O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 28 de julho de 2023

Entrevista feita na ABI com Paulo Roberto de Almeida sobre a diplomacia bolsolavista (2021)

Em 15 de abril de 2021, participei de uma sessão de debates sobre a política externa brasileira no contexto dos novos bárbaros do bolsolavismo diplomático, com os jornalistas Ricardo Carvalho (ABI-SP), Duda Teixeira e Diogo Schelp. 

Para assistir, acesse este link: 


Transcrevo a apresentação feita pelos organizadores

 

Paulo Roberto de Almeida é um embaixador sem papas na língua e ingressou, há dois anos, com uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal, responsabilizando a União por ações de assédio moral e de perseguição no Ministério das Relações Exteriores, inclusive por retaliações financeiras. Aconteceu desde que começou a criticar publicamente nas suas redes sociais o trabalho do chanceler Ernesto Araújo. Ele, que editou revista 200 com foco na Independência do Brasil também relatou que toda a edição dessa revista foi recolhida por ordem do ex-chanceller e ele não sabe o destino da publicação. Diplomata de carreira desde 1977 e também escritor com mais de 20 livros publicados, serviu na embaixada de Paris e como adido na de Washington, entre outros postos de destaque e, em 1984, obteve o doutorado em Ciência Política pela Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica. Hoje, a partir das 19h30, ele será entrevistado no programa Encontros da ABI com a Cultura pelos jornalistas Diogo Schelp, da revista Crusoé; Duda Teixeira, colunista da UOL; e Ricardo Carvalho, diretor da ABI, em São Paulo. A apresentação é da jornalista e produtora cultural, Zezé Sack. Assistam pelo canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube e divulguem.

 

Diplomata 

O diplomata Paulo Roberto de Almeida, com 42 anos de carreira, foi demitido, em março de 2019, do cargo de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e alocado na Divisão de Comunicações e Arquivo com funções burocráticas por críticas ao ex- Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em seu blog. Na semana passada, durante o debate semanal no Cineclube Macunaíma da ABI, Paulo Roberto lembrou que o ex-Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é filho de um ex-censor da ditadura, à época do governo Geisel, justificando seu comportamento. Foi também categórico ao afirmar que não podemos ficar esperando as eleições do próximo ano “de braços cruzados”, tendo pedido ao cineasta Sílvio Tendler, que participa do programa, para realizar um documentário que mostre as atividades da Semana de Arte Moderna, em 1922, e fale ainda do bicentenário da Independência, as duas datas que precisam ser comemoradas no próximo ano. Entre os livros publicados do diplomata estão Apogeu e demolição da política externa brasileira: reflexões de um diplomata não convencional (2020), Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (2020), além de diversos artigos. Ele também foi professor de Sociologia Política no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília (1986-87) e, desde 2004, dá aulas de Economia Política no Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). Paulo Roberto é ainda editor adjunto da Revista Brasileira de Política Internacional, colabora com várias iniciativas no campo das humanidades e ciências sociais e participa de comitês editoriais de diversas publicações acadêmicas. De agosto de 2016 a março de 2019, foi Diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IPRI), afiliado à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), do Ministério das Relações Exteriores. 


Entrevistadores 

Duda Teixeira é editor de assuntos internacionais da revista Crusoé e trabalhou por 12 anos na Veja, passando pelas revistas Superinteressante, Saúde e Istoé Dinheiro. É autor dos livros O Calcanhar do Aquiles, Guia Secreto de Buenos Aires, 100 Dúvidas Universais e Almanaque do Pênis Brasileiro. Com Leandro Narloch, escreveu o Guia Politicamente Incorreto da América Latina. 


Diogo Schelp é colunista do UOL, da Gazeta do Povo e comentarista de política na Jovem Pan News. Foi editor executivo da VEJA e redator-chefe da ISTOÉ. Por 14 anos, dedicou-se à cobertura e à análise de temas internacionais e de diplomacia em 20 países como endurecimento do regime de Vladimir Putin, na Rússia; o narcotráfico no México; a violência e a crise econômica na Venezuela; o genocídio em Darfur, no Sudão; o radicalismo islâmico na Tunísia; e o conflito árabe-israelense. É coautor dos livros Correspondente de Guerra com André Liohn e No Teto do Mundo com Rodrigo Raineri. Ricardo Carvalho é diretor da ABI, em São Paulo, e trabalhou na Folha de São Paulo, TV Globo e TV Cultura, onde foi diretor de Jornalismo. Há mais de 20 anos vem se dedicando ao estudo e pesquisas sobre Comunicação, Meio Ambiente e Sustentabilidade. 


A apresentadora Zezé Sack, da Comissão de Cultura da ABI, é jornalista e produtora cultural; trabalhou com Alberto Dines no Observatório da Imprensa e no programa Sem Censura da TVE.


sábado, 13 de maio de 2023

Uma breve avaliação pro domo - Paulo Roberto de Almeida

 Uma breve avaliação pro domo

Paulo Roberto de Almeida 

A diplomacia lulopetista (em parte profissional, ainda hoje) e a “dipromacia” bolsolavista (controlada, numa primeira fase, por lunáticos completos) foram os dois grandes desafios a uma diplomacia de qualidade, pois que deformando o trabalho de profissionais bem preparados. 

Foram perdas para o Brasil, e continuam sendo, na fase atual, de retomada parcial de alguns dos grandes equívocos do lulopetismo diplomático do passado. 

Ele só não consegue reproduzir todos os equívocos porque o mundo mudou. Mas continuam tentando.

A falta de estadistas esclarecidos tem trazido atrasos inaceitáveis ao Brasil, que continua se arrastando penosamente em direção a um futuro incerto. Por mais que avancemos, um pouco, lentamente, estamos nos atrasando relativamente.

Uma coisa é certa: não existe nenhum problema internacional obstando o nosso desenvolvimento: todos os obstáculos são made in Brazil, desgraças autocriadas, óbices brasilo-brasileiros.

Como já diagnosticou o embaixador Ricupero na conclusão de seu livro sobre A Diplomacia na Construção do Brasil, existe um limite ao que a diplomacia possa fazer na ausência de impulsos adequados vindos do ambiente político interno.

Mas tem sido assim desde 1822, desde que os novos donos bloquearam a extinção imediata do tráfico e a abolição delongada da escravidão. Depois continuou a passos lentíssimos. 

Persistiremos, os diplomatas conscientes? Certamente, mas a passos lentos.

Parafraseando Georges Brassens:

“Mourir pour des idées?

D’accord, mais de mort lente,

Mais de mort lente…”


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 13/05/2023

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Relatório final do Gabinete de Transição Governamental: Relações Exteriores

GABINETE DE TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL 

RELATÓRIO FINAL 

RELAÇÕES EXTERIORES (p. 50-51)

A combinação entre o desmonte de políticas públicas, em nível interno, e o predomínio de visão isolacionista do mundo, no nível externo, afetou a imagem do país e prejudicou a capacidade brasileira de influir sobre temas da agenda global.

Ao assumir posturas negacionistas, o Brasil perdeu protagonismo em temas ambientais, desafiou esforços de combate à pandemia e promoveu visão dos direitos humanos inconsistente com sua ordem jurídica. Na América Latina, tornou-se fator de instabilidade. A política africana foi abandonada e pouca atenção foi dada às comunidades brasileiras no exterior.

O estímulo a processos de integração política, comercial e de infraestrutura com os países vizinhos sempre foi uma marca da diplomacia brasileira, além de um preceito constitucional. No governo Bolsonaro, predominou postura diametralmente oposta, que redundou no desmonte da UNASUL, na saída da CELAC e no crescimento de forças favoráveis ao desmantelamento do MERCOSUL enquanto união aduaneira. Ao apostar no isolamento da Venezuela, o Brasil cometeu erro estratégico de transformar a América do Sul em palco da disputa geopolítica entre EUA, Rússia e China. De catalisador de processos de integração, o país passou a ser fator de instabilidade regional.

O governo Bolsonaro abandonou o protagonismo em agendas internacionais caras aos interesses de desenvolvimento nacional, como direito à saúde, direito à alimentação adequada, igualdade de gênero e racial, e enfrentamento a todas as formas de violência e de discriminação. A mudança no discurso diplomático e a participação desastrada em alianças ultraconservadoras caminharam de mãos dadas com o desmonte de políticas públicas domésticas, em especial no que se refere a igualdade de gênero, direitos sexuais e reprodutivos e direito de minorias.

A dívida com organizações internacionais representa grave prejuízo à imagem do país e à sua capacidade de atuação e compromete severamente sua política externa. O Brasil deve atualmente cerca de R$ 5,5 bilhões de reais. Se um valor mínimo dessa dívida não for pago ainda no atual exercício, haverá perda de voto em organizações como a ONU, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT ), entre outras. 


Íntegra do Relatório neste link: 

https://www.academia.edu/93514892/Relatorio_do_Gabinete_de_Transicao_para_o_governo_Lula


sexta-feira, 19 de agosto de 2022

À la recherche d’un blog perdu : Metapolítica 17 - Paulo Roberto de Almeida

 À la recherche d’un blog perdu : Metapolítica 17

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Notas sobre um blog desaparecido de um ex-chanceler acidental.

 

 

Recentemente, alguém me contactou para perguntar sobre os escritos do patético ex-chanceler acidental, um personagem que era obscuro, antes de ser designado primeiro chanceler do governo do capitão, e que voltou a ficar novamente obscuro, depois de sua demissão em março de 2021, e do qual nunca mais me ocupei, depois de escrever e publicar cinco livros sobre o infeliz ciclo do bolsolavismo diplomático (ver todos os títulos em meu blog Diplomatizzando, a partir do Miséria da Diplomacia, em meados de 2019). 

Para atender à demanda, efetuei uma rápida verificação, colocando o endereço do blog responsável pela sua designação como chanceler: https://www.metapoliticabrasil.com/. A resposta veio rápidaLooks Like This Domain Isn't Connected to a Website Yet!

Ou seja, ele desativou o seu antigo blog do período ascensional e desapareceu com todas as postagens do período de declínio, talvez porque tenha sido chutado pelo capitão e ficou sem qualquer apoio nos antigos setores. Mas muita gente, inclusive eu, deve ter registrado e guardado suas postagens, assim como matérias sobre ele e suas “ideias”. Não sei por que alguém ainda teria curiosidade de retornar ao “mar morto” do período de ativismo do ex-chanceler acidental, mas creio ser uma das pessoas mais habilitadas a fazê-lo, dado que segui a carreira e o besteirol dos dois anos e três meses nos quais ele conseguiu desmantelar a diplomacia do Itamaraty e boa parte da política externa (determinada pelo ex-chefe). Não vou reproduzir as bobagens escritas pelo bizarro personagem, mas vou fazer um relato sintético sobre o período de maiores loucuras que frequentaram a Casa de Rio Branco, de 2019 a 2021.

 

A designação do chanceler acidental e a imensa surpresa em torno do personagem

No dia 22 de setembro de 2018, um até então obscuro diplomata anunciava triunfalmente ao mundo que ele estava a caminho de salvar o Itamaraty, o Brasil e o mundo, por meio de seu novo blog, curiosamente chamado de Metapolítica 17: contra o globalismo, nestes exatos termos: 

Sou Ernesto Araújo. Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anti-cristão. A fé em Cristo significa, hoje, lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história. (blog pessoal: Metapolitica 17; iniciado em 22/09/2018)

 

Nem tomei conhecimento, naquele momento, dessa coisa estranha, e apenas fui saber da “novidade” no dia 14 de novembro pela tarde, quando o personagem até então realmente desconhecido pela maioria dos jornalistas foi designado como o novo chanceler, pelo presidente eleito no mês de outubro anterior. Antes de anunciar o seu escolhido, o candidato, depois presidente eleito, afirmou várias vezes que escolheria para o Itamaraty um “diplomata experiente e sem ideologia”. Parece que ele errou nos dois conceitos (ou foi deliberado).  

Mas, eu só soube da escolha do seu nome porque um jornalista amigo me telefonou, na tarde do dia 14 de novembro, para inquirir sobre a obscura figura. Só então soube que ele tinha um blog com aquele nome curioso. Prestei as informações que eram do meu conhecimento ao jornalista ignaro – e todos o eram até aquele momento – e depois passei o resto da noite do dia 14/11 e todo o feriado da República, lendo as postagens inacreditáveis (que até então eram poucas), mas extremamente reveladoras de uma personalidade angustiada com o avanço do marxismo no Brasil e no mundo, com a falta de Deus no Itamaraty e nas cercanias da política, e devidamente equipado, pelo número de doutas citações, a libertar o Brasil, se não o mundo, dos vários e aflitivos demônios ameaçadores.

Mas, sempre atento às novidades “cercando” (e como) a política externa, fiz uma primeira postagem, em meu blog, já no dia 16 de novembro, já refletindo a investigação de alguns jornalistas sobre o que pensava (ou deixava de pensar), o chanceler designado. Sem qualquer comentário de minha parte, transcrevi esta matéria, tal como lida: 

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Futuro chanceler: perto de Trump e longe da China - Lu Aiko Otta (OESP)

Futuro chanceler está perto de Trump e longe da China

Escolhido para chefiar Itamaraty diz que mudança climática é uma trama marxista para favorecer País asiático

Lu Aiko Otta, O Estado de S. Paulo, 16 novembro 2018 | 05h00

Blog Diplomatizzandohttps://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/futuro-chanceler-perto-de-trump-e-longe.html

 

Mas, a confusão em torno da diplomacia bolsolavista já tinha começado antes mesmo da designação do chanceler acidental, que é como eu sempre chamei o patético personagem, apadrinhado por um conhecido e polêmico guru ideológico da nova tropa de aventureiros que chegava ao poder. A confusão se instalou a partir de diversas declarações do presidente eleito sobre temas externos, todas elas rigorosamente ideológicas e denotando uma vontade de romper totalmente com a diplomacia tradicional, não tanto porque tivesse outra para colocar no lugar, mas por pura ignorância crassa. Uma delas eu registrei em postagem do dia 8 de novembro, ao tomar conhecimento de que uma delegação diplomática egípcia a caminho do Brasil tinha cancelado sua viagem, depois que Bolsonaro anunciou que mudaria a embaixada do Brasil de Tel Aviv a Jerusalém:

terça-feira, 6 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/diplomacia-bolsonarista-ainda-nem.html

Diplomacia bolsonarista: ainda nem começou, mas já agita um bocado

Notícias turbulentas: Em reação a Bolsonaro, Egito adia sem data visita oficial do Brasil : https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,em-reacao-a-bolsonaro-egito-adia-sem-data-visita-oficial-do-brasil,70002587188

 

No dia 11 de novembro, ou seja, três dias antes da designação oficial do chanceler acidental, eu registrava uma matéria da Gazeta do Povo revelando, com algum grau de detalhe, como seria a política externa do novo governo: 

domingo, 11 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/como-sera-politica-externa-do-governo.html

Como será a política externa do governo Bolsonaro - Fernando Martins (Gazeta do Povo) - Como será a política externa do governo Bolsonaro

 

Exatamente um dia antes de ser anunciado quem seria o novo chanceler, o embaixador Rubens Barbosa publicava no Estadão, um artigo sobre os desafios diplomáticos do novo governo, já levando em conta tudo o que já se sabia das declarações estapafúrdias do presidente eleito – mas sem que se soubesse que o chanceler seria alguém ainda mais esquizofrênico –, como também registrei em meu blog, mas no mesmo dia, um outro artigo, do jornalista Bernardo de Melo Franco, também se dedicava a especular sobre o futuro, texto que registrei na manhã do dia seguinte, ainda sem ter conhecimento do “chanceler”: 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/a-politica-externa-do-governo-bolsonaro.html

A política externa do governo Bolsonaro - Rubens Barbosa

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/desafios-ao-novo-chanceler-bernardo.html

Desafios ao novo chanceler - Bernardo Mello Franco (Globo)

Próximo chanceler terá árduo trabalho, O Globo, 13/11/2018

 

Finalmente, tendo tomado conhecido da designação do chanceler acidental, emiti, no próprio dia 15 de novembro, depois de ler vários de seus petardos iniciais no Metapolítica 17, um pequeno texto que pode ser lido na postagem abaixo resumida: 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/sobre-o-chanceler-designado-paulo.html

Sobre o chanceler designado - Paulo Roberto de Almeida

Minha postura quanto ao chanceler designado

 

Nela eu dizia basicamente o seguinte:

Eu fiquei 13,5 anos completamente afastado de qualquer cargo na SERE durante todo o regime lulopetista, e não pude, assim, acompanhar sua trajetória no período 2003-2016. Apenas recentemente soube que ele era casado com a filha do ex-SG Luiz Filipe de Seixas Corrêa. Não tinha a menor ideia de que ele mantinha uma campanha política militante em favor do candidato vencedor, como transpareceu na imprensa cerca de um mês atrás. (...)

Se ele foi escolhido pelo presidente eleito a exercer a função política de comandar a diplomacia brasileira no próximo governo, só posso desejar-lhe sucesso na função. (...)

Apenas ontem (14/11/2018), e depois da nomeação, tomei conhecimento pela primeira vez de que ele mantém um blog pessoal, para a expressão dessas ideias, o que eu também faço, no Diplomatizzando, mas, no meu caso, geralmente para transcrição de matérias de terceiros, com alguns poucos comentários de minha parte. Não me envolvo, nunca me envolvi, em atividades partidárias, e pretendo assim manter-me invariavelmente à margem desse tipo de opção. Minhas prioridades principais, no presente momento, ou desde sempre, consistem em preservar o Itamaraty e a diplomacia brasileira de quaisquer desvios indesejados, em termos ideológicos ou políticos, que possam ser considerados nefastos para a manutenção de sua alta qualidade intelectual, de sua grande capacidade de trabalho, puramente profissional, e de uma postura isenta no plano político-ideológico. Acredito, como aliás deve ser, que a política externa é determinada pelo chefe de Estado e de governo, como ocorre nos regimes presidencialistas, cabendo ao Itamaraty aconselhá-lo da melhor forma possível visando à defesa estrita dos altos interesses da nação e do Estado.

 

No próprio dia 15, e nos dias seguintes, jornalistas, pesquisadores, observadores, continuaram escrevendo sobre o chanceler designado, com base nas poucas “ideias” reveladas em seu blog ou no artigo “Trump e o Ocidente”, que havia sido publicado um ano antes na revista do IPRI da qual eu era o editor, que depois eu comentei amplamente num dos capítulos de meu primeiro livro do ciclo bolsolavista, Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (livremente disponível desde junho de 2019). Três dias depois da designação, no dia 18 de novembro, portanto, fiz uma listinha dos artigos (meus e de terceiros) publicados em meu blog, como indicado a seguir, postagem que terminava com estas minhas palavras: “Pode ser que o frenesi em torno do novo chanceler se acalme nas próximas semanas, ou não...” 

1)             Sobre o chanceler designado - Paulo Roberto de Alm...

2)             Globalismo e globalizacao: uma confusao persistent...

3)             Sobre o marxismo cultural - Paulo Roberto de Almei...

4)              Futuro chanceler: perto de Trump e longe da China ...

5)             A política externa do governo Bolsonaro - Rubens B...

6)             Os perigos da guinada radical no Itamaraty - Guilh...

Já prevendo que as semanas seguintes à posse do novo governo seriam confusas e conturbadas, pelo ineditismo esquizofrênico das posições antecipadas por eles mesmos – recusa do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, do Pacto Global das Migrações, da política externa regional, que seria regida em termos ideológicos “direita-esquerda” –, corri para terminar os projetos em curso no IPRI e paralelamente: finalização e lançamento dos dois volumes com a produção do ex-chanceler Celso Lafer em relações internacionais, e publicação do primeiro número da revista 200, produzida por meu colega Carlos Henrique Cardim, mas que acabaria bloqueada pelo novo chanceler antes mesmo da sua posse (um ano depois, eu obtinha o arquivo digital da revista e colocava na plataforma Academia.edu). Foram semanas de muito trabalho no final de novembro e dezembro, e de algum temor.

Nas semanas seguintes, enfastiado com aquelas ideias delirantes, pouco prestei atenção à luta do cruzado contra os perigos do marxismo, tanto que tirei férias no final do ano, viajei, e nem estava em Brasilia para a posse presidencial ou a do “flamante” chanceler, como dizem os hermanos. Soube, por amigos, que seu discurso de posse, no dia 2 de janeiro de 2019, foi um verdadeiro choque de surrealismo para todos os diplomatas ali presentes. No mesmo dia, recebi, por WhatsApp, em Gramado (RS), onde me encontrava, um pedido da nova administração para opinar sobre o Instituto Rio Branco, o que me recusei a fazer, por não ter essa área em minha competência, até então restrita ao Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (IPRI).

Ao mesmo tempo, chegou-me uma espécie de “instrução” para não aplicar o programa de trabalho que havia sido aprovado pelo Conselho da Funag no mês de dezembro de 2018. Percebi que a coisa iria degringolar no Itamaraty. Aliás, esperava ser demitido logo no primeiro dia do novo “regime”, pois já havia alcunhado o novo dono do poder de fascista, o que não era exatamente um cumprimento. Demorou um pouco, e entendi que ainda estavam buscando um substituto para a direção do IPRI, mas finalmente chegou, no começo de março de 2018, em plena segunda-feira de Carnaval, dia de suposto feriado. No intervalo fiquei fazendo o que sempre faço: ler, refletir, escrever algumas coisas, inclusive mais algumas “pérolas” do chanceler acidental, o tal orgulhoso animador do blog Metapolítica 17 (contra o globalismo, não esquecer). 

O fato é que eu fui “exonerado” do meu cargo de Diretor do IPRI numa “manhã de Carnaval”, no próprio dia em que eu publicava no meu blog um artigo do chanceler acidental, com alguns poucos comentários da minha parte, sem relação com o artigo, apenas relatando meus 13,5 anos de travessia do lulopetismo diplomático: 

segunda-feira, 4 de março de 2019

https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/contra-o-consenso-tradicional-na.html

Contra o consenso "tradicional" na politica externa - artigo do chanceler

 

Não vou me estender sobre todas as postagens feitas no blog Diplomatizzando nos primeiros meses de 2019 sobre o asilo de alucinados em que se converteu o Itamaraty, tanto porque, exonerado do IPRI, refugiei-me na Biblioteca do Itamaraty e fiquei preparando meu primeiro livro de 2019, que não tinha nada a ver com o novo governo, mas cuidava apenas do período anterior: Contra a Corrente: ensaios contrarianista sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Appris). Depois resolvi tomar notas para o que seria o primeiro livro do ciclo bolsolavista, o já citado Miséria da Diplomacia (em duas edições, uma de autor, a outra pela Universidade Federal de Roraima, ambas inteiramente livres e disponíveis no meu blog Diplomatizzando). Naquele livro “contrarianista”, aproveitei um texto que tinha escrito no mês de novembro anterior, feito a caminho de Santa Maria (RS), para um seminário, “Por que sou um contrarianista?”, imediatamente publicado no blog, antes da fatídica data de 14 de novembro quando foi anunciado o chanceler acidental, o que apenas reforçou a minha vocação de ser contrarianista. Quando o livro finalmente foi publicado, em meados do primeiro semestre, eu anunciava, na sua última página (247), um novo livro para aquele mesmo ano, como “Obra em preparação: Meio Século de Aventuras Intelectuais: escritos sobre o Brasil e o mundo, 1968-2018”. Esse livro não foi, até aqui, concluído.

 

O que aconteceu com o blog do novo cruzado?

O blog Metapolítica 17, do chanceler acidental, permaneceu ativo durante todo o tempo em que ele infelicitou o Itamaraty e a diplomacia profissional e ajudou o presidente a demolir a política externa relativamente equilibrada do período imediatamente anterior. Assustado com os caminhos adotados por ambos, na defesa de teses indefensáveis, como por exemplo a de que o nazismo seria uma “ideologia de esquerda”, continuei a seguir seus petardos alucinados e alucinantes, eventualmente comentados e “corrigidos” por mim e por jornalistas experientes. Por exemplo, para rebater a tese de que o nazismo seria “de esquerda”, o jornalista experimento Diogo Schelp produziu um artigo arrasador, que reproduzi no Diplomatizando

domingo, 7 de abril de 2019

https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/04/ernesto-araujo-e-o-nazismo-de-esquerda.html

Ernesto Araujo e o nazismo "de esquerda": Diogo Schelp recomenda um livro

Uma recomendação de livro para o chanceler Ernesto Araújo

Diogo Schelp - UOL 07/04/19

https://diogoschelp.blogosfera.uol.com.br/2019/04/06/uma-recomendacao-de-livro-para-o-chanceler-ernesto-araujo/

 

Eu mesmo acabei produzindo um artigo sobre as vinculações entre suas “ideias” em torno da metapolítica e o nacionalismo alemão que tinha desembocado no nazismo: 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/01/metapolitica-de-wagner-hitler-e-ao.html

Metapolitica: de Wagner a Hitler, e ao chanceler acidental - Paulo Roberto de Almeida

Nas origens da Metapolítica: o romantismo alemão que derivou para o nazismo

 

Depois, escrevi dois outros livros, em plena vigência do bolsolavismo diplomático triunfante, rebatendo a cada vez o festival de absurdos que ocorria, de forma regular, constante e repetidamente, com (na verdade, contra) a política externa e a diplomacia brasileira. Menciono rapidamente esses livros publicados geralmente em formato Kindle ou divulgados livremente, para facilitar e apressar os contra-argumentos às loucuras emanadas dos amadores da diplomacia: O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; Edição Kindle); Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; plataforma Academia.edu). Neste segundo eu já propunha uma política externa pós-bolsolavista.

O tipo de evento que a Funag andou promovendo nos tempos ideológicos

Fundação Alexandre de Gusmão e o IPRI se converteram num valhacouto de antiglobalistas, negacionistas, fundamentalistas (e nem sei por que os monarquistas foram se meter com aquele bando de malucos), nos eventos, seminários e palestras organizados exclusivamente para a malta dos adoradores do sofista da Virgínia, aquele a quem eu chamava de “Rasputin de Subúrbio”, assim como os aloprados do bolsonarismo com alguma tintura supostamente acadêmica. Cheguei a sentir pena dos alunos do Instituto Rio Branco, de excelente nível, mas assembleia cativa, e necessariamente passiva (mas provavelmente estupefata), com aquelas palestras estrambóticas. Imagino o sofrimento que deve ter sido para eles escutar invectivas contra o multilateralismo, o perigo iminente do comunismo que rondava a política brasileira, assim como os projetos diabólicos do Foro de São Paulo nos seus projetos de implantar o socialismo na América Latina. 

Imaginei que com a derrota de Trump – nunca admitida por Bolsonaro, meses depois da posse de Biden – e antes mesmo da posse do novo presidente americano, o chanceler acidental seria trocado por alguém mais razoável, o que todavia não ocorreu. Cheguei a escrever um pedido de demissão para o chanceler, se ele tivesse coragem de abandonar a cadeira que conspurcar, mas nada ocorreu até o início dos trabalhos legislativos. Minha carta recomendando renúncia, a ele dirigida, foi publicada no blog no final de janeiro de 2021: 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/carta-aberta-um-diplomata-completamente.html

Carta aberta a um diplomata completamente fora do tom

 

Como ele não se resolvia, publiquei meu quarto livro sobre os delírios do chanceler acidental e sua obra destruidora da diplomacia profissional: O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo2018-2021 (Brasília: Diplomatizzando, 2021; edição Kindle). Poucos dias depois ele era levado a se demitir, por pressão da bancada da Comissão de Relações Exteriores do Senado, mas manteve, durante algum tempo, seus textos no blog Metapolítica 17; como ele já era “carta fora do baralho”, deixei de prestar atenção nos seus petardos malucos, e esses textos últimos, antes da eliminação completa do blog e das postagens eu não gravei, mas espero que alguém o tenha feito, e aqui fica o meu apelo para que essa coleção de alucinações seja completada, quem sabe para o benefício de algum candidato a mestrado ou doutorado em psiquiatria diplomática.

Para finalmente dar por concluído esse ciclo de livros que não deveriam ter sido escritos – pois nada justificou a perda de tempo com tantas bobagens, tendo tanta coisa mais interessante para escrever – condensei meus estudos e reflexões sobre algumas décadas de política externa (grosso modo desde a redemocratização, a partir de 1985) num livro que sintetiza meu pensamento sobre a diplomacia conduzida de Sarney a Bolsonaro: Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Appris, 2021). Creio que com o livro publicado pela LTC em 2012, Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização, são minhas duas melhores obras que tratam do meu próprio trabalho em 44 anos de desempenho diplomático.

Quando e exatamente porque o ex-chanceler acidental resolveu deletar de sua vida todas aquelas “saborosas” postagens antiglobalistas, fundamentalistas, raivosas e rançosas, feitas no Metapolítica 17, isso eu não sei, mas as razões não são difíceis de adivinhar: a tropa dos ideólogos da “nova política” soçobrou inteiramente depois que o Itamaraty se entregou, de armas e bagagens, ao Centrão, o que lhe garantiu certa sobrevivência política numa das trajetórias mais infames já conhecidas em toda a história do Brasil, e isso desde que aqui desembarcou, na Bahia mais exatamente, o primeiro governador-geral do Brasil, D. Tomé de Souza: nunca tivemos um dirigente tão medíocre, inepto e doentio, ao ponto da perversidade.

Talvez algum dia alguém escreva a trajetória do ex-chanceler acidental, embora já existam alguns livros sobre a diplomacia bolsonarista. Sobre o personagem, eu organizei um livro, a partir de outros petardos, os de um cronista desconhecido, que recomendo aos que apreciam a galhofa: Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2022; disponível na plataforma Academia.edu: https://www.academia.edu/71720946/Memorial_do_Sanatorio_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_2021_). 


Paulo Roberto de Almeida

                                                                               Brasília, 4230: 19 agosto 2022, 8 p.





domingo, 15 de agosto de 2021

Os sete pecados capitais da diplomacia bolsolavista, um ano depois - Paulo Roberto de Almeida

 Um ano atrás eu publicava este artigo sobre os sete pecados capitais da diplomacia bolsolavista, no jornal Zero Hora (RS; 14/08/202). Está na hora de ver o que mudou e o que ficou. O guru presidencial e patrono do chanceler ocidental está no estaleiro e sua patética criatura submissa já se foi, para alivio dos diplomatas. Mas permanece o chefão ignaro, embora o seu próprio chefe já tenha sido defenestrado pelos eleitores americanos. Os sete pecados perderam muito da sua força, mas permanecem…

Reproduzo abaixo o texto original do artigo.

Paulo Roberto de Almeida 


 Sete pecados capitais da diplomacia bolsolavista

 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata de carreira, professor.


 

A diplomacia bolsolavista, formulada em grande medida fora do Itamaraty e operada apenas formalmente por auxiliares da Casa, é feita de rupturas com respeito aos padrões históricos da política externa brasileira, que sempre foi tradicionalmente caracterizada pela busca de autonomia e comprometida, antes de mais nada, com o interesse nacional. Ela é tão bizarra no horizonte bissecular de nossa diplomacia que sequer pode ser assemelhada a uma espécie de desvio padrão numa linha de tendência da política externa nacional, pois ela se situa completamente fora do quadro. Observando-se cronologicamente seu desempenho em um ano e meio de esquisitices de inspiração bolsolavista, pode-se identificar os sete pecados capitais dessa diplomacia sui generis

1) Ignorância: não parece haver dúvidas de que os que conduzem, de fato, as relações exteriores do Brasil são profundamente ignorantes sobre as relações internacionais e sobre a própria política externa do Brasil. O filho 03 do presidente, que exerce esse papel, não tem a menor ideia de quem foi, nem nunca ouviu falar de Henry Kissinger.

2) Irrealismo: esses “decisores” começam partindo de uma fantasmagoria, o tal de globalismo – que nunca demonstram existir empiricamente – e passam daí a atacar o método por excelência da diplomacia contemporânea: o multilateralismo.

3) Arrogância: como a anterior tribo dos lulopetistas, eles acham que tudo o que existia antes deles foi errado; o chanceler acidental vive apontando distorções na política externa dos últimos 30 anos (falou até “depois de Rio Branco”), não mencionando que serviu de forma obediente todas essas distorções até com entusiasmo (existem provas disso). Ele fez uma completa reforma do Itamaraty sem jamais consultar seus colegas de carreira: por cima.

4) Servilismo: a frase símbolo desse alinhamento automático é o famoso “I love you Trump”, disparado pelo presidente a seu colega americano em setembro de 2019 na ONU. Teve início no primeiro dia de governo quando se ofereceu uma base militar americana no Brasil, prontamente rejeitada pelos ministros militares; mas tem muitos outros exemplos.

5) Miopia: já manifestada numa alegada “ameaça globalista”, tem recusado a cooperação multilateral no combate a um desconhecido, até aqui, “comunavirus”; ela se manifestou em especial na animosidade em relação à China e numa adesão unilateral ao governo de Israel, desconhecendo a complexidade dessas relações e ameaçando negócios e investimentos extremamente relevantes para o presente e o futuro do Brasil.

6) Grosseria: Ela se manifestou sobretudo em direção de líderes estrangeiros que não pensam como o presidente, com ofensas a estadistas europeus comprometidos com a defesa do meio ambiente e também a dirigentes vizinhos de outras correntes políticas.

7) Inconstitucionalidade: a primeira já está comprometida no servilismo, ou seja, a renúncia à independência nacional, para subordiná-la a um dirigente estrangeiro, mas também existe a intervenção nos assuntos internos de outros países; a mais grave é o desconhecimento do Direito Internacional, manifestado no apoio às sanções unilaterais do governo americano, o que pode concretizar-se inclusive contra o próprio Brasil, como no caso das salvaguardas abusivas (e ilegais) contra exportações brasileiras de aço e alumínio. 

Todos esses pecados se revelaram abertamente na recusa do multilateralismo, na negligência de normas consagradas do Direito Internacional, no abandono da formulação autônoma da política externa brasileira, na relativização da noção de interesse nacional, na substituição da diplomacia profissional pelos preconceitos de amadores ignorantes, assim como o desprezo pelos princípios constitucionais das relações internacionais. Dois exemplos, entre outros, da subordinação aos EUA: a aceitação do candidato americano à presidência do BID e a adesão ao veto de Trump à participação da empresa chinesa Huawei no leilão do 5G.

 

 

[Brasília, 3733, 12 de agosto de 2020]