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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 19 de junho de 2023

O que impede os diplomatas de pensarem com suas próprias cabeças? - Paulo Roberto de Almeida

 O que impede os diplomatas de pensarem com suas próprias cabeças?

Respondo de maneira imediata: tal de “hierarquia e disciplina” e os equívocos de uma “diplomacia presidencial” mal concebida, seguida de forma submissa pela corporação da diplomacia profissional.
Desde 2006, ou seja, desde sua concepção original, eu afirmei que o BRIC diplomático era uma má ideia para o Brasil e para a sua diplomacia. Essa ideia básica, de simples constatação prima face, está consignada em entrevista que dei a Lourival Sant’Anna, em 9/11/2006, publicada no Estadão em 4/12/2006, e que foi objeto de editorial do jornal no dia seguinte(“Atraso made in Brazil”), muito mal recebido pelo então chanceler Celso Amorim, conforme sua própria declaração a mim pouco tempo depois. Nada preciso dizer do acolhimento generalizado nos meios acadêmicos.
No entanto, essa má ideia de unir o Brasil a duas autocracias e a uma outra democracia de baixa qualidade (como aliás a do Brasil) recebeu a adesão entusiástica da diplomacia profissional, apenas por essa adesão irrefletida à tal de hierarquia e disciplina.
Qualquer estudo técnico isento dos objetivos do Brasil nas áreas comercial, de cooperação ou até de prestígio internacional poderia confirmar que eles poderiam ser alcançados por sua atuação independente nos planos multilateral, regional ou bilateral, sem os incômodos de uma adequação a interesses de outros países sem qualquer convergência de valores, princípios e interesses nacionais próprios ao Brasil.
As evidências dessa minha oposição a uma aliança que eu já achava mal concebida desde o início estão aqui disponíveis:
“1686. “Os BRICs e a economia mundial: Algumas questões de atualidade”, Brasília, 13 novembro 2006, 3 p. Notas a partir de entrevista concedida ao jornalista Lourival Sant’Ana, do jornal O Estado de São Paulo, no Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 2006. Entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 04/12/2006, caderno Economia, pág. B7, sob o título “O Bric é só um exercício intelectual”. Postado no Diplomatizzando (14/11/2019; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/11/o-bric-e-economia-mundial-2006-paulo.html).  
Essa entrevista foi objeto de editorial do jornal em 5/12/2006, sob o título “Atraso made in Brazil” (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/06/atraso-made-in-brazil-editorial-o.html), muito mal recebida pelo então chanceler Celso Amorim, como disse pessoalmente a mim, pouco tempo depois.
Continuo achando que a atual postura equivocada adotada pelo governo de Lula 3, em relação à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, deriva desse “pecado original” cometido em 2006.
Transformei essas minhas ideias num livro em formato digital publicado em 2022:
A grande ilusão do Brics e o universo paralelo da diplomacia brasileira,  Apresentação no blog Diplomatizzando (11/06/2022; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2022/06/meu-proximo-kindle-sobre-miragem-dos.html); disponível na Amazon.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 19/06/2023