFRR; disponível em: https://docs.wixstatic.com/ugd/6e2800_3e88aadf851b4b2ba4b54c6707fd9086.pdf; acesso em 16/01/2022.

______ (2017). Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império. 3ª ed.; Brasília: Funag, 2 vols.; disponível: https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/13-252-formacao_da_diplomacia_economica_do_brasil_volume_i.

______ (2016). “A construção do direito internacional do Brasil a partir dos pareceres dos consultores jurídicos do Itamaraty: do Império à República”, Cadernos de Política Exterior, ano II, n. 4, p. 241-298; disponível:http://funag.gov.br/loja/download/1186-cadernos-de-politica-exterior-ano-2-volume-4.pdf

Amaral, Luis Gurgel do (2008). O Meu Velho Itamarati (De Amanuense a Secretário de Legação) 1905-19132a. ed. revista; Brasília: Funag; 1ª ed.: 1947l disponível: https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-144-meu_velho_itamarati_de_amanuense_a_secretario_de_legacao_1905_1913_o.

Araújo, Ernesto H. F. (2020). Política externa: soberania, democracia e liberdade: coletânea de discursos, artigos e entrevistas do Ministro das Relações Exteriores. Brasília: Funag; disponível na Biblioteca Digital da Funag.

_______ (2019). A nova política externa brasileira: seleção de discursos, artigos e entrevistas do Ministro das Relações Exteriores. Brasília: Funag; disponível na Biblioteca Digital da Funag.

_______ (2017). Trump e o Ocidente, Cadernos de Política Exterior, Brasília: IPRI, ano III, n. 6, p. 323-353; disponível em: https://funag.gov.br/loja/download/CADERNOS-DO-IPRI-N-6.pdf; acesso: 16/01/2022.

_______ (2008). O Mercosul: negociações extrarregionais. Brasília: Funag.

Assis, Machado de (1986). Memorial de AiresObra Completa, Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 3 vols.

Azambuja, Marcos (2021a). “O Barão hoje e os desafios do ofício”, in: Camargo, Leda Lúcia (org.). Os Diplomatas e suas histórias. Rio de Janeiro: Francisco Alves, p. 21-28.

_______ (2021b). “O Itamaraty da Rua Larga”, in: Camargo, Leda Lúcia (org.). Os Diplomatas e suas histórias. Rio de Janeiro: Francisco Alves, p. 28-41.

Barreto, Fernando de Mello (2001). Os Sucessores do Barão, 1912-1964; relações exteriores do Brasil. São Paulo: Paz e Terra.

_______ (2012). A política externa após a redemocratização, 2 vols.; tomo I, 1985-2002; tomo II, 2003-2010. Brasília: Funag.

Barros, Alexandre de Souza Costa (1983). “Política Exterior Brasileña y el Mito del Baron”, Foro Internacional, El Colegio de Mexico, vol. 24, n. 1, p. 1-20; disponível: https://www.jstor.org/stable/i27752809.

______ (1978). The Brazilian Military Professional Socialization, Political Performance and State Building. Ph.D. dissertation, Political Science; Chicago, Ill.: University of Chicago.

______ (1977). “A formação das elites e a continuação da construção do Estado nacional brasileiro”, Dados, Rio de Janeiro, n. 15, p. 101-121.

Caldeira, Jorge (org.) (2002). José Bonifácio de Andrada e Silva. São Paulo: Editora 34.

Carvalho, Elizabeth Santos de (2011). Revista Americana: caminhos e descaminhos de um projeto cultural para o continente. Dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; orientadora: Profa. Lucia Maria Paschoal Guimarães; disponível: https://www.bdtd.uerj.br:8443/bitstream/1/13090/1/Elizabeth%20Carvalho%20Dissertacao.pdf.

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Brasília, 6 maio 2022


terça-feira, 14 de março de 2023

A nova ordem internacional e o Brasil - Rubens Barbosa (OESP)

 Concordo com a parte histórica sobre a volta da Guerra Fria. Discordo RADICALMENTE da hipócrita “neutralidade” do Brasil, objetivamente pró-Putin. Como disse Rui Barbosa, não há neutralidade ou imparcialidade entre a Justiça e o crime. O Brasil é PARTE do Ocidente e deve DEFENDER a Carta da ONU e sua própria Constituição. Não precisa aderir à guerra, mas tem a OBRIGAÇÃO de condenar a Rússia e EXIGIR a retirada das tropas invasoras, aliás desde a Crimeia, que Dona Dilma ignorou, ao arrepio da tradição brasileira de estrita adesão ao Direito Internacional.

Paulo Roberto de Almeida 

A nova ordem internacional e o Brasil
O Estado de S. Paulo | Espaço Aberto
14 de março de 2023

Rubens Barbosa

Depois da bipolarização da guerra fria, com a queda do muro de Berlim em 1989 e o fim da União Soviética em 1991, surgiu uma nova ordem global. Emergiu um mundo unipolar com os EUA como a única superpotência e com a globalização financeira, econômica e comercial, gerando a expansão econômica liberal e o crescimento da economia global. Essa ordem mundial começou a mudar na primeira década do século 21 com a volta da China como potência e o início da disputa com os EUA pela hegemonia global.

A guerra da Rússia na Ucrânia, o fato mais relevante desde a queda do muro de Berlim, em 1989, marca o início de uma nova era e, ao contrário da situação que prevaleceu nos últimos 20 anos, representa a prevalência da geopolítica, com ênfase na segurança nacional, sobre a economia e a globalização. Sem perspectiva para a suspensão das hostilidades na Ucrânia, é real a possibilidade de escalada do conflito com a utilização de armas nucleares táticas de consequências imprevisíveis. O rearmamento da Alemanha e do Japão, com o aumento dos gastos com defesa, o esvaziamento do G-7 e do G20, além dos custos elevados da energia, são outras características da nova ordem internacional, que ocorre simultaneamente à consolidação da nova ordem econômica global.

Nesse contexto, está se conformando um mundo dividido em tomo de novos eixos, com a perspectiva de confrontação do Ocidente (EUA e Europa) com a Eurásia (China, Rússia e outros países da Ásia). Emerge, na narrativa ocidental, um mundo bipolar, mas em outras bases, visto que a disputa entre Washington e Pequim não é sobre a supremacia ideológica ou militar, mas econômica, comercial e tecnológica, até aqui. Na visão chinesa e russa, surge uma ordem multipolar, pós-ocidental, a do Ocidente versus o resto do mundo. De um lado, acelerou uma aliança estratégica, sem limites, em todas as áreas entre a China e a Rússia e, de outro, fortaleceu a aliança dos EUA com os países membros da Otan com o apoio à Ucrânia.

Hoje, considerações de ordem geopolítica impactam sobre a política externa, de defesa e comercial de todos os países. Apesar da declaração de Joe Biden de que não vai pedir que os países escolham um lado na divisão global, não será surpresa se lealdades começarem a ser cobradas, sobretudo se houver uma escalada bélica e o conflito se ampliar além da Ucrânia. O governo de Washington está discutindo uma nova postura no relacionamento bilateral com a China e medidas contra países que ajudam a Rússia a contornar sanções. Restrições no comércio de semicondutores e de produtos de uso dual, como produtos eletroeletrônicos, de telecomunicações, de tecnologia da informação e de lazer, chips e sensores deverão surgir.

País tem de defendei* seus valores ocidentais e preservar seus interesses asiáticos. Será importante evitar alinhamentos automáticos

Os EUA estão em guerra não declarada em duas frentes com a Rússia e com a China. A Estratégia de Segurança Nacional norte-americana, recém-divulgada, e o discurso de Xi Jinping, no Congresso do Partido Comunista, confirmam isso. A guerra fria, do ângulo do establishment dos EUA, nunca terminou, e agora, no Congresso, adquire formas irracionais e paranóicas em relação à China. O ministro do Exterior chinês advertiu para os riscos de um conflito direto com os EUA, caso não cessem as medidas contra Pequim. As relações entre EUA e China encontram-se no nível mais baixo da História, com a crescente tensão em relação a Taiwan, a possibilidade de entrega de armas à Rússia e a expansão dos interesses da Otan no Mar do Sul da China, agravadas pelo incidente com balão chinês em território norte-americano e as medidas de restrições comerciais (semicondutores) anunciadas por Washington.

Caso esse cenário se confirme, países como o Brasil terão de enfrentar difíceis opções de política externa. O Brasil foi colocado pelos EUA como aliado estratégico extra-Otan e faz parte do Brics com a Rússia, índia, China e África do Sul. Compartilhando valores do Ocidente (democracia, livre comércio, imprensa livre) e com estreitos laços comerciais, econômicos, culturais e de defesa com os EUA e países europeus, o Brasil tem hoje interesses concretos a defender na Ásia, nossa maior parceira comercial. O Brasil tem de defender seus valores ocidentais e preservar seus interesses asiáticos. Ao contrário dos que defendem que o Brasil terá de escolher um lado - o dos EUA -, será importante evitar alinhamentos automáticos, livre de influências ideológicas e geopolíticas. O governo brasileiro já vem sendo confrontado com essas opções em votações nos organismos internacionais e em gestões diplomáticas, como no caso do não fornecimento de munição para tanques na Ucrânia e na autorização para navios de guerra iranianos entrarem em portos nacionais. Ativismo diplomático, contudo, como a iniciativa de criar um grupo da paz para a suspensão das hostilidades na Ucrânia, não terá êxito.

A grande maioria dos países em desenvolvimento da África, América Latina e Ásia tem-se manifestado contra a divisão do mundo. A exemplo da índia, o Brasil, reconhecendo as novas realidades mundiais, deveria manifestar formal e publicamente sua posição de independência em relação aos dois lados, acima de ideologias ou preferências partidárias, na defesa estrita de seus interesses políticos, econômicos e comerciais.

PRESIDENTE DO IRICE, É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS