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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

As eleições americanas e a diplomacia bolsolavista - Reinaldo Azevedo (O Globo); Lauriberto Pompeu (Congresso em Foco)

 Para diplomatas, posts de Eduardo sobre eleição dos EUA mostram despreparo

Reinaldo Azevedo
Colunista do UOL
06/11/2020 14h13
https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2020/11/06/para-diplomatas-posts-de-eduardo-sobre-eleicao-dos-eua-mostram-despreparo.htm

Integrantes do Itamaraty avaliam que, se ainda restava dúvidas sobre o despreparo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para ocupar o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, estas acabaram de vez, durante a eleição presidencial entre Donald Trump e Joe Biden.

A atuação do filho "02" do presidente Bolsonaro, que resolveu questionar a legitimidade da apuração nos EUA, sem provas, reproduzindo o discurso de Trump, foi descrita como uma grande "gafe" para quem já teve (ou tem) a ambição de ocupar um posto diplomático. A avaliação de diplomatas é que Eduardo fere um princípio básico da boa diplomacia, de não interferir na política de outro país.(...) 
Leia íntegra em O Globo.

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Ex-chanceleres defendem que Bolsonaro mude política externa por Biden

Por Lauriberto Pompeu 
Congresso em Foco, 06 nov, 2020 - 15:20
https://congressoemfoco.uol.com.br/governo/ex-chanceleres-defendem-que-bolsonaro-mude-politica-externa-por-biden/

Os ex-ministros das Relações Exteriores Aloysio Nunes e Celso Amorim defenderam, em entrevista ao Congresso em Foco  que o governo brasileiro mude sua atual política externa e ambiental para ter uma relação de respeito com o provável novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Aloysio Nunes, que comandou o Itamaraty durante o governo de Michel Temer (MDB), afirmou que mudar os atuais ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, não bastaria para que o governo brasileiro se adaptasse à gestão de Biden, que tem cobrado o compromisso do Brasil de preservar a Amazônia e ameaçado sanções ao país caso isso não aconteça.

"A política externa é do presidente. Para sua formulação, nos seus aspectos mais polêmicos, concorrem o ministro [das Relações Exteriores, Ernesto Araújo], o deputado Eduardo Bolsonaro e o assessor Filipe Martins, mas quem manda é o presidente e essa política, com suas obsessões, é importante para o apoio da ala mais radical de sua base social", afirmou o tucano.

Nunes afirmou que a atual política ambiental de Bolsonaro pode trazer riscos à economia brasileira.

"Uma resolução recente da Comissão de Orçamento da Câmara [dos EUA], de maioria democrata, dá bem a medida da zona de atrito com a administração Biden: disposição de barrar novos acordos econômicos com o Brasil caso seja mantida a postura do nosso governo na área ambiental. Não nos esqueçamos que Biden mencionou a Amazônia no debate crucial com Trump. Por aí virão pressões muito fortes."

E completou: "Se houver mudança na política ambiental do governo Bolsonaro isso não seria um 'prejuízo' nem para o Brasil nem mesmo para o presidente que lucraria se atirasse essa pesada carga ao mar".

De acordo com o ex-ministro, mesmo com a afinidade com as ideias de Donald Trump, Bolsonaro pode estar disposto a ter uma boa relação com Jon Biden.

"O fato de Bolsonaro segurar a alça do caixão de Trump, de quem ele se considera amigo, não impedirá relações positivas com o novo morador da Casa Branca. O Brasil é um país relevante, nossa diplomacia é muito competente e saberá identificar pontos de convergência, e o novo presidente [dos EUA] terá dores de cabeça suficientes na agenda internacional e na agenda interna e não creio que vá buscar mais sarna para se coçar."

O ex-chanceler Celso Amorim, que foi ministro das Relações Exteriores durante os governos de Itamar Franco e Lula, defende que haja uma política exterior de respeito mútuo entre Bolsonaro e Biden.

"Eu esperaria que essa atitude de submissão possa ser substituída, não tem que buscar uma relação igual porque ela não era boa, era ruim para o Brasil, não era uma relação de um país soberano, o que tem que procurar é uma relação mutuamente respeitosa", declarou.

Amorim sugeriu mudanças na política ambiental brasileira e não vê problemas do país seguir as orientações de Biden, desde que não sejam violadas a decisões soberanas brasileiras.

"Nem de submissão, nem de agressão. Por exemplo na questão do clima, se os Estados Unidos quiserem cooperar com o Brasil na mudança do clima, na Amazônia, acho que é perfeitamente razoável desde que obedeça, siga os projetos brasileiros decididos soberanamente pelo Brasil".

O ex-ministro das Relações Exteriores mencionou o período entre de 2003 a 2008, quando Lula era presidente do Brasil e o republicano George W. Bush presidia os Estados Unidos. Amorim afirmou que havia uma relação respeitosa entre os dois países mesmo com as diferenças ideológicas.

"Tem que encontrar uma maneira de ter uma relação de trabalho que seja uma relação mutuamente proveitosa sem submissões, que aliás foi o que aconteceu no governo Lula e o governo Bush. Qual a afinidade ideológica que havia entre eles? Nenhuma, nós condenamos a invasão do Iraque, não mudamos nossas votações, mas cooperamos. Tanto em assuntos bilaterais quanto em outros da região."

Na mesma linha de Aloysio Nunes, Amorim disse que o papel dos atuais ministros das Relações Exteriores e do Meio Ambiente é de obedecer o projeto de Jair Bolsonaro. De acordo com ele, uma mudança nos ministérios poderia sinalizar uma alteração de rumo nas áreas, mas essa alteração teria que partir de Bolsonaro.

"Eles seguem orientações. Não tenho nenhuma razão para defender nenhum dos dois, de jeito nenhum, mas acho que não pode situar o problema neles. Pode haver uma mudança neles para dar um sinal, mas o problema é que eles apenas aderiram oportunisticamente a uma agenda, mas a agenda vem de cima, é óbvio, ou de fora, dependendo de como você quiser ver, fora do Brasil até, da extrema direita norte-americana", declarou.

"Isso a gente terá que mudar e como a extrema direita norte-americana tem uma relação forte quanto ao governo brasileiro, com o presidente, também com o ministro, mas não é só com o ministro, ministro é um instrumento. Quando você muda a política às vezes tem que mudar o ministro, agora é preciso ter desejo de mudar a política, isso não depende só do ministro". completou.



domingo, 14 de junho de 2020

Os EUA possuem generais constitucionais; o Brasil tem generais GOLPISTAS - Reinaldo Azevedo

Sem comentários; e precisa?
Bem, resolvi fazer o meu: 
"Quando eu ouço falar em impeachment, eu puxo logo o meu revólver", parodiando uma famosa frase que, nos tempos do nazismo triunfante se aplicava à... CULTURA.
Ora, ora vejam só: quando os nossos generais CONCLUEM que estão "esticando muito a corda", no TSE, por exemplo, ou até nesse antro golpista que é o STF, eles tratam de arrumar o seu próprio golpe.
Pôxa vida: e eu que pensava que os nossos generais já tinham sido curado dessa mania de golpes. Que ingênuo eu sou...
Paulo Roberto de Almeida

Ramos, o valente, nega golpe e ameaça com golpe! E Mark Milley, o fracote

Reinaldo Azevedo, 13/06/2020

General Luiz Eduardo Ramos, do Brasil, e general Mark Milley, chefe máximo da maior força militar da história da humanidade: a dos EUA. Adivinhem quem pede desculpas ao povo e quem decide ameaçá-lo caso seja contrariado - Sérgio Lima/Poder 360 e Chip Somodevilla/Getty Images
General Luiz Eduardo Ramos, do Brasil, e general Mark Milley, chefe máximo da maior força militar da história da humanidade: a dos EUA. Adivinhem quem pede desculpas ao povo e quem decide ameaçá-lo caso seja contrariado Imagem: Sérgio Lima/Poder 360 e Chip Somodevilla/Getty Images

Alguns militares brasileiros têm um estranho jeito de negar a possibilidade de um golpe de estado: primeiro simulam ofender-se até com a pergunta. Depois, bem... Rola um "É bom não abusar..." Vale dizer: sim, eles acham possível. Leiam este trecho da entrevista de Luiz Eduardo Ramos à "Veja". Ele é secretário de Governo e, ora, ora, general da ativa, o que é uma aberração única entre as democracias. Volto em seguida.
*
Qual a possibilidade de um golpe militar no Brasil?
Fui instrutor da academia por vários anos e vi várias turmas se formar lá, que me conhecem e eu os conheço até hoje. Esses ex-cadetes atualmente estão comandando unidades no Exército. Ou seja, eles têm tropas nas mãos. Para eles, é ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático. O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora, o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda.
O senhor se refere a exatamente o quê?
O Hitler exterminou 6 milhões de judeus. Fora as outras desgraças. Comparar o presidente a Hitler é passar do ponto, e muito. Não contribui com nada para serenar os ânimos. Também não é plausível achar que um julgamento casuístico pode tirar um presidente que foi eleito com 57 milhões de votos.
O que seria um julgamento casuístico?
Um julgamento do Tribunal Superior Eleitoral que não seja justo. Dizem que havia muitas provas na chapa de Dilma e Temer. Mesmo assim, os ministros consideraram que a chapa era legítima. Não estou questionando a decisão do TSE. Mas, querendo ou não, ela tem viés político.
E se essa impugnação vier a acontecer?
Sinceramente, não vou considerar essa hipótese. Acho que não vai acontecer, porque não é pertinente para o momento que estamos vivendo. O Rodrigo Maia (presidente da Câmara) já disse que não tem nenhuma ideia de pôr para votar os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Se o Congresso, que historicamente já fez dois impeachments, da Dilma e do Collor, não cogita essa possibilidade, é o TSE que vai julgar a chapa irregular? Não é uma hipótese plausível.
(...)
RETOMO
Ou seja: Ramos acena com a hipótese ultrajante do... "golpe", só afastada caso, então, o TSE vote de acordo com a pretensão do governo.
Observem que ele nem mesmo se refere às acusações que pesam ou venham a pesar contra a chapa que elegeu Bolsonaro. Ele se volta para a chapa que elegeu Dilma-Temer — notando sempre que a presidente já havia sido afastada.
Mas e se aparecer razão para a cassação da chapa? Bem, aí ele nem quer pensar. Seu colega, o general Augusto Heleno, chama isso de "consequências imprevisíveis".
É um deboche.
O general pode ficar tranquilo que todos entendemos que ele quis deixar claro que tem, se preciso, as tropas nas mãos. Ele o diz ao menos. Afinal, foi instrutor de todos os que as comandam. Ele os conhece. Eles o conhecem.
É evidente que se trata de uma ameaça!
Alô, as sete excelências que compõem o TSE! Pouco importa o que possa aparecer por aí. O general Ramos, instrutor de todos os que comandam tropas, não aceita a cassação da chapa. Ele ignora o conteúdo dos autos. E daí? Já decretou que seria uma cassação casuística.
E por que ele pode ser, então, juiz dos juízes — ou melhor: por que ele pode ser o limite do juízo dos juízes? Deve ser, justamente, por causa das tropas.
Nem vou especular se um presidente que incita seus milicianos a invadir hospitais pode ser comparado a um líder fascista. O questionamento é bobagem porque o método é fascistoide.
"OUTRO LADO"
Acho impressionante, vexaminoso e perverso que um general-de-exército se deixe trair e se refira a uma parte dos brasileiros como "o outro lado". Parece que as Forças Armadas do Brasil, então, existem para sustentar as posições de um dos lados e, se preciso, prender o outro.
MARK MILLEY
Vejo este Ramos, um general da ativa que comete o despropósito de ser coordenador político de governo, ameaçando um tribunal superior e penso no general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto dos EUA.
Ele pediu desculpas por ter participado, de uniforme, no dia 1º de junho, da caminhada de Donald Trump para fazer uma foto na Igreja Episcopal de São João, perto da Casa Branca, depois de a Guarda Nacional ter dissolvido um protesto contra o racismo e a violência policial.
Disse sem tergiversar a autoridade máxima militar da maior máquina de guerra da história da humanidade: "Eu não deveria ter estado lá. Minha presença naquele momento e naquele ambiente criou uma percepção de envolvimento dos militares na política interna."
E o fez num vídeo, para ser replicado para o mundo, a ser exibido no início do ano letivo da Universidade Nacional de Defesa.
Disse Mais:
"Como oficial da ativa, foi um erro, e aprendi com ele. Espero sinceramente que todos nós aprendamos. Nós, que usamos as insígnias de nossa nação, que viemos do povo, devemos sustentar o princípio de Forças Armadas apolíticas, que tem raízes firmes na base da nossa República."
DOCUMENTO
Trump já havia classificado de terroristas as manifestações contra o racismo e ameaçado chamar as Forças Armadas ou convocar a Guarda Nacional.
Poucos se deram conta, mas, no dia 2, Milley assinou uma declaração, corroborada pelos comandantes de todas as forças militares do país, lembrando que:
- cada membro das Forças Armadas dos EUA jurou defender a Constituição e os valores que nela vão;
- a Constituição está fundada no princípio de que homens e mulheres nascem livres e iguais e têm de ser tratados com dignidade e respeito;
- a Carta garante o direito à liberdade de expressão e à reunião pacífica;
- os homens e mulheres que vestem farda estão comprometidos com os valores da Constituição;
- os destacamentos da Guarda Nacional estão sob o comando dos governadores e devem proteger a vida, a propriedade (a vida veio primeiro, note-se...), a paz e a segurança pública;
- as Forças Armadas são compostas por pessoas de todas raças, cores e credos e estão subordinadas à Constituição.
Vale dizer: Milley deixou claro que os militares não mandam na Constituição. É a Constituição que manda nos militares.
A maior máquina de guerra do mundo — que, a rigor, pode se impor em qualquer lugar do planeta — deixa claro que jamais se imporia a seu próprio povo e aos poderes constituídos.
Sem guerras para lutar, alguns dos nossos generais preferem se voltar contra os nacionais — que o general Ramos chama "o outro lado".
Isso me lembra a maior tragédia da história argentina: a guerra das Malvinas. Morreram ou desapareceram nada menos de 30 mil pessoas durante a ditadura militar.
Ou por outra: esmagar a população civil era tarefa fácil, coisa que qualquer covarde despreparado podia fazer.
Quando chegou a armada inglesa, então se pôde conhecer do que eram capazes aqueles valentões.
A lamentar que tantos jovens, quase crianças ainda, tenham perdido a vida em razão dos homicidas compulsivos que assumiram o comando das Três Forças no país.
ENCERRO
Que fique, então, o recado do general Ramos aos sete ministros do TSE: não importa quantas cobras e lagartos possam eventualmente aparecer por aí, o general não quer nem pensar na hipótese de uma cassação da chapa.
Ele diz que é bom não esticar a corda.
Todos os comandantes de tropas foram seus alunos, ele avisa também.
E, como sabemos, há uma tradição a ser honrada de forças militares latino-americanas, né? Sempre foram exímias na repressão ao próprio povo.
Mas, por favor, não falemos sobre golpe.
Isso é ultrajante.
A não ser quê.
Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 27 de março de 2020

Psicopatologia de um narcisista masoquista - Reinaldo Azevedo

Fantasia narcísica: Bolsonaro implora pelo impeachment. Merece ser atendido... 

Reinaldo Azevedo
Colunista do UOL
26/03/2020 08h20
Freud em sua mesa de trabalho. Ele não teve como analisar Jair Bolsonaro, mas deixou uma vasta teoria para entender a alma profunda mesmo de alguém como o nosso presidente
Depois de muitos anos dedicado a seu objeto de estudo, Freud tentou responder: "Mas, afinal, o que querem as mulheres?" Leiam. Não é para iniciantes, hehehe.
Infelizmente, o sujeito da minha indagação é bem mais vulgar: "Mas, afinal, o que quer Bolsonaro?"
BOLSONARO QUER SER DESTRUÍDO
Já que evoquei Freud, teria de dar uma resposta que atine, deixem-me ver, a dois eixos distintos de saber, duas categorias. Começarei por aquela que pode intrigar muitos leitores. E não! Jamais desculpem Bolsonaro por aquilo que há em sua mente e que nem ele pode controlar. Todos temos esses escuros, não é? Quando buscamos desenvolver a empatia e ver o outro com um mínimo de generosidade, mesmo as variáveis que não são do nosso controle acabam, aos olhos alheios, amansadas por nossa bonomia.
Observação rápida para continuar: ocorre que Bolsonaro tem desprezo por isso a que chamamos genericamente "bondade". Ele não está nem aí. Se preciso, para justificar um equívoco, ele é capaz de especular sobre a morte de sua mãe, como fez em conversa com Ratinho. Quem põe a própria mãe no meio de um debate que tem natureza política, referindo-se a ela como eventual cadáver a provar uma tese, expressa um juízo sobre os idosos, lhes antevê um destino, mas também fala muito sobre si mesmo. "Ah, Reinaldo, todos vamos morrer um dia..." É verdade. Mas é preciso ter uma alma muito perturbada e um grave defeito no aparelho psíquico para não sentir compaixão.
Volto ao eixo. Mas o que quer Bolsonaro? Ele quer ser impichado. Sua fantasia narcísica é ser punido, é ser apeado do poder, porque só desse modo ele pode recuperar o território da vítima excluída do sistema, de onde ele tonitruava seus anacolutos incompreensíveis contra inimigos que nem reais chegavam a ser porque, de fato, ninguém lhe dava bola.
O mundo contra o qual se batia era muito maior do que ele poderia compreender. E quem tem um pouco de experiência social consegue perceber a sua absoluta inadequação ao cargo. Tomemos como exemplo dois de seus antecessores, em si antípodas em muitos aspectos, mas absolutamente iguais num quesito ao menos: FHC e Lula. Os dois se sentiam plenamente à vontade no poder. Quem olhasse para um e para outro no cargo via estampada no rosto a satisfação: "Mereci estar aqui".
Com história pessoal e formação tão distintas, a fantasia narcísica de ambos — e todos a temos, que fique claro — era o reconhecimento. E isso é bastante convencional e, parece-me, saudável. Críticos podem objetar que aquilo que pensavam de si mesmos não correspondia à realidade. O ponto não é esse. Para o tema de que trato aqui, importa que o sujeito se olhe no espelho e goste do que vê. Sobre o petista, até brinquei certa feita, no auge de seu poder, que Lula chegava até a sentir um pouco de inveja de... Lula
Sim, este analista amador, um rábula legítimo também da psicanálise, ousa dizer que Bolsonaro se detesta e deseja ardentemente ser punido porque ele não sabe fazer o discurso do vitorioso. Até porque aquele que vence precisa conviver com os derrotados porque é a existência destes que justifica a sua vitória. O presidente que temos, se pudesse, eliminaria seus inimigos porque eles provam todos os dias a sua inadequação ao cargo, a sua incompetência, a sua incapacidade de entender o que está à sua volta e, acima de tudo, a sua indisposição para aprender qualquer coisa.
Bolsonaro quer que o coloquem para fora porque, assim, terá fim a sua angústia. E ele não precisará mais ser testado em salões em que, claramente, sente-se deslocado, com os ombros duros, o sorriso (quando há) plastificado, o olhar perdido. Até o seu anticomunismo é tomado de empréstimo, uma vez que fica evidente que ele nem sabe direito do que está falando. Bolsonaro está implorando para que ponham um fim a seu sofrimento. Esse particularíssimo Narciso quer ser punido.
JÁ SE PERGUNTARAM POR QUÊ?
Vocês já se perguntaram por que Bolsonaro decidiu armar essa quizumba sobre a pandemia? Inexiste uma resposta racional. Sim, está cercado de extremistas de direita de quinta categoria, cuja ignorância foi lixada e envernizada por Olavo de Carvalho, sem, no entanto, esconder a madeira ordinária de que é feita. Eles lhe sopram teorias alopradas aos ouvidos que simplificam brutalmente o mundo -- e, com efeito, não é complexidade o que ele quer.
Isso revela bastante da política, mas nada da psique bolsonariana. E ele tem uma. Afinal, também há alguns sensatos à volta que lhe dizem: "Por aí, não; por aí, você quebra a cara e vai ser alvo da crítica até de alguns aliados".
Ah, meus caros! Mas é tudo o que ele quer! Quando Bolsonaro rompe com um aliado, é a tal fantasia narcísica se exercendo na sua potência quase máxima — ela só atingirá mesmo o auge com o impeachment. Aguardem: é grande a chance de o governador Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, entrar na fila de seus vitupérios. Do que ele acusou, aos berros, João Dória (PSDB), governador de São Paulo? Em síntese, de traição. É o seu prazer.
E Bolsonaro jamais vai se colocar como o corno político à moda Nelson Rodrigues, dizendo a um ex-aliado: "Perdoa-me por me traíres". Porque isso quebraria a tal fantasia narcísica. A culpa está sempre com os outros; a culpa está sempre com aqueles que fizeram um mundo muito mais nuançado e complexo do que ele pode alcançar; a culpa está sempre com aqueles que o levam a sentir-se inferiorizado apenas porque existem.
LÍDER NA CRISE
Poucos governantes tiveram a chance -- dramática, sim! -- que tem Bolsonaro de ser um líder na crise. Obviamente, ele reúne os elementos para que alguém se aposse do clichê "sangue, suor e lágrimas", posto que, por óbvio, culpado pelo coronavírus ele não é.
Foi presenteado com uma barafunda que tem implicações verdadeiramente planetárias, mais grave e mais ampla do que o estouro da bolha imobiliária de 2008, que colheu Lula do poder e ameaçou transformá-lo numa lenda. O petista arrumou uns culpados, sim, lembram-se? Os "louros de olhos azuis". Mas, naquela hora, falou a seus "morenos de olhos marrons" e, convenham, pode-se concordar com as medidas que adotou ou delas discordar, mas é fato que liderou o país.
FHC e Lula têm vocação para o gozo — o que é saudável. Bolsonaro, simbolicamente, prefere o martírio. Não chega ao gozo nem se concilia com o sono porque, intimamente, julga não merecer a distinção. E certamente as vozes íntimas que o atormentam lhe dizem que outros poderiam fazer aquele trabalho com muito mais competência e desenvoltura.
A sua absurda agressividade deriva da sua escandalosa insegurança. Daí que, diante de interlocutores que ele sabe que podem afrontá-lo com os fatos, escolhe a agressão, o vitupério, a grosseria.
Bolsonaro implora que o derrubem. E só assim a sua fantasia narcísica lhe dirá: "Viu? Você estava certo!"
Ah, sim: alguns leitores poderiam perguntar se ele sabe disso tudo. Não! Ele sente isso tudo, o que deve ser devastador.
E isso que escrevo me dá uma certeza: ele não vai mudar. Responderá sempre a uma crise com ainda mais crise.
Na dimensão em que trato aqui, Bolsonaro não precisa nem de conselheiro. Precisa de um analista. Como é certo que não irá procurar ajuda, parece-me que é caso de satisfazer, sim, a sua fantasia narcísica.
Ele merece um pouco de paz.
O Brasil também.

sábado, 5 de novembro de 2016

Os mandarins da republica que estao destruindo a Republica, e a Nacao - Reinaldo Azevedo

Há muito tempo que eu digo que o Brasil é um país fascista, ou, ao menos, dominado por corporações privatizantes do Estado (das quais eu não excluo o Serviço Exterior).
São essas corporações, na sua sanha extrativa (dos recursos da coletividade) que estão afundando os orçamentos públicos, e com isso inviabilizando qualquer gestão racional desses escassos recursos (por definição) e obstando ao crescimento da prosperidade geral dos cidadãos (ou seriam eles apenas súditos de um Estado extrator?).
Fizemos progressos, é verdade. Desde os tempos em que Raymundo Faoro (um fundador equivocado do PT, mas que teria certamente assinado o pedido de impeachment de Madame Pasadena, com Hélio Bicudo, outro fundador do partido degenerado), desde os tempos em que esse jurista proclamava que um dos males do Brasil era a preservação do velho patrimonialismo português, as corporações (políticos e burocratas) fizeram progressos na construção de um patrimonialismo weberiano, ou seja, aparentemente moderno, modernoso e moderninho (a partir da era Vargas e sob o regime militar), mas no fundo preservando as oligarquias, os donos do poder, os coroneis atualizados, os manda-chuvas de sempre.
Continuamos a fazer progressos, vejam vocês, especialmente a partir de 2003, quando o velho patrimonialismo português insepulto, e o novo patrimonialismo corporativo da era varguista se transformaram, por obra e graça do nosso peronismo de botequim, num patrimonialismo de tipo gangsterista, perfeitamente mafioso no fundo e na forma.
Lewandowski é exatamente o representante desse patrimonialismo gangsterista dentro da corporação dos magistrados, aqueles mesmos magistrado que representam, para Faoro, o cerne do patrimonialismo tradicional.
Estou quase aderindo à teoria circular de Arnold Toynbee para explicar como é que nós demos tantas voltas para chegar no mesmo lugar, ou pior...
Paulo Roberto de Almeida

Aí não dá, Lewandowski! Falta decoro! Falta pudor!
Reinaldo Azevedo,  04/11/2016
Ministro do Supremo resolve se comportar como líder da CUT em encontro de magistrados. É o fim da picada!

Se alguém me perguntar o que mais me irrita na vida pública brasileira além da roubalheira, da incompetência, da desídia — essas coisas que irritam toda gente —, a minha resposta será esta: a falta de decoro. As autoridades brasileiras, com raras exceções, estão perdendo qualquer senso de solenidade — muito especialmente a solenidade do cargo que ocupam. É um dos aspectos que admiro no presidente  Michel Temer: encarna o que me parece ser a correta neutralidade do estado. “Ah, ninguém é neutro etc. e tal…” Eu sei. Mas deixemos isso para ser decodificado por analistas, cientistas sociais, críticos profissionais, jornalistas… Que a autoridade se esforce!

Infelizmente, não é o que temos visto. O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo, comportou-se muito mal nesta quinta na abertura, em Porto Seguro, do 6º Encontro Nacional de Juízes Estaduais, que é realizado a cada três anos pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). Ah, sim: com direito a show de Ivete Sangalo e Diogo Nogueira. Tá certo… Não faria muito sentido um encontro de magistrados, sei lá, na periferia de Salvador, de São Paulo ou do Rio, onde estão os que têm fome de Justiça, certo? Pareceu demagógico? Só estou evidenciando como é fácil fazer demagogia, outra das práticas corriqueiras no Brasil que me causam asco.

Pois bem! Lá estava o ministro do Supremo, certo? Um dos 11 varões e varoas de Plutarco da República. O único discurso que lhe cabe é o institucional. A única coisa aceitável é falar dos consensos que nos unem. Até os dissensos devem ser guardados para a Corte. A única tarefa de quem presidiu o Supremo até outro dia era falar em favor do povo brasileiro.

Mas não foi isso o que fez Lewandowski. A voz que se ouviu era a de um militante sindical, e do tipo que carrega no sotaque cutista. Disse ele, diante da categoria que compõe a elite salarial do Brasil, sobre a reivindicação dos magistrados por aumento de vencimentos: “Não há vergonha nenhuma nisso, porque os juízes, no fundo, são trabalhadores como outros quaisquer e têm seus vencimentos corroídos pela inflação (…). Condomínio aumenta, IPTU aumenta, a escola aumenta, a gasolina aumenta, o supermercado aumenta, e o salário do juiz não aumenta? E reivindicar é feio? É antissocial isso? Absolutamente, não”.

Foi aplaudido com entusiasmo. Ele tinha mais a declarar:

“Para que possamos prestar um serviço digno, é preciso que tenhamos condições de trabalho dignas e vencimentos condizentes com o valor do serviço que prestamos para a sociedade brasileira”.

Não quero parecer amargo, mas, se o brasileiro pobre fosse convidado a dizer quanto vale, na média, o serviço da Justiça, as palavras poderiam não ser as mais doces.

Notem: é claro que acho que juízes têm o direito de reivindicar reajuste de salário e que defendo que tenham vencimentos dignos. E eles têm! Mas disso devem cuidar as múltiplas associações de magistrados. As há mais no Brasil que queijos na França. É de um ridículo ímpar que um ministro do Supremo vá falar como líder de corporação.

Mais: é claro que ele sabe o peso dessas palavras num momento em que se discute a MP 241. Parece que Lewandowski está expressando uma opinião política, não? Ele sabe que também o Judiciário vai ter de lidar com algo que lhe era estranho: teto de gastos. Um ministro do Supremo tem a obrigação moral de falar para pacificar a nação e as contendas, não para exacerbá-las. Um ministro do Supremo não pode ter grupo.  Nem lado.

Que os senhores da AMB e os presentes se manifestassem nesses termos, vá lá. Que o homem que compõe a cúpula de um Poder, que ele próprio presidiu até outro dia, resolva discursar como sindicalista, bem, aí não dá.

Falta decoro.
Falta pudor.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A fuga de Lula em preparacao - Reinaldo Azevedo

Lógica diz que certo discurso é típico de um Lula que vai fugir ou pedir asilo

Ou que sentido faria denunciar ao mundo o que seria uma farsa comandada pelo Poder Judiciário?

Por: Reinaldo Azevedo
Tenho uma máxima, de que alguns coleguinhas jornalistas nem gostam muito, segundo a qual a lógica é capaz de fornecer mais furos a um jornalista do que as tais informações de bastidores. O método não tem cem por cento de precisão, mas os famosos “offs” acertam muitíssimo menos. Até porque a informação passada em sigilo sempre atende a interesse de alguém. Ou sigilosa não seria. Ponto.
Isso, claro!, não implica que conversas ao pé do ouvido sejam dispensáveis, desde que se saiba ouvir e que se seja capaz de ligar lé com lé e cré com cré.
Vamos lá. É evidente que ninguém me disse que Lula vai pedir asilo a algum país. Tampouco me informaram que ele vai fugir. Também não sei de fonte nenhuma que ele será preso amanhã… Nada disso!
Uma coisa, no entanto, afirmo sem medo de errar do ponto de vista lógico:
O DISCURSO NO QUAL OS PETISTAS INSISTEM NÃO É COMPATÍVEL COM O DE UM RÉU QUE ESTÁ DISPOSTO A PROVAR A SUA INOCÊNCIA. ELE SE PARECE MAIS COM O DE UM FUGITIVO TENTANDO CONVENCER A OPINIÃO PÚBLICA MUNDIAL DE QUE ESTAVA SENDO VÍTIMA DE UM REGIME DE EXCEÇÃO.
Por que digo isso? Reportagem da Folha desta quarta informa que sindicalistas brasileiros, sobretudo cutistas, lançarão nos próximos dias uma campanha internacional em defesa do ex-presidente.
Um vídeo de aproximadamente 7 minutos sobre a trajetória política do petista, hoje réu em três ações na Justiça, será encaminhado a entidades como a ONU e a OCDE, além dos sindicatos em 155 países associados à Confederação Sindical Internacional. O objetivo é contestar as acusações que pesam contra o ex-presidente por suposta corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa, tráfico de influência e tentativa de obstruir a Justiça.
Na peça, os advogados de Lula expõem o argumento da defesa de que não há provas consistentes nas acusações, que seriam, na verdade, movidas por interesses políticos, e pelo medo de que o petista se candidate à Presidência em 2018. O vídeo termina com Lula dizendo que “não aceita mentira” e que “não quer nenhum privilégio, só o direito a um julgamento justo”.
Contraproducente
Bem, é evidente que o efeito é contraproducente. O esforço, como se vê, é para mobilizar a opinião pública do Brasil e do mundo em favor do ex-presidente, mas, não há como, também contra a Justiça brasileira.
Se Lula pretende ficar em território nacional, a tática e meio suicida. Como é que se pode considerar aceitável, então, uma Justiça que só pode absolver, mas não condenar?
A cada vez que atuam desse modo, os lulistas concorrem para degradar ainda mais a reputação daquele a quem querem defender e para elevar a altitudes sempre novas a reputação de Sérgio Moro e da Lava-Jato. Não é possível que não percebam que a tática é contraproducente.
É por isso que insisto nesta leitura: a lógica elementar aponta ser esse o discurso de quem não pretende aceitar a decisão da Justiça.
E não que inexistam elementos contestáveis no andamento que a Força-Tarefa e Moro deram às coisas que dizem respeito ao ex-presidente. Há, sim. De fato, pouca gente está interessada em ouvir. Mas convenham: não será atacando todo o aparato judicial brasileiro — porque é disso que se trata; afinal, o caso, a depender, chegará ao Supremo — que se vai chegar a um bom lugar.
Mais: a insistência na tese de que há um esforço para tirar Lula de 2018, depois do resultado de 2016, chega a ser bisonha.
Esse vídeo e as táticas que o cercam são o caminho mais curto ou para a cadeia ou para a fuga.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Petistas comemoram condenacao ao jornalista Reinaldo Azevedo, por "ofensa" ao governador do Acre

Chamar um governador de "coiote" seria ofensivo? Depende. O coioite são aqueles agentes do tráfico humano, que organizam passagens clandestinas de imigrantes ilegais de um país a outro, mais exatamente os meliantes que atuam na fronteira americana do norte do México.
Creio que cabe recurso, em corte federal, não do Acre, onde o juiz pode ser simpático ao governador.
Paulo Roberto de Almeida

CONDENADO! Colunista da Veja terá que pagar R$ 20 mil por ofender honra de Tião Viana

reinaldo condenado2
O deputado Leo de Brito (PT-AC) registrou nesta quarta-feira (29) em pronunciamento no plenário a decisão da 1ª Vara Cível de Rio Branco, no Acre, que condenou o colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, ao pagamento de R$ 20 mil a título de indenização ao governador do Acre, Tião Viana (PT).
“É claro que essa decisão da Justiça foi importante exatamente para brecar qualquer possibilidade de ações preconceituosas por parte de jornalistas, cujas opiniões acabam beirando práticas fascistas. Então, a Justiça está de parabéns por ter feito justiça ao governador Tião Viana, que foi ofendido em sua honra”, ressaltou Leo de Brito.
Em matéria publicada em maio de 2015, Reinaldo Azevedo sugeriu que Jorge Viana se portaria como “coiote” ao viabilizar a entrada de imigrantes haitianos em território brasileiro. Na sentença da juíza Zenice Mora Cardoso, dada no último dia 20 de junho, ela entendeu haver ato danoso à moral do governador do Acre.
Em sua sentença, a juíza Zenice Cardoso diz que “a expressão ‘coiote’ e a comparação refere-se à ação de transporte de pessoas, (...) de modo que dispor que o autor estava agindo como ‘coiote’ implica não só em uma crítica contundente e ácida à política adotada, mas em flagrante ofensa à honra e à imagem de pessoa pública que ao agir em política pública apoiada inclusive pelo governo federal, tem sua ação equiparada a atividades ilegais de ‘coiotes’”.
Além dos R$ 20 mil que terá que pagar a Tião Viana, Reinaldo Azevedo ainda foi condenado ao pagamento das custas processuais, fixadas em 50% do valor da sentença e custas advocatícias, fixadas em 10% do valor da sentença.
Gizele Benitz

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Os crimes econômicos do lulopetismo como destruição da democracia - Reinaldo Azevedo

A institucionalidade brasileira tem um depredador-chefe: chama-se Lula. Os advogados do poderoso chefão do PT não precisam ficar escarafunchando entrelinhas para ver como podem me processar. Perda de tempo. Ser depredador-chefe da institucionalidade não é um crime previsto no Código Penal, não é mesmo?
Os doutores não poderão alegar tratar-se de uma calúnia. Também não se cuida aqui de injúria ou difamação. Expresso apenas uma opinião, até porque o ex-presidente poderia dizer em sua defesa que, onde vejo depredação, o que se tem, na verdade, é a criação das bases para a redenção dos oprimidos. Eu e Luiz Inácio da Silva certamente temos opiniões muito distintas sobre… Lula! Sim, a cada nova revelação da Operação Lava Jato, cresce a figura de um verdugo das instituições democráticas em seu sentido pleno.
Por que isso?
Dados da delação premiada de Nestor Cerveró — que foram tornados públicos, não constituindo vazamento ilegal — apontam que Lula o nomeou para uma diretoria na BR Distribuidora como recompensa por este ter viabilizado que o grupo Schahin operasse o navio-sonda Vitória 10.000 — um contrato de US$ 1,6 bilhão. Cerveró fez o favorzinho quando era diretor da Área Internacional da Petrobras, de onde foi demitido logo depois.
Com esse acordo, o PT não precisou saldar uma dívida com o grupo, que já estava em R$ 60 milhões. O passivo decorria de um empréstimo de R$ 12 milhões feito ao partido em 2004, em nome de José Carlos Bumlai, o amigão de Lula, que serviu de mero laranja da operação. Vale dizer: a Petrobras pagou o empréstimo contraído pelo PT.
Mas isso realmente aconteceu?
Os diretores do grupo Schahin, que emprestaram o dinheiro e assinaram o contrato bilionário confirmam as duas transações. Bumlai, o amigão de Lula, admite ter sido mero laranja da operação e que o empréstimo nunca foi pago. Fernando Baiano, outro delator, já havia relatado rigorosamente a mesma história — inclusive sobre a nomeação de Cerveró para a BR Distribuidora como uma recompensa. Segundo Baiano, Bumlai acertou isso pessoalmente com Lula. Será que aconteceu? A pergunta é por que tanta gente iria mentir, inclusive se incriminando, ainda que num ambiente de delação premiada.
Mas a coisa não ficou por aí. Nesta terça, ficamos sabendo que, segundo o depoimento de Cerveró, “em meados de 2010, houve uma reunião na BR Distribuidora com a presidência, todos os diretores e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL)”. Segundo o depoente, “a realização dessa reunião foi uma sugestão de Lula a Collor, que estava acompanhado por João Lyra, político e usineiro em Alagoas”.
O senador queria que a Petrobras fizesse a compra antecipada da safra dos usineiros do estado, o que contrariava norma da BR Distribuidora. A operação não aconteceu. Cerveró diz ter ficado sabendo que o Banco do Brasil liberou mais tarde um crédito de R$ 50 milhões para Lyra. O BB diz que a proposta realmente foi feita, mas que a instituição não autorizou a transação.
Notem: Alagoas teria sofrido com enchentes naquele 2010, e tal operação seria um socorro. É claro que, em tese, um presidente pode propor reuniões para minorar os efeitos locais de desastres naturais etc. Mas vocês vão perceber que não é disso que se trata.
Loteamento
Segundo a Procuradoria-Geral da República, em denúncia protocolada no STF contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), Lula loteou a BR Distribuidora entre Collor e o PT. Rodrigo Janot afirma que, entre 2010 e 2014, foi criada “uma organização criminosa pré-ordenada principalmente ao desvio de recursos públicos em proveito particular, à corrupção de agentes públicos e à lavagem de dinheiro”. Na denúncia, informa a Folha, o procurador-geral afirma que Collor nomeou os responsáveis pelas diretorias da Rede de Postos e Serviços e de Operações e Logística: respectivamente, Luiz Cláudio Caseria Sanches e José Zonis. E as duas diretorias, segundo Janot, serviram de base para o pagamento de propina ao senador.
Já a diretoria Financeira e de Serviços e a de Mercado Consumidor ficaram com o PT, ocupadas, então, pelo próprio Cerveró e por Anduarte de Barros Duarte Filho. Também elas seriam bases de pagamento de propina.
Eis o modelo Lula de gestão. Ele nunca usou o Estado brasileiro para implementar políticas públicas de alcance universal — exceção feita ao bolsismo e suas variantes, que se transformam em máquinas de caçar votos. Todas as vezes em que seu nome aparece, o que se vê é sempre a lógica do arranjo, o uso do dinheiro público para conceder privilégios a entes privados, em troca, obviamente, de apoio político.
O desastre do petismo
O Brasil que caminha para a depressão econômica, com dois anos seguidos de forte recessão (teremos, sim!), depois de crescer 0,1% em 2014, é aquele que, a rigor, ficou sem governo digno desse nome nos últimos 13 anos, entrando agora no 14º. Apontem uma só política pública relevante que o PT deixará como herança, que modernize e formate o Estado, exceção feita à exacerbação de medidas de caráter compensatório para minorar os extremos da miséria. Dois anos seguidos de perda de riqueza, podendo chegar a três, vão consumir boa parte dos benefícios obtidos pelos mais pobres, o que evidencia que não eram sustentáveis.
O mais curioso é que parte considerável dos desastres que aí estão era evitável. A sua origem é fiscal. Decorre do descontrole da máquina. Ocorre que isso demandaria que o PT tivesse outra compreensão da democracia. Ou me corrijo: isso exigiria que o PT entendesse a democracia e aceitasse seus pressupostos. Isso lhe teria dado a chance até mesmo de corrigir erros de operação de política econômica, eventualmente não-dolosos.
Mas não! Lula chegou ao poder com a cabeça do sindicalista que, a partir de certo ponto da trajetória, impôs-se a tarefa de enterrar a velha-guarda e ocupar o gigantesco aparato assistencialista que cerca o mundo do trabalho e que confere a seus donatários um formidável poder político. No sindicalismo, feio é perder. Na política, a derrota é uma das essências da democracia porque é a existência da oposição que legitima o regime.
O que continua a ser espantoso, depois de tudo, é que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva não seja nem mesmo investigado num inquérito. Essa foi uma das grandes vergonhas que o país herdou do mensalão. E, pelo andar da carruagem, pode ser também a herança vergonhosa que deixará a investigação do petrolão.

sábado, 30 de maio de 2015

Politica brasileira: ministrinho do Supremao (ou ministreco do supreminho) quer impor suas teses sobre financiamento

Reinaldo Azevedo, 29/05/2015
às 20:23

FINANCIAMENTO DE CAMPANHA – Desconstruindo uma besteira monumental dita pelo esquerdista de toga — e sem voto — Roberto Barroso. Ou: Ao perdedor, as batatas!

Eu não tinha lido — e tomo ciência delas só agora, com certo atraso — duas falas de ministros do Supremo sobre a constitucionalização da doação de empresas privadas a campanhas eleitorais.
A de Dias Toffoli é, vá lá, amena, embora eu, muito provavelmente, discorde dele: “O que eu penso ser bastante importante é que se estabeleça limite de gastos. Hoje, são os próprios candidatos que se autolimitam. Ou seja, o céu é o limite. É necessário que se coloque um valor nominal fixo por empresa para doação, além desse proporcional sobre o faturamento”.
Por que o “muito provavelmente”? Se ele estiver falando em criar um limite na legislação eleitoral específica, ok. Se for um limite na Constituição, é claro que é inaceitável. Toffoli, no juízo de mérito, considerou tais doações inconstitucionais, dada a Carta que temos hoje. A maioria dos ministros o fez. Procurei que artigo da dita-cuja justifica tal juízo e nada achei.
Mas a fala que realmente me leva à indignação, e por dois motivos, é a do ministro Luís Roberto Barroso. O primeiro deles está no fato de que a ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que está no Supremo tem as suas digitais. É coisa de seu grupo na Uerj. Para ler detalhes a respeito, clique aqui. Esse ministro, aliás, deveria ter se declarado impedido de votar sobre o tema. Não só votou como faz proselitismo aberto contra a emenda aprovada pela Câmara em primeira votação.
Leiam o que diz: “Uma regulamentação que não imponha limites mínimos de decência política e de moralidade administrativa será inconstitucional. A decisão desses limites deve constar em lei. Mas, não havendo lei, se houver uma imoralidade administrativa ou uma possibilidade totalmente antirrepublicana, eu acho que o Supremo pode e deve declarar inconstitucionalidade”.
Em primeiro lugar, ele está fazendo uma antecipação de voto. Em segundo, pronuncia-se fora dos autos. Em terceiro, deixa claro que será imoral e antirrepublicano tudo aquilo que ele próprio acha imoral e antirrepublicano. Em quarto, comporta-se como se fosse deputado ou senador. Em quinto, confunde a sua tese com o interesse do país.
Mas não só isso. Não deve ter sido um bom aluno de matemática. Não deve ter sido um bom aluno de lógica. Deve ser do tipo que está na chamada “área de humanas” porque não conseguia lidar direito com as disciplinas de exatas… Leiam esta barbaridade:
“Permitir que a mesma empresa financie todos os candidatos quer dizer que ou ela está sendo achacada ou ela está comprando favores futuros”.
É de clamar aos céus, não? Que prova haveria de que alguém que só doa ao candidato do poder de turno não está sendo achacado ou pensando em favores futuros? Talvez seja uma das maiores tolices jamais ditas por um ministro do Supremo. Mais: ela embute a possibilidade de que pode não esperar favor quem aposta no grupo que já está no poder, mas o espera daquele que aposta no que não está. A penúria lógica de Barroso seria de dar pena se não fosse exasperante. Afinal, ele é ministro do Supremo. Só há 11 pessoas no Brasil com tal distinção.
Ele vai além. Vocês sabem o que é um gato escondido com o rabo de fora? Pois é… A gente não vê o bichano, mas sabe ser um gato, não é? Querem ver a tese dos petistas na fala do ministro? Eu mostro. Segundo ele, é preciso restringir a possibilidade de contratação de empresas que fizeram doações pela nova administração porque isso seria “permitir que o favor privado, que foi a doação, seja pago com dinheiro público, o que é evidentemente imoral”.
É outra fala de uma estupidez alvar. Havendo tal proibição, vamos ver as consequências:
1: A empresa X, sabendo que o favorito é o candidato A, pode investir no candidato B para demonstrar a sua falta de ambição, né, ministro?;
2: se o candidato B vence, mas a empresa apostou no A, ela pode ou não ser contratada, grande mestre e sábio?;
3: se a proibição das doações levaria à multiplicação do caixa dois, a sugestão do ministro também levaria, ora bolas! Por que uma empreiteira financiaria uma campanha para depois ser impedida de trabalhar para o governo? Melhor fazê-lo por fora. Mais: doutor Barroso quer que um candidato sem chances tenha mais dinheiro do que o favorito. Doutor Roberto cultura um novo lema: “Ao perdedor, as batatas!”;
4: mais: empresas que colaboram, então, para o financiamento da democracia seriam punidas; aquelas que não estão nem aí seriam beneficiadas — mas essa é só a hipótese de esse segundo grupo não estar operando no caixa dois;
5: no fundo, Luís Roberto Barroso acha que é o capital que corrompe os homens probos, e não os homens corruptos que corrompem um sistema probo;
6: ideias têm filiação, e a sua também: essa mentalidade decorre de uma das grandes tiranias do século passado: fascismo ou comunismo;
7: fascistas e comunistas se dedicaram a fazer reengenharia social para que a tal sociedade parasse de corromper homens supostamente bons. Deu no que deu.
Por que Luís Roberto Barroso não se contenta em ser ministro do Supremo ou, então, não renuncia ao cargo que ocupa e disputa eleições? Se o povo lhe der a graça do voto, ele propõe o que quiser. Usar a toga para ameaçar uma proposta aprovada pelos deputados com o fantasma da inconstitucionalidade é inaceitável. É, como ele diz, “evidentemente imoral”.
O doutor está vendo a sua tese, que foi lavada pela OAB, ser derrotada no Congresso e pretende usar o tapetão, do qual faz parte, em defesa do próprio pensamento. Barroso está fundando a “Advocacia Administrativa Intelectual”.
Que coisa feia!
Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 13 de abril de 2015

12 de Abril: uma analise qualitativa - Reinaldo Azevedo

A Avenida Paulista tomada por milhares de brasileiros: green and yelow blocs
A Avenida Paulista tomada por milhares de brasileiros: green and yelow blocs
Há mais de uma semana o governo decidiu pautar a cobertura da imprensa, que, com raras exceções, aceitou gostosamente a orientação. Com variações, a cobertura destaca que há menos pessoas nas ruas neste 12 de abril do que naquele 15 de março. Assim, fica estabelecido, dada essa leitura estúpida, que um protesto político só é bem- sucedido se consegue, a cada vez, superar a si mesmo. Isso é de uma tolice espantosa, na hipótese de não ser má-fé. A população ocupou as ruas em centenas de cidades Brasil afora. Mais uma vez, PT, CUT, ditos movimentos sociais e esquerdas no geral levaram uma surra também numérica. Mais uma vez, o verde-e-amarelo bateu o vermelho da semana passada. E é isso o que importa.
De resto, é impossível saber o número de manifestantes deste domingo. Algum veículo de imprensa mandou jornalista cobrir o protesto em Januária, em Minas; em Orobó, em Pernambuco, ou em Ourinhos, em São Paulo? Haver menos gente na Avenida Paulista ou na orla de Copacabana, no Rio, não tem nenhuma importância. Num levantamento prévio, dá para afirmar que o “fora Dilma” foi ouvido em cidades de pelo menos 24 Estados e no Distrito Federal (ainda falta atualização). E — daqui a pouco chego lá — contem com o PT para turbinar os próximos protestos.
Consta que o governo respirou aliviado com o número menor, embora o Palácio do Planalto, ele mesmo, tenha, desta vez, resolvido se calar. Parece que não haverá Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo para cutucar a onça com a vara curta. A boçalidade ficou por conta da militância virtual e paga (farei um post a respeito). Respirou aliviado por quê?
Protesto em Belém: faixa do Movimento Brasil Livre pede a saída da Presidente Foto: Jairo Marques/Folhapress)
Protesto em Belém: faixa do Movimento Brasil Livre pede a saída da presidente (Foto: Jairo Marques/Folhapress)
Respirou aliviado no dia em que o “Fora Dilma” se faz ouvir de norte a sul do país?
Respirou aliviado no dia em que o Datafolha aponta que 63% apoiam o impeachment da presidente?
Respirou aliviado no dia em que a pesquisa revela que 60% consideram o governo ruim ou péssimo?
Respirou aliviado no dia em que essa mesma pesquisa evidencia que 83% acreditam que Dilma sabia da roubalheira da Petrobras e nada fez?
Respirou aliviado no dia em que esse mesmo levantamento demonstra que a crise quebrou as pernas de Lula, pesadelo com o qual o petismo não contava nem nos momentos mais pessimistas?
Por que, afinal de contas, suspira aliviado o governo? Com que jornada futura de boas notícias e alívio dos sintomas da crise ele espera contar? Sim, a indignação com a roubalheira é um dos principais fatores de mobilização dos milhares de brasileiros que foram às ruas. Mas há muito mais do que isso. Há a crise econômica propriamente dita e a sensação, que corresponde à realidade, de que o governo está paralisado.
Acontece que esse mal-estar só vai aumentar porque o pacote recessivo ainda não surtiu todos os seus efeitos. Mais: ninguém nunca sabe quando a operação Lava Jato vai chegar a um fio desencapado, como é o caso de André Vargas, por exemplo. Consta que o ex-vice-presidente da Câmara e petista todo-poderoso, ora presidiário, está bravo com o partido, do qual havia se desligado apenas formalmente.
Acabo de chegar da Avenida Paulista. Havia menos gente do que no dia 15 de Março? Sem dúvida! Mas também sei, com absoluta certeza, que, desta feita, o protesto se deu num número maior de cidades no Estado. No dia 15, encontrei verdadeiras caravanas oriundas de cidades do interior e de outras unidades da federação. Aquele foi uma espécie de ato inaugural. Havia nele a vocação de grito de desabafo, era um enorme “Chega!”. A partir deste dia 12, a tendência é que haja mesmo uma diminuição de pessoas em favor de uma definição mais clara da pauta.
Mas é evidente que se trata de um erro cretino imaginar que menos gente na rua implique que está em curso uma mudança de humor da opinião pública. Não está, não! E que se note: se o protesto do dia 15 tivesse reunido o número de pessoas deste de agora, muitos teriam, então, se surpreendido. Acontece que aquele superou expectativas as mais otimistas. Tomá-lo como régua de um suposto insucesso dos atos deste dia 12 é coisa de tolos ou de vigaristas. Mas o governo e o PT têm direito ao autoengano.
Vejo a coisa de outro modo: os eventos deste domingo, 12 de abril, comprovam o que chamo de emergência de uma nova consciência. Até torço para que o Planalto e o petismo insistam que os atos deste domingo foram malsucedidos. É o caminho mais curto da autodestruição. Esses caras ainda não perceberam que os que agora protestam não querem apenas o impeachment de Dilma. Essa é a pauta contingente. Eles falam em nome de uma pauta necessária, que é apear as esquerdas do poder, ainda que esse esquerdismo, hoje em dia, não passe de uma mistura de populismo chulé com autoritarismo.
Tenham a certeza, petistas e afins: a luta continua!

quarta-feira, 4 de março de 2015

Como diria Roberto Campos, a burrice no Brasil tem um futuro promissor... - Reinaldo Azevedo

Eu, de vez em sempre, não me surpreendo, mas fico confirmado em minha crença fundamental nessa frase do Bob Fields: a estupidez, no Brasil, tem um passado glorioso e um futuro promissor.
A Petrobras, ou a Petralhabras, e tudo o que fizeram com ela, e com o regime de exploração do petróleo, desde o início, mas sobretudo com a mudança da lei de 1997, é o exemplo mais claro disso, sem falar de todos os crimes econômicos e sobretudo os crimes comuns que foram cometidos dentro, fora, em volta dela pelos companheiros mafiosos.
Cada vez que se ouve um comentário dos companheiros sobre a Petrobras, podem ter certeza: lá vem estupidez da grossa.
A última foi aquele manifesto surrealista que fala em golpe militar e em sinistras conspirações geopolíticas estrangeiras contra o nosso petróleo.
Além de ser patético, o conjunto dos argumentos é de uma desonestidade só inferior à estupidez congenital do texto (que já me ofenderam, convidando-me para assinar em nome da presidência da república).
O texto abaixo, do conhecido e mais odiado jornalista brasileiro, revela mais um pouco da estupidez dos companheiros no caso da Petrobras.
Paulo Roberto de Almeida

Ser burro ou mau-caráter deve ser gostoso… Ou: O PCC do B — Partido dos Companheiros com Cagaço de Banânia

Reinaldo Azevedo, 3/03/2015
 
Santo Deus! Ser burro deve ser gostoso, ou não haveria tantos. A espécie humana é a única que parece fazer a seleção às avessas. Multiplicam-se os menos aptos. Ou não: os idiotas são mais adaptados e adaptáveis à cultura em voga, a segunda natureza. Vai ver a falta de sorte da nossa espécie está justamente nessa segunda pele. Dependemos pouco da natureza bruta. Aí se multiplicam os cretinos e os carentes de caráter. Por que o desabafo inicial?
As ações da Petrobras subiram nesta terça, depois que a empresa anunciou a venda de mais de US$ 15 bilhões em ativos. Esculhambei o PT por isso, ironizei, lembrei a quantidade de besteiras e safadezas que os companheiros fizeram por lá. Mas era evidente que as ações subiriam.
Aí alguns seres relinchantes, do PCC (Partido dos Companheiros com Cagaço de Banânia), vieram encher meu saco: “Ah, tá vendo? Você criticou a venda, mas as ações subiram…”. Até algumas bestas que pensam ser liberais — um tipo que vem se multiplicando, estranhamente — vieram me patrulhar, como se eu estivesse contra a venda dos ativos por princípio.
É próprio da besta ao quadrado tirar as patinhas do chão e agitá-las nervosamente antes de ler um texto até o fim. Relembro como termina aquele meu post:
“Já tracei o meu plano para a Petrobras. Anunciaria a privatização de toda a empresa em 2017. As ações disparariam. Em vez da privatização petista a preço de banana, teríamos uma a peso de ouro”.
A Petrobras quer que as ações subam ainda mais? Basta anunciar novos “desinvestimentos”. Se, por exemplo, o regime de partilha do pré-sal mudasse para o de concessão, a exemplo do que vigora no pós-sal, e a estatal não fosse obrigada a ser sócia de todos os campos, haveria novo ciclo de valorização.
Sim, meus caros: a Petrobras não está na pindaíba apenas por causa da roubalheira. Não desprezem o peso que tem a tacanhice ideológica quando aliada à incompetência.