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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição - Marisa Adán Gil (Época Negócios), Comentários Paulo Roberto de Almeida

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição - Marisa Adán Gil (Época Negócios), Comentários Paulo Roberto de Almeida

Comentários preliminares aos problemas da redução da pobreza e do crescimento poluidor e destruidor do meio ambiente 

Paulo Roberto de Almeida:

Ser Prêmio Nobel em Economia não necessariamente torna o premiado infalível, mais sábio ou certeiro em seus argumentos. No caso da Esther Duflo, não estamos nem falando de economia, mas de simples argumentos políticos ou politicamente corretos, que não são fundamentados em pesquisas empíricas, mas que expressam simples opiniões pessoais, algumas seriamente questionáveis.

Comecemos, por exemplo, pela primeira frase da matéria, que resume o teor do argumento da entrevistada:

O futuro da humanidade depende em grande parte de como vamos resolver seu maior problema: a pobreza.”

Não é verdade isso: a humanidade SEMPRE conviveu com a pobreza, aliás ela era extremamente pobre em TODAS as épocas passadas (com a notória e inevitável exceção dos donos do poder e dos senhores do capital (qualquer tipo de capital). A humanidade só começou a deixar de ser pobre com alguns impérios inovadores (em especial os impérios comerciantes) e a partir da primeira revolução industrial; ela está nisso nos últimos 250 anos, com a pobreza diminuindo paulatinamente (em algumas  nações até aumentando, devido à estagnação, guerras civis etc.).

Ou seja, o futuro da humanidade NÃO DEPENDE da diminuição da pobreza, pois a humanidade convive com ela desde sempre e isso nunca impediu avanços muito significativos na produção de riquezas e de muito ricos, alguns por predação, outros por produtividade, ou sorte. Vai continuar sendo assim pelo futuro previsível.

Segunda coisa errada: NÃO É A TAXAÇÃO dos ricaços que vai diminuir a pobreza. A pobreza pode até diminuir topicamente e localizadamente com alguma ajuda monetária, se os recursos forem bem empregados para reduzir enfermidades endêmicas e epidêmicas e para qualificar os mais pobres produtivamente, pois a simples ASSISTÊNCIA PÚBLICA, num sentido alimentar, representa um ajutório eventual ou ocasional, não uma prevenção contra uma recaída na pobreza, passado o efeito temporário da ajuda oficial ao consumo dos mais pobres.

Terceira coisa: essa “ajuda financeira” para combater mudanças climáticas tem o mesmo efeito: é um subsidio artificial que representa um paliativo, não uma solução à pobreza agregada ou mantida pelas mudanças negativas no meio ambiente. Estas são um dado da realidade em todas as sociedades e épocas. Mas atenção: os países ricos não se tornaram ricos apenas porque poluiram ou porque agrediram o meio ambiente (em seu próprio detrimento, diga-se de passagem). Ninguém poluiu deliberadamente com o objetivo de enriquecer: a poluição e a destruição ambiental eram simplesmente uma consequência, não necessariamente percebida de imediato, dos tipos de tecnologias disponíveis nas duas primeiras revoluções industriais, ambas à base de combustíveis fósseis: carvão e petróleo. Só se tomou consciência do crescimento destrutivo do ambiente nas últimas décadas.

Os paises pobres e não industrializados querem repetir o mesmo processo tecnológico ou pretendem que os ricos lhes forneçam tecnologias sustentáveis de graça?  Pode até ser, mas seria apenas generosidade derivada de algum remorso pós-colonial, não a via correta de se tornar rico pela via do desenvolvimento sustentável (ou seja, não destruidor, o que é muito difícil de se alcancar absolutamente). Assim como a redução ou eliminação da pobreza, o crescimento não destruidor é um processo muito difícil, que se resolve paulatinamente pela qualificação produtivo de todos os cidadãos do mundo, não exatamente pela ajuda externa. 

Uma última coisa: fome, pobreza, miséria, desigualdade, economia destruidora NÃO SÃO problemas globais, ou multilaterais, uma vez que as POLÍTICAS para atuar em todas essas frentes são SEMPRE NACIONAIS, até LOCAIS. O mundo rico pode até ajudar, mas não necessariamente com dinheiro, mas com educação dos mais pobres. Essa é uma tarefa de cada governo e sabemos que governos podem ser incompetentes e até predatórios. Infelizmente, essa é a realidade.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 25 de novembro de 2024

 

ÉPOCA NEGÓCIOS 

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição 

Com propostas simples e arrojadas, ela explica como o objetivo pode ser alcançado – e qual é o papel da tecnologia nessa jornada 

Por 

Marisa Adán Gil 

22/11/2024 

Esther Duflo — Foto: Época NEGÓCIOS 

 

O futuro da humanidade depende em grande parte de como vamos resolver seu maior problema: a pobreza. É o que defende Esther Duflo, ganhadora do Prêmio Nobel de Economia em 2019 (ao lado de Abhijit Banerjee e Michael Kremer) por seus estudos sobre políticas públicas relacionadas às populações carentes. Ao lado de Banerjee (seu marido) e Kremer, a economista desenvolveu um método inovador para, a partir de projetos que resolvem problemas locais, chegar a soluções que poderiam atender milhões em todo o planeta. Os programas implementados a partir de estudos do J-PAL – centro de pesquisa fundado pela economista em 2003 – atingiram até hoje 400 milhões de pessoas, em áreas como educação, saúde e microcrédito.

 

Autora de best-sellers como Boa Economia para Tempos Difíceis e Lutar contra Pobreza, Esther Duflo ampliou seus estudos nos últimos anos para abordar as mudanças trazidas pela crise climática. Em abril de 2024, durante um encontro promovido pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, apresentou uma ousada proposta de taxação de grandes companhias e bilionários para ajudar as nações e os indivíduos atingidos pelas mudanças climáticas. Pelas contas da economista – que esteve em São Paulo no mês de junho para participar de evento da Febraban –, os países desenvolvidos deveriam pagar aos emergentes US$ 500 bilhões ao ano, apenas para compensar as mortes causadas pela emergência climática. 

Confira a seguir o que ela tem a dizer sobre o futuro da economia e o papel da tecnologia para aliviar a pobreza. 


ÉPOCA NEGÓCIOS Grandes avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, vão ajudar a aliviar a pobreza ou podem piorar o problema? 

ESTHER DUFLO Sou muito ruim em prognósticos. Os dois cenários são possíveis, e ambos podem ser verdade ao mesmo tempo. Um país como a Índia, por exemplo, baseou sua estratégia de desenvolvimento nos últimos 30 anos ou mais em serviços básicos de software que podem ser facilmente substituídos por inteligência artificial. Portanto, há o perigo de que esses empregos da classe média simplesmente desapareçam. As empresas que costumavam terceirizar serviços para o país hoje podem realizar as mesmas tarefas com a IA generativa. A questão fundamental é: existe outro uso para a IA que, em vez de substituir empregos, crie vagas? Ainda não temos essa resposta. Uma maneira como a tecnologia poderia ajudar, e não apenas a IA, é na solução de problemas de desenvolvimento para ajudar os pobres. Um exemplo é o celular. O aparelho se espalhou por todo o mundo. Quando começou a ser usado para fazer transações financeiras, transformou os países da África. É uma tecnologia que foi desenvolvida para fins comerciais e acabou tendo um uso social. Isso também pode acontecer com a IA. Mas temos de estar vigilantes, muito atentos a quem perde o emprego: como esses profissionais serão compensados, como serão ajudados a encontrar outros empregos, como vão sobreviver? 


NEGÓCIOS Grande parte do seu trabalho hoje consiste em propor políticas de combate à pobreza. É possível acabar com ela? 

DUFLO Antes da pandemia, era concebível eliminar a pobreza extrema até 2030 – e não por meio de grandes revoluções, mas enfrentando os problemas um a um. Portanto, não há razão para não ser otimista. Algumas mudanças são difíceis e levam mais tempo para se concretizar. É o caso da proposta do Brasil, no âmbito do G20, de criar um imposto global para reduzir a desigualdade econômica [O Brasil assumiu a presidência temporária do G20 em dezembro de 2023, com 

mandato de um ano]. Com certeza, isso vai demorar um pouco para acontecer. Mas o movimento começou, e isso é importante. Algumas batalhas você ganha, outras você perde. Desde que você ganhe algumas vezes, já é um avanço. 


NEGÓCIOS Em abril deste ano, você apresentou uma proposta semelhante, de taxar os países mais ricos para ajudar os mais pobres a enfrentar as mudanças climáticas. Pode explicar a sua proposta? 

DUFLO É preciso tributar os bilionários e as grandes empresas em nome da justiça climática. Temos uma dívida moral. Eu e meu time fizemos uma série de cálculos e chegamos à conclusão de que os países ricos deveriam pagar US$ 500 bilhões ao ano para os países pobres, para compensar os danos gerados pela crise climática – causada principalmente pelas nações desenvolvidas. Nesse cálculo, levamos em conta apenas as mortes provocadas pelo clima. Outros prejuízos não foram levados em consideração – nesse caso, o valor seria bem maior. 


NEGÓCIOS Será que as grandes empresas e os bilionários concordariam? 

DUFLO Bem, talvez não. Mas um imposto global sobre bilionários para ajudar os pobres a lidar com as mudanças climáticas é uma ideia popular. 84% dos europeus são a favor, e quase 70% dos americanos também. Se a proposta incluir apenas os super-ricos, e se o dinheiro for para pessoas que evidentemente são as mais pobres do mundo, a grande maioria da população será a favor. Haverá resistência, claro. Os Estados Unidos provavelmente não vão cooperar por um tempo. Mas nem todos precisam participar. Se um grupo de nações fizer isso, dá para ir bem longe. 


NEGÓCIOS Você já mencionou a crise da Covid-19 como um exemplo do que os países não devem fazer. O que aquele período diz sobre o futuro da humanidade? 

DUFLO Os países ricos poderiam ter feito muito para ajudar os de baixa e média renda a lidar com a pandemia. Transferências financeiras, por exemplo. Mas estavam muito ocupados com os seus problemas. E, claro, houve toda a saga da vacina, com os países ricos acumulando doses, em vez de compartilhá-las. Foi horrível, um exemplo do que não deve acontecer. O que isso mostra é que não dá para esperar uma crise para agir. Ou esperar pela liderança do G7. Mas uma liderança como a que o Brasil mostrou no G20 tem o poder de trazer mudanças. 


NEGÓCIOS Você vê o Brasil como um país líder nas mudanças? 

DUFLO Sim. E isso nem é opinião. Ficou muito claro para todos que a liderança brasileira do G20 é muito diferente do que havia ocorrido em outros anos, porque o país realmente se posiciona em todas as frentes. O Brasil encara o desafio com  

ambição. Usar o G20 como um fórum para discutir questões como erradicação da fome é um grande exemplo de liderança. Isso foi reconhecido por todos. 


NEGÓCIOS Qual você espera ser o resultado do seu trabalho? Você se vê como uma inspiração? 

DUFLO O que dissemos quando ganhamos o Prêmio Nobel, e ainda é verdade, é que a coisa mais importante que fizemos foi criar um movimento. Meu trabalho, quaisquer dos artigos que escrevi, se eles desaparecessem amanhã, não seria uma grande perda. Mas as minhas ideias, o método que usamos para avaliar o impacto de projetos, esse tipo de mentalidade inovadora sobre políticas públicas... isso importa. Criei um laboratório que se transformou em uma grande rede de pesquisadores, trabalhando com ONGs, governos e empresas. A ferramenta que desenvolvemos permite que você possa ser realmente rigoroso na avaliação de propostas e, portanto, assumir riscos. E, se for bem-sucedido, continuar. E se não for, tentar outra coisa. Para mim, essa é a minha grande realização, a coisa mais importante que fiz ou para a qual contribuí.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A metamorfose do comunismo na China, livro de Xulio Rios - resenha de Rubén Darío Guzzetti

Un libro para leer, dialogar y reflexionar Rubén Darío Guzzetti

In PublicacionesSecciones by Xulio Ríos

https://politica-china.org/secciones/un-libro-para-leer-dialogar-y-reflexionar

El conjunto de generaciones que tenemos el privilegio de vivir estos tiempos estamos atravesados por una enorme cantidad de transformaciones excepcionalmente particulares agigantadas por su aceleración y profundidad. Desde los meteóricos cambios científicos y tecnológicos hasta los no menos importantes sociales y culturales, van transformando nuestra vida diaria haciendo muy difícil metabolizarlos.

Tratar de comprender que es lo que pasa, porque está ocurriendo lo que nos modifica nuestro entorno y a nosotros mismos, ha pasado de ser una opción a una necesidad y de esta a una obligación, aunque no sea mas que para sobrevivir.

La actualidad nos interpela a hacer horas extras como ciudadanos de este mundo.

Uno de los temas que ha sorprendido a la humanidad en el último medio siglo es la presencia internacional de un país que supo ser primera potencia en siglos anteriores pero que había caído en un abismo sometido por occidente. Sin lugar a dudas China sorprendió al mundo a partir de la segunda mitad del siglo XX. Casi todo lo que consumimos, en cualquier rincón del mundo, en alguna instancia de la cadena global de valor pasó por China.

Surgieron así cantidades de interpretaciones para dar explicación a infinidad de interrogantes que surgieron con el fenómeno chino:

¿Cómo fue posible que la población de uno de los dos países más poblados, que hasta hace 50 años se sostenía con dos comidas diarias a base de arroz hoy cuente con mas de 500 millones de personas en la categoría de clase media con la proyección de llevar esa cifra a 1000 millones en el año 2025?

¿Como hicieron para pasar de tener el 80% de analfabetos en 1949 a contar hoy con más de cien millones de universitarios?

¿Cómo hicieron para lograr poner fin a la pobreza extrema en noviembre del 2020 cuando los países mas desarrollados no lo logran y por el contrario esta crece?

¿Cómo fue que pasaron de tener un ingreso per cápita de U$S 180 en 1949 a 12.000, con grandes posibilidades de superar el piso de 12.600 y entrar a la categoría de país de altos ingresos, ¿en los próximos 2 años?

¿Cómo lograron pasar de ser una de las economías mas atrasadas a ser la segunda por PBI nominal y la primera en paridad de poder de compra, desplazando del podio a EE.UU., en 2014, después de 142 años?

En fin, podríamos sintetizar: ¿Cómo hicieron los chinos?, ¿qué hicieron los chinos?

El profesor Xulio Ríos, que dedicó una gran parte de su vida al estudio del proceso chino, aprovechando la celebración del primer centenario del Partido Comunista Chino, el 23 de julio de 2021, nos presentó una magistral obra que nos permite encontrar muchas respuestas al resurgimiento de la nación asiática.

El profesor Ríos, en las 435 páginas de su libro “La Metamorfosis del Comunismo en China”, no solo nos responde a muchos de estos interrogantes, sino que con una prosa entretenida y una objetividad envidiable nos refleja los distintos aportes de cada una de las cinco generaciones

de revolucionarios que gobernaron el país, los errores cometidos y la capacidad del partido para salir airoso de cada dificultad con una flexibilidad y capacidad política notable.

El profesor también pone luz sobre ciertas contradicciones en el seno de la organización como por ejemplo entre ideología y economía, entre izquierdistas-conservadores y occidentales-liberales, así como en la gestión de Xi Jinping el partido logró una síntesis virtuosa entre el yin y el yang, representativos de la cultura y la civilización milenaria, y la dialéctica del marxismo leninismo.

La obra también nos explica como el partido, a pesar de los obstáculos y equivocaciones nunca se apartó de sus objetivos fundacionales: revitalizar la nación china, luchar por su integridad territorial y trabajar incansablemente por la felicidad del pueblo.

Además, el profesor Ríos explica el ingreso de la RPCh en el escenario internacional y su propuesta de la Nueva Ruta de la Seda y de un futuro compartido para la humanidad.

Esta obra incursiona en evidenciar el conflicto actual entre las principales potencias y el proyecto estratégico de China en consonancia con su tradición e idiosincrasia.

Tampoco están ajenos en el libro los desafíos que enfrenta la actual dirigencia del partido, como se preparan, el fuerte intento de ir a una sociedad regida por leyes y con una profundización de la democracia entendida de una manera distinta a la occidental.

En fin, la obra del profesor Ríos es imprescindible para comprender un fenómeno muy particular, donde en Occidente estamos muy ajenos al mismo y lo solemos interpretar erróneamente con nuestras categorías.

Sin comprender qué está pasando en China es muy difícil entender qué pasa hoy en el mundo, cuáles son sus disputas y porqué ocurren. Para lograr dar algunos pasos en ese conocimiento es imprescindible leer “La Metamorfosis del Comunismo en China”, un manual de consulta permanente.

Uno de los libros que al lector lo deja reflexionando y con mucho más interés en el tema que al principio de su lectura.

Buenos Aires, 18 de Febrero de 2023

Rubén Darío Guzzetti

Director Instituto Argentino de Estudios Geopolíticos

Miembro del Instituto de Estudios de América Latina

Miembro del Centro y Formación Marxista Héctor Agosti


sábado, 16 de março de 2019

China: como eliminar a pobreza no espaco de uma geracao? - Alvin Powell (Harvard Gazette)

A China é um caso único na história econômica mundial, um caso excepcional na história tout court. Nunca antes na história da humanidade – digamos, nos últimos dez mil anos – uma sociedade, uma comunidade, já dotada de um Estado funcional, reduziu a pobreza de maneira tão rápida, tão espetacular, tão exemplar, quanto a China, ainda que preservando estruturas políticas autocráticas, de fato uma ditadura quase orwelliana, sem qualquer tolerância com a dissidência, mas já com alguma abertura na vida diária (desde que não se conteste o intolerante monopólio do poder político pelo Partido Comunista, cujo líder inicial, o delirante Mao, provocou dezenas de milhões de mortos durante sua tirania demencial). 
Mas, o sucesso econômico da China, mesmo que não possa ser replicado em outros países, merece, sim, ser estudado, pois outros países de base agrária atrasada podem aprender com a liberação econômica gradual sobre os mercados e as atividades econômicas de modo geral, o que pode ser visto a partir da tolerância demonstrada por Deng Xiaoping em relação à reapropriação das terras anteriormente pertencentes às comunas populares pelas famílias camponesas. O restabelecimento dos mercados com produtos privados e a aceitação dos investimentos diretos estrangeiros fizeram o resto, e aí o crescimento econômico passou a ser conduzido mais pelos capitalistas privados do que pelos burocratas e mandarins do Estado.
Ninguém pode replicar o caminho da China para o desenvolvimento, mas medidas adotadas de abertura econômica e de liberalização comercial podem, sim, ser repetidas por outros países.
Paulo Roberto de Almeida

Harvard's many research ties to that nation reflect broad engagement, as President Bacow visits

Nara Dillon's work in China seeks lessons from the country's successful battle against poverty that might be applied elsewhere.
Nara Dillon's work in China seeks lessons from the country's successful battle against poverty that might be applied elsewhere. 
Kris Snibbe/Harvard Staff Photographer
China learned from other nations as it modernized its economy and embraced aspects of capitalism, but knowledge flows in both directions. Now, one Harvard scholar thinks there may be lessons for the rest of the world in a great Chinese success story: slashing poverty.
Between 1990 and 2015, China reduced extreme poverty by 94 percent, a change so dramatic and affecting so many people that it accounts for fully half of the global reduction in extreme poverty (defined as living on less than $1.25 per day) over that time. In fact, according to senior lecturer on government Nara Dillon, the United Nation’s 2015 announcement that it had achieved its Millennium Development Goal of halving global extreme poverty would have been impossible without the gains in China.
Dillon said her research on China’s antipoverty programs may have limited value in developed nations where such extreme poverty is uncommon, but it likely has important implications in the developing world, where not only is extreme poverty common, but where the agricultural landscape of many small subsistence farms mirrors China’s.
“I think it’s most relevant to other developing countries where farmers are still a large part of the population,” Dillon said.
Dillon’s work is part of Harvard’s broad intellectual engagement with China that dates back to the 1800s, when famed plant collector Ernest H. Wilson began gathering samples of East Asian flora for the Arnold Arboretum and Chinese scholar Ko K’un-hua became the first instructor to teach the Chinese language here.
This week, President Larry Bacow becomes the latest Harvard leader to visit China. His trip, scheduled for spring break week, from Sunday through March 23, will take him to Hong Kong, Shanghai, and Beijing, where he’ll deliver a speech at Peking University. He will visit Japan after leaving China.
After Harvard’s initial engagement with China, the ties expanded through the 20th century as  early, tenuous connections strengthened and diversified into a robust scholarly and intellectual exchange that led to the founding, more than 60 years ago, of the Fairbank Center for Chinese Studies. Named for John King Fairbank, a founding figure of Chinese studies in the U.S., the center was the primary home for Chinese study at Harvard. Its director, Michael Szonyi, the Frank Wen-hsiung Wu Memorial Professor of Chinese History, said the scholarly connections between Harvard and China have overflowed the center’s walls and now encompass all of Harvard’s Schools and a wide array of disciplines.
The Fairbank Center’s role remains central, said Szonyi — who visited China 10 times last year — but in many cases it is one that coordinates and assists the work of scholars in the University’s disparate Schools.
Today, a search for “China” in the Harvard course catalog turns up more than 90 classes as diverse as Chinese language studies (through the Department of East Asian Languages and Civilizations, founded in 1937), foreign policy, economics, art, cinema, sustainable development, and even “forbidden romance.” The 1,000 or so Chinese students studying at Harvard make up the School’s largest group from outside the U.S., and many Chinese scholars and faculty members teach and conduct research. Harvard students and faculty members travel regularly to China — the University’s most popular destination for travel abroad — and say that collaborations with Chinese researchers are critical if they are to advance work in a number of disciplines.
“In many fields, the best work is being done in China by Chinese researchers,” said Mark Elliott, Harvard’s vice provost for international affairs and the Mark Schwartz Professor of Chinese and Inner Asian History. “What I hear from a number of Harvard faculty is that in order to be at the top of the game, you have to make connections with Chinese scholars.”
In addition to the Fairbank Center and the Department of East Asian Languages and Civilizations, Harvard is home to the Harvard-Yenching Institute, which was established in 1928 and pioneered many  scholarly connections with China; the Harvard-China Project on Energy, Economy, and Environment; the Harvard China Fund, which provides University-wide funding for China-related work, internships, and summer school; and the China programs of the Ash Center for Democratic Governance and Innovation, which foster policy-focused investigation and education, including executive education.
The University also has a permanent footprint in Shanghai with the Harvard Center Shanghai, sponsored by the China Fund and Harvard Business School, and runs — via the Harvard-China Project and with Tsinghua University colleagues — a long-running air-quality monitoring station north of Beijing, with a second in the works south of the city. The two stations will provide before-and-after samples for a comparative analysis of the air entering and leaving the metropolis.
Bacow’s trip comes at a time of problematic relations between the U.S. and China and also of heightened internal tension in the Asian giant, which has led to crackdowns that have affected everyone from academics to ethnic minorities.
Despite such tensions, it is important that engagement continue and that academic inquiry remain free of influence, Szonyi said. Relations between governments ebb and flow according to the foreign-policy vagaries of the moment. Over time, however, scholarly engagement not only bears fruit through new findings and discoveries, but it provides a stabilizing influence between nations and maintains communication lines at a subnational level, between scientific colleagues, between students who have become acquainted during summer programs, and between former mentors and students who may have gone on to hold positions of influence. In addition, Elliott, Szonyi, and other Harvard faculty emphasize the importance of continued engagement to support Chinese colleagues experiencing government pressures and to express concerns that domestic voices in China may be unable to express.
In recent years, Harvard’s China engagement has borne much fruit. Harvard researchers have spotlighted Coca-Cola’s outsized influence on obesity science and policy in China; examined the potential for military conflict between the two nations; run large-scale experiments aimed at improving health care delivery; launched a $3.75 million project to investigate energy development and climate change; documented the government’s millions of fake social media posts aimed at influencing public opinion; written a best-selling book about major Chinese philosophers; studied the slow emergence of private philanthropy; and published an award-winning translation of the complete works of Du Fu, considered one of China’s greatest poets.

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Dillon’s research is one example of the many lines of investigation now underway. Her work on China’s anti-poverty programs tracks much of their success to two major reforms in the 1980s. The first one abolished collective farms in favor of a system in which individual farmers hold long-term leases on  land and can keep the proceeds from any surplus sold in private markets. The change resulted in a surge in agricultural production and family incomes.
The second reform was a dramatic increase — as much as 91 percent in the case of some grains — in the prices the government pays for agricultural products. Those two reforms marked the end, Dillon said, of rural farm policies borrowed from the Stalinist Soviet Union that intentionally kept rural living standards low so that the economic surplus could be invested in urban and industrial development.
The lessons from the Chinese reforms, Dillon said, are probably most applicable in developing nations whose economic policies, albeit under a capitalist system, seek to encourage industrialization and urbanization over rural agriculture. From a poverty-reduction standpoint, Dillon said, the Chinese success was largely reached by doing the opposite: incentivizing and benefiting rural agriculture. And, with so many small farms across the Chinese countryside, the improvement in life for farmers meant a broad-based boost in the national standard of living. Ironically, she said, it is more common for rich nations to subsidize their agriculture industries.
“The broader lesson that countries can draw is to reduce the urban bias in their development policies,” Dillon said. “One of the ironies of these kinds of agricultural development policies is that rich countries subsidize farmers and poor countries don’t. They often make farmers subsidize urbanites.”

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Eliminacao da Pobreza, ou simples subsidio ao consumo dos pobres? - Relatorio do Banco Mundial

De vez em quando leio notícias como essa, que figura abaixo: Brasil eliminou a pobreza, ou Brasil retirou tantas milhões de pessoas da pobreza extrema.
Eu me pergunto se as pessoas que escrevem essas coisas possuem uma exata noção das palavras, ou se os conceitos que elas utilizam encontram uma correspondência fiel na realidade.
Eliminar pobreza, para mim, significa tornar as pessoas não dependentes de qualquer forma de ajuda, ou seja, fazer com que elas disponham de meios próprios para sua manutenção e bem-estar.
Se essas pessoas dependem da transferência de recursos de alguém, ou de alguma institucão para sobreviver, então elas não deixaram a pobreza, e sim estão recebendo um subsídio para o seu consumo de bens essenciais, alguns até não essenciais, como parece ocorrer em certos casos (como o infeliz ministro das Comunicações, que promete televisão digital para todos os inscritos no Bolsa Família).
Se por acaso a transferência acabar, o que essas pessoas serão? De classe média? Prósperas? Independentes? Não, elas voltarão para a pobreza.
Então, não venham me dizer que a pobreza foi reduzida, ou eliminada.
Não, ela apenas foi mascarada por um ajutório para o consumo.
Não gosto de hipocrisia, ou de mentiras.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil ha conseguido eliminar prácticamente la pobreza extrema y lo ha hecho más rápido que sus vecinos. La afirmación es del Banco Mundial, que en su último informe resalta que el número de brasileños que vive con menos de 2,5 dólares al día ha caído del 10% al 4% entre 2001 e 2013. El estudio, “Prosperidad Compartida y Erradicación de la Pobreza en América Latina y Caribe”, añade que el 60% de los brasileños aumentó su nivel de renta entre 1990 y 2009 y que Brasil es uno de los ejemplos más brillantes de reducción de pobreza en la última década.
“En total, 25 millones de personas dejaron de vivir en la pobreza (extrema o moderada), lo que representa una de cada dos personas que salió de la miseria en América Latina y en el Caribe de 1990 a 2009. Los autores explican que hasta 1999, los índices de extrema pobreza en Brasil y en el resto de la región eran parecidos y rondaban el 26%. Fue en 2012 cuando la institución comenzó a observar una mayor reducción en territorio brasileño: 9,6% ante el 12% del resto del continente.
La institución explica las causas de los buenos resultados, en un momento en el que un Brasil estancado batalla para no entrar en recesión. La primera es el crecimiento económico a partir de 2001, iniciado durante el mandato de Fernando Henrique Cardoso, “bastante más estable que el registrado durante las dos décadas anteriores". En segundo lugar se alaban las políticas públicas que tienen como objetivo la erradicación de la pobreza, como la Bolsa Familia, que ofrece una modesta renta mensual a cambio de la escolarización de los hijos, o el Brasil sin Miseria, pensado para los más pobres. En último lugar se destaca el mercado de trabajo nacional, donde las tasas de empleo formales aumentaron un 60% y la evolución del salario mínimo, hoy de 295 dólares.
“El crecimiento, modesto aunque sostenido, se volvió más inclusivo gracias a políticas fuertemente enfocadas en la reducción de la pobreza y a favor de un mercado laboral fuerte”, afirma el informe, que advierte que el desafío todavía no ha acabado: “Si bien el país eliminó casi por completo la pobreza extrema en la última década, 18 millones de brasileños siguen viviendo en la pobreza, un tercio de la población no consiguió acceder a la clase media y se mantiene vulnerable economicamente”.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Propanda enganosa: chefe maxima do Ipea desmentida pelo Ipea sobre reducao da pobreza

PROPAGANDA ENGANOSA
Dilma inflou dado sobre a diminuição da miséria, diz IPEA
Cálculos do instituto apontam que 8,4 milhões de pessoas saíram da miséria no Brasil e não 36 milhões, como declarou a presidente
IPEA: número anunciado por Dilma repete o apurado em outra prestação de contas
Opinião e Notícia, 12 de junho, 2014

Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a presidente Dilma Rousseff usou dados inflados sobre a redução da miséria no Brasil no pronunciamento sobre a Copa do Mundo, transmitido em cadeia nacional na última terça-feira, 10.
Segundo o IPEA, informações do próprio governo derrubam a afirmação da presidente de que “em uma década foram retirados 36 milhões de brasileiros da miséria”.
Conforme um estudo publicado pelo IPEA em outubro do ano passado, de 2002 a 2012, o número de pessoas na extrema pobreza caiu de 14,9 milhões para 6,5 milhões. Ou seja, uma queda de 8,4 milhões ao longo dos primeiros dez anos da administração petista.
Segundo o IPEA, o balanço comunicado pelo governo foi retirado de um cálculo hipotético sobre o programa Bolsa Família, feito em 2013, pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Esse levantamento calcula apenas o número de beneficiários do programa, sem comparar a quantidade de pessoas que ainda vivem em situação de extrema miséria.
“Em 2011, havia 36 milhões de pessoas, beneficiárias do Bolsa Família, que estariam na miséria caso sobrevivessem apenas com sua renda familiar”, diz o balanço do Ministério do Desenvolvimento Social.



terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Eliminando a pobreza, pelas vias corretas, que nao pode ser o distributivismo estatal

No primeiro parágrafo substantivo de meu artigo Verdades Não Convencionais (versão publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em 8/01/2013, disponível aqui; versão completa, neste link), eu escrevi isto que vai transcrito em seguida, e que pretendo desenvolver em outro trabalho de maior amplitude, aliás, como todas as minhas outras "verdades não convencionais", no momento oportuno:

Programas para eliminar a pobreza terminam, de fato, consolidando-a. Almas generosas, espíritos socialistas, vocações distributivistas estão sempre querendo corrigir as desigualdades sociais por meio de algum programa de transferência de renda em grande escala. Não existe, na história econômica mundial, exemplos de eliminação da pobreza via transferências governamentais. Existem, sim, trajetórias bem sucedidas de redução da pobreza e para menores níveis de desigualdade via qualificação da mão-de-obra mediante a educação de qualidade. Empregos e renda por meio dos mercados ainda é a melhor forma inventada pela civilização para a criação da prosperidade, o que não quer dizer supressão da riqueza de alguns, como pretendem adeptos do imposto sobre as grandes fortunas. O Brasil deve ser o único país no mundo que mantém um quarto da sua população oficialmente na assistência pública. Isso é normal?

De fato não é normal, mas dentro em pouco vou ser obrigado a me corrigir, pois o curral eleitoral do governo dos companheiros não para de crescer; dentro em pouco não será mais um quarto e sim um terço da população.
Também já postei aqui algumas matérias sobre o cinquentenário -- aliás pouco comemorado pelo governo Obama, e bem mais lembrado pelos jornalistas, que adoram essas datas redondas -- inclusive porque a avaliação que se faz de todo o aparato criado pelos programas iniciados por Lyndon Johnson (e continuados sob diversas formas, e também ampliados, por outros presidentes, inclusive teoricamente conservadores, como Nixon, que na verdade era um oportunista demagogo e um grande mentiroso, a despeito de ser um realista em política externa) é muito ambígua. Alguns dizem que não serviu para nada, ou apenas para acomodar pobres e pretos na assistência pública; outros dizem que sem eles, a situação dos pobres hoje seria pior, em número e extensão.
Não acredito: todos os países do capitalismo avançado, todas as sociedades de economias de mercado reduziram a pobreza em volumes significativos, e nem todas elas introduziram programas distributivistas muito amplos, algumas apenas continuaram fazendo o que sempre fizeram líderes responsáveis: taxando proporcionalmente mais os mais ricos e provendo serviços públicos de qualidade, geralmente de maneira indireta (saúde, educação, saneamento e infraestrutura, oportunidades iguais para todos disputarem emprego e renda nos mercados).
Ou seja, o fato de que a pobreza só tenha diminuído um pouco, nos EUA, como indicam as matérias abaixo, não quer dizer que isso se deu em função dos programas de Lyndon Johnson: pode ter sido a marcha natural da sociedade de mercado, que sempre cria mais riqueza do que qualquer sistema mais ou menos estatal que se conheça. E pode ser, também, que a pobreza teria diminuído mais rápido SE NÃO fossem esses programas, que podem ter acomodado os pobres na assistência pública, provocado certo desleixo com a gravidez adolescente e outros fatores que sabemos estar nos fundamentos da pobreza americana persistente e atual.
Por isso volto ao meu argumento acima: programas para, supostamente, eliminar a pobreza, acabam fixando-a em patamares inaceitáveis.
É exatamente o que está acontecendo no Brasil: não pensem que os programas do governo eliminaram a pobreza. Isso não; eles apenas estão subsidiando o consumo dos pobres.
Se por acaso, o destino, a desgraça, uma crise feia, ou um líder "malvado" terminarem com a esmola estatal, todo esse pessoal volta para a pobreza.
Ou então vai trabalhar mais um pouco, o que não mata ninguém e é até saudável.
Paulo Roberto de Almeida

Fighting Poverty the Right Way

Fifty years after President Lyndon Johnson declared a "war on poverty," the percentage of Americans living below the official poverty line is only slightly lower than in 1964. Progressive writer Sasha Abramsky urges President Obama to commemorate the anniversary by redoubling efforts to improve the lot of the poorest Americans in ways that avoid the problems that have plagued antipoverty programs since the 1960s. But as Independent Institute Communications Counsel K. Lloyd Billingsley notes in Forbes, Abramsky recommends paying for the War on Poverty Mark II via a host of tax hikes on upper-income taxpayers--essentially the same measures that helped make the original War on Poverty counterproductive by impeding economic growth and opportunity. READ MORE

50 Years Later, LBJ's 'War on Poverty' Has Proven a Total Failure, by K. Lloyd Billingsley (Forbes, 1/10/14)

Five Myths About Inequality, by John C. Goodman (Townhall, 1/4/14)

domingo, 5 de janeiro de 2014

Pobreza e desigualdade: o debate continua nos EUA, 50 depois da GreatSociety (NYT)

Seria a desigualdade a questão crucial do nosso tempo, como pretende o presidente Obama?
Não creio. Os que assim afirmam acreditam que a pobreza resulta da desigualdade de rendas, e daí começam a propor esquemas redistributivos via Estado, que não são nem eficientes, nem isentos de outras deformações, como exemplica esta matéria sobre o meio século decorrido desde a implantação da Great Society por Lyndon Johnson, que alinhou os EUA aos esquemas mais redistributivos europeus.
O problema crucial, para mim, não é desigualdade distributiva ao nível da renda, e sim a desigualdade de oportunidades que deriva da pouca educação e de estruturas familiares inadequadas.
O Estado deve apenas oferecer educação de qualidade, o que implica igualmente promover valores familiares, edeixar para o setor privado a tarefa de criação de renda e riqueza via mercado, que é mais suscetível de criar mais empregos de qualidade do que os programas ineficientes do governo.
O debate continua, mas apenas para colocar minha posição proclamo abertamente minha preferência por mais mercado, e não mais governo.
É uma ilusão completa achar que o Bolsa Família e programas associados e complementares vão eliminar a pobreza e a desigualdade no Brasil. Não vão: eles apenas subsidiam o consumo dos pobres, que sem isso estariam na situação anterior, ou provavelnente pior, se por acaso a esmola governamental acabar, pois eles já deixaram outras estratégias de sobrevivência para se acomodarem no assistencialismo estatal.
Digam sinceramente: vocês acham normal um país ter UM QUARTO da população na assistência pública?
Eu não acho: essa é a confissão de um fracasso, não o sucesso de um conceito de nação.
O Brasil já está em decadência e ainda não se deu conta disso.
Somos uma nação fracassada e condenada a um lento declínio. 
Infelizmente, tudo isso por falta de estadistas ditados de visão. Não temos elites esclarecidas, basta ver os que se nos oferecem em eleições, e a total indigência intelectual de suas propostas.
Paulo Roberto de Almeida 

WASHINGTON MEMO

50 Years Later, War on Poverty Is a Mixed Bag



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WASHINGTON — To many Americans, the war on poverty declared 50 years ago by President Lyndon B. Johnson has largely failed. The poverty rate has fallen only to 15 percent from 19 percent in two generations, and 46 million Americans live in households where the government considers their income scarcely adequate.
George Tames/The New York Times
President Johnson touring impoverished areas in 1964.
Multimedia
Yuri Gripas/Reuters
Representative Paul D. Ryan of Wisconsin is among the conservatives who have looked at poverty statistics more skeptically.
But looked at a different way, the federal government has succeeded in preventing the poverty rate from climbing far higher. There is broad consensus that the social welfare programs created since the New Deal have hugely improved living conditions for low-income Americans. At the same time, in recent decades, most of the gains from the private economy have gone to those at the top of the income ladder.
Half a century after Mr. Johnson’s now-famed State of the Union address, the debate over the government’s role in creating opportunity and ending deprivation has flared anew, with inequality as acute as it was in the Roaring Twenties and the ranks of the poor and near-poor at record highs. Programs like unemployment insurance and food stamps are keeping millions of families afloat. Republicans have sought to cut both programs, an illustration of the intense disagreement between the two political parties over the best solutions for bringing down the poverty rate as quickly as possible, or eliminating it.
For poverty to decrease, “the low-wage labor market needs to improve,” James P. Ziliak of the University of Kentucky said. “We need strong economic growth with gains widely distributed. If the private labor market won’t step up to the plate, we’re going to have to strengthen programs to help these people get by and survive.”
In Washington, President Obama has called inequality the “defining challenge of our time.” To that end, he intends to urge states to expand their Medicaid programs to poor, childless adults, and is pushing for an increase in the minimum wage and funding for early-childhood programs.
But conservatives, like Representative Paul D. Ryan of Wisconsin, have looked at the poverty statistics more skeptically, contending that the government has misspent its safety-net money and needs to focus less on support and more on economic and job opportunities.
“The nation should face up to two facts: poverty rates are too high, especially among children, and spending money on government means-tested programs is at best a partial solution,” Ron Haskins of the Brookings Institution wrote in an assessment of the shortfalls on the war on poverty. Washington already spends enough on antipoverty programs to lift all Americans out of poverty, he said. “To mount an effective war against poverty,” he added, “we need changes in the personal decisions of more young Americans.”
Still, a broad range of researchers interviewed by The New York Times stressed the improvement in the lives of low-income Americans since Mr. Johnson started his crusade. Infant mortality has dropped, college completion rates have soared, millions of women have entered the work force, malnutrition has all but disappeared. After all, when Mr. Johnson announced his campaign, parts of Appalachia lacked electricity and indoor plumbing.
Many economists argue that the official poverty rate grossly understates the impact of government programs. The headline poverty rate counts only cash income, not the value of in-kind benefits like food stamps. A fuller accounting suggests the poverty rate has dropped to 16 percent today, from 26 percent in the late 1960s, economists say.
But high rates of poverty — measured by both the official government yardstick and the alternatives that many economists prefer — have remained a remarkably persistent feature of American society. About four in 10 black children live in poverty; for Hispanic children, that figure is about three in 10. According to one recent study, as of mid-2011, in any given month, 1.7 million households were living on cash income of less than $2 a person a day, with the prevalence of the kind of deep poverty commonly associated with developing nations increasing since the mid-1990s.
Both economic and sociological trends help explain why so many children and adults remain poor, even putting the effects of the recession aside. More parents are raising a child alone, with more infants born out of wedlock. High incarceration rates, especially among black men, keep many families apart. About 30 percent of single mothers live in poverty.
In some cases, government programs have helped fewer families because of program changes and budget cuts, researchers said. For instance, the 1996 Clinton-era welfare overhaul drastically cut the cash assistance available to needy families, often ones headed by single mothers.
“As of 1996, we expected single mothers to go to work,” Professor Ziliak said. “But if they’re shelling out most of their weekly pay in the form of child care, they can’t make sense of doing it.”
The more important driver of the still-high poverty rate, researchers said, is the poor state of the labor market for low-wage workers and spiraling inequality. Over the last 30 years, growth has generally failed to translate into income gains for workers — even as the American labor force has become better educated and more skilled. About 40 percent of low-wage workers have attended or completed college, and 80 percent have completed high school.
Economists remain sharply divided on the reasons, with technological change, globalization, the decline of labor unions and the falling value of the minimum wage often cited as major factors. But with real incomes for a vast number of middle-class and low-wage workers in decline, safety-net programs have become more instrumental in keeping families’ heads above water.
The earned-income tax credit, for instance, has increased employment among single mothers and kept six million Americans above the poverty line in 2011. Food stamps, formally known as Supplemental Nutrition Assistance Program benefits, kept four million Americans out of poverty in 2011.
Above all, the government has proved most successful in aiding the elderly through the New Deal-era Social Security program and the creation of Medicare in the 1960s. The poverty rate among older Americans fell to just 9 percent in 2012 from 35 percent in 1959.
But for working-age households, both conservatives and liberals agree that government transfer programs alone cannot eliminate poverty. The answer, the White House has said, is in trying to improve households’ earnings before tax and transfer programs take effect.
“Going forward, the biggest potential gains that could be made on poverty would be in raising market incomes,” said Jason Furman, the chairman of Mr. Obama’s Council of Economic Advisers. “In the short run, that means things like the minimum wage, and in the long run, things like early education.”
If Congress approved a proposal to raise the federal minimum wage to $10.10 an hour from its current level of $7.25, it would reduce the poverty rate of working-age Americans by 1.7 percentage points, lifting about five million people out of poverty, according toresearch by Arindrajit Dube of the University of Massachusetts, Amherst.
But in the meantime, the greatest hope for poorer Americans would be a stronger economic recovery that brought the unemployment rate down from its current level of 7 percent and drew more people into the work force. The poverty rate for full-time workers is just 3 percent. For those not working, it is 33 percent.