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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Carlos Nelson Coutinho: um marxista ignorante ou de ma'-fe'?

Não creio que se possa dizer que o Brasil se despede desse autodenominado filósofo. O país não é marxista, nem gramsciano. Apenas uma minoria minorantíssima, se ouso dizer, adere a essas crenças anacrônicas. Já houve um tempo em que essas ideologias representavam algo parecido com algum tipo de pensamento -- até meados da segunda metade do século passado, no máximo -- mas elas deixaram de ser algo válido, tão pronto o socialismo real revelou, plenamente, toda a sua miséria material e, sobretudo, a sua miséria moral. Aliás, poucos marxistas latino-americanos conheceram, de fato, o socialismo real, em toda a sua crueza do marxismo dos energúmenos.
Essa decadência moral ocorreu, mais ou menos, em 1968, quando a URSS invadiu a República Tchecoslovaca, então tentando construir oo que foi chamado de "socialismo a face humana" (e eu não estou considerando os traumas de 1953, na RDA, e o horror da invasão soviética na Hungria, em 1956, que já tinham determinado a saída de vários "marxistas" dos PCs em vários países).
Ou seja, foi só depois de muitos anos, após tudo isso, que esse "filósofo" foi descobrir que a democracia é um "valor universal", só em 1979???!!!
Demorou tanto para "descobrir" isso? Lento esse "filósofo", não é?
De todo modo ele não era um "filósofo"; no máximo, poderia ser considerado um professor de filosofia, e talvez apenas de marxismo, e ainda assim com tremendas falhas, como vim a descobrir. 
Chamá-lo, por outro lado, de "intelectual marxista"  é uma contradição nos termos. Se ele era intelectual, não podia ser marxista; e se era marxista, não podia ser intelectual. Concordam?
As contradições são insanáveis, como ainda revelado numa entrevista recente, na qual ele ainda reclamava que a China estava aumentando a desigualdade, sem considerar os tremendos progressos sociais havidos naquela última ditadura imperial que o marxismo jamais produziu.
Até 1992, ou 1993, eu ainda pensava que era possível "dialogar" com esses "intelectuais marxistas", num debate de ideias e de confrontação dessas ideias à realidade.
Pois foi justamente o C.N. Coutinho que me provou que não.
Estávamos, portanto, em 1992 ou 1993, e eu fui assistir uma palestra do próprio na UnB. Fui não tanto pelas ideias marxistas ou gramscianas, pois as conhecia todas, mas pelo que ele poderia dizer de prático, ou de ligado ao mundo real.
Com efeito, logo depois da primeira derrota de Lula e do PT na campanha presidencial de 1989, o PT, sob direção e mão firme dos cubanos, havia organizado o Foro de São Paulo, e logo em seguida um "governo paralelo", para vigiar o governo Collor e propor políticas alternativas.
Pois o C.N. Coutinho era o "ministro paralelo" das relações exteriores, ou seja, o chanceler do governo paralelo do PT, e como tal talvez tivesse algo de inteligente a dizer sobre as relações internacionais.
Fiquei totalmente boquiaberto, surpreendido, estupefato quando ele -- na maior demonstração de ignorância que eu já tinha visto, ou então de má-fé absoluta -- disse que a situação deplorável na qual vivia então a Somália -- que saía de mais de 25 anos de uma ditadura marxista-leninista -- se devia à dominação capitalista e imperialista sobre a África exercida pelas potências imperiais. Arregalei os olhos e prestei atenção: seria possível que esse chanceler paralelo não soubesse disso? Justamente o mais marxista-leninista dos governos da África -- junto com o Congo Brazaville e algumas outras ditaduras menores -- tinha sua situação deplorável atribuída ao imperialismo???!!!
A partir desse momento, passei a não ter nenhum respeito por esse "filósofo marxista", inclusive por várias outras barbaridades que disse na mesma palestra.
Achei que não era mais possível manter qualquer tipo de diálogo com quem deformava, mentia, mistificava, de forma tão canhestra e tão desonesta a realidade dos países, numa demonstração de anti-imperialismo primário, infantil, aliás totalmente surrealista, nesse caso da Somália.
Passe a considerar que esse tipo de gente é capaz de qualquer coisa.
Acho que, pelo que veio depois, essa gente é mesmo capaz de qualquer coisa, de mentir descaradamente, o de revelar toda a sua ignorância senil.
Paulo Roberto de Almeida 


O país se despede do filósofo Carlos Nelson Coutinho

20/9/2012 14:56,  Por Redação - do Rio de Janeiro
Morreu nesta quinta-feira o filósofo marxista e professor da Universidade Federal do Rio de JaneiroCarlos Nelson Coutinho. Uma das principais referências em Gramsci no Brasil, Carlos Nelson impactou o conjunto da esquerda em seu célebre artigo publicado em 1979 na Revista Civilização Brasileira: A democracia como valor universal. O escritor era filiado ao PSOL desde sua fundação. Segundo comunicado da direção da Escola de Serviço Social da UFRJ, o velório foi realizado no Atrium do Fórum de Ciência e Cultura.
Entre as muitas mensagens de despedida do pensador marxista, a Editora Boitempo fez publicar, em sua página, a mensagem: “Morreu o grande intelectual marxista Carlos Nelson Coutinho, depois de meses combatendo um câncer dos mais violentos. Carlito, como era chamado pelos amigos, descobriu a doença em fevereiro deste ano, quando nos comentou por e-mail: “Ainda estou perplexo, mas disposto a brigar. Também sobre isso, tenho tentado me valer do mote de Gramsci: pessimismo da inteligência, otimismo da vontade. Torçam por mim”. Foi o que fizemos esses meses todos.
No próximo sábado, 22 de setembro de 2012, a Boitempo prestará uma homenagem a ele no encerramento do III Curso Livre Marx-Engels, após a aula proferida por Michael Löwy (entrada liberada para quem não acompanhou o Curso até agora,  a aula e a homenagem serão transmitidas ao vivo pelo Ustream). Até um mês atrás, Carlito, com a coragem dos grandes, ainda cogitava estar presente para receber a homenagem. Fará uma falta enorme. Presente!
A direção da Escola de Serviço Social (ESS) da UFRJ, também em sua página eletrônica, deixou nota de pesar pelo falecimento do Professor EméritoCarlos Nelson Coutinho:
- É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento na manhã de hoje do nosso querido professor emérito Carlos Nelson Coutinho, reconhecido dentro e fora do país como um dos mais influentes pensadores brasileiros do final do século XX e princípio do XXI. Sua atitude de vanguarda, ao introduzir, na cultura brasileira, o pensamento de dois clássicos do debate teórico filosófico europeu do século XX, G. Lukács e A. Gramsci, e a elaboração de uma obra, que tem o selo claro de uma intervenção política na defesa do socialismo e na renovação do marxismo, o revelam como um dos melhores produtos do que ele mesmo denominou a “década longa dos anos 60”, conjuntura que, aberta em 1956, no XX Congresso do PC da URSS e terminada em meado dos anos 70, favoreceu  em meio às agitações de estudantes e trabalhadores em 1968, o terceiro-mundismo, o eurocomunismo, a Primavera de Praga  os melhores anos de florescimento do marxismo.
- Docentes, técnico-administrativos e alunos da ESS da UFRJ tiveram a honra e a sorte de conviver com o brilhantismo, a generosidade e o bom humor de Carlos Nelson. Em nossa Unidade de Ensino, desde o ano de 1986, nosso querido Carlito se constituiu como uma das principais lideranças teórico-acadêmicas no processo de renovação do nosso Programa de Pós-Graduação em Serviço Social a refundação do Projeto de Mestrado em fins da década de 1980 e a criação do Curso de Doutorado em 1994 o que sagrou a ESS da UFRJ, na esteira da renovação da profissão no Brasil, um dos pilares dos avanços profissionais e acadêmicos da área no país.
- Em reconhecimento à contribuição desse grande intelectual e amigo que possibilitou a nossa Escola alçar-se a condição de agência nacional e internacional de formação de docentes e pesquisadores da área, o Conselho Diretor da ESS da UFRJ decreta a partir de hoje três dias de luto. Estarão, portanto, suspensas todas as atividades acadêmicas entre 20 e 23 de setembro do corrente, permanecendo a Unidade fechada neste período.
Conselho Diretor da ESS da UFRJ, em 20/09/12″
Carlos Nelson Coutinho, um dos intelectuais marxistas mais respeitados do Brasil, recebeu nasceu na Bahia, em uma cidade do interior chamada Itabuna, mas foi para Salvador ainda pequeno, “com uns 3 ou 4 anos”, lembrou o intelectual, em uma entrevista ao jornalista Hamilton Octávio de Souza, editor da revista Caros Amigos. Coutinho se formou em Salvador, “e as opções que eu fiz, fiz em Salvador”, assinala.
– Eu nasci em 1943, glorioso ano da batalha de Stalingrado. Me formei em filosofia na Universidade Federal da Bahia, um péssimo curso, e com meus 18 ou 19 anos sabia mais do que a maioria dos professores. Meus pais eram baianos também. Meu pai era advogado e foi deputado estadual durante três legislaturas da UDN. Publicamente ele não era de esquerda, mas dentro de casa ele tinha uma posição mais aberta. Eu me tomei comunista lendo o Manifesto Comunista que o meu pai tinha na biblioteca. Ele era um homem culto, tinha livros de poesia. Minha irmã, que é mais velha, disse que eu precisava ler o Manifesto Comunista. Foi um deslumbramento. Eu devia ter uns 13 ou 14 anos. Aí fiz faculdade de Direito por dois anos porque era a faculdade onde se fazia política, e eu estava interessado em fazer política. Me dei conta que uma maneira boa de fazer política era me tomando intelectual. Aos 17 anos entrei no Partido Comunista Brasileiro, que naquela época tinha presença. O primeiro ano da faculdade foi até interessante porque tinha teoria geral do Estado, economia política, mas quando entrou o negócio de direito penal, direito civil, ai eu vi que não era a minha e fui fazer filosofia – concluiu o professor.

sábado, 12 de maio de 2012

Das corrupcoes menos visiveis - Janer Cristaldo

Janer Cristaldo - aqui postado muitas vezes -- é um libertário, anarquista, ou simplesmente um escritor livre, de todas as amarras e compromissos, e portanto corrosivo contra toda e qualquer desonestidade que se traveste de moralidade.
Ele fala da corrupção dos escritores pagos com dinheiro público, e apenas um pouco da corrupção universitária, que conheço superficialmente, mas que suspeito ser muito maior, mas MUUUIIITO MAIOOOOR, do que o normalmente imaginado.
Ele tem razão. Mas vai ser duro desmantelar esse sistema viciado. 
Vamos ler esta nova crônica desmantelante, se ouso abusar do idioma...
Paulo Roberto de Almeida 

MINHAS CORRUPÇÕES PREDILETAS 
Janer Cristaldo
Sexta-feira, Maio 11, 2012

Leitores querem saber por que não escrevo sobre as grandes corrupções nacionais. Ora, isto está na primeira página de todos os jornais. A crônica é tão vasta que já existem extensas compilações on line, para orientar o leitor no organograma da corrupção. Prefiro falar sobre o que os jornais não trazem. Por exemplo, o Chico Buarque sendo traduzido na Coréia às custas do contribuinte. Não sei se o leitor notou, mas a dita grande imprensa não disse um pio sobre isto. O que sabemos vem da blogosfera.

Prefiro falar de corrupções mais sutis, quase imperceptíveis, mas corrupções. A imprensa denuncia com entusiasmo a corrupção no congresso, na política, nos tribunais. Não diz uma palavrinha sobre a corrupção no santo dos santos, a universidade. Corrupção esta mais difícil de ser detectada, já que em geral foi legalizada. Mordomias para encontros literários internacionais inúteis, concursos com cartas marcadas, endogamia universitária, tudo isto se tornou rotina no mundo acadêmico e não é visto como corrupção.

Tampouco se fala sobre a corrupção no mundo literário, que há muito se prostituiu. Jorge Amado, que passou boa parte de sua vida escrevendo a soldo de Moscou, está sendo homenageado nestes dias no país todo. Devo ter sido o único jornalista que o denuncia – e isto há décadas – como a prostituta-mor das letras tupiniquins.

Corrupção só existe quando em uma ponta está o Estado. Se o dono de meu boteco me cobra 50 reais por uma cerveja e eu pago com meu dinheiro, pode ter ocorrido um abuso, mas jamais corrupção. O dinheiro é meu e a ele dou a destinação que quiser, por estúpida que seja. Mas se um fornecedor de cervejas as vende por 50 reais ao governo, está caracterizada a corrupção. Porque governo não tem dinheiro. Governo paga com os meus, os teus, os nossos impostos. E obviamente alguém do governo vai levar algo nessa negociata.

Escritores, esses curiosos profissionais que querem transformar suas inefáveis dores-de-cotovelo em fonte de renda, adoram subsídios do Estado. Não falta quem pretenda a regulamentação da profissão. O que não seria de espantar, neste país onde até a profissão de benzedeira acaba de ser reconhecida no Paraná. (Voltarei ao assunto).

Em 2002, Mário Prata, medíocre cronista do Estadão, pedia a Fernando Henrique Cardoso o reconhecimento da profissão de escritor: "O que eu quero, meu presidente, é que antes de o senhor deixar o governo, me reconheça como escritor". Claro que não era apenas a oficialização de uma profissão que estava em jogo. Mas o financiamento público da guilda. Cabe observar como o cronista, subserviente, se habilita ao privilégio: “meu presidente”.

Esquecendo que existe um Congresso neste país, o cronista pedia ao presidente a elaboração de uma lei. Mais ainda. Citava a Inglaterra como exemplo de país onde o escritor é reconhecido. Lá, segundo o cronista, toda editora que publicar um livro, tinha que mandar um exemplar para cada biblioteca pública do país. "Claro que os 40 mil exemplares são comprados pelo governo. Quem ganha? Em primeiro lugar o público. Ganha a editora, ganha o escritor. Ganha o País. Ganha a profissão".

E quem perde? - seria de perguntar-se. A resposta é simples: como o governo não paga de seu bolso coisa alguma, perde o contribuinte, que com os impostos tem de sustentar autores até mesmo sem público. É o que chamo de indústria textil. Textil assim mesmo, sem acento: a indústria do texto. É uma indústria divina: você pode não ter nem um mísero leitor e vender 40 mil exemplares. O personagem mais venal que conheço é o escritor profissional. Ele segue os baixos instintos de sua clientela. O público quer medo? Ele oferece medo. O público quer lágrimas? Ele vende lágrimas. O público quer auto-ajuda? Ele a fornece. É preciso salvar o famoso leite das criancinhas.

No fundo, saudades da finada União Soviética, onde os escritores eram pagos pelo Estado comunista para louvar o Estado comunista. Seguidamente comento – e creio ser o único a comentar – o livro A Sombra do Kremlin, relato de viagem do jornalista gaúcho Orlando Loureiro, que viajou a Moscou em 1952, mais ou menos na mesma época que outro jornalista gaúcho, Josué Guimarães. Enquanto Josué, comunista de carteirinha, vê o paraíso na União Soviética em As Muralhas de Jericó, Loureiro vê uma rígida ditadura, que assume o controle de todo pensamento. Comentando a literatura na então gloriosa e triunfante URSS, escreve Loureiro:

- A União dos Escritores funciona como um Vaticano para a moderna literatura soviética. O julgamento das obras a serem lançadas obedece a um critério estreito e sectário de crítica literária. Esta função é exercida por um conselho reunido em assembléia, que discute os novos livros e sobre eles firma a opinião oficial da sociedade. A exegese não se restringe aos aspectos literários ou artísticos da obra julgada, senão que abrange com particular severidade seu conteúdo filosófico, que deve estar em harmonia absoluta com os conceitos de “realidade socialista” e guardar absoluta fidelidade aos princípios ideológicos da doutrina marxista. Se o livro apresentar méritos dentro do ponto de vista dessa moral convencionada, se resistir a esse teste de eliminatória, então passará por um rigoroso trabalho de equipe dentro dos órgãos técnicos da União, podendo vir a tornar-se num legítimo best-seller, com tiragens astronômicas de 2 a 3 milhões de exemplares. E o seu modesto e obscuro autor poderá ser um nouveau riche da literatura e será festejado e exaltado e terminará ganhando o cobiçado prêmio Stalin...

Foi o que aconteceu com a prostituta-mor das letras brasileiras. Em 1950, o ex-nazista e militante comunista Jorge Amado passou a residir no Castelo da União dos Escritores, em Dobris, na ex-Tchecoslováquia, onde escreveu O Mundo da Paz, uma ode a Lênin, Stalin e ao ditador albanês Envers Hodja. No ano seguinte, quando o livro foi publicado, recebeu em Moscou o Prêmio Stalin Internacional da Paz, atribuído ao conjunto de sua obra, condecoração geralmente omitida em suas biografias.

Não que hoje se peça profissão de fé marxista ou louvores a Stalin. No Brasil, para ter sucesso, o escritor hoje tem de aderir ao esquerdismo governamental. Não precisa louvar abertamente o PT. Mas se tiver dito uma única palavrinha contra, não é convidado nem para tertúlia nos salões literários de Não-me-toques. Você jamais ouvirá um Luís Fernando Verissimo, Mário Prata, Inácio de Loyola Brandão ou Cristóvão Tezza fazendo o mínimo reproche às corrupções do PT. Perderiam as recomendações oficiais como leituras escolares e acadêmicas... e uma considerável fatia de seus direitos de autor. O livro de Loureiro não mais existe, só pode ser encontrado em sebos. Os de Josué continuam nas livrarias. Et pour cause...

Escritor financiado pelo Estado é escritor que vendeu sua alma ao poder. É o que acontece quando literatura vira profissão. Alguns se rendem aos baixos instintos do grande público e fazem fortuna considerável. Uma minoria consegue exercer honestamente a literatura e manter a cabeça acima da linha d'água.

Uma imensa maioria, que não consegue ganhar a vida nem honesta nem desonestamente, apela à cornucópia mais ao alcance de suas mãos, o bolso do contribuinte. É o caso de Chico Buarque, o talentoso escritor cujo talento maior parece ser descolar financiamento para sua “obra” junto ao contribuinte. Mas Chico está longe de ser o único. Está cometendo algum crime? Nenhum, seus subsídios são perfeitamente legais. Mas por que cargas eu ou você temos de pagar pelas traduções e viagens a congressos internacionais de um escritor que se dá ao luxo de ter uma maison secondaireàs margens do Sena?

Ainda há pouco, eu comentava o absurdo de o contribuinte financiar a tradução de Chico na Coréia. Leio agora que o programa de bolsas de tradução da Biblioteca Nacional vai apoiar mais autores best-sellers no Brasil. O Diário de um Mago, de Paulo Coelho, será lançado na China pela editora Thinkingdom Media Group. Já As Esganadas, de Jô Soares, estará nas livrarias francesas. Ora, Coelho tornou-se milionário graças a suas obras de auto-ajuda, já traduzidas em quase 60 idiomas. Jô, que deve ganhar salário milionário na televisão, tem seus livros entre os mais vendidos, graças ao fator Rede Globo. Será que estes senhores precisam enfiar a mão em nosso bolso para pagarem seus tradutores na China e na França?

É destas corrupções, perfeitamente legais, que prefiro falar. Porque delas ninguém fala. Em verdade, nem mesmo os leitores. Não há quem não chie contra a carga tributária imposta ao contribuinte no Brasil. Mas todos pagam sem chiar as mordomias destas prostitutas das Letras.

sábado, 23 de outubro de 2010

Interrupcao eleitoral (17): O Manifesto da desonestidade intelectual - Guilherme Fiuza

Eu retiraria o "intelectual": acho que não cabe tal adjetivo para uma assemblagem de militantes de uma causa que tem tudo de política, exclusivamente política, e da mais baixa extração.
Intelectual tem a ver com coisas do espírito, com o uso da capacidade de pensar, de argumentar racionalmente, de guiar-se pela lógica, pela verdade dos fatos.
Tudo isso está em total contradição com o que ocorreu no Rio de Janeiro, nesse encontro patético, se não fosse simplesmente ridículo.
Paulo Roberto de Almeida

O Manifesto da desonestidade intelectual
Guilherme Fiuza
revista Época, 22.10.2010

A burguesia culpada ataca novamente. O manifesto de intelectuais a favor da candidatura Dilma – aquele que incluiu a assinatura do diretor de Tropa de elitecontra a vontade dele – resume o Brasil do faz de conta. Faz de conta que o país está dividido entre ricos e pobres, conforme a mitologia criada por Lula desde seu primeiro discurso presidencial. Faz de conta que os avanços sociais vão acabar se a oposição vencer. Faz de conta que a vida do povo melhorou porque Lula é pobre.

A elite envergonhada se sente nobre quando bajula o povão. Não contem para ninguém que os avanços sociais começaram no governo de um sociólogo, porque isso vai estragar todo o heroísmo da esquerda festiva. Ela estava feliz em sua jornada nostálgica no Teatro Casa Grande, onde aconteciam as históricas reuniões de resistência à ditadura. Não perturbem Chico Buarque, Leonardo Boff e demais artífices do manifesto dos intelectuais em seu doce sonho de altruísmo. Deixem-nos curtir seu abraço metafórico ao operariado.

O único problema desse abraço é a metáfora em si. Ela se chama Dilma Rousseff e está prestes a virar abóbora. A fada que a transformou em encarnação da esperança popular deve estar exausta. O encanto começa a se dissipar, e a donzela começa a rosnar mensagens constrangedoras, com o rosto novamente crispado, masculinizado, hostil. A mamãe dos brasileiros está se desmanchando ao vivo. Os intelectuais e artistas de esquerda precisam fazer alguma coisa, porque o estoque de licenças poéticas do plano Dilma está no fim. Talvez pudessem importar um lote novo da Venezuela.

Após sua participação no debate presidencial da TV Bandeirantes, Dilma foi entrevistada ao vivo, ainda no estúdio. O repórter perguntou-lhe o que ela quis dizer com a acusação de que seu adversário pretende privatizar o pré-sal. Dilma mostrou então todo o seu preparo como candidata a Vanusa. Seu raciocínio saltou das profundezas oceânicas para os hospitais públicos, emendando num salto espetacular para as salas de aula do Brasil carente. Com os olhos vagando pelo nada, talvez em busca do sentido da vida, Dilma começava a dissertar sobre segurança pública quando foi salva pelo repórter da Band. Ele livrou-a de seu próprio labirinto mental da única forma possível: encerrou a entrevista.

Como nem tudo na vida é propaganda eleitoral gratuita, a musa dos intelectuais de esquerda logo apareceria de novo sem as fadas do marketing. Dessa vez, cercada por microfones, explicou que o maior acesso da população aos telefones nada tinha a ver com a privatização da telefonia. “O pobre passou a ter telefone porque passou a ter renda. Não por causa da privatização”, afirmou, categórica.

A elite envergonhada se sente nobre quando bajula o povão, num doce sonho de altruísmo

O eleitor não deve se zangar só porque a afirmação contraria a história. O fato de que a abertura da telefonia ao capital privado melhorou a vida do povo precisa mesmo ser esquecido. Para piorar, isso aconteceu no governo do sociólogo, ou seja, destoa completamente da apoteose operária que está levando o Brasil ao paraíso. Não vamos estragar o enredo. Até porque, se o aumento da felicidade per capita não puder ser atribuído à bondade estatal de Lula e Dilma, como os intelectuais progressistas vão fazer para se reunir no Teatro Casa Grande, lançar manifestos e se sentir importantes? Sinceridade tem limite.

Vamos deixar isso tudo combinado, antes que o encanto acabe. Os planos do PT para controlar a informação não existem. É pura invenção da imprensa burguesa, que não quer a ascensão popular, como alerta o manifesto dos intelectuais. O povo está com Dilma, e portanto a verdade também. O resto é despeito dessa elite egoísta que não gosta de pobre.

O diretor José Padilha mandou tirar seu nome do manifesto. No mínimo, deve ser um privatista. Mas aqui é a terra do filho do Brasil. Privatização, só na Casa Civil. Rumo ao Oscar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Contra a desonestidade intelectual, simples verdades - Pedro Malan

Estamos vivendo uma conjuntura de mentiras, como é normal em épocas eleitorais: todos os políticos prometem o que provavelmente não poderão cumprir, por falta de recursos ou dificuldades normais do processo democrático.
Mas existe um outro tipo de mentira que é especialmente viciosa e ultrajante: é aquela mentira deliberada, feita para enganar o eleitorado, distorcer os fatos reais e construir um sistema político baseado na divisão entre "nós" e "eles", entre os pobres e os ricos, entre os negros e os outros, enfim, entre os que se acham os únicos detentores naturais da verdade, da justiça e da igualdade e os demais, que acham que se pode construir um país sem esses maniqueísmos deletérios e esse sectarismo imbecil.
Abaixo um artigo que restabelece a verdade dos fatos.
Só posso dizer que lamento que um artigo desses tenha de ser escrito, pois afinal de contas, em lugar de um debate sobre políticas públicas, estamos tendo simplesmente acusações irresponsáveis e necessidade de respostas retificadoras do outro.
Pena que o ex-ministro Pedro Malan tenha de defender seu capital de realizações contra um celerado da política.
Mas esse é o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Diálogo de surdos?
Pedro S. Malan
O Estado de S.Paulo, 10 de outubro de 2010

O presidente Lula, com uma arrogância por vezes excessiva, tentou transformar em plebiscito o primeiro turno desta eleição. Como se o que estivesse em jogo fosse seu próprio terceiro mandato (ainda que por interposta pessoa), um referendo sobre seu nome, uma apoteose que consagraria seu personalismo, seu governo e sua capacidade de transferir votos. Mas cerca de 52% dos eleitores votaram em José Serra e Marina Silva, negando a Lula a tão esperada vitória plebiscitária no domingo passado.

Não é de hoje o desejo presidencial: "Lula quer uma campanha de comparação entre governos, um duelo com o tucano da vez. Se o PSDB quiser o mesmo... ganharão os eleitores e a cultura política do País." Assim escreveu Tereza Cruvinel, sempre muito bem informada sobre assuntos da seara petista, em sua coluna de janeiro de 2006. Não acredito que a "cultura política" do País e seus eleitores tenham muito a ganhar - ao contrário - com essa obsessão por concentrar o debate eleitoral de 2010 numa batalha de marqueteiros e militantes.

Afinal, na vida de qualquer país há processos que se desdobram no tempo, complexas interações de continuidade, mudança e consolidação de avanços alcançados. O Brasil não é exceção a essa regra. Como escreveu Marcos Lisboa, um dos mais brilhantes economistas de sua geração: "Não se deve medir um governo ou uma gestão pelos resultados obtidos durante sua ocorrência e, sim, por seus impactos no longo prazo, pelos resultados que são verificados nos anos que se seguem ao seu término. Instituições importam e os impactos decorrentes da forma como são geridas ou alteradas se manifestam progressivamente..."

Ao que parece, Lula e o núcleo duro à sua volta discordam e estão resolvidos a insistir numa plebiscitária e maniqueísta "comparação com o governo anterior". Feita por vezes, a meu ver, com desfaçatez e hipocrisia. Um discurso primário que, no fundo, procura transmitir uma ideia básica (e equivocada) ao eleitor menos informado: o que de bom está acontecendo no País - e há muita coisa - se deve a Lula e ao seu governo; o que há de mau ou por fazer - e há muita, muita coisa por fazer - representa uma herança do período pré-2003, que ainda não pôde ser resolvida porque, afinal de contas, apenas em oito anos de lulo-petismo não seria mesmo possível consertar todos os erros acumulados por "outros" governantes ao longo do período pré-2003.

Mas talvez seja possível, por meio do debate público informado, ter alguns limites para a desfaçatez e a mentira. Exemplo desta última: a sórdida, leviana e irresponsável acusação de que "o governo anterior" pretendia privatizar a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, entre outros. Algo que nunca, jamais, esteve em séria consideração. Mas a mentira, milhares de vezes repetida, teve efeito eleitoral na disputa pelo segundo turno em 2006 - por falta de resposta política à altura: antes, durante e depois.

Exemplos de desfaçatez: o governo Lula não "recebeu o País com a inflação e o câmbio fugindo do controle", como já li, responsabilizando-se o governo anterior. A inflação estava sob controle desde que o Real foi lançado no governo Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso na Fazenda, e se aumentou para 12,5% em 2002 foi porque o câmbio disparou, expressando receios quanto ao futuro. Receios não sem fundamento, à luz da herança que o PT havia construído para si próprio, até o começo de sua gradual desconstrução, apenas a partir de meados de 2002. O PT tinha e tem suas heranças.

O governo Lula não teve de resolver problemas graves de liquidez e solvência de parte do setor bancário brasileiro, público e privado. Resolvidos na segunda metade dos anos 90 pelo governo FHC. Ao contrário, o PT opôs-se, e veementemente, ao Proer e ao Proes e perseguiu seus responsáveis por anos no Congresso e na Justiça. Mas o governo Lula herdou um sistema financeiro sólido que não teve problemas na crise recente, como ajudou o País a rapidamente superá-la. Suprema ironia ver, na televisão, Lula oferecer a "nossa tecnologia do Proer" ao companheiro Bush em 2008.

O governo Lula não teve de reestruturar as dívidas de 25 de nossos 27 Estados e de cerca de 180 municípios que estavam, muitos, pré-insolventes, incapazes de arcar com seus compromissos com a União. Todos estão solventes há mais de 13 anos, uma herança que, juntamente com a Lei de Responsabilidade Fiscal, de maio de 2000 - antes, sim, do lulo-petismo, que a ela se opôs -, nada tem de maldita, muito pelo contrário, como sabem as pessoas de boa-fé.

As pessoas que têm memória e honestidade intelectual também sabem que as transferências diretas de renda à população mais pobre não começaram com Lula - que se manifestou contra elas em discurso feito já como presidente em abril de 2003. O governo Lula abandonou sua ideia original de distribuir cupons de alimentação e adotou, consolidou e ampliou - mérito seu - os projetos já existentes. O que Lula reconheceu no parágrafo de abertura (caput) da medida provisória que editou em setembro de 2003, consolidando os programas herdados do governo anterior.

Outros exemplos. Sobre salário mínimo: não é verdade que tenha começado a ter aumento real no governo Lula, como quer a propaganda. Sobre privatização: o discurso ideológico simplesmente ignora os resultados para o conjunto da população - e, indiretamente, para o atual governo.

O monólogo do "nunca antes" não ajuda o diálogo do País consigo mesmo. O ilustre ex-ministro Delfim Netto bem que tentou: "A eleição de 2010 não pode se fazer em torno das pobres alternativas de ou voltar ao passado ou dar continuidade a Lula. A discussão precisa incorporar os horizontes do século 21 e a superação dos problemas que certamente restarão de seu governo."

ECONOMISTA, FOI MINISTRO DA FAZENDA NO GOVERNO FHC

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Um premio Nobel tambem pode ser desonesto intelectualmente

Eu comecei a ler Paul Krugman pelos seus livros de economia, e o achava um economista razoável, mesmo inventivo.
Logo em seguida ele começou a escrever para o New York Times, em algum momento do final dos anos 1990. Achei seus artigos mais políticos do que econômicos, mas ainda assim continuei a ler.
Desde o começo da era Bush -- que, reconheçamos, não é exatamente uma sumidade em economia -- passei a constatar que os artigos de Krugman no NYT eram inacreditavelmente politizados para um economista digno desse nome.
Ele nunca retrocedeu, mesmo depois de ter ganho o prêmio Nobel.
Seus artigos mais recentes são inacreditavelmente desonestos, no plano intelectual.
Não sou o único a achar isso, como prova este blogueiro e um ex-economista chefe do FMI.

Krugman criticism from Rajan
Super-Economy
Kurdish-Swedish perspectives on the American Economy
September 20, 2010

Paul Krugman is very smart, tremendously well-informed and a skilled writer. But he lacks wisdom, judgment and character. Thus he has become not only partisan, but also exceptionally dishonest as a debater.

There is a professional ethic among economists to be intellectually honest in debates. Krugman keeps violating this rule, with articles heavy on ad-hominem personal attacks, straw-man misrepresentations of the claims of his opponent, a refusal to ever admit that he is wrong, and ignoring fact and logic whenever it suits him just to appear stronger in the debate.

Everything is about maximizing the short run argument in favor of the policies that Krugman favors, rather than finding out the truth, which is what economists are supposedly supposed to do.

For example Krugman pretends that European policies do not harm economic performance by looking at growth rates, despite the fact that he knows perfectly well that established economic theory predicts that the costs of policies that dampen economic activity appear as different levels of output, not growth paths.

Krugman's audience are unsophisticated non-trained economists, which makes all his violations of the academic rule of conduct worse.

When the policies pushed by Krugman did worse than he promised, he does not update his views. He just becomes even louder, claiming that the lack of success of Krugmaonomics just proves we need more of the exact same Krugman-style economics.

Imagine Krugman's reaction if the Bush administration people argued that the failure of their foreign policy and economic policy just proves we need more of the exact same recipe.

One of Krugman's dubious and partisan claims is that government policies to increase home ownership among poor americans and minorities had nothing to do with the sub prime-mortgage bubble. Here star Raghuram Rajan, a University of Chicago professor takes Krugman to task. Read it carefully.

If I understand the history involved correctly, the government sponsored enterprises that we have all come to know and love in the last few years invented sub-prime mortgage backed securities (MBS), which gives them a part of the blame of the crisis even if they had done nothing after this (which they did).

So, go read it all. It´s good for you.

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Transcrevo apenas o início e o final do artigo de Rajan.
Leiam a integralidade neste link.

Reviewing Krugman
Fault Lines Official Blog, September 16

Paul Krugman and Robin Wells caricature my recent book Fault Lines[i] in an article in the New York Review of Books.[ii] The article, and their criticism, however, do have a lot to say about Krugman’s policy views (for simplicity, I will say “Krugman” and “he” instead of “Krugman and Wells” and “they”) which I have disagreed with in the past. Rather than focus on the innuendo about my motives and beliefs in the review, let me focus on differences of substance. I will return to why I believe Krugman writes the way he does only at the end.

First, Krugman starts with a diatribe on why so many economists are “asking how we got into this mess rather than telling us how to get out of it.” Krugman apparently believes that his standard response of more stimulus applies regardless of the reasons why we are in the economic downturn. Yet it is precisely because I think the policy response to the last crisis contributed to getting us into this one that it is worthwhile examining how we got into this mess, and to resist the unreflective policies that Krugman advocates.
(...)
There is also a matter of detail suggesting why we cannot only blame the foreigners. The housing bubble, as Monika Piazzesi and Martin Schneider of Stanford University have argued, was focused in the lower income segments of the market, unlike in the typical U.S. housing boom. Why did foreign money gravitate to the low income segment of the housing market? Why did past episodes when the U.S. ran large current account deficits not result in similar housing booms and busts? Could the explanation lie in U.S. policies?

My book suggests that many – bankers, regulators, governments, households, and economists among others – share the blame for the crisis. Because there are so many, the blame game is not useful. Let us try and understand what happened in order to avoid repeating it. I detail the hard choices we face in the book. While it is important to alleviate the miserable conditions of the long-term unemployed today, we also need to offer them incentives and a pathway to building the skills that are required by the jobs that are being created. Simplistic mantras like “more stimulus” are the surest way to detract us from policies that generate sustainable growth.

Finally, a note on method. Perhaps Krugman believes that by labeling other economists as politically extreme, he can undercut their credibility. In criticizing my argument that politicians pushed easy housing credit in the years leading up to the crisis, he writes, “Although Rajan is careful not to name names and attributes the blame to generic “politicians,” it is clear that Democrats are largely to blame in his worldview.” Yet if he read the book carefully, he would have seen that I do name names, arguing both President Clinton with his “Affordable Housing Mandate” (see Fault Lines, page 35) as well as President Bush with his attempt to foster an “Ownership Society” (see Fault Lines, page 37) pushed very hard to expand housing credit to the less-well-off. Indeed, I do not fault the intent of that policy, only the unintended consequences of its execution. My criticism is bipartisan throughout the book, including on the fiscal policies followed by successive administrations. Errors of this kind by an economist of Krugman’s stature are disappointing.