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quinta-feira, 5 de março de 2015

CPI da Petralhabras: o roteiro de perguntas de O Antagonista

Êta site intrometido. Mas de uma coisa tenho certeza: os bandidos vão ficar calados, querem apostar?
Paulo Roberto de Almeida

Para agilizar o trabalho da CPI

A CPI da Petrobras aprovou a convocação de Graça Foster, Nestor Cerveró, José Sergio Gabrielli, Renato Duque, Pedro Barusco e Alberto Youssef. Para agilizar o trabalho dos parlamentares, sugerimos que:
a) Pergunte-se a Graça Foster sobre as circunstâncias da sua saída da Petrobras, tendo como base a reportagem da Bloomberg que conta como Dilma Rousseff mandou desobedecer a lei e esconder as perdas da Petrobras; como a então presidente da empresa não conseguiu demitir o subordinado Sergio Machado, homem de Renan Calheiros, da presidência da Transpetro; e como Dilma Rousseff ficou contrariada quando ela, Graça Foster, quis colocar as empreiteiras do petrolão na geladeira
b) Indague-se Nestor Cerveró sobre se o Conselho de Administração da Petrobras, na ocasião presidido por Dilma Rousseff, realmente não tinha dados suficientes para brecar a compra da refinaria de Pasadena, um dos piores negócios da história do capitalismo mundial
c) Repita-se, no caso de José Sergio Gabrielli, o mesmo questionamento feito a Nestor Cerveró e se pergunte ao antecessor de Graça Foster sobre as empresas de fachada usadas para construir boa parte do gasoduto Gasene
d) Inquira-se Renato Duque sobre cada uma das propinas por ele recebidas, de acordo com os depoimentos da delação premiada de Pedro Barusco, seu ex-subordinado na Petrobras, e como ele repassava parte delas a petistas graúdos, incluindo José Dirceu. Duque poderá dar ainda informações preciosas sobre João Vaccari Neto, o Moch, tesoureiro do PT
e) Solicite-se a Pedro Barusco que faça um resumo da sua delação premiada, com a contabilidade das propinas que recebeu para ele próprio, Renato Duque e demais corruptos
f) Peça-se a Alberto Youssef que, além de enumerar o quanto pagou a cada político, nomeando-os, conte a negociata entre o banqueiro André Esteves e a BR Distribuidora. Além disso, que ele pormenorize o que disse na sua delação premiada sobre Lula e Dilma saberem do esquema de corrupção na Petrobras

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Petralhabras: so' US$ 200 milhoes? Nao e' possivel! Deve ser muitomais...

Esta matéria abaixo é para registro histórico, e para um sentido de dimensão. Ninguém aqui é ingênuo a ponto de acreditar que os mafiosos totalitários só estavam roubando na Petralhabras. Ou seja, multpliquem essa soma por "n" vezes pois eles são ratazanas famintas.
Paulo Roberto de Almeida

Justiça

PT recebeu até US$ 200 mi em propina, diz delator

Pagamento envolveu 90 contratos de obras de grande porte entre a Petrobras, empresas coligadas e consórcios de empreiteiras, segundo Pedro Barusco

Laryssa Borges, de Brasília, e Daniel Haidar
Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras
Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras (Divulgação)
O ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, afirmou à Justiça, em acordo de delação premiada, que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, recebeu de 150 milhões a 200 milhões de dólares em propina de 2003 a 2013, por meio de desvios e fraudes em contratos com a Petrobras. As revelações de Barusco, ex-braço-direito de Renato Duque, que comandava a Diretoria de Serviços por indicação do ex-ministro da Casa Civil e mensaleiro condenado José Dirceu, colocam mais uma vez o caixa do PT no centro do escândalo do petrolão e devem respingar diretamente nas campanhas políticas do partido, incluindo a da própria presidente Dilma Rousseff. Vaccari foi levado na manhã desta quinta-feira para a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo onde prestou esclarecimentos sobre a arrecadação de recursos para a legenda e foi liberado em seguida.

No depoimento, Barusco fez questão de destacar a relação de proximidade entre Duque e Vaccari, nas palavras dele “um contato muito forte”. Segundo o ex-gerente, Duque e o tesoureiro petista costumavam se encontrar no Hotel Windsor, no Rio, e no Meliá, em São Paulo. Os encontros tinham finalidade clara: trocar informações sobre o andamento de contratos, projetos e licitações da Petrobras.
Ainda que tenha negado irregularidade no sistema de arrecadação de campanhas do PT, Vaccari agora é confrontado pela primeira vez com as informações do delator Pedro Barusco, que concordou em colaborar com a Justiça em troca de reduções de pena. Após firmar o acordo de delação, o ex-gerente confirmou, por exemplo, que iria devolver aos cofres públicos impressionantes 97 milhões de dólares recolhidos a partir do megaesquema de cobrança de propina na Petrobras.
“Durante o período no qual foi gerente executivo de Engenharia da Petrobras, subordinado ao diretor de Serviços, Renato de Souza Duque, de fevereiro de 2003 a março de 2011, houve pagamento de propinas em favor do declarante [Barusco] e de Renato Duque, bem como em favor de João Vaccari Neto”, diz trecho do depoimento de Barusco. “João Vaccari Neto representava o PT na divisão de propinas pagas no âmbito da diretoria de Serviços, nos contratos que ela executava para as diretorias de Abastecimento, Gás e Energia, Exploração e Produção e na própria diretoria de Serviços”, relatou.
Em seu depoimento, o ex-gerente não soube detalhar se o tesoureiro petista recebia a propina em dinheiro ou em transferências no exterior, mas deu revelações que complicam diretamente outro ex-diretor da Petrobras, Jorge Zelada (Área Internacional). Segundo o delator, Zelada também recolhia propina dentro da Petrobras e “negociava propinas diretamente junto a algumas empresas em contratos menores na Área de Exploração e Produção”. Para receber dinheiro do esquema de corrupção dentro da estatal, o ex-diretor Jorge Zelada fazia uma espécie de “encontro de contas” com os demais integrantes da companhia. Em alguns casos, a propina a Zelada foi entregue diretamente em sua casa, na rua Getúlio das Neves, no Rio de Janeiro.
O pagamento de propina no esquema envolveu noventa contratos de obras de grande porte entre a Petrobras, empresas coligadas e consórcios de empreiteiras. Os contratos estavam vinculados às diretorias de Abastecimento, Gás e Energia e Exploração e Produção. No rateio da propina, normalmente eram cobrados 2% do valor do contrato, sendo que 1% era administrado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, e o outro 1%, repartido entre o PT e diretores da Petrobras, incluindo Renato Duque e Jorge Zelada, da Área Internacional da petroleira.
Enquanto as projeções de Barusco apontam que o tesoureiro do PT embolsou até 200 milhões de dólares em nome do partido, no mesmo período o delator recebeu 50 milhões de dólares em dinheiro sujo. Em apenas um contrato de sondas de perfuração de águas profundas para exploração do pré-sal, Vaccari, em nome do PT, recebeu 4,5 milhões de dólares em propina.
Ao relatar em detalhes o esquema de pagamentos na Petrobras, Barusco deu um panorama da divisão do dinheiro recolhido do esquema criminoso e relatou que ele próprio era habitué da movimentação de propina na estatal. Segundo o próprio delator, ele começou a receber propina em 1997 ou 1998 da empresa holandesa SBM Offshore enquanto ainda ocupava o cargo de gerente de Tecnologia de Instalações da Petrobras. A propina entre a SBM e a Petrobras se tornou “sistemática” a partir do ano 2000, com uma espécie de parceria fixa entre Barusco e o executivo Julio Faerman, da empresa holandesa. Os pagamentos eram mensais, variando de 25.000 dólares a 50.000 dólares. Em um dos casos, quando já ocupava a gerência-executiva de Engenharia, recebeu 1% de propina de Faerman em um contrato entre a empresa Progress e a Transpetro.
Faerman é apontado como homem-chave para desvendar o escândalo de corrupção que envolve a Petrobras. Em uma denúncia feita por um ex-funcionário da companhia holandesa SBM Offshore, ele é citado como o lobista responsável por intermediar pagamentos de propina a funcionários da empresa. 
Graça Foster – Em seu depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato, Barusco não apontou a presidente demissionária da Petrobras Graça Foster como beneficiária direta de propina na estatal, mas afirma que parte dos contratos onde o rateio de dinheiro era feito estavam vinculados à diretoria de Gás e Energia, que já foi ocupada por Graça. Barusco indicou que Graça Foster não sabia do esquema de propina e ponderou que se ela e Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia, sabiam, “conservavam isso para si”.
O ex-gerente, porém, fez revelações que complicam diretamente outro ex-diretor da Petrobras, Jorge Zelada (Área Internacional). Segundo o delator, Zelada também recolhia propina dentro da Petrobras e “negociava propinas diretamente junto a algumas empresas em contratos menores na Área de Exploração e Produção”. Para receber dinheiro do esquema de corrupção dentro da estatal, o ex-diretor Jorge Zelada fazia uma espécie de “encontro de contas” com os demais integrantes da companhia. Em alguns casos, a propina a Zelada foi entregue diretamente em sua casa, na rua Getúlio das Neves, no Rio de Janeiro.

Quando Renato Duque deixou a Diretoria de Serviços, em 2012, ele fez uma espécie de acerto de contas com Barusco para receber parte da propina que havia sido direcionada inicialmente ao auxiliar. No acordo, Barusco destinou valores de futuras propinas para o ex-chefe – pelo acordo do Clube do Bilhão, as empresas precisavam confirmar o pagamento de dinheiro na trama criminosa. Apenas a Camargo Corrêa, por exemplo, devia 58 milhões de reais em propina na época.

Depoimentos – No fim de novembro, Barusco prestou diversos depoimentos reservados ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal após acordo de delação premiada. Nas palavras de um dos investigadores, foram "demolidores" no detalhamento da atuação de Renato Duque. 
As revelações de Barusco foram a principal motivação da nova fase da Operação Lava Jato, na qual Vaccari e outros dez operadores da Diretoria de Serviços foram alvos. Com o cumprimento dos mandados, as informações não tinham mais necessidade de sigilo, na avaliação da Justiça, e os depoimentos foram disponibilizados em um dos processos contra executivos de empreiteiras. 
Leia também:
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Impeachment: o assunto entra na pauta da "midia golpista" (mas FSP??!!) - Ives Gandra Martins

Decisão política
Há elementos jurídicos para admissão de impeachment de Dilma, diz Ives Gandra
Folha de S.Paulo, 03/02/2015 - pág 3

O jurista Ives Grandra Martins elaborou um parecer afirmando que há elementos jurídicos para que seja proposto e admitido o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Para ele, os crimes culposos de imperícia, omissão e negligência estão caracterizados na conduta de Dilma, tanto quando foi presidente do Conselho da Petrobras, quanto agora como presidente da República.
Ives Gandra ressalta que, apesar dos aspectos jurídicos, a decisão do impeachment é sempre política, pois cabe somente aos parlamentares analisar a admissão e o mérito. Ele lembra do caso de Fernando Collor de Mello, que sofreu o impeachment por decisão dos parlamentares, mas que depois foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. A corte não encontrou nexo causal para justificar sua condenação, entre os fatos alegados e eventuais benefícios auferidos no governo.

No documento, produzido a pedido do advogado José de Oliveira Costa, o jurista analisa se a improbidade administrativa prevista no inciso V, do artigo 85, da Constituição Federal, decorreria exclusivamente de dolo, fraude ou má-fé na gestão da coisa pública ou se também poderia ser caracterizada na hipótese de culpa, ou seja, imperícia, omissão ou negligência administrativa.

Para Ives Gandra, o dolo nesse caso não é necessário. Segundo ele, o texto constitucional não discute se a pessoa é honesta ou se houve má-fé. Ele afirmaque a Constituição não fala propriamente de atos de improbidade, mas atos contra a probidade de administração. Para ele, culposos ou dolosos, atos que são contra a probidade da administração podem gerar o processo político de impeachment.

“Quando, na administração pública, o agente público permite que toda a espécie de falcatruas sejam realizadas sob sua supervisão ou falta de supervisão, caracteriza-se a atuação negligente e a improbidade administrativa por culpa. Quem é pago pelo cidadão para bem gerir a coisa pública e permite seja dilapidada por atos criminosos, é claramente negligente e deve responder por esses atos”, afirma.

Ives Gandra afirma ainda que, de acordo com a legislação, comete o crime de improbidade por omissão quem se omite em conhecer o que está ocorrendo com seus subordinados, permitindo que haja desvios de recursos da sociedade para fins ilícitos.

Caso concreto
Ao analisar o caso da Petrobras, o jurista entende que os atos fraudulentos e os desvios já são fatos, restando apenas descobrir o comprometimento de cada um dos acusados. No caso da presidente Dilma Rousseff, Ives Gandra diz que à época que começaram as fraudes investigadas ela era presidente do Conselho de Administração que, por força da lei das sociedades anônimas, tem responsabilidade direta pelos prejuízos gerados à estatal durante sua gestão.

"Parece-me, pois, que, em tese, o crime de responsabilidade culposa contra a probidade está caracterizado, pois quem tem a responsabilidade legal e estatutária de administrar, deixou de fazê-lo”, afirma. Para o jurista, a presidente também cometeu crime ao manter a gestão da Petrobras, mesmo sabendo dos casos de corrupção.

“Há, na verdade, um crime continuado da mesma gestora da coisa pública, quer como presidente do conselho da Petrobras, representando a União, principal acionista da maior sociedade de economia mista do Brasil, quer como presidente da República, ao quedar-se inerte e manter os mesmos administradores da empresa”.

“Concluo, pois, considerando que o assalto aos recursos da Petrobras, perpetrado durante oito anos, de bilhões de reais, sem que a presidente do Conselho e depois presidente da República o detectasse, constitui omissão, negligência e imperícia, conformando a figura da improbidade administrativa, a ensejar a abertura de um processo de impeachment”.

Clique aqui para ler o parecer: http://s.conjur.com.br/dl/parecer-ives-gandra-impeachment.pdf

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Crimes economicos do lulo-petismo: Custo Petrobras - Carlos Alberto Sardenberg

Acho que não preciso acrescentar mais nada, ou talvez sim.
Estou somando, ou tentando somar os custos econômicos do lulo-petismo no Brasil (e fora dele).
Só posso dizer que foram enormes, talvez maiores do que dois PIBs (porque além dos projetos equivocados, da roubalheira, do dinheiro dado a ditadores, ainda tem aquilo que os economistas chamam de custo oportunidade, ou seja, o que se deixou de investir racionalmente, e o que se deixou de ganhar...).
Essa turma está custando caro ao país...
Paulo Roberto de Almeida

Custo Petrobras

Carlos Alberto Sardenberg

O Globo, 29/01/2015

Graça gastou dinheiro mandando refazer as plantas nos EUA, mas agora, dado o evidente desastre, cancelou tudo

Há menos de seis anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal “Valor Econômico". Entre outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobras não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008. “Convoquei o conselho da empresa", contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo.
Duas seriam refinarias Premium, uma no Maranhão, com previsão de refino de 600 mil barris/dia, a maior do país, e outra no Ceará, para 300 mil barris/dia.
Ontem, ainda na madrugada de terça para quarta, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, informou que a companhia simplesmente desistiu dos projetos Premium. Disse que a estatal não encontrou parceiros e que o negócio, afinal, não era viável economicamente.
Parece que não tem nada de mais. Algo assim como: “Foi mal, desculpa aí”.
Mas tem — nada menos que R$ 2,7 bilhões. Esse é o dinheiro que foi torrado em dois projetos que não saíram do papel. Na Premium I, a do Maranhão, ainda foram concluídas obras de terraplenagem, com “investimentos” de R$ 2,1 bilhões. Na II, do Ceará, a Petrobras conseguiu gastar R$ 600 milhões para praticamente nada.
Faz tempo que Graça Foster sabe que os projetos estavam furados. Desde 2012, pelo menos. Disse então que a companhia estava reavaliando a coisa, incluindo os equipamentos já comprados. Sim, Graça confirmou que equipamentos haviam sido adquiridos antes da definição dos projetos.
Graça ainda gastou dinheiro mandando refazer as plantas nos Estados Unidos — mas agora, dado o evidente desastre, cancelou tudo.
Curiosidade: ainda ontem à tarde, na página da Petrobras, lá constavam as duas refinarias, na categoria de novos empreendimentos. Pelo texto, coisas grandiosas. Pelo que disse ontem a presidente Graça Foster, a decisão de cancelar as refinarias foi tomada no último dia 22. Esqueceram de avisar o pessoal do site.
Na verdade, é mais do que isso. A história não deixa dúvida: isso aí é “Custo Lula", mas também um custo a ser atribuído à diretoria da Petrobras e seu Conselho de Administração, no momento em que a companhia assumiu projetos tão mal desenhados e durante todo o tempo em que o desastre foi simplesmente escondido. Dilma Rousseff contou que, quando presidente do Conselho da Petrobras, foi levada ao equívoco ao se basear em documentos frágeis para autorizar a compra da refinaria de Pasadena. Pois parece que há muitos outros equívocos a contabilizar.
As outras duas refinarias que a Petrobras, então presidida por José Sergio Gabrielli, foi levada a fazer por decisão de Lula são a do Nordeste (Abreu e Lima) e o Comperj, do Rio, dois projetos que saíram do papel, mas a preços escandalosamente elevados.
Outra curiosidade: ainda ontem, estavam funcionando direitinho os escritórios das refinarias Premium em Fortaleza e São Luís. As obras tinham óbvio caráter político, espécie de prêmio para aliados no Nordeste. Por isso foi tão difícil cancelar: o negócio tinha outras funções além de refinar petróleo. Aliás, parece que a única coisa que não importava era o refino.
E pensar que os R$ 2,7 bilhões são coisa pequena diante dos erros, desvios, roubos e superfaturamento que a empresa ainda nem conseguiu contar. É explosiva a combinação da gestão “vamo-que-vamo”, para a qual fazer contas é coisa de neoliberal, com corrupção.
ECONOMIA
Como dizia Mario Henrique Simonsen: muitas vezes é melhor pagar a propina e não fazer a obra; sai mais barato para o contribuinte.
VISIONÁRIO
Como dizia Eike Batista: um dia a OGX vai valer tanto quanto a Petrobrás.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/custo-petrobras-15181216#ixzz3QHCZ6H3Z
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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Petrolao e partido totalitario: a Mafia e as penas - eu e Reinaldo Azevedo

Começo por uma evidência: penas existem para os que cometeram crimes, podendo haver a tal de leniência (ou seja, uma pena menor) para a delação premiada. Isto quer dizer que doleiro, empresários e mafiosos petralhas têm de ir para a cadeia, no grau determinado pela sua culpabilidade e colaboração.
Mas o dinheiro roubado, esse não tem de ser objeto de nenhuma dosimetria: tem de ser devolvido 100%. Todo!
Paulo Roberto de Almeida
O procurador da República do Paraná Deltan Dallagnol, que integra a força-tarefa da Lava Jato, concedeu por escrito uma entrevista ao jornal O Globo. Disse coisas com as quais concordo inteiramente. Outras têm de ser devidamente sopesadas. Começo por aquilo em que pode haver discordância não exatamente na origem da constatação, mas nos desdobramentos. Vamos ver.
Dallagnol afirma o seguinte sobre as empreiteiras que participaram do esquema do Petrolão: “As empreiteiras são protagonistas de um grande e danoso esquema criminoso de sangria de recursos públicos que ocorre há muitos anos. A corrupção é praticada há tanto tempo por essas empresas que se tornou um modelo de negócio que objetivava majorar lucros. Se as empresas se organizaram em cartéis para fraudar licitações e aumentar ilegalmente suas margens de lucro, não faz sentido alegar que foram vítimas de achaques por seus cúmplices”.
Vamos lá. Que elas cometeram crime, não há dúvida. Que se organizaram para negociar com os bandidos que estavam na Petrobras, também não. Que participaram do jogo, quando poderiam tê-lo denunciado, idem. Então, de fato, os comandantes das empresas também agrediram a lei e têm de ser punidos.
Mas precisamos tomar cuidado para que isso não distorça a natureza do jogo: a Petrobras estava sob o comando de um partido político — e não de vários. PMDB e PP estavam lá segundo a lógica do loteamento, mas a estatal estava subordinada a um ente de razão chamado PT e obedecia a uma visão estratégica de poder. Caso se considere que os agentes criminosos da Petrobras estão em pé de igualdade com os agentes criminosos das empreiteiras, sabem o que vai acontecer? Vai desaparecer a essência da questão: um partido político fez da estatal instrumento da tomada e consolidação do poder.
O procurador negou que tenha havido promessa de pagamento de taxa de sucesso para Youssef. E concordo com o seu argumento quando diz que converter a redução de uma multa num imóvel não é prêmio. Vamos lá. Afirmei neste blog ontem: “A multa é parte da pena, como é a prisão. Tanto é que passa por uma espécie de dosimetria também. Se Youssef terá reduzido tempo de reclusão em razão de ter colaborado com a Justiça, o mesmo deve ocorrer com a sanção pecuniária. É parte do jogo”. Disse hoje o procurador ao Globo: “Assim como é possível reduzir a pena de prisão em razão da colaboração, também é possível também reduzir a pena de multa de modo proporcional à colaboração”.
É isso.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Petrolao: alguem ai acha que so um diretor roubou na Petrobras???

Caro leitor, reflita comigo: sendo a Petrobras a mais farta vaca financeira do esquema companheiro, e tendo ela "n" diretores e milhares de funcionários, vc acha, realmente, que só esse diretorzinho delator roubou? 
Não seja ingênuo: ele distribuía apenas para o esquema político de sustentação do governicho companheiro, mas ainda temos de contar outros dutos e vias pelas quais os companheiros se abasteciam exclusivamente, entendeu?
Esse diretor só caiu porque tinha relações com um cambista que já tinha sido objeto de processo anterior e se safado justamente por meio de delação premiada.
Quem diz que esse era o único duto a partir da vaca petrolífera?
Procurando, vai-se encontrar...
Afinal de contas, os companheiros são ratazanas se lançando famintas a um butim que só grandes capitalistas costumavam frequentar.
Eles são os capitalistas da rapina...
Paulo Roberto de Almeida 

Editoriais

terça-feira, 9 de setembro de 2014


Um pré-sal de lama: O Estado de S. Paulo - Editorial

É ainda muito pouco - e incerto - o que acaba de vir a público do esquema de corrupção na Petrobrás, a partir das informações que o ex-diretor de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa teria repassado ao Ministério Público e à Polícia Federal desde que começou a contar o que saberia sobre o pré-sal de lama na petroleira. Ele se tornou delator na esperança de escapar a penas que podem somar 50 anos de prisão por suas traficâncias com o doleiro Alberto Youssef, desarticuladas pela Operação Lava Jato em março último. Youssef teria branqueado R$ 10 bilhões. No setor de seu parceiro, as maracutaias podem ter custado à Petrobrás R$ 3,4 bilhões em propinas pagas a autoridades, políticos e empresários, estima o jornal Valor, à razão de 3% de cada contrato assinado.

Segundo o Estado, pelo menos 32 figurões - entre parlamentares, um governador e um ministro - teriam se beneficiado. O jornal citou o presidente do Senado, Renan Calheiros. Para a Folha de S.Paulo, seriam 62 os envolvidos. Já a revista Veja fala em 36, dos quais nomeia 12. Notadamente, além de Calheiros, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves; a governadora do Maranhão, Roseana Sarney; o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, todos do PMDB; e o pernambucano Eduardo Campos, que comandava o PSB. Os demais incluem o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte e o senador Ciro Nogueira, ambos do PP. Os petistas são o deputado Cândido Vaccarezza e o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Não se informou o que teriam praticado.

Mas o que se publicou foi suficiente para obrigar os principais candidatos ao Planalto a repensar as suas estratégias, a menos de um mês do primeiro turno. Esta insólita campanha já tinha mudado de rumo depois da morte de Eduardo Campos. Antes dominada por Dilma Rousseff e Aécio Neves, a disputa virou de ponta-cabeça. No lugar do ex-governador, Marina Silva disparou nas pesquisas, em prejuízo do tucano e ameaçando a reeleição da petista. Agora, o clima tende a mudar. O tema da corrupção migra da periferia para o centro do debate - tendo como foco o que se cometeu, desde a ida do PT ao poder, na maior e mais estimada empresa nacional.

Não bastará Dilma alegar que o noticiário "não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado", para dissipar as suspeitas - anteriores aos depoimentos de Costa, mas potencializadas pelo que a imprensa lhe atribui - de que ela olhou para o outro lado enquanto prosseguia a predação da Petrobrás, iniciada nos anos Lula. A hipótese se ampara na lógica e nos fatos. Se o mensalão consistiu no suborno de deputados para que aprovassem os projetos tidos como essenciais pelo então presidente, o assalto tolerado à petroleira decerto servia, na esfera política, para satisfazer os membros, não raro influentes, da base aliada, de modo a assegurar a coligação eleitoral que daria à candidata quase a metade do tempo do horário de propaganda. Se assim é, Dilma tirou da roubalheira proveito material - contabilizado, no caso, em minutos e segundos.

Os fatos, por sua vez, apontam com mais firmeza ainda o dedo para o Planalto. Em dobradinha com Calheiros, a presidente asfixiou a investigação parlamentar sobre a estatal, cujo ponto de partida era o caso da Refinaria de Pasadena, e cujo ponto de chegada poderia ser um terremoto político comparável à sangria a que o patrimônio da Petrobrás foi submetido nos anos recentes. Dilma argumentou que a CPI pretendida pela oposição - afinal, foram criadas duas, desfibradas - era "eleitoreira". Agora, ironia das ironias, as confissões atribuídas ao ex-diretor apadrinhado pelo PP, endossado pelo PMDB e avalizado por Lula podem fazer mais estragos para Dilma do que uma CPI cujos membros buscam antes o voto do que as verdades a apurar.

Pode sobrar também para Marina devido à menção do político pernambucano a que se achegou para ser a sua vice (não bastasse a história dos laranjas do avião cedido à campanha). Já Aécio, enquanto nada incriminar qualquer dos dirigentes dos nove partidos que o apoiam, se lançará à chance de voltar a subir nas pesquisas.
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Petrobras como prêmio: Folha de S. Paulo - Editorial

• Ex-diretor da estatal indica políticos que estariam envolvidos em esquema de corrupção; delação ainda precisa ser comprovada

Se vier a ser confirmado, o relato de Paulo Roberto Costa sobre desvio de recursos da Petrobras ajudará a esclarecer um escândalo de corrupção que, pelos valores envolvidos e pelo número de políticos implicados, encontrará poucos paralelos na história brasileira.

Consta que, num acordo de delação premiada, o ex-diretor da estatal apontou 12 senadores, 49 deputados federais e pelo menos um governador atualmente no cargo que se beneficiaram do esquema. Tratava-se, em resumo, de abocanhar o equivalente a 3% dos contratos da maior empresa brasileira.

As cifras eram apetitosas. A construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, já consumiu mais de R$ 40 bilhões. Calculado sobre o valor total da obra, o butim alcançaria, só nesse caso, R$ 1,2 bilhão --o mensalão petista, segundo a Procuradoria-Geral da República, mobilizou R$ 141 milhões em dois anos.

A sangria dos cofres da Petrobras durou muito mais tempo. A crer no depoimento de Paulo Roberto Costa, ocorreu de 2004 a 2012, período no qual ele comandou a diretoria de Abastecimento, aonde chegou por indicação do PP.

Reportagem da revista "Veja" publicada neste final de semana arrolou alguns nomes que teriam aparecido nas declarações de Costa. Estão lá personagens de relevo na política nacional, como Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara.

Também figuram o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), os ex-governadores do Rio e de Pernambuco, Sérgio Cabral (PMDB) e Eduardo Campos (PSB), morto em agosto, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entre outros.

Diga-se, contra os citados, que a pilhagem é mais que plausível. Intermediando negócios da estatal com fornecedores, o próprio Costa seria responsável pelas propinas. O ex-diretor da Petrobras, aliás, já foi preso duas vezes; contas na Suíça, atribuídas a ele, reuniam US$ 23 milhões (R$ 52 milhões).

Reconheçam-se, por outro lado, as fragilidades do que se sabe até agora. De que maneira o dinheiro era distribuído? Abastecia campanhas ou contas pessoais? Por que, entre tantos nomes envolvidos, divulgaram-se apenas esses? E por que a um mês da eleição?

São perguntas que impõem certa cautela, assim como a própria condição de Paulo Roberto Costa. Ele tem todo o interesse em tentar encurtar sua prisão, o que pode fazer não apenas narrando fatos reais, mas também confundindo a Justiça --hipótese em que os verdadeiros criminosos entenderiam o recado e tratariam de ajudá-lo.

É crucial, portanto, que as autoridades competentes procedam com isenção, transparência e velocidade. A demora nas investigações só beneficia quem se alojou no governo com o propósito de dilapidar o patrimônio público.