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segunda-feira, 11 de julho de 2022

Ainda há militares em Brasília? - Merval Pereira (O Globo)

 Ainda há militares em Brasília?

Merval Pereira
O Globo, domingo, 10 de julho de 2022

A exacerbação da retórica radicalizada do presidente Bolsonaro à medida que se aproximam as eleições, com indicações de dificuldades quase intransponíveis para sua reeleição, demonstra que ele não está aceitando a derrota e prepara o terreno para uma subversão do resultado. Informações não desmentidas de que a recente reunião ministerial, além da ilegalidade de ter tratado da campanha eleitoral, foi uma exaltação a um golpe de Estado com ares de legalidade, fazem com que o sinal de alerta tenha sido ligado em diversas instituições democráticas, e provocou a denúncia do Observatório para Monitoramento dos Riscos Eleitorais no Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Bolsonaro ameaçou as eleições novamente na reunião ministerial no Planalto. O caso é mais sério porque o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, estava presente, e o atual ministro da pasta, general Paulo Sergio, respaldou as ameaças, ao afirmar que o TSE não respondeu às demandas das Forças Armadas. O primeiro absurdo é fazer reunião ministerial para tratar de eleições durante o expediente dentro do Palácio do Planalto, e pedir aos ministros que participem da campanha.

Os relatos indicam que o presidente disse que, se as informações pedidas pelas Forças Armadas não forem dadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele não participará da eleição. Isso é diferente de “não vai ter eleição”, como vinha ameaçando. Pode desistir, se sentir que vai perder já no primeiro turno? Não parece de seu feitio, o que aumenta a possibilidade de que pode tentar decretar um estado de sítio, ou medida semelhante. O que passa pela cabeça dele não pode ser coisa boa, porque está batendo com muita persistência nas urnas eletrônicas, e nos dias mais recentes tem claramente estimulado uma reação de seus seguidores: “Vocês sabem o que têm que fazer”, disse Bolsonaro nada enigmático.

Ele não tem escrúpulo, vai avançando sobre as leis e sobre os limites, e os tribunais ficam numa situação difícil porque, se impugnarem sua candidatura, o que já merecia ter acontecido, tantas são as ilegalidades que comete, irão provocar uma grande reação – que é o que ele quer -, e, se não fizerem nada, permitem o avanço sobre a democracia. Como o Congresso tem a maioria governista e está fazendo manobras para aprovar benesses sociais para ajudá-lo, não há medida de contenção à vista.

Como estamos antevendo uma tentativa antidemocrática de contestação dos resultados da eleição presidencial como a levada adiante pelo então presidente Donald Trump com a invasão do Capitólio em Washington, seria bom também relembrar episódios edificantes das Forças Armadas dos Estados Unidos na contenção dessa tentativa de golpe. A principal autoridade militar dos EUA, o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, tão preocupado estava em que o então presidente e seus aliados tentassem um golpe que se uniu a outras autoridades com o objetivo de parar Trump.

Não foi apenas o comunicado oficial colocando de prontidão as Forças Armadas para defender a democracia. O livro dos repórteres do The Washington Post Carol Leonnig e Philip Rucker, ganhadores do Prêmio Pulitzer, intitulado I Alone Can Fix It ( “Só eu posso resolver”, em tradução livre), uma frase usada por Trump que os autores ironizam, descreve como Milley e os outros membros do Estado-Maior tomaram a decisão de renunciar para não cumprir ordens que considerassem “ilegais, perigosas ou imprudentes”.

A obra conta os bastidores do último ano do “catastrófico” governo de um Trump desequilibrado após perder a eleição de 2020. Milley conversou com autoridades e políticos, e garantiu que Trump e seus aliados não conseguiriam fazer nada sem os militares: “Eles podem tentar, mas não vão conseguir. (…) Não dá para fazer isso sem a CIA e o FBI. Nós somos os caras com as armas”.

Ele acreditava que Trump estava fomentando uma agitação com o intuito de invocar a Lei de Insurreição e convocar os militares. Após a insurreição de 6 de janeiro, o livro diz que Milley fez teleconferências diárias com Mark Meadows, chefe de gabinete de Trump, e o então secretário de Estado Mike Pompeo, assim como com a presidente do Congresso, Nancy Pelosi. Quando Trump demitiu o secretário de Defesa Mark Esper em novembro, Pelosi foi um dos vários congressistas que ligaram para o general Milley. “Estamos todos confiando em você”, disse. “Lembre-se de seu juramento”.

Após a insurreição de 6 de janeiro, Pelosi disse ao general que estava preocupada com a possibilidade de que Trump , que ela considerava louco, usasse armas nucleares durante seus últimos dias no cargo. Ele a tranquilizou: “Seguiremos apenas ordens legais. Só faremos coisas que sejam legais, éticas e morais”.

Por que não relembramos esses episódios de resistência democrática de militares, ou ainda o julgamento a que está sendo submetido Donald Trump pelo Congresso dos Estados Unidos, para exorcizar essas ameaças ? A frase famosa “Ainda temos juízes em Berlim”, que enaltece a independência do judiciário a favor de um camponês que estava sendo ameaçado pelo rei Frederico II, merece uma repetição: “ Ainda temos militares em Brasília?”.


quinta-feira, 31 de março de 2022

Forças Armadas dizem que golpe de 1964 foi 'marco histórico' da política brasileira - Marianna Holanda (FSP)

 Sim, claro que foi um "marco histórico", o marco de mais uma violação da ordem democrática, do respeito pela Constituição e ao Estado de Direito, que as FFAA, em especial o Exército, vêm violando desde 1889, quando deram o golpe da República.

Os militares se arvoram o "direito" – espúrio, ilegítimo – de intervirem no sistema político, em total desrespeito à ordem constitucional. São uma força perturbadora da política, muitas vezes com violência e arbítrio.

Merecem receber o repúdio da sociedade. Concluo: o ministro da Defesa deve ser um CIVIL, jamais um militar.

Paulo Roberto de Almeida


Forças Armadas dizem que golpe de 64 foi 'marco histórico' da política brasileira

Ordem do dia alusiva ao 31 de março é assinada por comandantes e Braga Netto, que deve ser vice de Bolsonaro

Brasília
Folha de S. Paulo, 31/03/2022

No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ameaçar o Judiciário quanto ao resultado das eleições de 2022, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas divulgaram nota nesta quarta-feira (30) chamando o golpe de 1964 de "marco histórico da evolução política brasileira".

A ordem do dia alusiva ao 31 de março, última do mandato de Bolsonaro, é assinada pelos comandantes das três Forças e pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que deixará o comando da pasta nesta quinta (31) com a expectativa de ser vice na chapa do presidente à reeleição.

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Da esquerda para direita o almirante Almir Garnier, o ministro da Defesa Braga Netto, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e o brigadeiro Almeida Baptista Jr. - Pedro Ladeira - 31.mar.2021/Folhapress

"O Movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época", diz texto divulgado pela Defesa.

O termo "movimento" para se referir ao golpe já havia surgido nos anos anteriores. A nota também diz que "a história não pode ser reescrita, em mero ato de revisionismo, sem a devida contextualização".

A Defesa diz que os anos seguintes a 1964 foram de "estabilidade, segurança, crescimento econômico e amadurecimento político", que levou à paz no país.

O texto também afirma que as instituições se fortaleceram após o golpe e as Forças Armadas seguiram "observando, estritamente, o regramento constitucional, na defesa da nação e no serviço ao seu verdadeiro soberano – o povo brasileiro".

A expressão que diz que o povo é soberano é amplamente utilizada pelo presidente. Seus apoiadores também costumam dizer que "supremo é o povo", em referência ao STF (Supremo Tribunal Federal), alvo do bolsonarismo.

Em evento no Rio Grande do Norte nesta quarta, o presidente voltou a fazer críticas indiretas a ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele disse que os votos das eleições serão contados, sem explicar como, já que o voto impresso foi derrubado pelo Congresso em meio a discursos golpistas do presidente da República.

"O povo armado jamais será escravizado. E podem ter certeza que, por ocasião das eleições de 2022, os votos serão contados no Brasil. Não serão dois ou três que decidirão como serão contados esses votos", disse, em referência a Luís Roberto Barroso, ex-presidente do TSE; Edson Fachin, o atual; e Alexandre de Moraes, que será presidente nas eleições.

O regime enaltecido por Bolsonaro e pelos militares teve uma estrutura dedicada a tortura, mortes e desaparecimento.

Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos.

Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) listou 191 mortos e o desaparecimento de 210 pessoas. Outros 33 desaparecidos tiveram seus corpos localizados posteriormente, num total de 434 pessoas.

Assim como nos anos anteriores, o texto do Ministério da Defesa defende que o golpe atendeu aos anseios da sociedade e impediu que um "regime totalitário", em referência ao comunismo, fosse instalado no Brasil.

"Grupos que propagavam promessas falaciosas, que, depois, fracassou em várias partes do mundo", diz o texto.

Em seus últimos discursos, Bolsonaro também vem revivendo críticas ao comunismo e equiparando-o ao petismo. O chefe do Executivo está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como mostrou a Folha, Bolsonaro quer aproveitar a reforma ministerial em abril para tentar ampliar sua influência no comando do Exército em ano eleitoral, quando disputará a reeleição.

Integrantes do governo dizem que uma promoção do general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, atual comandante do Exército, para o cargo de ministro da Defesa serve a dois propósitos: colocar à frente das três Forças um nome que agrade o Exército, que reúne o maior número das tropas, e, principalmente, acomodar à frente da Força terrestre alguém alinhado ao Palácio do Planalto.

É dado como certo que o general Marco Antônio Freire Gomes assumirá o comando do Exército. Hoje, ele é comandante de Operações Terrestres.


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Quais são as ameaças ao Brasil que fazem as Forças Armadas pedirem mais investimento? - Leonardo Desideri (Gazeta do Povo)

Gazeta do Povo comenta superficialmente as novas características dos três documentos do MD enviados ao Congresso: END. PND e LB. A grande diferença talvez seja o crescimento da tensão mundial, essencialmente derivado da confrontação bipolar China-EUA, que eu chamaria de conflito artificial criado pelo Trump contra a China. Do lado do Brasil a diferença é a inexistência atual de qualquer mecanismo de diálogo e cooperação de âmbito regional, em parte derivado da oposição do governo ao multilateralismo em geral, como ao próprio bolivarianismo hoje em declínio.
Paulo Roberto de Almeida


Defesa nacional
Quais são as ameaças ao Brasil que fazem as Forças Armadas pedirem mais investimento?
Por Leonardo Desideri - Brasília
Gazeta do Povo, 24/07/2020 ; 10:45

Forças Armadas querem mais investimentos para enfrentar ameaças externas 
As novas versões da Política Nacional de Defesa (PND) e da Estratégia Nacional de Defesa (PND), apresentadas pelo governo ao Congresso na quarta-feira (22), trazem as diretrizes do país para os próximos quatro anos na área militar. Os documentos deste ano alertam para novas tensões geopolíticas que poderiam afetar o país. E vão servir para embasar um pleito importante do Ministério da Defesa: a busca por mais investimentos nas Forças Armadas.

O Brasil ocupava até 2018 o sétimo lugar na América do Sul em investimentos na área de defesa na proporção do PIB. O Brasil, à época, gastava 1,47% do PIB com as Forças Armadas – proporção que o colocava atrás de países bem menores como Equador (2,4%), Guiana (1,7%) e Bolívia (1,5%). A Colômbia liderava o ranking, com investimentos em defesa na faixa de 3,2% do PIB.

Desde então, o Brasil aumentou os gastos militares e hoje estima-se que a proporção esteja em cerca de 2% do PIB. As Forças Armadas querem, no mínimo, manter esse patamar.

O novo documento da Estratégia Nacional de Defesa diz que é “prioritário assegurar a continuidade e a previsibilidade na alocação de recursos orçamentários e financeiros para o setor de Defesa”. “O Brasil deve estar em condições de ampliar rapidamente seus recursos humanos e meios materiais disponíveis em prol da Defesa Nacional”, diz o texto.

O Congresso não tem prazo para aprovar a nova Política Nacional de Defesa.
Quais são os argumentos para que o Brasil aumente os gastos com Forças Armadas
Em linhas gerais, a nova estratégia de defesa do Brasil é semelhante à última, de 2016. Mas apresenta um tom menos ameno que a anterior, pintando um cenário internacional menos pacífico e mais conflituoso que o de quatro anos atrás.

O plano estratégico de 2020 diz que “nos últimos anos tem crescido o espectro do conflito estratégico militar entre as maiores potências e ressurgido a competição pela supremacia global”. Afirma ainda que “as relações internacionais se mantêm instáveis” e podem ter “desdobramentos, por vezes, imprevisíveis”. Faz, contudo, a ressalva de que “persiste um nível de interdependência econômica mundial que favorece a busca por soluções negociadas de controvérsias”.

O documento ressalta que o Brasil pode ser afetado por "desdobramentos" de tensões em países vizinhos. O texto ainda afirma que o Brasil poderá ter de intervir em nações vizinhas ou reagir militarmente a uma eventual agressão. "O País poderá ver-se motivado a contribuir para a solução de eventuais controvérsias ou mesmo para defender seus interesses", diz o texto

A PND não cita nominalmente onde estariam esses riscos. Mas, nos bastidores, sabe-se que a grande preocupação é com a Venezuela, país comandado pelo ditador Nicolás Maduro que passa por uma grave crise institucional e econômica.

Enquanto a oposição venezuelana conta com o apoio de países como o Brasil e os Estados Unidos, Maduro firmou uma aliança com Rússia e China – nações cuja presença na América do Sul também causam preocupação nas Forças Armadas brasileiras, embora isso não esteja descrito na estratégia de defesa nacional.

A Amazônia, região em que o Brasil faz fronteira com a Venezuela, é elencada na estratégia de defesa nacional como uma das áreas de maior ameaça para o país.

Mas não apenas por causa da ditadura de Maduro. Embora isto não esteja descrito no documento, historicamente os militares brasileiros sempre consideraram a floresta amazônica como alvo da cobiça de outros países. E, atualmente, o país sofre um desgaste internacional por causa da política do governo para o meio ambiente – o que, em alguns setores das Forças Armadas, pode ensejar movimentos de interferência na soberania do Brasil sobre a Amazônia.

Outra área elencada no documento como de risco para o país é o Atlântico Sul. As principais jazidas de petróleo do Brasil ficam em seu mar territorial. E a defesa das plataformas de extração contra eventuais ataques militares estrangeiros, o que causaria graves danos à economia brasileira, é uma das grandes preocupações das Forças Armadas. Para a proteção do mar territorial, a Marinha aposta no programa de desenvolvimento de submarinos – e está desenvolvendo a tecnologia de propulsão nuclear para esses veículos subaquáticos.

"A Amazônia, assim como o Atlântico Sul, é uma área de interesse geoestratégico para o Brasil", diz o texto da Estratégia de Defesa Nacional. "A proteção da biodiversidade, dos recursos minerais, hídricos, além do potencial energético, no território brasileiro é prioridade para o País."

Sobre a situação na América do Sul, a nova estratégia de defesa nacional sugere que o Brasil não aposta mais em organismos multilaterais sul-americanos como instâncias para solucionar conflitos. O documento de 2016 citava esses organismos multilaterais sul-americanos como facilitadores de um processo de integração que promovia uma convivência pacífica no continente. O atual não os cita organismos.

O documento também fala em "pandemias" e "mudanças climáticas" como ameaças ao país, destacando as "consequências ambientais, sociais, econômicas e políticas, que exigem pronta resposta do Estado".

Plano estratégico militar fala que população desconhece ameaças
A nova PND diz ainda que a população brasileira “tem a percepção desvanecida das ameaças” e diz que a situação do povo brasileiro era semelhante nas épocas das duas Guerras Mundiais. “O ambiente de falta de percepção de ameaças reinante no Brasil, naquelas ocasiões, não permitiu uma adequada prontidão dos aparatos militares”, afirma o documento.

O texto destaca também que, “para proteger o seu povo e o seu patrimônio”, o Brasil “deve considerar a possibilidade de se defrontar com antagonismos que venham a pôr em risco seus objetivos nacionais”.

Embora a PND fale de uma “vocação [brasileira] para a convivência harmônica com outros países” como “parte da identidade nacional”, cita, logo em seguida, a máxima do Barão do Rio Branco de que “nenhum Estado pode ser pacífico sem ser forte”.

Defesa diz que investimentos são para substituir o que está obsoleto
Na quarta-feira (22), ao fazer um balanço da situação das Forças Armadas, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, destacou a necessidade de novos investimentos no setor: "Apresentei o que estamos fazendo, as operações que estamos participando, e mostrei quais são os meios de que dispomos para fazer isso, assim como a situação em que se encontram as Forças", disse Azevedo e Silva ao jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo admitindo que 2019 foi um ano em que o orçamento de Exército, Marinha e Aeronáutica não sofreu contingenciamento, disse que é preciso enfrentar essa situação de "defasagem".

"Falei dos nossos projetos e das nossas defasagens porque estamos com material muito antigo. Nossas fragatas, aeronaves e carros de combate estão muito antigos, todos com idade entre 40 e 50 anos. Então, temos de implementar nossos projetos, não para aumentar as Forças, mas para substituir o que está ficando obsoleto e antigo", afirmou o titular da Defesa, que apresentou um plano estratégico de modernização dos equipamentos.

A nova estratégia de defesa nacional foi entregue ao Congresso em uma reunião entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e os membros do Conselho de Defesa Nacional (CDN), órgão tradicionalmente comandado pelo presidente da República e por ministros.

Atualmente, o CDN é chefiado pelo presidente Jair Bolsonaro e tem como secretário-executivo o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

A reunião ocorreu no Palácio do Planalto e contou com a participação de Heleno, do vice-presidente Hamilton Mourão, do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, além de outros ministros e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Em videoconferência, o presidente Jair Bolsonaro justificou a ausência por ter contraído a Covid-19 e falou sobre a importância das Forças Armadas.

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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A China flexiona seus musculos, navais... e terrestres - Foreign Policy Security Report

Situation Report: China flexes muscles while cutting troops; sends ships north
By Paul McLeary with Adam Rawnsley
National Security Daily Brief, Foreign Policy Situation Report, September 3, 2015

Shipping news. The U.S. Navy is tracking five Chinese warships sailing in the Bering Sea off the coast of Alaska, marking the first time the Chinese Navy has ventured that far north, according to defense officials. While the ships are perfectly within their rights plying international waters, the deployment -- which includes three surface warships, a replenishment ship, and an amphibious assault ship -- was spotted at the same time that Beijing hosted a massive military parade to mark the 70th anniversary of the end of the Second World War. The ships had just completed a joint exercise with the Russian navy which ended last week, before moving north.

Show and tell. The military parade in Beijing Thursday morning marked a significant coming out party for the People’s Liberation Army, as the military had the chance to flex its muscles on the world stage in a big way, just days before President Xi Jinping visits Washington to meet with President Barack Obama.

While the event included 12,000 troops, about 200 planes and helicopters, and around 500 troop carriers, tanks, rocket launchers and missiles, Xi took the world by surprise by announcing he’s cutting the 2 million-strong force by about 300,000 personnel. Echoing the U.S. Defense Department, China is focusing more on high-tech naval and air assets as opposed to ground troops, requiring fewer but better trained troops in the coming years.

Analysis firm IHS estimated on Wednesday that China’s defense budget would grow to approximately $260 billion in 2020, about doubling what Beijing spent in 2010. Five years ago, China spent an estimated $134 billion on defense, but “across this decade, China is expected to spend almost $2 trillion on defence,” the group’s analysts conclude.

Alone, together. Even with increasing budgets and a decreasing number of troops, however, Beijing is running into some of the same budgetary problems as the Pentagon, China analyst Dean Cheng of The Heritage Foundation tells SitRep. With its increasing military capabilities, China “needs to pay for a lot of things, like training, new equipment,” and the salaries that come along with maintaining a skilled, professional military, as opposed to merely relying on draftees as it has traditionally done. That doesn’t come cheap, and the political leadership in Beijing appears to be making the calculation that less, in some respects, is more.

The guns of September. Of particular interest to China-watchers is a weapon that made its first public appearance on Thursday, the massive Dongfeng 21-D “carrier killer” missile, which has been the object of much speculation in the Pentagon since the Chinese announced it in 2011. Defense experts generally estimate that the missile has a range of up to 1,500 km and may be able to travel at up to 10 times the speed of sound, making it almost impossible to intercept once launched. Terrifying video of columns of trucks carrying the missile on parade can be found here.

terça-feira, 17 de março de 2015

Historia: 20 de Marco de 1964, circular reservada do chefe do Estado Maior do Exercito

Tem gente circulando este documento histórico, sabe-se lá com qual intenção, ou intenções.
Acho que é anacrônico, do ponto de vista estritamente histórico, mas político, também.
O Brasil, a sociedade civil, as Forças Armadas, são muito diferentes hoje, do que eram em 1964.
A cidadania e as FFAA melhoraram muito.
A única coisa que piorou foi a classe política...
Mas como tudo que é histórico me interessa, vale reproduzir, para informação e reflexão.
Paulo Roberto de Almeida


20 de março de 1964

Ministério da Guerra -Estado-Maior do Exército
Rio, 20 de março de 1964

Do Gen. Ex Humberto de Alencar Castello Branco, Chefe do Estado-Maior do Exército
Aos Exmos. Generais e demais militares do Estado-Maior do Exército e das organizações subordinadas
Compreendendo a intranquilidade e as indagações de meus subordinados nos dias subsequentes ao comício de 13 do corrente mês. Sei que não se expressam somente no Estado-Maior do Exército e nos setores que lhe são dependentes, mas também na tropa, nas demais organizações e nas duas outras corporações militares. Delas participo e elas já foram motivo de uma conferência minha com o Excelentíssimo Senhor Ministro da Guerra.

São evidentes duas ameaças:
o advento de uma constituinte como caminho para a consecução das reformas de base e o desencadeamento em maior escala de agitações generalizadas do ilegal poder do CGT.
E as Forças Armadas são invocadas em apoio a tais propósitos.
Para o entendimento do assunto, há necessidade de algumas considerações preliminares.
Não estão instituídos para declararem solidariedade a este ou àquele poder. Se lhes fosse permitida a faculdade de solidarizarem-se com programas, movimentos políticos ou detentores de altos cargos, haveria, necessariamente, o direito de também se oporem a uns e a outros.
Não sendo milícia, as Forças Armadas não são armas para empreendimentos antidemocráticos. Destinam-se a garantir os poderes constitucionais e a sua coexistência.
A ambicionada constituinte é um objetivo revolucionário pela violência com o fechamento do atual Congresso e a instituição de uma ditadura.
A insurreição é um recurso legítimo de um povo. Pode-se perguntar: o povo brasileiro está pedindo ditadura militar ou civil e constituinte? Parece que ainda não.
Entrarem as Forças Armadas numa revolução para entregar o Brasil a um grupo que quer dominá-lo para mandar e desmandar e mesmo para gozar o poder? Para garantir a plenitude do grupamento pseudo-sindical, cuja cúpula vive na agitação subversiva cada vez mais onerosa aos cofres públicos? Para talvez submeter à Nação ao comunismo de Moscou? Isto, sim, é que seria antipátria, antinação e antipovo.
Não. As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas ou síndico-comunistas.
O CGT anuncia que vai promover a paralisação do País no quadro do esquema revolucionário. Estará configurada provavelmente uma calamidade pública. E há quem deseje que as Forças Armadas fiquem omissas ou caudatárias do comando da subversão.
Parece que nem uma coisa nem outra. E, sim, garantir a aplicação da lei, que não permite, por ilegal, movimento de tamanha gravidade para a vida da nação.
Tratei da situação política somente para caracterizar a nossa conduta militar. Os quadros das Forças Armadas têm tido um comportamento, além de legal, de elevada compreensão em face das dificuldades e desvios próprios do estágio atual da evolução do Brasil. E mantidos, como é de seu dever, fieis à vida profissional, à sua destinação e com continuado respeito a seus chefes e à autoridade do Presidente da República.
É preciso aí perseverar, sempre "dentro dos limites da lei". Estar prontos para a defesa da legalidade, a saber, pelo funcionamento integral dos três Poderes constitucionais e pela aplicação das leis, inclusive as que asseguram o processo eleitoral, e contra a revolução para a ditadura e a Constituinte, contra a calamidade pública, a ser promovida pelo CGT, e contra o desvirtuamento do papel histórico das Forças Armadas. O Excelentíssimo Senhor Ministro da Guerra tem declarado que assegurará o respeito ao Congresso, às eleições e à posse do candidato eleito. E já declarou também que não haverá documentos dos ministros militares de pressão sobre o Congresso Nacional.
É o que eu tenho a dizer em consideração à intranquilidade e indagações oriundas da atual situação política e a respeito da decorrente conduta militar.

General-de-Exército Humberto de Alencar Castello Branco, Chefe do Estado-Maior do Exército”.

sábado, 15 de novembro de 2014

A grande Fratura do Brasil: o pais dividido e as Forças Armadas - Romulo Bini Pereira

 Adolpho Bloch, um ucraniano que veio para o Brasil para fugir da revolução comunista de 1917 na Rússia, ficou impressionado com a dimensão territorial brasileira. Ele vinha de uma Europa destruída pela 1.ª Guerra, em que movimentos separatistas eclodiam em todo o continente.

Aqui se tornou um grande empresário, a ponto de a mídia nacional reconhecer seu prestígio e sua influência na vida política do País. Poucos anos antes de falecer, já no final do século passado, Bloch decidiu publicar na revista Manchete, de sua propriedade, em edição especial, uma série de matérias a respeito do Exército Brasileiro, com ênfase nas vitoriosas Batalhas de Guararapes. Essa sua decisão nasceu de duas constatações: a primeira, a certeza de que os êxitos dessas duas batalhas foram um verdadeiro símbolo da unidade nacional em razão dos enfrentamentos entre os holandeses e a força formada pelo branco, o negro e o índio; a segunda, a presença das Forças Armadas, que, atuando nas fronteiras terrestre e marítima, e ainda no interior, promovia a integridade territorial do Brasil.

Se estivesse vivo, estaria hoje apreensivo e abismado com o sensível momento por que passa a Nação brasileira, em que as expressões "País dividido" e "dois Brasis" são propaladas diuturnamente. Por seu aguçado tirocínio, veria que há fissuras na integridade nacional que, dia a dia, se vão agravando e se constituindo em obstáculos que comprometem o entendimento democrático, necessário às atuais forças políticas. Tais fissuras, surpreendentemente, já são observadas no próprio seio da população. Tudo isso gera um antagonismo crescente "nunca antes visto neste país", iniciado pelo grupo que nos governa, orientado por especialistas de marketing que não se importaram em empregar, principalmente nas propagandas e nos debates eleitorais, todos os meios para que a atual "presidenta" fosse reeleita.

O pobre já está sendo jogado contra a "zelite", o trabalhador contra o patrão, o nordestino contra o sulista, o negro e o índio contra o branco. E o que é mais perigoso, abrangente e preconceituoso, o "nós contra eles". Em síntese, um verdadeiro programa de ódio que já produz na sociedade sintomas de um transtorno de natureza psicossocial em que o outro é o inimigo. E para conturbar mais o quadro, esse ódio dá sinais de que não desaparecerá tão cedo.

Em 1972 a Vila Isabel fez o povo delirar com o enredo denominado Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade. O samba tinha belos versos, como, por exemplo, "aprendeu-se a liberdade/ combatendo em Guararapes/ (...) brasileiros irmanados/ sem senhores, sem senzala". Infelizmente, o enredo da escola e o samba não estão mais em sintonia com o momento atual. Hoje há os "senhores" que atuam em todo o campo político-social, no qual grandes famílias se perpetuam em seus feudos, principalmente no Nordeste, e juntamente com grupos empresariais de poder econômico dominam o mundo político em prol de seus interesses, na maioria escusos. "Coronelismo" e corrupção estão juntos. E as atuais "senzalas", selo de um empobrecimento crescente, estão cada vez mais presentes no País, movidas e alimentadas pelas Bolsas Família e outras benesses doadas pelo governo central. Um voto imposto pelo patrão, ou seja, um voto encabrestado.

Além dessas preocupações políticas, há outras, como o rumoroso caso da Petrobrás, a fragilizada situação econômica, o baixíssimo produto interno bruto e o inevitável descontrole da inflação. Sem contar um Judiciário que em curto prazo, com a próxima indicação de novos membros do STF pelo governo central, poderá vir a ser a nova "Casa Grande", sem dúvida um perigo iminente para o artigo 101 da Constituição federal, pois poderá ser de novo ultrapassado por opção partidária e ideológica.

Oxalá as forças vivas nacionais - tais como a oposição política e a imprensa livre e sem vínculos governamentais - se conscientizem do momento crítico por que passa a Nação brasileira. Que elas lutem e impeçam a realização de mudanças propostas pelo atual governo, principalmente as que visam a implantar medidas que facilitarão o surgimento de regimes espúrios no Brasil. Que se contraponham ao que dizem os intelectuais gramscistas do Foro de São Paulo, quando apregoam que é com "pequenas vitórias que se chega à vitória final". O Decreto 8.243 (PNPS), felizmente rejeitado pela Câmara dos Deputados, foi uma das tentativas. Outras do mesmo teor poderão surgir com o objetivo de modificar estruturas e normas internas para criação de pseudodemocracias, como plebiscitos, referendos e novos decretos.

Entre as forças vivas acima mencionadas, as Forças Armadas devem ser incluídas. Elas fazem parte da sociedade e por sua presença em todo o território nacional conhecem a realidade brasileira e, sem dúvida, sabem que esses antagonismos já visíveis e crescentes poderão levar a Nação a confrontos indesejáveis, como em épocas pretéritas.

Nos 12 anos de governo petista elas permaneceram praticamente em total silêncio. Mas, agora, aspectos antagônicos e manifestos, e outros de cunho latente e sub-reptício, impõem que elas não fechem os olhos para o que está acontecendo no País e não fiquem mudas, para que não sejam acusadas de passividade ante a grave crise da História nacional. Suas ações e palavras desfrutam de alta credibilidade entre o povo brasileiro, apesar das campanhas difamatórias que vêm sofrendo nestes últimos anos. Que em seus estudos de Estado-Maior levem em consideração estes novos antagonismos presentes na vida política do País e analisem o mapa do Brasil com o resultado das últimas eleições presidenciais, para que se inteirem dos riscos que ameaçam a integridade nacional.

Este escrito não é um delírio da "direita reacionária", tampouco nenhuma "apologia golpista", mas uma posição de cidadãos conscientes que almejam um regime democrático sadio e justo para o Brasil e abominam esse arremedo de regime "populista" e desagregador que aí está!

RÔMULO BINI PEREIRA É GENERAL DE EXÉRCITO R/1, FOI CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA DEFESA

domingo, 26 de janeiro de 2014

Forcas Armadas perdem especialistas para empresas privadas: custo de formacao fica com o Estado

O Estado brasileiro funciona (?) mal, isso já sabemos. O que por vezes pouco se sabe é o custo disso para o país, como evidenciado na matéria abaixo, que aliás deixa de avaliar o custo da formação de um engenheiro militar, plenamente operacional, e perdido para o setor privado por salários melhores.
Não, não creio que a solução esteja em obrigá-los a trabalhar para o Estado por certo número de anos. A solução é outra, a adequada, mas ela não virá: o Estado está muito ocupado em pagar bem, demasiadamente bem, a seus juízes e políticos.
O Brasil carece de engenheiros: são eles que produzem patentes.
Os advogados, sociólogos e burocratas em geral só produzem déficit público...
Paulo Roberto de Almeida 

FORÇAS ARMADAS: Mais 250 oficiais pediram demissão em 2013 ─ e é preocupante a saída de engenheiros


Felix Meyer
Usina de Letras, 24/01/2014

O Instituto Militar de Engenharia, um dos grandes centros de excelência das Forças Armadas: só no Exército 46 oficiais engenheiros deixaram a carreira em 2013

Se em 2012 foram 249 os oficiais das Forças Armadas que pediram demissão, abandonaram a carreira e passaram a trabalhar na área civil, o número quase se repetiu em 2013: 250 oficiais pediram demissão, sendo 121 do Exército, 70 da Marinha, e 59 na Força Aérea.
O que impressiona desfavoravelmente é o grande desfalque representado pela saída de nada menos do que 94 engenheiros — formados em centros de excelência como o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), ou o Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro. 
O Exército foi especialmente prejudicado, perdendo nada menos do que 46 engenheiros militares, que preferiram fazer carreira na vida civil. Na FAB, saíram 34 engenheiros aeronáuticos, e, na Marinha, 14 oficiais engenheiros. 
O Exército também foi a única força que perdeu oficiais superiores — de tenente-coronel a general, sendo cinco, no caso, além de 46 capitães e 70 tenentes.
Deixaram a Marinha 32 Capitães-tenentes e 38 Tenentes, e cessaram de vestir a farda da Força Aérea 5 capitães-aviadores e 54 tenentes-aviadores.
A questão salarial não é a única a preocupar os militares de qualquer especialidade. 
O assunto vem sendo debatido pelo blog há algum tempo.

Consultem, por gentileza, os links abaixo: