O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador distribuicao de renda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador distribuicao de renda. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Um debate sobre a concentracao de renda e o distributivismo estatal - neste blog

Permito-me destacar, arrancando-os das notas de rodapé que os tornam praticamente ilisíveis para a maior parte dos leitores, dois comentários que recebi a propósito desta minha postagem anterior:

Desigualdade: desaba a lenda da desconcentração
quinta-feira, 25 de setembro

Desigualdade: desaba a lenda da desconcentracao - Clovis Ross - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/desigualdade-desaba-lenda-da.html?google_comment_id=z12tf1grtwacfhusv22jul3hxwvkvrjet&google_view_type#gpluscomments

Desigualdade: desaba a lenda da desconcentracao - Clovis Ross - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/desigualdade-desaba-lenda-da.html?google_comment_id=z12tf1grtwacfhusv22jul3hxwvkvrjet&google_view_type#gpluscomments

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Desigualdade: desaba a lenda da desconcentracao - Clovis Rossi

- See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/09/desigualdade-desaba-lenda-da.html?google_comment_id=z12tf1grtwacfhusv22jul3hxwvkvrjet&google_view_type#gpluscomments
Finalizo transcrevendo a minha própria resposta-comentário a um dos interlocutores:

Euclides Vega

1 dia atrás  -  Compartilhada publicamente
 
Professor, a notícia não revela que a politica distributiva falhou, mas, no máximo, que ela está chegando ao seu limite. Alem disso, revela uma incompetência do atual governo em aplicar a politica programática do governo anterior


Pedro Cunha

4 horas atrás  -  Compartilhada publicamente
 
Problema sério na pesquisa original que motivou a matéria jornalística. A base de dados do IR não é representativa da população brasileira. Pobre não declara imposto de renda, logo não está na base de dados! Houve queda sim, e o motivo foi que o pobre melhorou de vida, já o rico não piorou.
  

Minha resposta:
Paulo Roberto de Almeida:

Pedro Cunha,
Agradeço pelo comentário, o que mais uma vez nos confirma a fiabilidade muito relativa desses estudos sobre desigualdade, concentração da renda, com base nas metodologias de indicadores (Gini, Theil, etc) e nas pesquisas tipo PNAD ou via IRPF, como criticado. Como se trata de um tema sensível politicamente, ele se presta a vieses metodologicos de diferentes naturezas, e por isso caberia um trabalho multidisplinar, por um centro de pesquisas econômicas, utilizando abordagens complementares para séries históricas mais consistentes nos últimos 20 ou 30 anos.
Parece visível que houve uma desconcentração nos últimos 10 ou 15 anos, mas caberia determinar exatamente os fatores, os mecanismos e os impactos setoriais e sobre a inserção ocupacional das várias categorias.
Uma coisa é certa: existe uma tendência, em todas as esferas e estratos sociais, a subdeclarar e a minimizar a renda monetária e os ativos de diversis tipos, inclusive porque com um Estado fascista como o nosso todos têm medo de declarar todos os seus rendimentos, inclusive os não monetários.
Em todo caso, tenho por princípio sempre desconfiar de dados e análises de governos e de certos acadêmicos. Aí sobra muito pouca gente, não é mesmo: existem consultorias empresarias (tipo McKinsey) que não teriam interesse em deformar os dados. Orgãos multilaterais (tipo PNUD) ou plurilaterais, como OCDE, também poderiam ser considerados relativamente isentos,  mas os vieses políticos e burocráticos sempre existem.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 26/09/2014

sábado, 10 de maio de 2014

Monsieur Piketty e o Brasil: analise de Roberto Ellery

Monsieur Piketty e o Brasil

Blog do Roberto Ellery
1/05/2014

O livro Capital in the Twenty-First Century é certamente o livro do momento entre economistas e demais interessados em temas como distribuição de renda, crescimento econômico e economia política no sentido tradicional do termo. Não vou repetir o que outros já fizeram com mais competência e comentar o livro. Para os interessados basta uma busca na internet para encontrar tantas resenhas quantas queiram. Da resenha favorável feita por Paul Krugman (link aqui) até os comentários mais críticos feitos por Gregory Mankiw (link aqui) e passando por ninguém menos que Robert Solow (link aqui) é possível encontrar comentários sobre o livro que atendam a todos os gostos, recomendo que leiam todos e, se puderem, leiam o livro. Para os que preferem ler em português a Folha de São Paulo publicou um texto do Paul Krugman sobre o livro (link aqui) e tem as resenhas e os comentários de autores nacionais como Rodrigo Constantino (link aqui) e Carlos Góes (link aqui).

Como podem perceber estou atrasado para fazer minha própria resenha. Porém farei uma pequena provocação ao livro sobre um ponto que imagino tenha chamado atenção de economistas que dedicam seu tempo para entender ou pelo menos acompanhar a economia brasileira. Como ainda não vi ninguém trazer este ponto, eu quero crer que desta vez não estou atrasado. Um dos resultados que mais chamam atenção no livro é que o autor encontra uma condição que caracteriza um processo de concentração de renda. A condição é que a taxa de juros seja maior que a taxa de crescimento da economia. A lógica parte da suposição que a taxa de juros representa de forma aproximada a taxa de crescimento do capital. Se o capital cresce mais rápido do que a renda como um todo então a renda dos capitalistas acaba ficando maior em relação à renda dos trabalhadores. O resultado do processo é um aumento da concentração de renda. Piketty argumenta que isto ocorreu no período anterior às Guerras Mundiais e que está acontecendo novamente. Esta explicação para o processo de concentração de renda foi criticada por Mankiw que, de forma bastante apropriada, lembrou que a condição da taxa de juros ser maior que a taxa de crescimento, seguindo Piketty passarei a chamar essa condição de r > g, nada mais é que a condição para eficiência dinâmica.

Mas não estou escrevendo para repetir a crítica do Mankiw. Estou escrevendo para lembrar que existe pelo menos um caso onde a condição r > g foi observada por um período longo e ocorreu redução da desigualdade. O caso somos nós, isto mesmo, o Brasil. A taxa de juros ficou acima da taxa de crescimento da economia em todos os anos desde 2003 (na realidade também era antes de 2003, escolhi o período posterior a 2003 por ser o período que a queda na desigualdade foi mais festejada e comentada), porém em todos os anos o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu em relação ao ano anterior. A figura ilustra este fenômeno.



As barras azuis mostram a diferença entre a taxa de juros e a taxa de crescimento, r – g, e a linha vermelha mostra o índice de Gini. A menor diferença entre r e g aconteceu em 2010. Durante três anos a diferença ficou acima de 10% e na maior parte dos anos ficou acima de 8%. Mesmo assim a desigualdade caiu. Alguém podia dizer que a queda da desigualdade decorreu de políticas de transferência de renda patrocinadas pelo governo, seria como se o governo estivesse contrapondo a tendência de concentração imposta pela condição r > g. O problema é que o pessoal que estuda desigualdade e pobreza já nos mostrou que a maior parte da redução da desigualdade ocorrida neste período foi devida a salário, também é fato documentado que a participação da renda do trabalho aumentou no período.

Como fica a teoria de Piketty à luz dos dados brasileiros? A teoria não se aplica ao Brasil? Alguma especificidade de nossa economia impediu o resultado previsto de ocorrer? Existem outros países que seguem o mesmo padrão que o Brasil? A teoria de Pikkety está errada? Dúvidas...

ADENDO

André Bueno Castro me cobrou no FB o uso da Selic e não de uma taxa real, ele está certo. Calcular juros reais é tarefa delicada, dentre as opções acessíveis para um post em um blog a mais razoável seria pegar a Selic no início de cada ano e descontar a inflação esperada para o ano, peguei um caminho mais simples e mais sujeito a críticas. Usei a Selic do final do ano, são os valores que estão na figura original, e descontei a inflação. Feito o ajuste o único ano com r- g <0 é 2010. A figura abaixo repete a figura do blog ajustada pela inflação.



A escolha do período não foi descuido nem preguiça, optei por evitar polêmica e peguei só o período pós-2003. Estritamente falando a queda do Gini começou em 1997, no período 1997 a 2003 a taxa de juros ficou bem acima da taxa de crescimento, na realidade os valores de r - g para 1997 e 1998 são tão altos que distorcem o gráfico. De toda forma para os que ficaram curiosos segue o gráfico para o período 1998 a 2012.



*Como os dados do Ipeada não apresentam o Gini para 2000, o valor do Gini deste ano é uma média entre o de 1999 e 2001.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Pobreza e desigualdade: o debate continua nos EUA, 50 depois da GreatSociety (NYT)

Seria a desigualdade a questão crucial do nosso tempo, como pretende o presidente Obama?
Não creio. Os que assim afirmam acreditam que a pobreza resulta da desigualdade de rendas, e daí começam a propor esquemas redistributivos via Estado, que não são nem eficientes, nem isentos de outras deformações, como exemplica esta matéria sobre o meio século decorrido desde a implantação da Great Society por Lyndon Johnson, que alinhou os EUA aos esquemas mais redistributivos europeus.
O problema crucial, para mim, não é desigualdade distributiva ao nível da renda, e sim a desigualdade de oportunidades que deriva da pouca educação e de estruturas familiares inadequadas.
O Estado deve apenas oferecer educação de qualidade, o que implica igualmente promover valores familiares, edeixar para o setor privado a tarefa de criação de renda e riqueza via mercado, que é mais suscetível de criar mais empregos de qualidade do que os programas ineficientes do governo.
O debate continua, mas apenas para colocar minha posição proclamo abertamente minha preferência por mais mercado, e não mais governo.
É uma ilusão completa achar que o Bolsa Família e programas associados e complementares vão eliminar a pobreza e a desigualdade no Brasil. Não vão: eles apenas subsidiam o consumo dos pobres, que sem isso estariam na situação anterior, ou provavelnente pior, se por acaso a esmola governamental acabar, pois eles já deixaram outras estratégias de sobrevivência para se acomodarem no assistencialismo estatal.
Digam sinceramente: vocês acham normal um país ter UM QUARTO da população na assistência pública?
Eu não acho: essa é a confissão de um fracasso, não o sucesso de um conceito de nação.
O Brasil já está em decadência e ainda não se deu conta disso.
Somos uma nação fracassada e condenada a um lento declínio. 
Infelizmente, tudo isso por falta de estadistas ditados de visão. Não temos elites esclarecidas, basta ver os que se nos oferecem em eleições, e a total indigência intelectual de suas propostas.
Paulo Roberto de Almeida 

WASHINGTON MEMO

50 Years Later, War on Poverty Is a Mixed Bag



  • FACEBOOK
  • TWITTER
  • GOOGLE+
  • SAVE
  • EMAIL
  • SHARE
  • PRINT
  • REPRINTS

WASHINGTON — To many Americans, the war on poverty declared 50 years ago by President Lyndon B. Johnson has largely failed. The poverty rate has fallen only to 15 percent from 19 percent in two generations, and 46 million Americans live in households where the government considers their income scarcely adequate.
George Tames/The New York Times
President Johnson touring impoverished areas in 1964.
Multimedia
Yuri Gripas/Reuters
Representative Paul D. Ryan of Wisconsin is among the conservatives who have looked at poverty statistics more skeptically.
But looked at a different way, the federal government has succeeded in preventing the poverty rate from climbing far higher. There is broad consensus that the social welfare programs created since the New Deal have hugely improved living conditions for low-income Americans. At the same time, in recent decades, most of the gains from the private economy have gone to those at the top of the income ladder.
Half a century after Mr. Johnson’s now-famed State of the Union address, the debate over the government’s role in creating opportunity and ending deprivation has flared anew, with inequality as acute as it was in the Roaring Twenties and the ranks of the poor and near-poor at record highs. Programs like unemployment insurance and food stamps are keeping millions of families afloat. Republicans have sought to cut both programs, an illustration of the intense disagreement between the two political parties over the best solutions for bringing down the poverty rate as quickly as possible, or eliminating it.
For poverty to decrease, “the low-wage labor market needs to improve,” James P. Ziliak of the University of Kentucky said. “We need strong economic growth with gains widely distributed. If the private labor market won’t step up to the plate, we’re going to have to strengthen programs to help these people get by and survive.”
In Washington, President Obama has called inequality the “defining challenge of our time.” To that end, he intends to urge states to expand their Medicaid programs to poor, childless adults, and is pushing for an increase in the minimum wage and funding for early-childhood programs.
But conservatives, like Representative Paul D. Ryan of Wisconsin, have looked at the poverty statistics more skeptically, contending that the government has misspent its safety-net money and needs to focus less on support and more on economic and job opportunities.
“The nation should face up to two facts: poverty rates are too high, especially among children, and spending money on government means-tested programs is at best a partial solution,” Ron Haskins of the Brookings Institution wrote in an assessment of the shortfalls on the war on poverty. Washington already spends enough on antipoverty programs to lift all Americans out of poverty, he said. “To mount an effective war against poverty,” he added, “we need changes in the personal decisions of more young Americans.”
Still, a broad range of researchers interviewed by The New York Times stressed the improvement in the lives of low-income Americans since Mr. Johnson started his crusade. Infant mortality has dropped, college completion rates have soared, millions of women have entered the work force, malnutrition has all but disappeared. After all, when Mr. Johnson announced his campaign, parts of Appalachia lacked electricity and indoor plumbing.
Many economists argue that the official poverty rate grossly understates the impact of government programs. The headline poverty rate counts only cash income, not the value of in-kind benefits like food stamps. A fuller accounting suggests the poverty rate has dropped to 16 percent today, from 26 percent in the late 1960s, economists say.
But high rates of poverty — measured by both the official government yardstick and the alternatives that many economists prefer — have remained a remarkably persistent feature of American society. About four in 10 black children live in poverty; for Hispanic children, that figure is about three in 10. According to one recent study, as of mid-2011, in any given month, 1.7 million households were living on cash income of less than $2 a person a day, with the prevalence of the kind of deep poverty commonly associated with developing nations increasing since the mid-1990s.
Both economic and sociological trends help explain why so many children and adults remain poor, even putting the effects of the recession aside. More parents are raising a child alone, with more infants born out of wedlock. High incarceration rates, especially among black men, keep many families apart. About 30 percent of single mothers live in poverty.
In some cases, government programs have helped fewer families because of program changes and budget cuts, researchers said. For instance, the 1996 Clinton-era welfare overhaul drastically cut the cash assistance available to needy families, often ones headed by single mothers.
“As of 1996, we expected single mothers to go to work,” Professor Ziliak said. “But if they’re shelling out most of their weekly pay in the form of child care, they can’t make sense of doing it.”
The more important driver of the still-high poverty rate, researchers said, is the poor state of the labor market for low-wage workers and spiraling inequality. Over the last 30 years, growth has generally failed to translate into income gains for workers — even as the American labor force has become better educated and more skilled. About 40 percent of low-wage workers have attended or completed college, and 80 percent have completed high school.
Economists remain sharply divided on the reasons, with technological change, globalization, the decline of labor unions and the falling value of the minimum wage often cited as major factors. But with real incomes for a vast number of middle-class and low-wage workers in decline, safety-net programs have become more instrumental in keeping families’ heads above water.
The earned-income tax credit, for instance, has increased employment among single mothers and kept six million Americans above the poverty line in 2011. Food stamps, formally known as Supplemental Nutrition Assistance Program benefits, kept four million Americans out of poverty in 2011.
Above all, the government has proved most successful in aiding the elderly through the New Deal-era Social Security program and the creation of Medicare in the 1960s. The poverty rate among older Americans fell to just 9 percent in 2012 from 35 percent in 1959.
But for working-age households, both conservatives and liberals agree that government transfer programs alone cannot eliminate poverty. The answer, the White House has said, is in trying to improve households’ earnings before tax and transfer programs take effect.
“Going forward, the biggest potential gains that could be made on poverty would be in raising market incomes,” said Jason Furman, the chairman of Mr. Obama’s Council of Economic Advisers. “In the short run, that means things like the minimum wage, and in the long run, things like early education.”
If Congress approved a proposal to raise the federal minimum wage to $10.10 an hour from its current level of $7.25, it would reduce the poverty rate of working-age Americans by 1.7 percentage points, lifting about five million people out of poverty, according toresearch by Arindrajit Dube of the University of Massachusetts, Amherst.
But in the meantime, the greatest hope for poorer Americans would be a stronger economic recovery that brought the unemployment rate down from its current level of 7 percent and drew more people into the work force. The poverty rate for full-time workers is just 3 percent. For those not working, it is 33 percent.


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Querida: expandiram os pobres! - De numeros e de magicas - O Globo

BRASIL: POBRES “CRESCEM” DE 13,9 MILHÕES PARA 29,6 MILHÕES!
O Globo, 13/08/2013

Novos critérios (renda, escolaridade, posse de bens duráveis, acesso a serviços públicos, entre outros, num conjunto de 35 indicadores) fizeram crescer a parcela dos pobres e extremamente pobres. 
Pelo modelo — que será usado a partir do ano que vem por empresas de pesquisa e publicidade para dirigir estratégias de venda — há um incremento de 13,94 milhões de brasileiros (7,3%), para 29,6 milhões (15,5%), na base da pirâmide social. 
São pessoas que, com renda média familiar de R$ 854 (melhor que na classificação vigente), têm pouco acesso a bens duráveis e serviços públicos, além de menor escolaridade. 
Cerca de 60% desse estrato social têm apenas até três anos de estudo. E o número de banheiros por domicílio não chega a um.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Distribuicao de renda - artigos Paulo R. Almeida

Meu mais recente artigo publicado:

Distribuição de renda: melhor fazer pelo mercado ou pela ação do Estado?
Brasília, 9 janeiro 2010, 3 p. Continuidade da série “Volta ao mundo em 25 ensaios", n, 19, abordando as melhores formas de fazer a renda crescer e de distribuí-la. Revisão em Shanghai, 14.04.2010.
Ordem Livre (27 de setembro de 2010).
Relação de Originais n. 2093; Publicados n. 993.

A questão não é simples e exige, para ser melhor compreendida, dois níveis de análise: quanto aos mecanismos (ou seja, via mercados, ou via políticas públicas) e quanto aos resultados (que nem sempre são os esperados, seja numa via, seja na outra, podendo, inclusive, ocorrer efeitos não desejados). Antes de examinarmos os mecanismos e os resultados, caberia questionar o próprio sentido do conceito-chave, a distribuição, que pode ser entendida como um processo natural e involuntário, mas que é mais usualmente objeto de uma ação deliberada de governos e tida como uma obrigação de políticos orientados a produzir "justiça social", virtuosamente dedicados à boa repartição da riqueza (dita "social") entre os membros da sociedade.

Aquilo que aos olhos de um liberal puro pareceria uma iconoclastia, qual seja, o ato de distribuir renda ou riqueza que só podem ser frutos do trabalho individual, assume, na perspectiva de um socialista ou de um social-democrata, o caráter de uma ação não apenas desejável, como necessária; ela o seria para equilibrar "tendências" inerentemente concentradoras de renda na economia capitalista, requerendo, portanto, a intervenção corretora dos estados para criar um pouco mais de "igualdade".

O mais grave problema do maniqueísmo existente em torno dessas duas concepções aparentemente antinômicas é que elas dificultam um diálogo racional sobre como combinar, ao melhor das possibilidades próprias a cada uma delas, as virtudes dessas duas posições, que estão presentes na sociedade moderna e que se combatem como se fossem duas políticas excludentes. Na prática, as modernas democracias de mercado atendem aos requisitos da criação de riqueza, com base num espírito classicamente individualista, e ainda assim se propõem distribuir a renda gerada e a riqueza acumulada por meio de mecanismos legalmente formalizados.
(...)
Ler o artigo completo neste link.