O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.
Mostrando postagens com marcador Uma Argentina dolarizada mataria o Mercosul?. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Uma Argentina dolarizada mataria o Mercosul?. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Uma Argentina dolarizada mataria o Mercosul? - Paulo Roberto de Almeida

 Uma Argentina dolarizada mataria o Mercosul?

Paulo Roberto de Almeida

Já respondo que não, mas vamos refletir conjuntamente.

O que aconteceria com o Mercosul se a Argentina dolarizasse efetivamente (o que ela já já faz na prática e em ampla medida) e com as relações comerciais recíprocas dos países membros?
No estágio atual de NÃO evolução do Mercosul, para um mercado comum de verdade, com convergência de políticas macroeconômicas, não mudaria quase nada, pois os intercâmbios já são saldados em dólar, bem mais do que em moedas locais.
O que sim ocorreria é que o "mini-Maastricht" previsto tempos atrás para o Mercosul, e avanços no sentido de caminhar para uma moeda comum, seriam postos de lado, para continuar o que já existe hoje: duas economias com controles cambiais e monetários, o que aumenta os custos para os agentes econômicos. O Uruguai já tem liberdade monetária e cambial; qualquer pessoa pode usar a moeda que quiser para suas compras, e ninguém vem pedir demonstração de ativos declarados para que o Fisco ou o sistema bancário possam cobrar as suas taxas de comissão e de impostos (como o IOF, por exemplo).
Quem ganha com as restrições atuais são o cambistas, os bancos, e o governo, que mete sua mão peluda em todas as transações.
Registrem que os traficantes, milícias, bandidos em geral (entre os quais gente engravatada) já usam o dólar livremente, compram carros de luxo e passeiam tranquilamente ao exterior.
Quando Brasil e Argentina se converterem em países normais, o Mercado Comum do Sul poderá, talvez, opositor.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 30/05/2025