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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A fuga de Lula em preparacao - Reinaldo Azevedo

Lógica diz que certo discurso é típico de um Lula que vai fugir ou pedir asilo

Ou que sentido faria denunciar ao mundo o que seria uma farsa comandada pelo Poder Judiciário?

Por: Reinaldo Azevedo
Tenho uma máxima, de que alguns coleguinhas jornalistas nem gostam muito, segundo a qual a lógica é capaz de fornecer mais furos a um jornalista do que as tais informações de bastidores. O método não tem cem por cento de precisão, mas os famosos “offs” acertam muitíssimo menos. Até porque a informação passada em sigilo sempre atende a interesse de alguém. Ou sigilosa não seria. Ponto.
Isso, claro!, não implica que conversas ao pé do ouvido sejam dispensáveis, desde que se saiba ouvir e que se seja capaz de ligar lé com lé e cré com cré.
Vamos lá. É evidente que ninguém me disse que Lula vai pedir asilo a algum país. Tampouco me informaram que ele vai fugir. Também não sei de fonte nenhuma que ele será preso amanhã… Nada disso!
Uma coisa, no entanto, afirmo sem medo de errar do ponto de vista lógico:
O DISCURSO NO QUAL OS PETISTAS INSISTEM NÃO É COMPATÍVEL COM O DE UM RÉU QUE ESTÁ DISPOSTO A PROVAR A SUA INOCÊNCIA. ELE SE PARECE MAIS COM O DE UM FUGITIVO TENTANDO CONVENCER A OPINIÃO PÚBLICA MUNDIAL DE QUE ESTAVA SENDO VÍTIMA DE UM REGIME DE EXCEÇÃO.
Por que digo isso? Reportagem da Folha desta quarta informa que sindicalistas brasileiros, sobretudo cutistas, lançarão nos próximos dias uma campanha internacional em defesa do ex-presidente.
Um vídeo de aproximadamente 7 minutos sobre a trajetória política do petista, hoje réu em três ações na Justiça, será encaminhado a entidades como a ONU e a OCDE, além dos sindicatos em 155 países associados à Confederação Sindical Internacional. O objetivo é contestar as acusações que pesam contra o ex-presidente por suposta corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa, tráfico de influência e tentativa de obstruir a Justiça.
Na peça, os advogados de Lula expõem o argumento da defesa de que não há provas consistentes nas acusações, que seriam, na verdade, movidas por interesses políticos, e pelo medo de que o petista se candidate à Presidência em 2018. O vídeo termina com Lula dizendo que “não aceita mentira” e que “não quer nenhum privilégio, só o direito a um julgamento justo”.
Contraproducente
Bem, é evidente que o efeito é contraproducente. O esforço, como se vê, é para mobilizar a opinião pública do Brasil e do mundo em favor do ex-presidente, mas, não há como, também contra a Justiça brasileira.
Se Lula pretende ficar em território nacional, a tática e meio suicida. Como é que se pode considerar aceitável, então, uma Justiça que só pode absolver, mas não condenar?
A cada vez que atuam desse modo, os lulistas concorrem para degradar ainda mais a reputação daquele a quem querem defender e para elevar a altitudes sempre novas a reputação de Sérgio Moro e da Lava-Jato. Não é possível que não percebam que a tática é contraproducente.
É por isso que insisto nesta leitura: a lógica elementar aponta ser esse o discurso de quem não pretende aceitar a decisão da Justiça.
E não que inexistam elementos contestáveis no andamento que a Força-Tarefa e Moro deram às coisas que dizem respeito ao ex-presidente. Há, sim. De fato, pouca gente está interessada em ouvir. Mas convenham: não será atacando todo o aparato judicial brasileiro — porque é disso que se trata; afinal, o caso, a depender, chegará ao Supremo — que se vai chegar a um bom lugar.
Mais: a insistência na tese de que há um esforço para tirar Lula de 2018, depois do resultado de 2016, chega a ser bisonha.
Esse vídeo e as táticas que o cercam são o caminho mais curto ou para a cadeia ou para a fuga.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Democracias tem dissidentes; ditaduras possuem transfugas: China na berlinda (FT)

Democracias tem seus opositores políticos, que podem ser dissidentes de governos, denunciantes, contrarianistas (como certo blogueiro que conheço) e outros cidadãos declaradamente contrários a políticas de governo, podendo eles atuar como denunciantes, acusadores, delatores de malversações ou como simples críticos do governo em vigor.
Só ditadores possuem transfugas, pessoas que se refugiam em outros países, por temer por sua segurança ou até por suas vidas. Transfugas podem vir com informações sensíveis, e só são transfugas por isso mesmo.
Parece ser o caso deste chinês.
Paulo Roberto de Almeida

Top China defector passes state secrets to US
by  Jamil Anderlini in Hong Kong and Tom Mitchell in Beijing
The Financial Times, February 4, 2016

    US intelligence agencies interrogating the brother of a disgraced Communist official believe he is the most valuable Chinese defector to flee to America, according to two people familiar with some of the intelligence he has provided.
The defector, Ling Wancheng, is the brother of Ling Jihua, the former chief of staff to President Hu Jintao who was formally detained on suspicion of “serious violations” of Communist party rules in December 2014.
    The secrets Mr Ling has revealed to US investigators include details on Chinese procedures for launching nuclear weapons, the personal lives of China’s leaders, and arrangements for their security and for the protection of the Zhongnanhai leadership compound in central Beijing, according to one senior retired diplomat and a former leading western intelligence official who received briefings in Washington.
In a sign of how badly it wants to get him back, the Chinese government has sent several teams of security officials and agents to the US on official and covert missions to try to secure Mr Ling’s return.
    Last August the Obama administration issued a warning to Beijing after discovering that Chinese spies in the US were trying to track Mr Ling down and repatriate him.  In November an official delegation from the Chinese Ministry of Public Security travelled to the US to present accusations against Mr Ling to the Sacramento Federal Prosecutor.
The Chinese delegation initially alleged Mr Ling had laundered enormous sums of money through the US but it was unable to provide enough evidence to satisfy US prosecutors.
During a visit to Washington in early September, Meng Jianzhu, China’s top security official, also pressed the Obama administration to return Mr Ling to China to face prosecution in connection with his brother’s alleged crimes.
     The White House, the Central Intelligence Agency and the Federal Bureau of Investigation could not immediately be reached for comment.  In his position as director of the general office of the Communist party of China between 2007 and 2012, Ling Jihua was the top aide to President Hu Jintao and was responsible for categorising and archiving all of the party’s most secret and sensitive information.
     Hong Kong-based media reports alleged late last year that Ling Jihua had stolen thousands of classified documents and handed them over to his brother Wancheng, who transferred them to the mansion he owns in California, near Sacramento.
    Ling Jihua last appeared in public in October 2014 and in July last year Chinese state media reported he had been expelled by the party and charged with several crimes and violations of party discipline, including corruption, adultery and stealing state secrets.   The official government announcement at the time said he had “obtained a great deal of the party and state’s core secrets in violation of laws and discipline”, “accepted huge bribes” and “committed adultery with a number of women and traded his power for sex”.
      These charges marked the culmination of a spectacular downfall that began in early 2012 when Ling Jihua’s 23-year-old son was killed in a car crash while driving a Ferrari in Beijing city centre with two young women, one naked.
Despite a media blackout and government attempts to cover it up, the event was widely reported by international news organisations and Ling Jihua was moved to a less sensitive government position later that year.
     Until now, the most valuable Chinese defector to the US was widely believed to be Yu Qiangsheng, spymaster from China’s Ministry of State Security and son of senior party members, who fled to America in 1985.   His defection led to the arrest and conviction of CIA analyst Larry Wu-Tai Chin on charges of spying for China. Mr Chin was found dead in 1986 in his prison cell from apparent suicide just days before he was to be sentenced.   Yu Qiangsheng was later assassinated by Chinese agents, according to Chinese officials familiar with the matter. Mr Yu’s younger brother, Yu Zhengsheng, is now a member of the seven-man Politburo Standing Committee, the highest political body in China.