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sexta-feira, 19 de agosto de 2022

À la recherche d’un blog perdu : Metapolítica 17 - Paulo Roberto de Almeida

 À la recherche d’un blog perdu : Metapolítica 17

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

Notas sobre um blog desaparecido de um ex-chanceler acidental.

 

 

Recentemente, alguém me contactou para perguntar sobre os escritos do patético ex-chanceler acidental, um personagem que era obscuro, antes de ser designado primeiro chanceler do governo do capitão, e que voltou a ficar novamente obscuro, depois de sua demissão em março de 2021, e do qual nunca mais me ocupei, depois de escrever e publicar cinco livros sobre o infeliz ciclo do bolsolavismo diplomático (ver todos os títulos em meu blog Diplomatizzando, a partir do Miséria da Diplomacia, em meados de 2019). 

Para atender à demanda, efetuei uma rápida verificação, colocando o endereço do blog responsável pela sua designação como chanceler: https://www.metapoliticabrasil.com/. A resposta veio rápidaLooks Like This Domain Isn't Connected to a Website Yet!

Ou seja, ele desativou o seu antigo blog do período ascensional e desapareceu com todas as postagens do período de declínio, talvez porque tenha sido chutado pelo capitão e ficou sem qualquer apoio nos antigos setores. Mas muita gente, inclusive eu, deve ter registrado e guardado suas postagens, assim como matérias sobre ele e suas “ideias”. Não sei por que alguém ainda teria curiosidade de retornar ao “mar morto” do período de ativismo do ex-chanceler acidental, mas creio ser uma das pessoas mais habilitadas a fazê-lo, dado que segui a carreira e o besteirol dos dois anos e três meses nos quais ele conseguiu desmantelar a diplomacia do Itamaraty e boa parte da política externa (determinada pelo ex-chefe). Não vou reproduzir as bobagens escritas pelo bizarro personagem, mas vou fazer um relato sintético sobre o período de maiores loucuras que frequentaram a Casa de Rio Branco, de 2019 a 2021.

 

A designação do chanceler acidental e a imensa surpresa em torno do personagem

No dia 22 de setembro de 2018, um até então obscuro diplomata anunciava triunfalmente ao mundo que ele estava a caminho de salvar o Itamaraty, o Brasil e o mundo, por meio de seu novo blog, curiosamente chamado de Metapolítica 17: contra o globalismo, nestes exatos termos: 

Sou Ernesto Araújo. Tenho 28 anos de serviço público e sou também escritor. Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anti-cristão. A fé em Cristo significa, hoje, lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história. (blog pessoal: Metapolitica 17; iniciado em 22/09/2018)

 

Nem tomei conhecimento, naquele momento, dessa coisa estranha, e apenas fui saber da “novidade” no dia 14 de novembro pela tarde, quando o personagem até então realmente desconhecido pela maioria dos jornalistas foi designado como o novo chanceler, pelo presidente eleito no mês de outubro anterior. Antes de anunciar o seu escolhido, o candidato, depois presidente eleito, afirmou várias vezes que escolheria para o Itamaraty um “diplomata experiente e sem ideologia”. Parece que ele errou nos dois conceitos (ou foi deliberado).  

Mas, eu só soube da escolha do seu nome porque um jornalista amigo me telefonou, na tarde do dia 14 de novembro, para inquirir sobre a obscura figura. Só então soube que ele tinha um blog com aquele nome curioso. Prestei as informações que eram do meu conhecimento ao jornalista ignaro – e todos o eram até aquele momento – e depois passei o resto da noite do dia 14/11 e todo o feriado da República, lendo as postagens inacreditáveis (que até então eram poucas), mas extremamente reveladoras de uma personalidade angustiada com o avanço do marxismo no Brasil e no mundo, com a falta de Deus no Itamaraty e nas cercanias da política, e devidamente equipado, pelo número de doutas citações, a libertar o Brasil, se não o mundo, dos vários e aflitivos demônios ameaçadores.

Mas, sempre atento às novidades “cercando” (e como) a política externa, fiz uma primeira postagem, em meu blog, já no dia 16 de novembro, já refletindo a investigação de alguns jornalistas sobre o que pensava (ou deixava de pensar), o chanceler designado. Sem qualquer comentário de minha parte, transcrevi esta matéria, tal como lida: 

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Futuro chanceler: perto de Trump e longe da China - Lu Aiko Otta (OESP)

Futuro chanceler está perto de Trump e longe da China

Escolhido para chefiar Itamaraty diz que mudança climática é uma trama marxista para favorecer País asiático

Lu Aiko Otta, O Estado de S. Paulo, 16 novembro 2018 | 05h00

Blog Diplomatizzandohttps://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/futuro-chanceler-perto-de-trump-e-longe.html

 

Mas, a confusão em torno da diplomacia bolsolavista já tinha começado antes mesmo da designação do chanceler acidental, que é como eu sempre chamei o patético personagem, apadrinhado por um conhecido e polêmico guru ideológico da nova tropa de aventureiros que chegava ao poder. A confusão se instalou a partir de diversas declarações do presidente eleito sobre temas externos, todas elas rigorosamente ideológicas e denotando uma vontade de romper totalmente com a diplomacia tradicional, não tanto porque tivesse outra para colocar no lugar, mas por pura ignorância crassa. Uma delas eu registrei em postagem do dia 8 de novembro, ao tomar conhecimento de que uma delegação diplomática egípcia a caminho do Brasil tinha cancelado sua viagem, depois que Bolsonaro anunciou que mudaria a embaixada do Brasil de Tel Aviv a Jerusalém:

terça-feira, 6 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/diplomacia-bolsonarista-ainda-nem.html

Diplomacia bolsonarista: ainda nem começou, mas já agita um bocado

Notícias turbulentas: Em reação a Bolsonaro, Egito adia sem data visita oficial do Brasil : https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,em-reacao-a-bolsonaro-egito-adia-sem-data-visita-oficial-do-brasil,70002587188

 

No dia 11 de novembro, ou seja, três dias antes da designação oficial do chanceler acidental, eu registrava uma matéria da Gazeta do Povo revelando, com algum grau de detalhe, como seria a política externa do novo governo: 

domingo, 11 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/como-sera-politica-externa-do-governo.html

Como será a política externa do governo Bolsonaro - Fernando Martins (Gazeta do Povo) - Como será a política externa do governo Bolsonaro

 

Exatamente um dia antes de ser anunciado quem seria o novo chanceler, o embaixador Rubens Barbosa publicava no Estadão, um artigo sobre os desafios diplomáticos do novo governo, já levando em conta tudo o que já se sabia das declarações estapafúrdias do presidente eleito – mas sem que se soubesse que o chanceler seria alguém ainda mais esquizofrênico –, como também registrei em meu blog, mas no mesmo dia, um outro artigo, do jornalista Bernardo de Melo Franco, também se dedicava a especular sobre o futuro, texto que registrei na manhã do dia seguinte, ainda sem ter conhecimento do “chanceler”: 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/a-politica-externa-do-governo-bolsonaro.html

A política externa do governo Bolsonaro - Rubens Barbosa

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/desafios-ao-novo-chanceler-bernardo.html

Desafios ao novo chanceler - Bernardo Mello Franco (Globo)

Próximo chanceler terá árduo trabalho, O Globo, 13/11/2018

 

Finalmente, tendo tomado conhecido da designação do chanceler acidental, emiti, no próprio dia 15 de novembro, depois de ler vários de seus petardos iniciais no Metapolítica 17, um pequeno texto que pode ser lido na postagem abaixo resumida: 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/11/sobre-o-chanceler-designado-paulo.html

Sobre o chanceler designado - Paulo Roberto de Almeida

Minha postura quanto ao chanceler designado

 

Nela eu dizia basicamente o seguinte:

Eu fiquei 13,5 anos completamente afastado de qualquer cargo na SERE durante todo o regime lulopetista, e não pude, assim, acompanhar sua trajetória no período 2003-2016. Apenas recentemente soube que ele era casado com a filha do ex-SG Luiz Filipe de Seixas Corrêa. Não tinha a menor ideia de que ele mantinha uma campanha política militante em favor do candidato vencedor, como transpareceu na imprensa cerca de um mês atrás. (...)

Se ele foi escolhido pelo presidente eleito a exercer a função política de comandar a diplomacia brasileira no próximo governo, só posso desejar-lhe sucesso na função. (...)

Apenas ontem (14/11/2018), e depois da nomeação, tomei conhecimento pela primeira vez de que ele mantém um blog pessoal, para a expressão dessas ideias, o que eu também faço, no Diplomatizzando, mas, no meu caso, geralmente para transcrição de matérias de terceiros, com alguns poucos comentários de minha parte. Não me envolvo, nunca me envolvi, em atividades partidárias, e pretendo assim manter-me invariavelmente à margem desse tipo de opção. Minhas prioridades principais, no presente momento, ou desde sempre, consistem em preservar o Itamaraty e a diplomacia brasileira de quaisquer desvios indesejados, em termos ideológicos ou políticos, que possam ser considerados nefastos para a manutenção de sua alta qualidade intelectual, de sua grande capacidade de trabalho, puramente profissional, e de uma postura isenta no plano político-ideológico. Acredito, como aliás deve ser, que a política externa é determinada pelo chefe de Estado e de governo, como ocorre nos regimes presidencialistas, cabendo ao Itamaraty aconselhá-lo da melhor forma possível visando à defesa estrita dos altos interesses da nação e do Estado.

 

No próprio dia 15, e nos dias seguintes, jornalistas, pesquisadores, observadores, continuaram escrevendo sobre o chanceler designado, com base nas poucas “ideias” reveladas em seu blog ou no artigo “Trump e o Ocidente”, que havia sido publicado um ano antes na revista do IPRI da qual eu era o editor, que depois eu comentei amplamente num dos capítulos de meu primeiro livro do ciclo bolsolavista, Miséria da Diplomacia: a destruição da inteligência no Itamaraty (livremente disponível desde junho de 2019). Três dias depois da designação, no dia 18 de novembro, portanto, fiz uma listinha dos artigos (meus e de terceiros) publicados em meu blog, como indicado a seguir, postagem que terminava com estas minhas palavras: “Pode ser que o frenesi em torno do novo chanceler se acalme nas próximas semanas, ou não...” 

1)             Sobre o chanceler designado - Paulo Roberto de Alm...

2)             Globalismo e globalizacao: uma confusao persistent...

3)             Sobre o marxismo cultural - Paulo Roberto de Almei...

4)              Futuro chanceler: perto de Trump e longe da China ...

5)             A política externa do governo Bolsonaro - Rubens B...

6)             Os perigos da guinada radical no Itamaraty - Guilh...

Já prevendo que as semanas seguintes à posse do novo governo seriam confusas e conturbadas, pelo ineditismo esquizofrênico das posições antecipadas por eles mesmos – recusa do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, do Pacto Global das Migrações, da política externa regional, que seria regida em termos ideológicos “direita-esquerda” –, corri para terminar os projetos em curso no IPRI e paralelamente: finalização e lançamento dos dois volumes com a produção do ex-chanceler Celso Lafer em relações internacionais, e publicação do primeiro número da revista 200, produzida por meu colega Carlos Henrique Cardim, mas que acabaria bloqueada pelo novo chanceler antes mesmo da sua posse (um ano depois, eu obtinha o arquivo digital da revista e colocava na plataforma Academia.edu). Foram semanas de muito trabalho no final de novembro e dezembro, e de algum temor.

Nas semanas seguintes, enfastiado com aquelas ideias delirantes, pouco prestei atenção à luta do cruzado contra os perigos do marxismo, tanto que tirei férias no final do ano, viajei, e nem estava em Brasilia para a posse presidencial ou a do “flamante” chanceler, como dizem os hermanos. Soube, por amigos, que seu discurso de posse, no dia 2 de janeiro de 2019, foi um verdadeiro choque de surrealismo para todos os diplomatas ali presentes. No mesmo dia, recebi, por WhatsApp, em Gramado (RS), onde me encontrava, um pedido da nova administração para opinar sobre o Instituto Rio Branco, o que me recusei a fazer, por não ter essa área em minha competência, até então restrita ao Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (IPRI).

Ao mesmo tempo, chegou-me uma espécie de “instrução” para não aplicar o programa de trabalho que havia sido aprovado pelo Conselho da Funag no mês de dezembro de 2018. Percebi que a coisa iria degringolar no Itamaraty. Aliás, esperava ser demitido logo no primeiro dia do novo “regime”, pois já havia alcunhado o novo dono do poder de fascista, o que não era exatamente um cumprimento. Demorou um pouco, e entendi que ainda estavam buscando um substituto para a direção do IPRI, mas finalmente chegou, no começo de março de 2018, em plena segunda-feira de Carnaval, dia de suposto feriado. No intervalo fiquei fazendo o que sempre faço: ler, refletir, escrever algumas coisas, inclusive mais algumas “pérolas” do chanceler acidental, o tal orgulhoso animador do blog Metapolítica 17 (contra o globalismo, não esquecer). 

O fato é que eu fui “exonerado” do meu cargo de Diretor do IPRI numa “manhã de Carnaval”, no próprio dia em que eu publicava no meu blog um artigo do chanceler acidental, com alguns poucos comentários da minha parte, sem relação com o artigo, apenas relatando meus 13,5 anos de travessia do lulopetismo diplomático: 

segunda-feira, 4 de março de 2019

https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/03/contra-o-consenso-tradicional-na.html

Contra o consenso "tradicional" na politica externa - artigo do chanceler

 

Não vou me estender sobre todas as postagens feitas no blog Diplomatizzando nos primeiros meses de 2019 sobre o asilo de alucinados em que se converteu o Itamaraty, tanto porque, exonerado do IPRI, refugiei-me na Biblioteca do Itamaraty e fiquei preparando meu primeiro livro de 2019, que não tinha nada a ver com o novo governo, mas cuidava apenas do período anterior: Contra a Corrente: ensaios contrarianista sobre as relações internacionais do Brasil, 2014-2018 (Appris). Depois resolvi tomar notas para o que seria o primeiro livro do ciclo bolsolavista, o já citado Miséria da Diplomacia (em duas edições, uma de autor, a outra pela Universidade Federal de Roraima, ambas inteiramente livres e disponíveis no meu blog Diplomatizzando). Naquele livro “contrarianista”, aproveitei um texto que tinha escrito no mês de novembro anterior, feito a caminho de Santa Maria (RS), para um seminário, “Por que sou um contrarianista?”, imediatamente publicado no blog, antes da fatídica data de 14 de novembro quando foi anunciado o chanceler acidental, o que apenas reforçou a minha vocação de ser contrarianista. Quando o livro finalmente foi publicado, em meados do primeiro semestre, eu anunciava, na sua última página (247), um novo livro para aquele mesmo ano, como “Obra em preparação: Meio Século de Aventuras Intelectuais: escritos sobre o Brasil e o mundo, 1968-2018”. Esse livro não foi, até aqui, concluído.

 

O que aconteceu com o blog do novo cruzado?

O blog Metapolítica 17, do chanceler acidental, permaneceu ativo durante todo o tempo em que ele infelicitou o Itamaraty e a diplomacia profissional e ajudou o presidente a demolir a política externa relativamente equilibrada do período imediatamente anterior. Assustado com os caminhos adotados por ambos, na defesa de teses indefensáveis, como por exemplo a de que o nazismo seria uma “ideologia de esquerda”, continuei a seguir seus petardos alucinados e alucinantes, eventualmente comentados e “corrigidos” por mim e por jornalistas experientes. Por exemplo, para rebater a tese de que o nazismo seria “de esquerda”, o jornalista experimento Diogo Schelp produziu um artigo arrasador, que reproduzi no Diplomatizando

domingo, 7 de abril de 2019

https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/04/ernesto-araujo-e-o-nazismo-de-esquerda.html

Ernesto Araujo e o nazismo "de esquerda": Diogo Schelp recomenda um livro

Uma recomendação de livro para o chanceler Ernesto Araújo

Diogo Schelp - UOL 07/04/19

https://diogoschelp.blogosfera.uol.com.br/2019/04/06/uma-recomendacao-de-livro-para-o-chanceler-ernesto-araujo/

 

Eu mesmo acabei produzindo um artigo sobre as vinculações entre suas “ideias” em torno da metapolítica e o nacionalismo alemão que tinha desembocado no nazismo: 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/01/metapolitica-de-wagner-hitler-e-ao.html

Metapolitica: de Wagner a Hitler, e ao chanceler acidental - Paulo Roberto de Almeida

Nas origens da Metapolítica: o romantismo alemão que derivou para o nazismo

 

Depois, escrevi dois outros livros, em plena vigência do bolsolavismo diplomático triunfante, rebatendo a cada vez o festival de absurdos que ocorria, de forma regular, constante e repetidamente, com (na verdade, contra) a política externa e a diplomacia brasileira. Menciono rapidamente esses livros publicados geralmente em formato Kindle ou divulgados livremente, para facilitar e apressar os contra-argumentos às loucuras emanadas dos amadores da diplomacia: O Itamaraty num labirinto de sombras: ensaios de política externa e de diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; Edição Kindle); Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira (Brasília: Diplomatizzando, 2020; plataforma Academia.edu). Neste segundo eu já propunha uma política externa pós-bolsolavista.

O tipo de evento que a Funag andou promovendo nos tempos ideológicos

Fundação Alexandre de Gusmão e o IPRI se converteram num valhacouto de antiglobalistas, negacionistas, fundamentalistas (e nem sei por que os monarquistas foram se meter com aquele bando de malucos), nos eventos, seminários e palestras organizados exclusivamente para a malta dos adoradores do sofista da Virgínia, aquele a quem eu chamava de “Rasputin de Subúrbio”, assim como os aloprados do bolsonarismo com alguma tintura supostamente acadêmica. Cheguei a sentir pena dos alunos do Instituto Rio Branco, de excelente nível, mas assembleia cativa, e necessariamente passiva (mas provavelmente estupefata), com aquelas palestras estrambóticas. Imagino o sofrimento que deve ter sido para eles escutar invectivas contra o multilateralismo, o perigo iminente do comunismo que rondava a política brasileira, assim como os projetos diabólicos do Foro de São Paulo nos seus projetos de implantar o socialismo na América Latina. 

Imaginei que com a derrota de Trump – nunca admitida por Bolsonaro, meses depois da posse de Biden – e antes mesmo da posse do novo presidente americano, o chanceler acidental seria trocado por alguém mais razoável, o que todavia não ocorreu. Cheguei a escrever um pedido de demissão para o chanceler, se ele tivesse coragem de abandonar a cadeira que conspurcar, mas nada ocorreu até o início dos trabalhos legislativos. Minha carta recomendando renúncia, a ele dirigida, foi publicada no blog no final de janeiro de 2021: 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/carta-aberta-um-diplomata-completamente.html

Carta aberta a um diplomata completamente fora do tom

 

Como ele não se resolvia, publiquei meu quarto livro sobre os delírios do chanceler acidental e sua obra destruidora da diplomacia profissional: O Itamaraty Sequestrado: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo2018-2021 (Brasília: Diplomatizzando, 2021; edição Kindle). Poucos dias depois ele era levado a se demitir, por pressão da bancada da Comissão de Relações Exteriores do Senado, mas manteve, durante algum tempo, seus textos no blog Metapolítica 17; como ele já era “carta fora do baralho”, deixei de prestar atenção nos seus petardos malucos, e esses textos últimos, antes da eliminação completa do blog e das postagens eu não gravei, mas espero que alguém o tenha feito, e aqui fica o meu apelo para que essa coleção de alucinações seja completada, quem sabe para o benefício de algum candidato a mestrado ou doutorado em psiquiatria diplomática.

Para finalmente dar por concluído esse ciclo de livros que não deveriam ter sido escritos – pois nada justificou a perda de tempo com tantas bobagens, tendo tanta coisa mais interessante para escrever – condensei meus estudos e reflexões sobre algumas décadas de política externa (grosso modo desde a redemocratização, a partir de 1985) num livro que sintetiza meu pensamento sobre a diplomacia conduzida de Sarney a Bolsonaro: Apogeu e demolição da política externa: itinerários da diplomacia brasileira (Appris, 2021). Creio que com o livro publicado pela LTC em 2012, Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização, são minhas duas melhores obras que tratam do meu próprio trabalho em 44 anos de desempenho diplomático.

Quando e exatamente porque o ex-chanceler acidental resolveu deletar de sua vida todas aquelas “saborosas” postagens antiglobalistas, fundamentalistas, raivosas e rançosas, feitas no Metapolítica 17, isso eu não sei, mas as razões não são difíceis de adivinhar: a tropa dos ideólogos da “nova política” soçobrou inteiramente depois que o Itamaraty se entregou, de armas e bagagens, ao Centrão, o que lhe garantiu certa sobrevivência política numa das trajetórias mais infames já conhecidas em toda a história do Brasil, e isso desde que aqui desembarcou, na Bahia mais exatamente, o primeiro governador-geral do Brasil, D. Tomé de Souza: nunca tivemos um dirigente tão medíocre, inepto e doentio, ao ponto da perversidade.

Talvez algum dia alguém escreva a trajetória do ex-chanceler acidental, embora já existam alguns livros sobre a diplomacia bolsonarista. Sobre o personagem, eu organizei um livro, a partir de outros petardos, os de um cronista desconhecido, que recomendo aos que apreciam a galhofa: Ereto da Brocha, Memorial do Sanatório, ou Ernesto e seus dragões no país de Bolsonaro (Brasília: Ombudsman, 2022; disponível na plataforma Academia.edu: https://www.academia.edu/71720946/Memorial_do_Sanatorio_Ereto_da_Brocha_Ombudsman_do_Itamaraty_2021_). 


Paulo Roberto de Almeida

                                                                               Brasília, 4230: 19 agosto 2022, 8 p.





quarta-feira, 2 de março de 2022

O Brasil de Bozo e do ex-chanceler acidental e a guerra na Ucrânia - entrevista de Paulo Roberto de Almeida ao Correio Braziliense

 O que segue na matéria abaixo parece uma entrevista, mas não era para ser e foi tudo meio improvisado. Aliás eu não tinha sequer consciência de que seria uma entrevista; pensei que estava apenas dando subsidios para uma matéria mais ampla, então falei livremente, sem sequer cuidar da correção gramatical do que expressava. 

Se soubesse que seria uma entrevista, teria mais cuidado com as frases. Por outro lado, eu jamais daria uma entrevista para falar do patético ex-chanceler acidental, pois o considero muito medíocre para merecer tanta atenção. 

A reporter deveria ter me avisado. Na verdade, creio que ela é muito jovem para compor uma grande matéria e apenas pegou minhas declarações esparsas e as transformou em “entrevista”, quando eu não tinha tal intenção. Deve ser a tal lei das consequências involuntárias.

Transcrevo, ao final, o teor da entrevista.

Paulo Roberto de Almeida


Três perguntas para Paulo Roberto de Almeida: Correio Braziliense

  

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

  

O ex-ministro afirma que nossa política exterior tem o lema do "não é conosco", colocando-se num eixo em que não dialoga nem com o bloco ocidental, capitalista e cristão, nem com o bloco comunista. A posição de "neutralidade" buscada por Bolsonaro diante da invasão da Ucrânia reforça a política externa do "não é conosco"?

Ernesto Araújo sempre teve essa postura vinculada a Olavo de Carvalho, uma postura da ultradireita ou da direita extrema americana, a franja lunática dos conservadores antiglobalistas. As democracias ocidentais, os membros da Otan, têm uma postura clara de defesa da democracia, das liberdades que estão em causa hoje pelo regime de direita e imperialista da Rússia. Essa análise é totalmente lunática. Ernesto Araújo, era um diplomata normal, um conservador, um religioso de direita, mas esteve no armário, porque o Itamaraty era progressista sob Fernando Henrique Cardoso, sob Lula. Ele se revelou quando ascendeu essa nova direita no Brasil. Para mim, ele revela o seu desequilíbrio político, emocional, ideológico.

Ernesto Araújo defende que, na prática, a posição do Brasil frente à guerra na Ucrânia não tem sido de neutralidade, e sim pró-Rússia, por conta das demonstrações de simpatia a Putin, e de indiferença à Ucrânia. Podemos interpretar desta maneira?

Depois de ter falado em solidariedade à Rússia, Bolsonaro falou em neutralidade. Ele teve que se retratar porque o Brasil ficou isolado, do lado oposto ao das democracias, da maior parte dos países da comunidade internacional que condenam a invasão e a agressão russa. O Itamaraty teria uma posição muito concreta, condenaria a violação do direito internacional e a invasão russa, que é uma agressão não provocada. Não é o que fez Bolsonaro, que até agora impediu que o Itamaraty expressasse uma posição correta. Então ficamos naquela posição em cima do muro: "Queremos a cessação das hostilidades", como se as hostilidades fossem recíprocas. Não são, elas são provocadas por uma potência agressora. O Putin é um é um déspota agressor. Houve um rompimento de valores e princípios que estão com a diplomacia brasileira desde 1907. Rui Barbosa ensinava que não pode haver neutralidade entre o crime e o direito internacional. Ser imparcial significa que você considera que ambas as partes podem ter razão, que são equivalentes, que é o que estava nas notas do Itamaraty.

O que tais posições do ex-ministro têm como pano de fundo?

A posição do Ernesto Araújo é totalmente inconsequente, porque não expressa a realidade do sistema internacional, assim como a postura do Bolsonaro é absolutamente ignorante e não tem a ver com a realidade das coisas. Eu simplesmente classifico Ernesto Araújo como desequilibrado, e não me interessa qual posição ele adote. A atitude dele é uma postura contra a Rússia porque ele acha que a Rússia não corresponde ao espírito da direita verdadeira. O que o Ernesto queria era uma aliança mundial das grandes potências cristãs — o Brasil católico, os Estados Unidos protestantes e a Rússia ortodoxa —contra o comunismo da China, como se a China fosse comunista hoje. O Ernesto já provou que é um desequilibrado e, portanto, não tem nenhuma importância.

 Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4092: 2 março 2022, 2 p.

  

Texto da matéria do Correio Braziliense: 

 

Ex-chanceler Ernesto Araújo critica Jair Bolsonaro em canal no YouTube

Ernesto Araújo provoca polêmica ao criticar o posicionamento do governo brasileiro diante da invasão da Ucrânia

Taísa Medeiros

Correio Braziliense, 02/03/2022

 

Criador de um recente canal no YouTube, intitulado "Logopolítica", o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, adotou uma posição crítica às atitudes do governo de Jair Bolsonaro (PL) diante do conflito na Ucrânia. Em um de seus artigos recentes, o diplomata afirmou que, "por mais de seis décadas, o princípio 'não é conosco' da nossa diplomacia serviu para distanciar o Brasil do Ocidente democrático, favorecer totalitarismos e agradar a oligarquia nacional", e alegou que o padrão se repete com o ataque russo à Ucrânia.

Araújo defende que o país adote posições pró-Ocidente e, antes mesmo do início do conflito, já tecia críticas à visita de Bolsonaro a Vladimir Putin. "O Brasil está mostrando uma preferência pela Rússia. Neutralidade é você visitar ou os dois que estão em conflito ou nenhum", declarou em uma entrevista em 15 de fevereiro.

"A diplomacia não tem ideologia", ressalta a professora de direito internacional da Universidade de São Paulo Maristela Basso. "A política externa brasileira nunca foi do 'não é conosco'. Pelo contrário, sempre primou pelas posições firmes e equilibradas de respeito ao direito internacional", afirmou a professora. "O ex-ministro não representa nem fala em nome do Itamaraty. Nem mesmo quando ocupava o cargo de chanceler. Frequentou uma escola filosófica e ideológica obscura e de fundamentos frágeis. O que diz hoje é fruto do ressentimento e da falta de respeito à política externa conduzida pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE)", observou.

Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Goulart Menezes, caso estivesse à frente do Itamaraty, Araújo faria declarações "desconexas". "Ele demonstrava uma alienação acerca do mundo contemporâneo, e sua subserviência não o faria elaborar algo relevante sobre o conflito e suas consequências. Para quem votou contra os palestinos, pela primeira vez em décadas, ao arrepio do direito internacional, ele tentaria, creio, imprimir uma conotação religiosa ao conflito", projetou o docente.

Neutralidade

Segundo Maristela Basso, não se pode confundir a posição do MRE com frases soltas do Presidente da República. "Estas não contam, porque são feitas fora de contexto e lugar próprios. Faz tempo que o presidente diz e o Itamaraty conserta", analisou. Na avaliação de Roberto Menezes, a tentativa de "neutralidade" de Bolsonaro é um apoio explícito a Putin. "Bolsonaro deu de ombros para a Ucrânia. Optou pelo mais forte."

Para o general Santos Cruz, que ocupou a Secretaria de Governo até junho de 2019, há falta de clareza no discurso do presidente e, por isso, críticas aos seus posicionamentos. O general ressalta que neutralidade não significa falta de opinião. "Posicionar-se contra por uma questão de direito internacional não é quebra de neutralidade. Também não precisa tirar a responsabilidade de todos os atores que levaram a essa situação difícil, inclusive de políticos da própria Ucrânia. Mas não se pode validar a invasão e o sofrimento", pontuou.

 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Ex-chanceler e ex-presidente da Funag indiciados por CRIMES? Inédito na história do Itamaraty

Um chanceler criminoso? Du jamais vu...

Um presidente da Funag reles contraventor da lei? Incroyable!

 De memória de homem, e de acordo com os anais da diplomacia brasileira, não se tem notícia de que um chanceler (ainda que ex) e um presidente da Funag (também já substituído) tenham sido, no passado recente ou nos registros remotos, indiciados por CRIMES COMETIDOS no exercício das funções.

É o que se pode ler no Relatório da CPI da Pandemia, um detalhado documento que transcreve as oitivas e as ações (e sobretudo omissões) de cada um no trato da pandemia, no contexto da qual ambos seguiram fielmente as recomendações, diretivas, ordens e loucuras daquele que passa por dirigente nacional, assim como seus respectivos chefes (informais) no Gabinete do Ódio ou entre os círculos íntimos do primeiro.

Paulo Roberto de Almeida

RELATÓRIO PRELIMINAR DA CPI DA PANDEMIA, EM 17/10/2021

Disponível na plataforma Academia.edu, neste link: 

https://www.academia.edu/59148514/Relatorio_Preliminar_da_CPI_da_Pandemia_em_17_10_2021

ou aqui: 

https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida/Varia


Transcrevo as partes pertinentes, relativas ao ex-chanceler acidental e seu fiel escudeiro capacho, ex-presidente da Funag: 

p. 65, notas 32, 33 e 34: 

32. Depoimento à CPI do senhor Ernesto Araújo no dia 18 de maio de 2021. 

33. Na avaliação da documentação enviada à CPI, observou-se que, em nosso entendimento, dificilmente – salvo alguns pouquíssimos casos, não seria necessário o estabelecimento de sigilo para a documentação. Além disso, organizações da sociedade civil obtiveram vários desses documentos por meio da LAI -Lei de Acesso à

Informação – e os tornaram públicos por meio de seus sítios eletrônicos na Internet.

34 A agência de notícias tornou disponíveis os documentos que lhe foram enviados pelo Ministério das Relações Exteriores:  https://drive.google.com/drive/folders/16YkCA-bsu8PcDTUOJDLronL_S75-J2Ww Acesso 21 Ago 2021. 


p. 233, sobre cobertura da vacinação:

 

Conforme documentação obtida pela CPI, o Ministro Ernesto Araújo encaminhou comunicação à Covax Facility, em 31 de agosto, último dia do prazo para adesão, optando pelo modelo de Optional Purchase (que permite recusar qualquer vacina oferecida enquanto mantém a possibilidade de cobrir a porcentagem de doses escolhidas) com cobertura de 20% da população, padrão proposto pela Gavi, que coordena o consórcio junto com a OMS.


p. 613 do Relatório preliminar: 

Em seguida, está o núcleo que oferece suporte político às decisões da organização [formada pelo Gabinete do Ódio]. Ele é formado essencialmente por parlamentares, políticos, autoridades ú.blicas e religiosas. Nele, estão incluídos os Deputados Federais Ricardo Barros, Osmar Terra, Carlos Jordy, Carla Zambelli, Bia Kicis, Silas Malafaia, Carlos Wizard, o ex-ministro Ernesto Araújo, Roberto Goidanich (ex-presidente da FUNAG), o ex-deputado Roberto Jefferson e o ministro Onyx Lorenzoni. Eles incentivaram as pessoas ao descumprimento das normas sanitárias impostas para conter a pandemia e adotaram condutas de incitação ao crime. Os detalhes das postagens de cada um estão devidamente demonstrados no item 9.5.3.


p. 624, sobre as ações conduzidas pelos personagens: 


Citamos o caso ocorrido na Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG). Trata-se de uma entidade da administração pública, subordinada ao Ministério das Relações Exteriores. Conduzida por seu presidente Roberto Goidanich, que agia sob o comando do então Chanceler Ernesto Araújo, a fundação promoveu eventos, palestras e lives com palestrantes negacionistas, incluindo os filhos do Presidente da República. O teor das palestras eram em sua maioria contra as medidas sanitárias de contenção da pandemia e vacinas.


p. 625-26, sobre essas ações: 


Dessa forma, a FUNAG, sob comando de Roberto Goidanich do seu chefe, ministro Ernesto Araújo, utilizaram a estrutura pública para propagar teorias e incentivar o descumprimento das normas sanitárias

durante a pandemia.


p. 721-22, dentro do

Capítulo:  9. DESINFORMAÇÃO NA PANDEMIA (FAKE NEWS)

Seção: 9.4 MODO DE AGIR


- Ernesto Araújo

Ex-chanceler do governo Bolsonaro, durante a pandemia além de atuar diretamente na compra de insumos para vacinas, aparece como responsável na troca de telegramas para garantir a fabricação e disseminação do tratamento precoce, através da cloroquina. Em suas redes sociais, chegou a chamar o coronavírus de Comunavírus, e foi acusado pelo Ministro Gilmar Mendes, do STF, de divulgar fake news em suas redes sociais. Recentemente, postou em seu Twitter que passaria a ingressar o quadro de colunistas do Terça-Livre, com textos semanais.

Ernesto era o ministro de Relações Exteriores durante o período em que a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) promoveu seminários e palestras com negacionistas e influenciadores bolsonaristas para atacar medidas de contenção da pandemia.


22/04/2020 – Em postagem em sua rede social chama o Coronavírus e Comunavírus.



06/12/2020 – Em sua rede social fez uma postagem sobre uma teoria da conspiração que diz que a pandemia do novo coronavírus teve origem em um complô das elites com o objetivo de controlar as massas.


04/10/2021 – Anuncia em rede social entrevista que deu ao Terça Livre sobre cenário na pandemia e que passaria escrever artigos semanais para o site.





p. 723, para o ex-presidente da Funag: 


- Roberto Goidanich

Durante o período da pandemia esteve como presidente da Fundação Alexandre de Gusmão – FUNAG, e realizou eventos e palestras negacionistas, inclusive como palestrante. Com ele, a fundação se tornou um dos principais canais de divulgação de teses contrárias às medidas sanitárias adotadas ao longo da pandemia.


01/05/2020 – Postagem realizada nesta data mostra a divulgação do evento no perfil oficial da FUNAG, que também realizava a transmissão ao vivo.




Disponível em: https://twitter.com/FUNAGbrasil/status/1256211263157305348?s=20


p. 990-91, 

Capítulo: 13. INDICIAMENTOS

seção: 13.6 DO CRIME DE EPIDEMIA


Pelas mesmas razões, Mayra Pinheiro, por sua atuação na crise de Manaus, que concorreu para agravar o resultado, e o ex-Chanceler, Ernesto Araújo, que pela aposta em medicamentos, como a cloroquina e hidroxicloroquina, e pela falta de proporção e rigor técnico entre a busca de medicamentos no mercado internacional e pela campanha de desinformação institucional, via Fundação Alexandre de Gusmão, que, sob seu comando, promoveu eventos, palestras e lives com palestrantes negacionistas, incluindo os filhos do Presidente da República, também concorreu, pela imperícia e imprudência, para agravar o resultado da epidemia entre nós.


p. 1007, 

Capítulo: 13. INDICIAMENTOS

seção: 13.10 Da incitação ao crime


Nesse cenário de disseminação de comunicações enganosas, identificou-se a participação do presidente Jair Messias Bolsonaro, ... (...)

Como partícipes desse delito, ainda devem ser incluídos o exministro Ernesto Araújo e o ex-presidente da FUNAG, Roberto Goidanich. Essas condutas configuram a prática do crime de incitação ao crime, previsto no art. 286 do Código Penal.


p. 1058, 13.28 Resumo dos indiciamentos


5) ERNESTO HENRIQUE FRAGA ARAÚJO – Ex-ministro das Relações Exteriores - art. 267, p. 2. (epidemia culposa com resultado morte) e art. 286 (incitação ao crime), combinado com art. 29; todos do Código Penal;


p. 1069-70, continuidade:

14. ENCAMINHAMENTOS

Em relação aos crimes mencionados no item anterior, deverão ser encaminhadas, sem prejuízo de eventuais conexões processuais:

(...)

v) aos Ministérios Públicos estaduais, com competência para atuar na primeira instância da Justiça Comum, e à Secretaria de Segurança Pública dos Estados, para o encaminhamento à delegacia de polícia com competência para a investigação, observando-se o local em que foi cometido o crime ou, não podendo esse ser identificado, o foro do domicílio ou da residência do investigado, cópias do presente relatório e dos documentos e oitivas relacionados aos fatos praticados por (...) por Ernesto Henrique Fraga Araújo; (...); Roberto Goidanich;...


p. 1168, no último capítulo

16. CONCLUSÕES:

(...)

Restou claro, nas sucessivas comunicações diplomáticas a que teve acesso a CPI, o erro de estratégia cometido pela gestão de Pazuello e de Ernesto Araújo (falta de prioridade dada para a vacinação e a aposta em medicamentos, como a cloroquina e hidroxicloroquina), o que contrasta com a postura quase desesperada em 2021 da nova gestão Queiroga e Carlos Alberto França, dada a segunda onda e o aumento de casos e mortes, em busca de vacinas e insumos para produção de vacinas, assim como o pedido de aumento da cobertura populacional na Covax Facility. 

(...)