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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

RBPI: sempre na vanguarda da producao brasileira em RI

Mais uma excelente contribuicao para o conhecimento do estado da arte em RI no Brasil, nesta revista dirigida pelo dedicado editor Antonio Carlos Lessa.
   
Edição da Revista Brasileira de Política Internacional traz contribuições sobre Atlântico Sul e Direito do Mar, por Antônio Carlos Lessa
by Coordenação

A edição 1/2014 (Vol. 57 - No. 1) da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, disponível na Coleção Scielo Brasil, traz um painel complexo e exemplar da diversidade dos grandes temas da política internacional contemporânea, em diferentes perspectivas.

Adriana Erthal Abdenur e Danilo Marcondes de Souza Neto analisam, no artigo “O Brasil e a cooperação em defesa: a construção de uma identidade regional no Atlântico Sul”, as feições gerais da cooperação que o Brasil vem desenvolvendo no Atlântico Sul. Em sua argumentação, os autores procuram demonstrar que o Brasil , vem desempenhando o papel de region-builder na construção de uma identidade sul-atlântica com posição de destaque para si, em que pese o fato de que esses esforços passaram recentemente a ser contestados por outros atores de dentro e fora da região.

No artigo “As medidas de confiança no Conselho de Defesa Sul-americano (CDS): análise dos gastos em Defesa (2009-2012)” Héctor Luis Saint-Pierre e Alberto Montoya Correa Palacios Junior argumentam verificam que na América do Sul, a folha de pagamento de pessoal e encargos previdenciários  na área de Defesa consumiram 60% do total dos gastos entre 2006 e 2010, enquanto as pesquisas em tecnologia apenas 0,5%. Esse diagnóstico aponta para a necessidade de modernização das Forças Armadas e dos Ministérios da Defesa da região, sobretudo uma racional e equalizada distribuição dos gastos.

As características da inserção internacional do Brasil contemporâneo e participação do país no desenvolvimento da crise constitucional de Honduras e da crise nuclear iraniana são o tema do artigo “From Tegucigalpa to Teheran: Brazil's diplomacy as an emerging Western country”, de autoria de Marcelo de Almeida Medeiros, Andrea Quirino Steiner e de Rafael Mesquita de Souza Lima.

Marta Regina Fernandez Y Garcia Moreno analisa no artigo “Discursos em disputa: uma leitura alternativa acerca dos dilemas da ação internacional na Somália durante a década de 1990” os dilemas enfrentados pelos atores internacionais nas operações de paz levadas a cabo na Somália na década de 1990, buscando evidenciar as narrativas divergentes articuladas pelos Estados Unidos e pelas Nações Unidas vis-à-vis o "Outro" somali.

Em “A harder edge: reframing Brazil's power relation with Africa”, Pedro Seabra argumenta que a política africana do Brasil ao longo da última década tem sido explicada em grande parte como uma tentativa de melhorar o diálogo político, aumentar as interações econômicas e fornecer assistência de cooperação técnica. Entretanto, argumenta que esse arcabouço não representa suficientemente o uso de recursos materiais para atingir metas estratégicas mais difíceis para o continente.

Shiguenoli Miyamoto e Paulo Daniel Watanabe, em “Towards an uncertain future? The strengthening of Japan's autonomy in Asia-Pacific” discutem dois cenários possíveis para a ação do Japão com relação às ilhas Pinnacle/Senkaku/Diaoyu, considerando as peculiaridades da sua estratégia de fortalecimento político e militar na Ásia, mas especialmente tendo em conta o desenvolvimento militar da China.

Em “Considerations about the recommendations of the Commission on the Limits of the Continental Shelf on the Amazon fan”, Rodrigo Fernandes More discute os principais aspectos legais e técnicos da controvérsia sobre o Cone do Amazonas, constante da proposta para o limite exterior da plataforma continental brasileira feita pelo país em 2004  à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC).

Danielly Silva Ramos Becard e Bruno Vieira de Macedo em “Chinese multinational corporations in Brazil: strategies and implications in energy and telecom sectors” analisam as estratégias das empresas chinesas que atuam nos setores brasileiros de energia e de telecomunicações nos últimos dez anos. Buscam também verificar se tais estratégias estariam levando a um aumento das assimetrias entre o Brasil e a China.

Em “Exploring the interplay between Framing and Securitization theory: the case of the Arab Spring protests in Bahrain”, Vânia Carvalho Pinto aborda a integração teórica entre a teoria da securitização e a abordagem de enquadramento, resultando num conjunto de critérios chamado de enquadramento de segurança. A autora aprofunda a sua discussão estudando o caso da intervenção militar  feita em 2011 pelo Conselho de Cooperação do Golfo em 2011 em Bahrain.

A identificação dos diferentes tipos de política revisionista, e das suas gradações, desenvolvidos pelos governos progressistas da América do Sul em relação aos Estados Unidos ao longo dos últimos anos é o tema do artigo “Revisionismos de relações com os Estados Unidos e suas variáveis nos governos progressistas da América do Sul”, de Leonardo Valente Monteiro. O autor toma como ponto de partida conceitos fundamentais para o melhor entendimento sobre o comportamento dos países da região em relação à grande potência: "revisionismo periférico", de Cesar Guimarães, e "confrontação autônoma" e "confrontação antagônica", ambos de Helio Jaguaribe. A partir dos desdobramentos desses conceitos se desenvolveu um modelo teórico com diferentes tipos de revisionismos periféricos, o que permitiu uma espécie de sintonia fina de classificações das políticas externas do período.

Cristiane de Andrade Lucena Carneiro analisa no artigo “Economic sanctions and human rights: an analysis of competing enforcement strategies in Latin America”  as consequências das sanções para a proteção dos direitos humanos na América Latina. A literatura sobre sanções econômicas e sobre cumprimento orienta três hipóteses, que investigam a relação entre sanções econômicas e o nível de proteção aos direitos humanos em dois grupos de países: aqueles que foram objeto de sanções e aqueles que não sofreram sanções. Com base em dados da Political Terror Scale (Escala de Terror Político) e da Freedom House, a autora encontrou evidência empírica de que sanções melhoram o nível de proteção em países que não foram objeto dessa forma de pressão econômica. Esse resultado pode ser explicado pelo efeito inibidor atribuído às sanções econômicas pela literatura sobre cumprimento. A presença de uma sanção em um dado ano aumenta a probabilidade de se observar melhores práticas de direitos humanos em quase 50%.

Mais tradicional publicação científica brasileira de relações internacionais, a Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI circula ininterruptamente desde 1958. A RBPI é editada desde sempre pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI e publica artigos em português e inglês sobre Política Internacional, História das Relações Internacionais, Economia Internacional, Direito Internacional e questões conexas. A Revista, publicada em acesso aberto no Scielo desde 2007, também circula em formato impresso.

Para ler os artigos, acesse:
ABDENUR, Adriana Erthal  e  SOUZA NETO, Danilo Marcondes de. O Brasil e a cooperação em defesa: a construção de uma identidade regional no Atlântico Sul.Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 05-21 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100005&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400101.
SAINT-PIERRE, Héctor Luis  e  PALACIOS JUNIOR, Alberto Montoya Correa. As medidas de confiança no Conselho de Defesa Sul-americano (CDS): análise dos gastos em Defesa (2009-2012). Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 22-39 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100022&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400102.
STEINER, Andrea Quirino; MEDEIROS, Marcelo de Almeida  e  LIMA, Rafael Mesquita de Souza. From Tegucigalpa to Teheran: Brazil's diplomacy as an emerging Western country. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 40-58 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100040&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400103.
MORENO, Marta Regina Fernandez Y Garcia. Discursos em disputa: uma leitura alternativa acerca dos dilemas da ação internacional na Somália durante a década de 1990. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 59-76 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100059&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400104.
SEABRA, Pedro. A harder edge: reframing Brazil's power relation with Africa . Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 77-97 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100077&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400105.
MIYAMOTO, Shiguenoli  e  WATANABE, Paulo Daniel. Towards an uncertain future? The strengthening of Japan's autonomy in Asia-Pacific. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 98-116 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100098&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400106.
MORE, Rodrigo Fernandes. Considerations about the recommendations of the Commission on the Limits of the Continental Shelf on the Amazon fan. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 117-142 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100117&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400107.
BECARD, Danielly Silva Ramos  e  MACEDO, Bruno Vieira de. Chinese multinational corporations in Brazil: strategies and implications in energy and telecom sectors. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 143-161 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100143&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400108.
PINTO, Vânia Carvalho. Exploring the interplay between Framing and Securitization theory: the case of the Arab Spring protests in Bahrain. Rev. bras. polít. int. [online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 162-176 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100162&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400109.
MONTEIRO, Leonardo Valente. Revisionismos de relações com os Estados Unidos e suas variáveis nos governos progressistas da América do Sul. Rev. bras. polít. int.[online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 177-196 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100177&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400110.
CARNEIRO, Cristiane de Andrade Lucena. Economic sanctions and human rights: an analysis of competing enforcement strategies in Latin America. Rev. bras. polít. int.[online]. 2014, vol.57, n.1 [citado  2014-08-19], pp. 197-215 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292014000100197&lng=pt&nrm=iso&gt;. ISSN 0034-7329.  http://dx.doi.org/10.1590/0034-7329201400111.
Antônio Carlos Lessa, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília - iREL-UnB, é editor da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI (aclessa@gmail.com)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Revista Brasileira de Politica Internacional - nova política editorial

Tenho o prazer de fazer parte deste grande, magnífico empreendimento, mas o responsável por todas essas melhorias é o professor Antonio Carlos Lessa, possivelmente o melhor editor de uma revista especializada em RI que poderíamos encontrar no hemisfério sul (estou exagerando?; não creio).
Correspondência recebida por meu coordenador de mestrado e doutorado no Uniceub:

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: <editoria@ibri-rbpi.org>
Data: 5 de fevereiro de 2013 17:21
Assunto: Revista Brasileira de Política Internacional
Para: marcelodvarella@xxxxxxx

RBPI-2012-0008 - Evolução das regras de utilização da soja transgênica no Brasil: análise por meio de uma abordagem sistêmica da governança

Prezado Colega,

Eu tenho a satisfação de anunciar que artigo de sua autoria será publicado na edição 1/2013 (Vol. 56 - No. 1), da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, com previsão de publicação para junho do corrente ano.

Tenho notícias breves e muito importantes sobre a edição e sobre o seu artigo:
1. Começaremos a preparar a postagem dos exemplares de autor, que serão enviados até o final do mês de dezembro, tão logo os exemplares impressos fiquem prontos. Para tanto, solicito que informe o seu endereço postal.

2. A RBPI divulga os artigos publicados no sistema de press releases da Coleção Scielo Brasil, o que incrementa dramaticamente a visibilidade nacional e internacional do seu trabalho. Para tanto, solicitamos que nos envie um pequeno texto para essa seção (como um resumo, com extensão média de 5 a 7 mil caracteres - inclusive espaços, sem notas de rodapé). O texto deve ter um título distinto daquele do seu artigo. Esse texto pode ser redigido em português ou inglês (preferivelmente). Veja excelente exemplo em http://goo.gl/32WRK. Por favor, o envie para esse e-mail  até o dia 30 de abril;

3. Também publicamos os perfis dos nossos autores no site do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais - IBRI (http://www.ibri-rbpi.org), em uma seção intitulada Foco no Autor. Esses perfis serão também veiculados no nosso twitter (http://www.twitter.com/ibri_rbpi) e na nossa página no Facebook (http://www.facebook.com/ibri.rbpi). O formato será bem leve e descontraído - publicaremos inclusive links para outros trabalhos de sua autoria e, eventualmente, vídeos que você produza sobre os seus interesses de pesquisa e sobre o artigo que vem de ser publicado na RBPI (pode ser gravado pela câmera de seu computador e deve estar publicado no YouTube - sendo o caso, informe o link). Peço que se inspire no modelo que se acessa em http://goo.gl/BZdY3 para preparar uma minuta de nota biográfica que será divulgada no site do IBRI. Solicito que essa minuta seja enviada para este e-mail até o dia 30 de abril;

4. Veja um excelente exemplo de um vídeo produzido por um autor de artigo publicado em edição anterior em http://youtu.be/k8ti-qbqah8. Você pode também enviar um vídeo gravado com a câmera do seu computador para secretaria@ibri-rbpi.org, que cuidaremos de fazer o upload e divulgá-lo nos nossos canais;

5. Como você sabe, a publicação da nossa Revista se faz possível graças ao apoio que recebemos de colegas professores e pesquisadores brasileiros e de diferentes países, que atuam especialmente como pareceristas e conselheiros da publicação. O peer review é a base de todo empreendimento científico de alto nível, e a publicação do seu artigo somente foi possível porque contamos com o trabalho de colegas que se dispuseram a ler, criticar, comentar e eventualmente sugerir modificações em seu trabalho. É nosso desejo que você comece a participar também desse esforço coletivo. Desse modo, a partir desse mês você será incluído no rol de pareceristas da nossa publicação, e eventualmente nós solicitaremos pareceres sobre artigos submetidos à apreciação do nosso Conselho Editorial.

6. Eu o parabenizo pela publicação do seu trabalho, ao tempo em que agradeço o seu interesse pela Revista Brasileira de Política Internacional.

Cordialmente,
Prof. Antônio Carlos Lessa
Editor
Revista Brasileira de Política Internacional

terça-feira, 27 de novembro de 2012

RBPI: novas instrucoes aos autores prospectivos

A mais antiga (talvez eu devesse dizer a mais velha?) revista brasileira de relações internacionais, graças ao dedicado trabalho de seu editor Antonio Carlos Lessa, continua passando por transformações importantes em seus critérios editoriais.
Ela agora passará a publicar unicamente artigos em Português e em Inglês, preferencialmente nesta última língua, o que a deixa bem mais internacionalizada, o que eu acho excelente.
Abaixo transcrevo as novas instruções constantes de sua nova plataforma de acesso, para submissão de artigos e para revisão de material submetido (o que acabo de fazer, neste mesmo instante, aproveitando para já atualizar meus dados de conta e acesso).
Convido todos os batalhadores desta área (OK, os que não forem batalhadores, apenas interessados, também podem) a consultar o site da revista e a se interessar pelo novo formato e novos requerimentos.
Estamos trabalhando continuamente para fazer da RBPI uma revista melhor, aliás, bem mais o seu editor, Antonio Carlos Lessa, do que este editor adjunto, bem mais virtual do que real...
Paulo Roberto de Almeida
Editor Adjunto da RBPI


INSTRUCTIONS TO AUTHORS
http://mc04.manuscriptcentral.com/rbpi-scielo

Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI publishes scientific articles whose themes are situated in the general field of international relations, including International and Comparative Politics, Foreign Policy Analysis, International Law, History of International Relations and of Foreign Policy, and International Political Economy. Having Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI as publisher, RBPI does not reflect the opinion of any governmental body neither is it affiliated to any organization, national or international party movements. Opinions expressed in published works are the sole responsibility of the authors and do not reflect the opinion or endorsement of IBRI.


1. The Articles, always unedited, can be written in Portuguese or English and should be limited to 50 thousand characters (including spaces and footnotes);
2. The contributions should not be under consideration by another journal, nor have been published or be awaiting publication elsewhere;
3. Each article should include a abstract in Portuguese and in English of approximately fifty words, as well as key words;
4. To guarantee the anonymity of the author in the analysis of the merit of the contribution, the articles should include a title page with the following information: author, affiliated organization, educational background, mailing address, telephone and email; 5. Observe preferentially the author/date system in accordance with the examples below:
For Articles:
CERVO, Amado L. (2003) Política exterior e relações internacionais do Brasil: enfoque paradigmático. Revista Brasileira de Política Internacional, Vol. 46, Nº 1, 2003, p. 5-25.
For Books:
SARAIVA, José Flávio S. , Ed. (2003) Foreign Policy and Political Regime. Brasília: IBRI, 364 p.
For electronic documents:
PROCÓPIO, Argemiro (2007). A hidropolítica e a internacionalização amazônica, publicado em Mundorama.net [http://mundorama.net/2007/09/13/a-hidropolitica-e-a-internacionalizacao-amazonica/]. Disponibilidade: 18/09/2007.

6. The publication of any contribution is conditioned to positive evaluation from external referees. On average, the editorial analysis process can take up to 120 days.
7. Author(s) must declare that is the sole(s) responsible for the content of the contribution here submited to the Editorial Council of Boletim Meridiano 47;
8. Author(s) must declare that the contribution contains nothing that may be considered unlaw, defamatory of that can imply any conflic of interest that can interfeer in the imparciality of the paper/review.



The articles should be submitted on line at http://submission.scielo.br/index.php/rbpi/login, in a universal text editor format.
The publication of any contribution is conditional to a positive work of external works and the Editorial Council and the Consultative Council of RBPI. On average, the editorial analysis process can take up to 120 days.


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Revista Política Externa, 20 anos: longa vida a uma excelente revista

Assisti, se ouso dizer, ao nascimento da revista Política Externa, nos idos de 1992. Lembro-me de ter comparecido a uma sessão na Câmara dos Deputados onde o acadêmico -- que depois seria chanceler em dois governos, o de Collor e o de FHC, sempre por períodos relativamente curtos, e também representante do Brasil em Genebra -- Celso Lafer apresentou a revista.
Motivado por esse bom exemplo de iniciativa acadêmica -- num momento em que eu também estava "transferindo" a Revista Brasileira de Política Internacional do Rio de Janeiro para Brasília, escrevi um artigo sobre as revistas brasileiras de relações internacionais, que foi publicado num dos números subsequentes da Política Externa, este aqui: 


304. “Revistas Brasileiras de Política Externa: um balanço de quatro décadas”, Brasília: 27 novembro 1992, 13 pp. Ensaio sobre as revistas que cobriram temas de política externa e relações internacionais do Brasil. Encaminhado para a revista Política Externa. Aceito para publicação em 15.03.93, com duas pequenas modificações sugeridas por parecerista. Versão revista em 15.03.93. Publicado na Política Externa (São Paulo: Vol. II, nº 1, junho-agosto 1993, pp. 162-169). Trabalhos Publicados nº 134.


Comprei o número mais recente da revista PE, que figura como vol. 20, n. 1 (jun/jul/ago 2011), com excelentes artigos sobre a primavera (!?) árabe sobre os 20 anos do Mercosul e outros temas, ademais de resenhas sobre livros que eu já li e sobre os quais também já produzi resenhas: Edgard Telles Ribeiro (O Punho e a Renda) e Luis Claudio Villafane Gomes Santos (O Dia em que Adiaram o Carnaval).


Em homenagem à revista Política Externa, transcrevo abaixo meu artigo referido acima.



Revistas  Brasileiras  de  Política  Externa:
um balanço preliminar de quatro décadas

Paulo Roberto de Almeida
Política Externa
(São Paulo: Vol. II, nº 1, junho-agosto 1993, pp. 162-169)

Nos países dotados de um establishment acadêmico fazendo juz a essa caracterização, as revistas especializadas em temas de relações internacionais desempenham um importante papel no debate intelectual e na informação de qualidade sobre a agenda internacional em geral e sobre a política externa de cada país em particular. No Brasil, em que pese o avanço já alcançado por determinadas “ilhas de excelência” da instituição universitária, esse tipo de revista costuma ser raro e os exemplos atualmente existentes podem provavelmente ser contados nos dedos de uma só mão.
A revista Política Externa, cujo lançamento ocorreu em junho de 1992, é o mais recente marco de uma longa série de empreendimentos nesse terreno aparentemente pouco explorado da produção acadêmica e editorial do País. Ela já passou a ocupar um espaço importante no âmbito da reflexão universitária e profissional sobre a inserção internacional do Brasil contemporâneo, bem como sobre as transformações em curso na ordem mundial, inclusive facilitando a um público mais amplo o acesso a artigos relevantes publicados na imprensa especializada internacional, sobretudo materiais de prestigiosos veículos como a Foreign Affairs ou a The New York Review of Books. Em colóquio por ocasião de seu lançamento no Rio de Janeiro, ela foi definida, pelo Prof. Luciano Martins, membro de seu Conselho Editorial, como
“uma revista aberta a todo debate, (...) uma revista que se pretende pluralista, cujo único objetivo é o de contribuir para a informação e para a reflexão no Brasil sobre o que está se passando no plano internacional” (nº 2, p. 36).

Um Terreno (Pouco) Frequentado
Deve-se no entanto reconhecer que ela não está só nessa tarefa nem labora em campo virgem: algumas outras revistas acadêmicas, mais ou menos especializadas nessas áreas, dedicam-se igualmente a “pensar” as relações exteriores do País ou o complexo quadro das relações internacionais num cenário marcado por profundas mutações de natureza econômica e política. Algumas são relativamente recentes, como a Contexto Internacional (Rio de Janeiro) ou a Política e Estratégia (São Paulo), mas uma pioneira dos anos 50 sobrevive ainda, embora com dificuldades: a Revista Brasileira de Política Internacional, lançada no Rio de Janeiro em 1958 e convertida, nos últimos anos, de quadrimestral em semestral.
Muitas outras surgiram e desapareceram nos últimos 40 anos, ao ritmo das dificuldades que costumam vitimar a maior parte desses empreendimentos acadêmicos e editoriais: escassez de recursos, produção e circulação amadorísticas e baixa densidade da “oferta” nacional e do próprio “mercado consulidor” nessa área. Uma rápida avaliação quantitativa do cenário brasileiro revelaria, precisamente, um processo de “seleção natural” particularmente cruel com es universo restrito de publicações especializadas,  com o desabrochar e a extinção de vários espécimes dessa renitente família.
Sem ter a pretensão de ser completo ou aprofundado, o presente levantamento intenta precisamente “passar em revista” as revistas de política externa e de relações internacionais publicadas no Brasil nas últimas quatro décadas, sumarizando tão simplesmente as iniciativas editoriais e seu contexto político e intelectual, e remetendo a uma ocasião ulterior a apreciação qualitativa dessas publicações e seu papel no debate intelectual em torno dessas questões. Foram deliberadamente deixadas de lado, por eu evidente profissionalismo e claro comprometimento com a Weltanschauung de suas respectivas corporações, as revistas de cunho militar (A Defesa Nacional, Revista da Armada etc) que, embora contendo uma ocasional ou extensa cobertura de temas internacionais, o fazem numa ótica especificamente instrumental ou ideológica, sem a diversidade doutrinária ou metodológica das revistas “civis”. Foram contudo incluidas as revistas não exclusivamente de política externa, já que muitas contribuições importantes ao estudo das relações internacionais e ao debate sobre a política externa brasileira aparecerem originalmente em revistas não especializadas na área internacional.
Ao cabo deste primeiro balanço, necessariamente incompleto, uma conclusão prosaica talvez se imponha: se o campo da “política externa” é muito pouco cultivado em nosso país, provavelmente não existem condições efetivas para uma multiplicação de iniciativas nesse terreno, em vista não só da exiguidade da produção acadêmica de qualidade em relações internacionais, como também das idiossincrasias propriamente umbilicais de um país como o Brasil, a forte vocação autárquica e (inclusive por razões linguísticas) com persistentes tendências ao isolamento.
Cabe sublinhar, antes de mais nada, a parcimônia do universo pesquisado, tanto mais restrito quanto mais estrito o critério seletivo adotado: na verdade, as revistas brasileiras de política externa ou internacional, consideradas stricto sensu, perfazem uma amostragem limitada se tanto a meia dezena de exemplos, aos quais poderiam ser agregadas umas quantas revistas de cultura geral com forte orientação temática para os problemas internacionais. Os intelectuais ou jornalistas de gabarito que se dedicaram a essa problemática — seja de um ponto de vista conceitual, seja com preocupações mais diretamente pragmáticas — tiveram invariavelmente de fazer apelo, numa ou noutra ocasião, a revistas de caráter propriamente político ou sociológico, quando não a periódicos da área econômica ou de orientação genericamente humanista. Daí a razão de também termos alinhado, ao lado dos títulos propriamente “internacionais”, alguns exemplos de revistas de cunho geral ou cobrindo mais frequentemente temas de política interna, inclusive porque um balanço de natureza qualitativa não poderia prescindir, se fosse o caso, da consulta a um universo mais amplo de periódicos.

As iniciativas pioneiras
O Brasil do pós-Segunda Guerra é um “país essencialmente agrário”, como então se dizia, com uma rarefeita população universitária, mas também intensamente preocupado com o seu papel num mundo em reconstrução. A participação no teatro de guerra europeu, a contribuição das missões universitárias européias, quando não a presença de intelectuais e de refugiados europeus em nossas principais capitais permitem a emergência de um ambiente cosmopolita ainda incipiente mas receptivo à discussão de temas de política internacional.
Inexistia, contudo, um veículo intelectual suscetível de canalizar o debate em curso — dominado já pelo clima de guerra fria e pela situação de relativa dependência dos Estados Unidos — ou de abrigar as primeiras reflexões de caráter acadêmico que começavam a ser produzidas sobre nossa inserção internacional naquele cenário bipolarizado. Curiosamente, algumas boas fontes para a pesquisa sobre os principais problemas “internacionais” que preocupavam nossas lideranças politicas e intelectuais podem ser encontradas em revistas da área econômica.
Aqui se destaca Conjuntura Econômica, da Fundação Getúlio Vargas/RJ, que desde seu primeiro número (novembro de 1947) dedica grande parte de sua atenção a questões de “comércio exterior”, numa visão bem ampla desse conceito. Através de sua seção de “Estudos Especiais”, ela passa a divulgar trabalhos de grande importância para uma análise das relações econômicas internacionais do Brasil — vide, por exemplo, “A Situação Monetária Internacional e a Paridade do Cruzeiro” (Ano II, nº 8, Agosto de 1948, pp. 20-23) ou “Entrada e Saida de Capitais em 1947” (Ano II, nº 9, Setembro de 1948, pp. 23-31) — ou da agenda econômica mundial: são inúmeros os textos sobre o Plano Marshall e suas implicações para a América Latina.
Sua “irmã gêmea” teórica, a Revista Brasileira de Economia (FGV/RJ, setembro de 1947), desempenhou um papel igualmente importante na discussão dos grandes problemas do desenvolvimento econômico em escala comparativa, com a divulgação de textos do Secretariado das Nações Unidas ou de eminentes especialistas internacionais que regularmente visitavam o Brasil a convite da Escola de Economia: Gottfried Haberler, Jacob Viner, Raul Prebish e muitos outros mais. É também nas páginas de outra revista econômica, Estudos Econômicos (da Federação do Comércio do RJ), que são publicados alguns bons artigos — de Rômulo de Almeida, entre outros — sobre essa mesma problemática das relações econômicas externas do Brasil.
Mas, foi apenas com o surgimento dos Cadernos do Nosso Tempo, do Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP/RJ), que tem início, entre nós, o debate aprofundado dos temas de política internacional. Embora dedicada a “compreender o nosso tempo na perspectiva do Brasil e (...) o Brasil na perspectiva do nosso tempo”, como afirmava a apresentação de seu número inaugural (Outubro-Dezembro de 1953), a revista o faz de um ângulo propriamente planetário, com mais de 2/3 de suas páginas ocupados pelos principais problemas da conjuntura internacional: Hélio Jaguaribe já era presença constante em seus números, com matérias pioneiras (e desafiadoras) sobre a integração Brasil-Argentina.

RBPI: a revista decana
No final do segundo Governo Vargas, marcado pelos grandes debates entre “nacionalistas” e “entreguistas”, se constituiu, com forte participação de intelectuais cosmopolitas e de vários diplomatas, o “Instituto Brasileiro de Relações Internacionais”, voltado, segundo seus estatutos (aprovados por assembléia reunida no Palácio Itamaraty, em 27.01.54), para a promoção e o incentivo de estudos sobre problemas internacionais, “especialmente os de interesse para o Brasil”. É o IBRI quem vai impulsionar, a partir de março de 1958, o mais antigo empreendimento editorial “internacionalista” ainda existente no Brasil: a Revista Brasileira de Política Internacional, fundada precisamente com o propósito de difundir matérias e documentos vinculados à política internacional, bem como às relações internacionais do Brasil e ao próprio pensamento e prática brasileira em temas de política exterior. Um balanço ainda que sumário de suas realizações indicaria que ela cumpriu galhardamente esse papel, graças, quase que exclusivamente, ao extraordinário esforço individual de seu Diretor por longos anos, Cleantho de Paiva Leite, recentemente falecido.
Pioneira em sua época (se excluírmos os já citados Cadernos do Nosso Tempo, de existência meteórica em meados dos anos 50), a RBPI preencheu e ainda preenche uma lacuna inestimável em nossa cultura política e acadêmica no terreno que é o seu: a divulgação oportuna — atualmente bem menos atualizada — de todos os problemas que ocupam os profissionais da diplomacia brasileira. Numa época em que o registro dos eventos internacionais interessando o Brasil era feito de maneira precária pelo Itamaraty (por meio dos “Relatórios” anuais, já que a Resenha de Política Exterior só vem a surgir quase duas décadas depois), a RBPI compilava e publicava os textos e declarações oficiais produzidos pela burocracia diplomática, bem como os resultados da mais importantes reuniões internacionais de que o Brasil tivesse tomado parte. Figuram também em suas páginas artigos que já podem ser classificados como “históricos”, sobre as origens da política antártica brasileira, por exemplo, ou sobre os primeiros passos do Brasil no GATT e nas organizações econômicas regionais (CEPAL e ALALC).
Embora praticamente solitária num universo bastante restrito de periódicos especializados na temática internacional, é bem verdade que a RBPI chegou a ser concorrenciada em algumas poucas oportunidades por outras revistas momentânea ou ocasionalmente voltadas para temas correlatos, como a influente Revista Brasiliense (São Paulo) ou a combativa Civilização Brasileira (Rio de Janeiro). Concorrência efetiva, realmente, foi exercida, mais diretamente, apenas pela revista Política Externa Independente (Rio de Janeiro). Embora ela tenha atraido fortemente a atenção de políticos, intelectuais e diplomatas brasileiros engajados numa postura internacional não-alinhada, ela teve, no entanto, vida muito breve: três densos números entre maio de 1965 e janeiro de 1966. O regime militar então inaugurado caracterizava-se, precisamente, em sua primeira fase, por um alinhamento exemplar à política norte-americana, condenando a PEI (e também a “PEI” prática) ao purgatório dos empreendimentos sem avenir.
Nessa mesma época, José Honório Rodrigues, eleito Diretor-Executivo do IBRI, encontrou a RBPI em atraso de vários números — uma fatalidade que parece atingir a todas as revistas acadêmicas no Brasil — e se decide pela publicação de um índice temático dos 6 primeiros volumes (23 números). Ele também pretendia publicar vários números especiais, dedicados a temas como desarmamento, descolonização, comércio internacional de produtos de base (estávamos às vésperas da Iª UNCTAD) e política cultural internacional, uma questão que sempre o atraiu.

A Academia abre-se ao Mundo
Os anos 60 e 70, a despeito da repressão política e do controle ideológico patrocinados pelo regime militar, foram extremamente produtivos em matéria de debates acadêmicos e intelectuais. Papel protagônico nesse fermento político teve a Revista Civilização Brasileira, que abrigou inúmeros editoriais e quantidade apreciável de artigos de qualidade sobre temas internacionais (eram os anos da guerra do Vietnã): cite-se jornalistas como Otto Maria Carpeaux, um exemplo entre muitos outros colaboradores de grande peso intelectual.
Desenvolvem-se também, no período militar, núcleos de pesquisa acadêmica em vários centros universitários do País, sendo que algumas revistas eram financiadas pelo próprio establishment de apoio educacional. A Revista Brasileira de Estudos Políticos, fundada em 1956 e publicada pela UFMG, abrigou eventualmente em suas páginas contribuições sobre a política externa brasileira por acadêmicos de projeção (Celso Lafer, por exemplo). É na RBEP que foi originalmente publicado o texto “fundador” — em termos conceituais — da nova política externa brasileira da segunda fase do regime militar, “O Congelamento do Poder Mundial”, de J.A. de Araújo Castro (nº 33, janeiro de 1972).
A Revista de Ciência Política, do Instituto de Direito Público e Ciência Política da FGV/RJ, observa a mesma política de ampla abertura a temas correlatos na área externa: Celso Mello, por exemplo, era presença constante no terreno do direito internacional. Durante algum tempo, nos anos 60 e princípios dos 70, o Centro Latino-Americano de Pesquisas em Ciências Sociais (funcionando no RJ sob os auspícios da UNESCO e dirigido pelo eminente intelectual Manuel Diegues Júnior) publicou a revista América Latina, acrescentando algumas matérias de natureza sociológica à análise da inserção internacional dos países da região: se vivia então o auge da “teoria da dependência”.
Também no Rio de Janeiro, o IUPERJ mantinha a excelente revista Dados, que embora voltada mais precipuamente para a sociologia política, chegou a publicar artigos de extremo interesse para os pesquisadores de relações internacionais, como a original pesquisa de Zairo Borges Cheibub e de Alexandre Barros sobre os determinantes sociais da carreira diplomática ou a contribuição de Pedro Malan ao estudo das relações econômicas do Brasil. É na revista Dados que a jovem geração de pesquisadores acadêmicos brasileiros, muitos treinados nas novas técnicas em universidades do exterior, publicam trabalhos de grande relevância intelectual para o estudo da problemática internacional. Mencione-se aqui, apenas como registro, o trabalho exemplar de Maria Regina Soares de Lima e Gerson Moura sobre “A Trajetória do Pragmatismo: uma análise da política externa brasileira” (vol. 25, nº 2, 1982).
No universo intelectual da oposição de esquerda, muitas contribuições de qualidade ou de forte impacto político e conceitual na análise da política externa brasileira vêem à luz em pleno regime de censura da ditadura militar (que atingia mais de perto, é verdade, os meios de comunicação de massa). Se um intelectual engajado como Ruy Mauro Marini divulga, preferentemente, suas teses sobre o “subimperialismo brasileiro” em revistas do exterior (do Chile, do México ou mesmo dos EUA), muitos outros passam a utilizar-se dos novos veículos “alternativos” criados nesses anos negros de perseguições políticas e de paranóia ideológica. Carlos Estevam Martins, por exemplo, publica seu muito aclamado estudo sobre “A Evolução da Política Externa Brasileira na Década 64/74” nos Estudos Cebrap (nº 12, 1975), corajosa iniciativa de intelectuais e professores expulsos da USP pelo AI-5 (dentre os quais o atual Chanceler, Fernando Henrique Cardoso).  No final da década, a Revista Civilização Brasileira, que tinha sobrevivido heroicamente entre 1964 e 1968, volta em 1978, em novo formato, Encontros com a Civilização Brasileira, com um amplo espectro de contribuições na área internacional.
Do lado do “regime”, nesse mesmo ano, surge uma das melhores iniciativas em termos de revista especializada, a Relações Internacionais, derivada de convênio entre a Universidade de Brasília e a Câmara dos Deputados e envolvendo o trabalho conjunto de diplomatas e professores da UnB. Extremamente bem cuidada em termos editoriais e comportando artigos da melhor qualidade de estudiosos brasileiros e de scholars estrangeiros, a RI deixou uma marca profunda, ainda que temporária, no avanço das pesquisas em relações internacionais na própria capital da República, até então isolada das correntes universitárias do resto do País: estuda-se o pensamento de “próceres” da “PEI”, como Araújo Castro (Ronaldo Sardenberg) e San Tiago Dantas (Marcílio Marques Moreira), aprofunda-se a pesquisa histórica da política exterior brasileira (Amado Luiz Cervo), debatem-se os princípios do direito internacional e seu impacto no Brasil (A. A. Cançado Trindade), reproduzem-se textos há muito indisponíveis (de Rio Branco ou de Jânio Quadros, por exemplo, ou as mensagens presidenciais dos primeiros governos republicanos, em temas de política externa) e são traduzidos inúmeros trabalhos de especialistas estrangeiros. Nesse mesmo período, a Editora da UnB traduzia e publicava as mais importantes obras do pensamento político mundial, sobretudo no terreno das relações internacionais (alguns “clássicos”, como Raymond Aron, Paix et Guerre, ou Edward Carr, Twenty Years’ Crisis, por exemplo).

A Nova Geração
A partir dos anos 80, a pioneira RBPI teve de dividir o espaço da cobertura de temas internacionais com outras revistas, mas apenas duas lograram firmar-se e ocupar espaço político e intelectual: uma, de iniciativa mais conservadora e identificada com o chamado “pensamento estratégico brasileiro”, intitula-se, precisamente, Política e Estratégia, tendo sido editada desde 1983 (de maneira intermitente nos últimos anos) pelo Centro de Estudos Estratégicos da Sociedade de Cultura Convívio (São Paulo); outra, vinculado diretamente a uma instituição acadêmica, a Contexto Internacional, vem sendo editada, desde 1984, com crescente sucesso pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI) da PUC/RJ.
A PeE, embora abrigando teóricos realistas da linha do “poder” e defensores do “Brasil Potência”, abriu-se exemplarmente a representantes do mundo acadêmico, inclusive alguns dos mais contundentes críticos das doutrinas geopolíticas ainda em voga em círculos remanescentes de militares. A CI, por sua vez, abriga basicamente produções da área acadêmica, com forte conteúdo conceitual e metodológico, abrindo espaço a um verdadeiro scholarly work at its best. Ambas as revistas não se restringem ao universo brasileiro de política internacional, buscando contribuições na comunidade de pesquisadores e debatedores dos mais diversos países, com uma forte preferência pelos latino-americanos no segundo caso.
Outras revistas acadêmicas surgidas no período recente também devotam, a despeito de uma vocação mais generalista ou de uma especialização temática em outras áreas, crescente espaço a problemas de política externa e de relações internacionais. É o caso, por exemplo, da Lua Nova, editada pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (São Paulo), cujo número 18 (agosto de 1989) foi inteiramente dedicado às relações internacionais e o Brasil. Nesse mesmo ano surgia, por iniciativa do Departamento de Ciência Política da UnB, a Revista Brasileira de Ciência Política, cujo número inaugural (e até aqui único) trouxe várias contribuições de qualidade na área internacional: José Carlos Brandi Aleixo, Theotonio dos Santos, Celso Amorim e Shiguenoli Miyamoto, este último um habitual frequentador das páginas de Política e Estratégia. Ainda na UnB, e mesmo anterior à RBCP, a revista Humanidades, em sua nova série (a partir de 1986), dedica parte de seu espaço editorial a problemas latino-americanos, embora sob uma ótica mais política e econômica do que propriamente no campo das relações internacionais.

Sobrevivendo no Mundo
A maior parte dessas revistas, em especial num país caracterizado por inúmeras iniciativas acadêmicas natimortas como o Brasil, tem uma existência financeira precária, canais de distribuição bastante deficientes e uma dependência física e política de alguns poucos entusiastas. É o caso, por exemplo, da RBPI, que ainda assim condensa, em seus trinta e e cinco anos de existência e nas dezenas de volumes editados quase que artesanalmente, um somatório extremamente rico de informações sobre a política externa brasileira e as relações internacionais dessas últimas três décadas e meia. Em suas páginas comparecem todos os diplomatas, intelectuais e estadistas que pensaram, praticaram ou analisaram a política externa brasileira e as relações internacionais nesse período, bem como uma massa relevante de documentação de referência para o estudo dos mais diversos problemas atinentes a esse problemas. Ela constitui, assim, uma “memória coletiva” bastante preciosa para uma investigação profissional sobre a inserção internacional do País no período coberto por sua publicação.
Embora enfrentando as dificuldades que soem atingir as revistas acadêmicas de público restrito, geralmente derivadas da falta de recursos materiais e humanos, a RBPI ainda assim conheceu uma notável regularidade de publicação, graças, mais uma vez, ao notável empenho individual de seu diretor. Com o falecimento de Cleantho de Paiva Leite, em outubro de 1992, colocou-se o problema da sobrevivência da revista, que não dispunha de Conselho Editorial. Felizmente, um grupo de diplomatas e de pesquisadores de Brasília assumiu o encargo de relançá-la em novas bases e princípios editoriais, o que deve ocorrer ainda em meados de 1993.
Assim, a Política Externa vem situar-se num universo restrito, não exatamente caracterizado pela continuidade, mas já frequentado por iniciativas acadêmicas similares. Suas características intrÍnsecas a tornam no entanto exclusiva nesse meio ambiente algo rarefeito, a começar pela forte abertura “externa” das colaborações e da documentação selecionada para publicação. Ela é também a única das revistas brasileiras que edita “material de pesquisa”, exemplo provavelmente retirado da seção “Source Material” da Foreign Affairs e instrumento importante para o pesquisador acadêmico. Mais do que uma revista de “política externa”, ela é propriamente uma revista internacional, no melhor sentido da palavra. Longa vida ao benjamim da comunidade !
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[Brasília: 15.03.93; Relação de Trabalhos n° 304b]
Ficha do Trabalho: 304. “Revistas Brasileiras de Política Externa: um balanço de quatro décadas”, Brasília: 27 novembro 1992, 13 pp. Ensaio sobre as revistas que cobriram temas de política externa e relações internacionais do Brasil. Encaminhado para a revista Política Externa. Aceito para publicação em 15.03.93, com duas pequenas modificações sugeridas por parecerista. Versão revista em 15.03.93. Publicado na Política Externa (São Paulo: Vol. II, nº 1, junho-agosto 1993, pp. 162-169). Trabalhos Publicados nº 134.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

RBPI: uma revista ALTAMENTE indexada

Tenho o prazer de participar desta gratificante aventura intelectual que se chama Revista Brasileira de Política Internacional (Rio de Janeiro: 1958-1992; Brasília, desde 1993), atualmente sendo editada pelo professor do Irel-UnB Antonio Carlos Lessa, batalhador incansável pela melhoria de sua qualidade editorial, conteúdo substantivo e, sobretudo, avaliação e indexação nos instrumentos especializados do setor, como abaixo indicado:

Indexadores da RBPI:

Academic One File - Gale Cengage Learning http://www.gale.cengage.com/tlist/aone.html
Academic Search Alumni Edition http://www.ebscohost.com/titleLists/a2h-journals.htm
Academic Search Complete http://www.ebscohost.com/titleLists/a9h-journals.htm
Academic Search Elite http://www.ebscohost.com/titleLists/afh-journals.htm
Academic Search Premier (Ebsco) http://www.ebscohost.com/titleLists/aph-journals.htm
America: History & Life with Full Text http://www.ebscohost.com/titleLists/31h-coverage.htm
América: History and Life http://www.ebscohost.com/titleLists/ahl-coverage.htm
Clase - Citas Latinoamericanas en Ciencias Sociales y Humanidades http://132.248.9.1:8991/F/-/?func=find-b-0&local_base=CLA01
Current Abstracts http://www.ebscohost.com/titleLists/cu-coverage.htm
DataÍndice http://dataindice.iuperj.br
Directory of Open Access Journals http://www.doaj.org
Fonte Acadêmica http://www.ebscohost.com/titleLists/foh-coverage.htm
Fuente Académica http://www.ebscohost.com/titleLists/zb-coverage.htm
Fuente Académica Premier http://www.ebscohost.com/titleLists/fua-coverage.htm
Handbook of Latin America Studies - Library of Congress http://lcweb2.loc.gov/hlas/journaltotal.html
HAPI - Hispanic American Periodicals Index http://hapi.ucla.edu/web/free/journals.php?token=686398744970a7171fa70b21b8288235
Historical Abstracts http://www.ebscohost.com/titleLists/hah-coverage.htm
Historical Abstracts with Full Text http://www.ebscohost.com/titleLists/30h-coverage.htm
Informe Académico - Cengage Gale Learning http://www.gale.cengage.com/tlist/sb5022.html
International Bibliography of the Social Sciences http://www.lse.ac.uk/collections/IBSS/
International Political Science Abstracts http://www.ipsa.org/site/content/category/7/28/81/lang,en/
Journal Citation Reports - Social Sciences Edition http://scientific.thomson.com/products/jcr/
Journal Tables of Contents - Journal TOCS http://www.journaltocs.hw.ac.uk/index.php?action=browse&subAction=pub&pub=SciELO
Latindex - Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal. http://www.latindex.org/buscador/ficRev.html?opcion=1&folio=1194
OAIster http://oaister.worldcat.org/search?q=%22revista+brasileira+de+politica+internacional%22&qt=results_page&dblist=239&scope=0&oldscope=0
Open J-Gate http://www.openj-gate.org/browse/Archive.aspx?journal_id=122544&year=2009
Periodicals Index OnLine http://pio.chadwyck.co.uk/marketing/index.jsp
Political Science Complete http://www.ebscohost.com/titleLists/poh-coverage.htm
Public Affairs Index http://www.ebscohost.com/titleLists/p4h-coverage.htm
Public Affairs Information Service - PAIS International http://www.csa.com/factsheets/pais-set-c.php
RedAlyc – Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/index.jsp
Scielo Brasil http://www.scielo.br/rbpi
Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal – Catálogo Latindex http://www.latindex.org/
Social Sciences Citation Index - ISI Web of Knowledge http://science.thomsonreuters.com/cgi-bin/jrnlst/jloptions.cgi?PC=SS
Social SciSearch http://scientific.thomsonreuters.com/products/ssci/
Social Services Abstracts http://www.csa.com/factsheets/ssa-set-c.php
Sociological Abstracts http://www.csa.com/factsheets/socioabs-set-c.php
Sumários de Revistas Brasileiras http://www.sumarios.org/revista.asp?id_revista=736&idarea=5
TOC Premier http://www.ebscohost.com/titleLists/tn-coverage.htm
Ulrich's Periodicals Directory http://www.ulrichsweb.com/ulrichsweb/default.asp?navPage=4&
World History Abstracts http://www.ebscohost.com/titleLists.php?topicID=380&tabForward=titleLists&marketID=
Worldwide Political Science Abstracts database http://www.csa.com/factsheets/polsci-set-c.php

Em vista do exposto,acadêmicos e outros interessados em publicar numa revista de tal prestígio e alcance internacionais, fariam bem em se informar sobre as condições e normas de publicação.
Ver o site da RBPI-IBRI aqui: http://ibri-rbpi.org/