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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição - Marisa Adán Gil (Época Negócios), Comentários Paulo Roberto de Almeida

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição - Marisa Adán Gil (Época Negócios), Comentários Paulo Roberto de Almeida

Comentários preliminares aos problemas da redução da pobreza e do crescimento poluidor e destruidor do meio ambiente 

Paulo Roberto de Almeida:

Ser Prêmio Nobel em Economia não necessariamente torna o premiado infalível, mais sábio ou certeiro em seus argumentos. No caso da Esther Duflo, não estamos nem falando de economia, mas de simples argumentos políticos ou politicamente corretos, que não são fundamentados em pesquisas empíricas, mas que expressam simples opiniões pessoais, algumas seriamente questionáveis.

Comecemos, por exemplo, pela primeira frase da matéria, que resume o teor do argumento da entrevistada:

O futuro da humanidade depende em grande parte de como vamos resolver seu maior problema: a pobreza.”

Não é verdade isso: a humanidade SEMPRE conviveu com a pobreza, aliás ela era extremamente pobre em TODAS as épocas passadas (com a notória e inevitável exceção dos donos do poder e dos senhores do capital (qualquer tipo de capital). A humanidade só começou a deixar de ser pobre com alguns impérios inovadores (em especial os impérios comerciantes) e a partir da primeira revolução industrial; ela está nisso nos últimos 250 anos, com a pobreza diminuindo paulatinamente (em algumas  nações até aumentando, devido à estagnação, guerras civis etc.).

Ou seja, o futuro da humanidade NÃO DEPENDE da diminuição da pobreza, pois a humanidade convive com ela desde sempre e isso nunca impediu avanços muito significativos na produção de riquezas e de muito ricos, alguns por predação, outros por produtividade, ou sorte. Vai continuar sendo assim pelo futuro previsível.

Segunda coisa errada: NÃO É A TAXAÇÃO dos ricaços que vai diminuir a pobreza. A pobreza pode até diminuir topicamente e localizadamente com alguma ajuda monetária, se os recursos forem bem empregados para reduzir enfermidades endêmicas e epidêmicas e para qualificar os mais pobres produtivamente, pois a simples ASSISTÊNCIA PÚBLICA, num sentido alimentar, representa um ajutório eventual ou ocasional, não uma prevenção contra uma recaída na pobreza, passado o efeito temporário da ajuda oficial ao consumo dos mais pobres.

Terceira coisa: essa “ajuda financeira” para combater mudanças climáticas tem o mesmo efeito: é um subsidio artificial que representa um paliativo, não uma solução à pobreza agregada ou mantida pelas mudanças negativas no meio ambiente. Estas são um dado da realidade em todas as sociedades e épocas. Mas atenção: os países ricos não se tornaram ricos apenas porque poluiram ou porque agrediram o meio ambiente (em seu próprio detrimento, diga-se de passagem). Ninguém poluiu deliberadamente com o objetivo de enriquecer: a poluição e a destruição ambiental eram simplesmente uma consequência, não necessariamente percebida de imediato, dos tipos de tecnologias disponíveis nas duas primeiras revoluções industriais, ambas à base de combustíveis fósseis: carvão e petróleo. Só se tomou consciência do crescimento destrutivo do ambiente nas últimas décadas.

Os paises pobres e não industrializados querem repetir o mesmo processo tecnológico ou pretendem que os ricos lhes forneçam tecnologias sustentáveis de graça?  Pode até ser, mas seria apenas generosidade derivada de algum remorso pós-colonial, não a via correta de se tornar rico pela via do desenvolvimento sustentável (ou seja, não destruidor, o que é muito difícil de se alcancar absolutamente). Assim como a redução ou eliminação da pobreza, o crescimento não destruidor é um processo muito difícil, que se resolve paulatinamente pela qualificação produtivo de todos os cidadãos do mundo, não exatamente pela ajuda externa. 

Uma última coisa: fome, pobreza, miséria, desigualdade, economia destruidora NÃO SÃO problemas globais, ou multilaterais, uma vez que as POLÍTICAS para atuar em todas essas frentes são SEMPRE NACIONAIS, até LOCAIS. O mundo rico pode até ajudar, mas não necessariamente com dinheiro, mas com educação dos mais pobres. Essa é uma tarefa de cada governo e sabemos que governos podem ser incompetentes e até predatórios. Infelizmente, essa é a realidade.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 25 de novembro de 2024

 

ÉPOCA NEGÓCIOS 

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição 

Com propostas simples e arrojadas, ela explica como o objetivo pode ser alcançado – e qual é o papel da tecnologia nessa jornada 

Por 

Marisa Adán Gil 

22/11/2024 

Esther Duflo — Foto: Época NEGÓCIOS 

 

O futuro da humanidade depende em grande parte de como vamos resolver seu maior problema: a pobreza. É o que defende Esther Duflo, ganhadora do Prêmio Nobel de Economia em 2019 (ao lado de Abhijit Banerjee e Michael Kremer) por seus estudos sobre políticas públicas relacionadas às populações carentes. Ao lado de Banerjee (seu marido) e Kremer, a economista desenvolveu um método inovador para, a partir de projetos que resolvem problemas locais, chegar a soluções que poderiam atender milhões em todo o planeta. Os programas implementados a partir de estudos do J-PAL – centro de pesquisa fundado pela economista em 2003 – atingiram até hoje 400 milhões de pessoas, em áreas como educação, saúde e microcrédito.

 

Autora de best-sellers como Boa Economia para Tempos Difíceis e Lutar contra Pobreza, Esther Duflo ampliou seus estudos nos últimos anos para abordar as mudanças trazidas pela crise climática. Em abril de 2024, durante um encontro promovido pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, apresentou uma ousada proposta de taxação de grandes companhias e bilionários para ajudar as nações e os indivíduos atingidos pelas mudanças climáticas. Pelas contas da economista – que esteve em São Paulo no mês de junho para participar de evento da Febraban –, os países desenvolvidos deveriam pagar aos emergentes US$ 500 bilhões ao ano, apenas para compensar as mortes causadas pela emergência climática. 

Confira a seguir o que ela tem a dizer sobre o futuro da economia e o papel da tecnologia para aliviar a pobreza. 


ÉPOCA NEGÓCIOS Grandes avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, vão ajudar a aliviar a pobreza ou podem piorar o problema? 

ESTHER DUFLO Sou muito ruim em prognósticos. Os dois cenários são possíveis, e ambos podem ser verdade ao mesmo tempo. Um país como a Índia, por exemplo, baseou sua estratégia de desenvolvimento nos últimos 30 anos ou mais em serviços básicos de software que podem ser facilmente substituídos por inteligência artificial. Portanto, há o perigo de que esses empregos da classe média simplesmente desapareçam. As empresas que costumavam terceirizar serviços para o país hoje podem realizar as mesmas tarefas com a IA generativa. A questão fundamental é: existe outro uso para a IA que, em vez de substituir empregos, crie vagas? Ainda não temos essa resposta. Uma maneira como a tecnologia poderia ajudar, e não apenas a IA, é na solução de problemas de desenvolvimento para ajudar os pobres. Um exemplo é o celular. O aparelho se espalhou por todo o mundo. Quando começou a ser usado para fazer transações financeiras, transformou os países da África. É uma tecnologia que foi desenvolvida para fins comerciais e acabou tendo um uso social. Isso também pode acontecer com a IA. Mas temos de estar vigilantes, muito atentos a quem perde o emprego: como esses profissionais serão compensados, como serão ajudados a encontrar outros empregos, como vão sobreviver? 


NEGÓCIOS Grande parte do seu trabalho hoje consiste em propor políticas de combate à pobreza. É possível acabar com ela? 

DUFLO Antes da pandemia, era concebível eliminar a pobreza extrema até 2030 – e não por meio de grandes revoluções, mas enfrentando os problemas um a um. Portanto, não há razão para não ser otimista. Algumas mudanças são difíceis e levam mais tempo para se concretizar. É o caso da proposta do Brasil, no âmbito do G20, de criar um imposto global para reduzir a desigualdade econômica [O Brasil assumiu a presidência temporária do G20 em dezembro de 2023, com 

mandato de um ano]. Com certeza, isso vai demorar um pouco para acontecer. Mas o movimento começou, e isso é importante. Algumas batalhas você ganha, outras você perde. Desde que você ganhe algumas vezes, já é um avanço. 


NEGÓCIOS Em abril deste ano, você apresentou uma proposta semelhante, de taxar os países mais ricos para ajudar os mais pobres a enfrentar as mudanças climáticas. Pode explicar a sua proposta? 

DUFLO É preciso tributar os bilionários e as grandes empresas em nome da justiça climática. Temos uma dívida moral. Eu e meu time fizemos uma série de cálculos e chegamos à conclusão de que os países ricos deveriam pagar US$ 500 bilhões ao ano para os países pobres, para compensar os danos gerados pela crise climática – causada principalmente pelas nações desenvolvidas. Nesse cálculo, levamos em conta apenas as mortes provocadas pelo clima. Outros prejuízos não foram levados em consideração – nesse caso, o valor seria bem maior. 


NEGÓCIOS Será que as grandes empresas e os bilionários concordariam? 

DUFLO Bem, talvez não. Mas um imposto global sobre bilionários para ajudar os pobres a lidar com as mudanças climáticas é uma ideia popular. 84% dos europeus são a favor, e quase 70% dos americanos também. Se a proposta incluir apenas os super-ricos, e se o dinheiro for para pessoas que evidentemente são as mais pobres do mundo, a grande maioria da população será a favor. Haverá resistência, claro. Os Estados Unidos provavelmente não vão cooperar por um tempo. Mas nem todos precisam participar. Se um grupo de nações fizer isso, dá para ir bem longe. 


NEGÓCIOS Você já mencionou a crise da Covid-19 como um exemplo do que os países não devem fazer. O que aquele período diz sobre o futuro da humanidade? 

DUFLO Os países ricos poderiam ter feito muito para ajudar os de baixa e média renda a lidar com a pandemia. Transferências financeiras, por exemplo. Mas estavam muito ocupados com os seus problemas. E, claro, houve toda a saga da vacina, com os países ricos acumulando doses, em vez de compartilhá-las. Foi horrível, um exemplo do que não deve acontecer. O que isso mostra é que não dá para esperar uma crise para agir. Ou esperar pela liderança do G7. Mas uma liderança como a que o Brasil mostrou no G20 tem o poder de trazer mudanças. 


NEGÓCIOS Você vê o Brasil como um país líder nas mudanças? 

DUFLO Sim. E isso nem é opinião. Ficou muito claro para todos que a liderança brasileira do G20 é muito diferente do que havia ocorrido em outros anos, porque o país realmente se posiciona em todas as frentes. O Brasil encara o desafio com  

ambição. Usar o G20 como um fórum para discutir questões como erradicação da fome é um grande exemplo de liderança. Isso foi reconhecido por todos. 


NEGÓCIOS Qual você espera ser o resultado do seu trabalho? Você se vê como uma inspiração? 

DUFLO O que dissemos quando ganhamos o Prêmio Nobel, e ainda é verdade, é que a coisa mais importante que fizemos foi criar um movimento. Meu trabalho, quaisquer dos artigos que escrevi, se eles desaparecessem amanhã, não seria uma grande perda. Mas as minhas ideias, o método que usamos para avaliar o impacto de projetos, esse tipo de mentalidade inovadora sobre políticas públicas... isso importa. Criei um laboratório que se transformou em uma grande rede de pesquisadores, trabalhando com ONGs, governos e empresas. A ferramenta que desenvolvemos permite que você possa ser realmente rigoroso na avaliação de propostas e, portanto, assumir riscos. E, se for bem-sucedido, continuar. E se não for, tentar outra coisa. Para mim, essa é a minha grande realização, a coisa mais importante que fiz ou para a qual contribuí.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Os 12 pontos do "Plano de Paz" da China para a guerra de agressão da Rússia contra Ucrânia: explicitação Paulo Roberto de Almeida

 Não é um verdadeiro plano de paz, mas declarações genéricas por parte da China. Elas, ainda assim, constituem uma grave acusação à Rússia, algumas advertências ao Ocidente (Otan e EUA) e uma tentativa de ficar bem como todo mundo

Os 12 points podem ser resumidos como segue:

1) Respect sovereignty.

Quem não respeitou a soberania da Ucrânia foi a Rússia. Assim, ela tem de partir.

2) Legitimate security interests should be valued and properly addressed.

Aparentemente dirigido contra a OTAN, que chegou às fronteiras da Rússia. Mas cabe registrar que foram os países vizinhos que imploraram para ingressar na OTAN, pois temiam novas incursões do antigo império czarista ou soviético, com razão. Os que assim fizeram não foram atacados.

3) Stop the shooting.

Ou seja, “Cessar fogo". Mas quem começou atirando foi a Rússia; ela deve parar. Se a Ucrânia deixar de atirar, ela será simplesmente submergida.

4) Start the talking.

Quem sempre se recusou a conversar foi Putin. Os chineses podem dizer isso a ele.

5) Alleviate the humanitarian crisis.

Quem está violando as leis da guerra e os tratados humanitários é a Rússia.

6) Implement the international codes regarding war.

São acordos muito antigos relativos à população civil e prisioneiros de guerra (alguns tem sido trocados), mas a Rússia atira contra alvos civis, inclusive hospitais e creches, e já sequestrou milhares de crianças ucranianas, transferindo-as para a Rússia. São crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

7) All parties should agree to abide by Convention on Nuclear Safety.

Ponto muito importante, que não tem sido respeitado pela Rússia em Zaphorizia, como já atestou a AIEA.

8) Parties must not use or threaten to use nuclear weapons against each other.

Foi Putin quem primeiro mencionou a possível utilização de "todo tipo de arma", o que inclui não apenas armas nucleares, mas também químicas e bacteriológicas.

9) Guarantee the safe transportation of food under existing agreements.

Foi a Rússia quem bloqueou os portos do Mar Negro e do Mar de Azov, impede barcos ucranianos de sair e roubou toneladas de grãos dos entrepostos ucranianos.

10) Stop unilateral sanctions.

Sim, está dirigido contra os EUA e todos os demais países que impuseram sanções contra a Rússia, mas elas estão inteiramente dentro da linha da Carta da ONU, e só são unilaterais porque a Rússia usa abusivamente do direito de veto no CSNU.

11) Ensure the stability of the industrial chain supply chain.

Os setores de infraestrutura – energia, comunicações, transportes – já foram terrivelmente afetados pelos ataques indiscriminados (ou talvez dirigidos) da Rússia, o que perturba a economia da Europa central e do mundo em geral.

12) Promote post-war reconstruction.

A AGNU já aprovou em outubro de 2022 uma resolução que responsabiliza a Rússia pela destruição provocada na Ucrânia. Ela terá de assumir responsabilidade pelo custo das reparações, mas o debate sobre a utilização das reservas russas congeladas está apenas começando. Recorde-se que o Iraque teve de assumir os custos da sua invasão no Kwaite, como descontos controlados pela ONU sobre suas exportações de petróleo.

Paulo Roberto de Almeida

Brasilia, 27 de fevereiro de 2023


terça-feira, 14 de junho de 2022

Programa do PT para a política externa: déjà vu, all over again - Comentários Paulo Roberto de Almeida

 Programa do PT para a política externa: 


“Recuperar a política externa ativa e altiva; defender a integração da América do Sul, da América Latina e do Caribe; fortalecer novamente o Mercosul, a UNASUL, a CELAC e os BRICS”. 


Ou seja, um repeteco do déjà vu, all over again: que falta de imaginação!

Se for assim, não precisa nem escrever novos discursos: está tudo pronto, é só recuperar dos maços, perfumar um pouco para eliminar o cheiro de naftalina, esquecer que a Ucrânia existe, e seguir tocando a partir da velha pauta.

Ah, sim, esqueceram o Ibas, o Conselho de Defesa Sul-Americano, o Fome Zero Universal e as reuniões com dirigentes africanos e árabes.

Mais importante: faltou uma referência ao tal de Sul Global: alguém já encontrou com ele por aí? Deve estar se sentindo órfão sem o Guia Genial dos Povos para animá-lo.

Vai ser um sucesso: retomar o que o vento da direita levou. 

Minhas análises sobre o lulopetismo diplomático também já estão prontas: basta atualizar algumas coisa aqui e ali.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 14/06/2022

terça-feira, 26 de abril de 2022

A DESTRUIÇÃO do Mercosul pelos novos bárbaros: artigo-denúncia do embaixador Rubens Barbosa (OESP)

 O governo do Bozo-Guedes tem sabotado o Mercosul na maior inconsciência do que ele representa para o Brasil, como denunciado pelo embaixador Rubens Barbosa (abaixo, em um IMPORTANTE ARTIGO, que recomendo ler).

Já num primeiro e único encontro que tive com Paulo Guedes, no primeiro semestre de 2018, constatei que ele não tinha a menor ideia do que era o Mercosul, e tampouco sabia qualquer coisa sobre política comercial. Tive de interrompê-lo imediatamente para esclarecer o que era o Mercosul, assim como contestar sua postura de apoio às medidas de Trump no terreno do sistema multilateral de comércio. Conclui que seria um desastre nessa área e tentei demonstrar a importância do Mercosul no plano microeconômico, senão no macroeconômico também. Não adiantou: os novos bárbaros estão destruindo tudo o que existia de governos anteriores. Paulo Roberto de Almeida MERCOSUL: PROJETO ESTRATÉGICO Rubens Barbosa O Estado de S. Paulo, 26/04/2022 Nos últimos quatro anos, o Mercosul foi relegado a um perigoso segundo plano. Desde a campanha eleitoral, Paulo Guedes mostrou desinteresse pelo bloco regional integrado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Já como ministro da economia, declarou que o subgrupo não seria prioridade para o novo governo com a justificativa de que era restritivo e deixava o Brasil prisioneiro de alianças ideológicas. Mais recentemente, disse que o Mercosul não estava correspondendo às expectativas e que o Brasil iria levar adiante planos para a modernização do grupo e que quem não estivesse de acordo que se retirasse. Nessa linha, o Brasil propôs a redução de 20% da Tarifa Externa Comum (TEC) com forte oposição da Argentina e acabou reduzindo unilateralmente 10% da TEC para uma lista de 87% de produtos, mantendo fora o setor automotriz e o sucroalcoleiro. O Uruguai, no mesmo diapasão, propôs a flexibilização das negociações para permitir que os países membros pudessem avançar individualmente entendimentos para a conclusão de acordos comerciais, com o apoio inicial de Paulo Guedes. Agora, surge a informação de que à revelia do Mercosul, o Brasil quer fazer novo corte na TEC. A ideia gerada no Ministério da Economia é reduzir em mais 10% as alíquotas do imposto de importação de grande parte dos produtos transacionados com países de fora do bloco, sem o acordo dos parceiros do bloco, com a justificativa, sem sentido para a maioria dos produtos, de “proteção da vida e da saúde das pessoas”, no dizer oficial. Na realidade, o fim é político e tem a ver com as eleições de outubro: busca-se reduzir o preço dos produtos para tentar conter a subida da inflação, agravada pelas consequências da guerra na Ucrânia. A medida será inócua, mas trará mais desgaste para o Brasil. Para quem não sabe, o Tratado de Assunção prevê que as medidas de política comercial propostas só podem ser implementadas com o consenso de todos os países membros e que a coordenação das negociações cabe aos ministérios das relações exteriores. É verdade que o Itamaraty, nos últimos anos, vem perdendo competência em áreas que tradicionalmente coordenava, como as negociações comerciais e meio ambiente, por exemplo, mas não consta que o Tratado que criou o Mercosul tenha sido alterado. A ação isolada do Ministério da Economia deve estar causando sério incomodo ao Itamaraty não só pela descoordenação interna e inclusive com o setor privado, pelo descumprimento do Tratado de Assunção, mas sobretudo pelo fato das autoridades econômicas desconsiderarem os aspectos estratégicos do Mercosul para o Brasil. O Mercosul não é apenas um acordo econômico e comercial, mas tem uma visão de médio e longo prazo importante para os interesses do setor privado, em especial do industrial. O Mercosul passa, nos dias que correm, por um período de grandes turbulências e dificuldades. Embora abalado e sem perspectiva, a vontade política que impulsionou a criação do Mercosul em 1991 ainda está viva. O Mercosul, assim, não vai desaparecer pois nenhum dos países membros assumirá o ônus político de pedir sua dissolução. A questão é saber como o Mercosul poderá, nos próximos anos, servir aos interesses de cada um de seus membros, se permanecerá irrelevante ou se transformará em uma alavanca para o progresso da região. No caso do Brasil, o descaso com o Mercosul não ocorre por acaso. Ele se insere no quase total abandono das relações do Brasil na América do Sul. Considerações ideológicas e falta de uma visão pragmática a respeito dos acontecimentos nos últimos anos no tocante ao lugar do Brasil no mundo, na prática, isolaram o país do seu entorno geográfico, uma de suas prioridades estratégicas, segundo a Política Nacional de Defesa. Algumas decisões podem ser vistas mesmo como contrárias ao interesse brasileiro, como o fim da UNASUL. A guerra da Rússia na Ucrânia inaugura uma nova era na geopolítica e na geoeconomia global. A tendência é o mundo ficar dividido entre o Ocidente e a Eurásia (China e Rússia). O governo dos EUA já está definindo políticas comerciais restritivas para a China e para “países pouco amigos”, que mantiverem comércio e relações com o outro lado. O fortalecimento do regionalismo deverá ser uma das consequências da guerra. Com a redução do ritmo da globalização e o novo ímpeto de medidas restritivas e protecionistas, em decorrência de medidas nacionalistas e de segurança, o Brasil deveria formular uma política comercial ativa, inclusive com o estabelecimento de cadeias produtivas regionais e respeito ao meio ambiente. A América do Sul já forma uma área de livre comércio com pouco aproveitamento de parte das empresas nacionais. A crescente presença da China na Américas do Sul em concorrência com produtos brasileiros e o pouco interesse de empresas norte-americanas em desenvolver negócios e investir na região são outros fatores que uma política externa do novo governo deverá levar em conta. Espera-se que o governo que vai se iniciar em 1 de janeiro de 2023 leve em consideração essa realidade e coloque o Mercosul novamente como um projeto de grande valor estratégico e, por isso, uma prioridade para os interesses brasileiros, sob a coordenação do Itamaraty. Rubens Barbosa, primeiro coordenador nacional do Mercosul e presidente do IRICE

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Contestando Bolsonaro: rebatendo o discurso na AGNU 2021 - Paulo Roberto de Almeida

 Contestando Bolsonaro: rebatendo o discurso na AGNU 2021

 

Paulo Roberto de Almeida

 

Texto liberado pela PR

Paulo Roberto de Almeida

Venho aqui mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões.

A mídia em geral, na sua diversidade, reflete o que se vê na realidade. Quem não concorda, quer mentir. 

O Brasil mudou, e muito, depois que assumimos o governo em janeiro de 2019.

Sim, mudou para pior: aumentou o desmatamento, o despeito à democracia, as mentiras oficiais, a mediocridade.

Estamos há 2 anos e 8 meses sem qualquer caso concreto de corrupção.

Mentira: toda a família está envolvida em corrupção, assim como a Saúde e outros. 

O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo.

Demagogia barata: mudou de religião por oportunismo; desrespeita a CF-1988 e já teve várias famílias, o que não é bom sinal. Só tem lealdade à sua tribo!

Isso é muito, é uma sólida base, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo.

Ridículo: nem o PCdoB ou o PT queriam o socialismo; só queriam extorquir os capitalistas, para viver bem.

Nossas estatais davam prejuízos de bilhões de dólares, hoje são lucrativas.

MENTIRA! Continuam dando prejuízos e são deficitárias na maior parte.

Nosso Banco de Desenvolvimento era usado para financiar obras em países comunistas, sem garantias. Quem honra esses compromissos é o próprio povo brasileiro.

Bobagem: o BNDES dos companheiros financiou sim projetos em países governados pela esquerda. Mas não consta que tenha se envolvido em falcatruas deliberadas.

Tudo isso mudou. Apresento agora um novo Brasil com sua credibilidade já recuperada.

Mudou para pior. Nunca foi tão baixa a credibilidade do Brasil, que se deteriora cada vez mais, por causa do capitão.

O Brasil possui o maior programa de parceria de investimentos com a iniciativa privada de sua história. Programa que já é uma realidade e está em franca execução.

Fantasia pura; existem muitos projetos, pois o Brasil carece de infraestrutura, mas o programa não é o maior da história; no regime militar foi muitas vezes mais, e poderá ser ainda.

Até aqui, foram contratados US$ 100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas.

Dados sujeitos à caução; o Brasil não é o imenso canteiro de obras que se apregoa e muitos projetos estão parados por desconfiança em relação ao futuro.

Na área de infraestrutura, leiloamos, para a iniciativa privada, 34 aeroportos e 29 terminais portuários.

Isso é programa para o ministério setorial, não para discurso na ONU. A informação é ridícula para a AGNU.

Já são mais de US$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias. Introduzimos o sistema de autorizações ferroviárias, o que aproxima nosso modelo ao americano. Em poucos dias, recebemos 14 requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de investimentos privados.

Não tem a mínima importância ser parecido ou não ao modelo americano. Essa continha de padeiro, contabilizando valores e projetos não é tema para discurso na AGNU, que se destina a posicionamentos do país em face dos grandes problemas da agenda internacional; disso não há sequer um traço do discurso medíocre.

EM NOSSO GOVERNO PROMOVEMOS O RESSURGIMENTO DO MODAL FERROVIÁRIO.

So what?, perguntaria o inglês. O que isso tem a ver com a postura do Brasil no plano da agenda internacional? 

Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis e redução do custo Brasil, em especial no barateamento da produção de alimentos.

Esse é um programa doméstico, que não tem nenhum interesse para a audiência da AGNU: o custo Brasil não é um assunto para esse tipo de discurso.

Grande avanço vem acontecendo na área do saneamento básico. O maior leilão da história no setor foi realizado em abril, com concessão ao setor privado dos serviços de distribuição de água e esgoto no Rio de Janeiro.

My God! O que a distribuição de água no RJ interessa à comunidade internacional? Discurso de vereador que está pensando na sua próxima eleição, não de um estadista que pretende falar em nome do seu país.

Temos tudo o que investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes ativos, tradição de respeito a contratos e confiança no nosso governo.

Por acaso se trata de um caixeiro-viajante tratando de vender boas oportunidades de mercado? Quem redigiu esse discurso regula bem da cabeça?

Também anuncio que nos próximos dias, realizaremos o leilão para implementação da tecnologia 5G no Brasil.

O Brasil já está atrasado, e o governo mais ainda na questão do 5G, porque ficou cedendo a instintos anti-chineses da administração americana anterior.

Nossa moderna e sustentável agricultura de baixo carbono alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e utiliza apenas 8% do território nacional.

Manipulando dados para ver se impressiona a plateia, mas o público presente está focado em outras questões, completamente alheias a isso.

Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa.

Pena que o seu governo se empenha em destrui-la sistematicamente todos os dias.

Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países.

Nenhum país do mundo tem as necessidades setoriais do Brasil. 

O Brasil é um país com dimensões continentais, com grandes desafios ambientais.

Qual é a novidade nisso? As dimensões todo mundo sabe; os desafios não estão sendo enfrentados, ao contrário.

São 8,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 66% são vegetação nativa, a mesma desde o seu descobrimento, em 1500.

O Brasil não tinha isso tudo em 1500. E é mentira que dois terços da vegetação nativa tenham sido preservados tal qual desde aquela data.

Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental.

O governo do capitão está empenhado sistematicamente em destruir o bioma amazônica, desenvolver mineração em terras indígenas, pastoreio, pensando que isso é desenvolvimento. 

Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática. Os recursos humanos e financeiros, destinados ao fortalecimento dos órgãos ambientais, foram dobrados, com vistas a zerar o desmatamento ilegal.

O capitão já estará morto em 2050 ou 2060, e não adianta prometer; o mundo quer saber o que está sendo feito agora para proteger o meio ambiente; os órgãos de controle continuam sucateados, sem pessoal, e sem os recursos necessários para desenvolver suas tarefas.  

E os resultados desta importante ação já começaram a aparecer!

Não apareceram até agora; o que se viu foi destruição, total e completa.

Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior.

MENTIRA! O que ocorreu, na verdade, foi o aumento do desmatamento, o maior em dez anos, em agosto. O capitão tenta enganar os incautos, mas não conseguirá. 

QUAL PAÍS DO MUNDO TEM UMA POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL COMO A NOSSA?

Pode ter, mas o desgoverno do capitão se empenha em destruir a política de preservação ambiental melhor do mundo.

Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia!

Virou agente de viagem, o que não é exatamente o momento mais oportuno.

O Brasil já é um exemplo na geração de energia com 83% advinda de fontes renováveis.

E isso não se deve absolutamente nada ao seu governo, e sim às três gerações anteriores de planejadores setoriais.

Por ocasião da COP-26, buscaremos consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global. Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes.

O ex-antiministro do ½ ambiente já havia feito chantagem semelhante na COP-25: se vocês querem que a Amazônia seja preservada, paguem, enviem recursos, do contrário esse governo não pode garantir que cumprirá com suas obrigações estipuladas em acordo multilateral.

O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo.

Quadro idílico que não combina com a realidade. Os demais países estão até mais empenhados na agenda da sustentabilidade, sem, no entanto, fazer propaganda do que é agenda estabelecida.

Ratificamos a Convenção Interamericana contra o Racismo e Formas Correlatas de Intolerância.

Bastava comunicar a ratificação ao departamento apropriado das Nações Unidas, sem tirar vantagem desse ato. 

Temos a família tradicional como fundamento da civilização. E a liberdade do ser humano só se completa com a liberdade de culto e expressão.

Conversa fiada para o público interno. A família tradicional já não é o único fundamento da civilização. Os revolucionários de 1789 já sabiam disso.

14% do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas. Nessas regiões, 600.000 índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades.

Quer sinalizar que são um exagero em termos de dimensões? Melhor para o futuro do Brasil. Os índios já podem desenvolver atividades econômicas em suas terras, e o fazem; o que está ocorrendo, na verdade, é uma deformação desses objetivos, com o fito de repassar a grileiros e madeireiros.

O Brasil sempre participou em Missões de Paz da ONU. De Suez até o Congo, passando pelo Haiti e Líbano.

Isso também já se sabe, e nenhuma delas ocorreu em seu governo, que ainda falta pagar compromissos com algumas delas.

Nosso país sempre acolheu refugiados. Em nossa fronteira com a vizinha Venezuela, a Operação Acolhida, do Governo Federal, já recebeu 400 mil venezuelanos deslocados devido à grave crise político-econômica gerada pela ditadura bolivariana.

Outros países acolheram muitos mais refugiados da ditadura bolivariana. A nossa Constituição e a Lei da Imigração já estabelecem esses deveres de solidariedade humana nesse tipo de caso, sem que a ideologia esteja em causa. A intenção deve ser puramente humanitária.  

O futuro do Afeganistão também nos causa profunda apreensão. Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos.

Os cristãos constituem uma minoria extremamente reduzida no Afeganistão; asilo deve ser dado em bases universais, não discriminado por religião. Ou seja, homens muçulmanos não podem vir?

Nesses 20 anos dos atentados contra os Estados Unidos da América, em 11 de setembro de 2001, reitero nosso repúdio ao terrorismo em todas suas formas.

Um cumprimento oportunista e desprovido de sentimentos reais, pois nunca se estabeleceu um diálogo direto entre os dois presidentes.

Em 2022, voltaremos a ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Agradeço aos 181 países, em um universo de 190, que confiaram no Brasil. Reflexo de uma política externa séria e responsável promovida pelo nosso Ministério de Relações Exteriores.

A rotatividade nessas ocupações de vagas nos cargos onusianos se desenvolve de modo mais ou menos natural, sem questionamentos quanto à ideologia do país. Ditaduras são escolhidas para o Conselho de Direitos Humanos da ONU: é a hipocrisia diplomática normal...

Apoiamos uma Reforma do Conselho de Segurança ONU, onde buscamos um assento permanente.

O tema da reforma da Carta, e ampliação do CSNU, não está em causa atualmente, e com o seu governo não existe chance.

A pandemia pegou a todos de surpresa em 2020. Lamentamos todas as mortes ocorridas no Brasil e no mundo.

Hipócrita! Sempre demonstrou total desprezo pelo número de vítimas no Brasil e se empenhou em aumentá-lo.

Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo.

Canalha! Se opôs a todas as medidas de controle da pandemia. Isolamento ou lockdown (que nunca ocorreu) nunca foram causas de inflação e muito menos de falta de alimentos no mundo. Existe um problema de renda, não de produção. 

No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas em 2020.

Canalha e mentiroso; governos e prefeitos foram responsáveis com as vidas humanas, o que nunca foi o caso do capitão genocida. Esse número está claramente inflado e não corresponde aos valores reais pagos à população. 

Lembro que terminamos 2020, ano da pandemia, com mais empregos formais do que em dezembro de 2019, graças às ações do nosso governo com programas de manutenção de emprego e renda que nos custaram cerca de US$ 40 bilhões.

Mais números fantasiosos e inflados, quando a realidade mostra um aumento do desemprego de 2019 para 2021. Todos os países investiram no auxílio emergencial, mas o Brasil o fez de modo improvisado e com impulsos erráticos. 

Somente nos primeiros 7 meses desse ano, criamos aproximadamente 1 milhão e 800 mil novos empregos. Lembro ainda que o nosso crescimento para 2021 está estimado em 5%.

Os números são sujeitos à caução novamente, e de toda forma, o discurso deveria ser sobre temas da agenda global, não sobre medidas de política interna que não estão na pauta das discussões ali. 

Até o momento, o Governo Federal distribuiu mais de 260 milhões de doses de vacinas e mais de 140 milhões de brasileiros já receberam, pelo menos, a primeira dose, o que representa quase 90% da população adulta. 80% da população indígena também já foi totalmente vacinada. Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil, serão atendidos.

O Brasil está claramente atrasado na vacinação, por culpa exclusiva da vacinação. Dados brutos não interessam muito, pois o que vale, sempre, é a proporcionalidade da população coberta pelas medidas e nesse terreno estamos claramente em defasagem com respeito às médias mundiais. Grande parte desse esforço se deveu a governadores, não ao governo federal, que só fez corrupção. 

Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina.

O capitão insiste no negacionismo e na oposição às medidas não farmacológicas de controle da pandemia. Tampouco fez grande coisa na vacinação. 

Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina.

CANALHA! Continua fazendo propaganda do tratamento precoce, contra qualquer recomendação científica comprovada, e se escondendo atrás do CFM bolsonarista.

Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label.

MENTE mais uma vez, e esconde os métodos que usou quando foi infectado. Esconde sua carteira de vacinação sob um sigilo de CEM ANOS. CANALHA COMPLETO, PSICOPATA!

Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial.

GRANDE IDIOTA! Pessoas e países responsáveis sempre apoiaram os métodos científicos comprovados.

A história e a ciência saberão responsabilizar a todos.

Demagogia barata. A história o condenará como um GENOCIDA que é!

No último 7 de setembro, data de nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica e patriótica, foram às ruas, na maior manifestação de nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, das liberdades individuais e de apoio ao nosso governo.

Demagogo e mentiroso. As manifestações foram claramente encomendadas com o uso maciço de recursos públicos, e deverá haver responsabilização criminal pela violação da legislação eleitoral e sobre probidade no serviço público.  

Como demonstrado, o Brasil vive novos tempos. Na economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes.

Seria patético se não fosse ridículo. O Brasil é um dos países de menor sucesso na recuperação econômica, e voltamos aos velhos tempos da inflação.

Meu governo recuperou a credibilidade externa e, hoje, se apresenta como um dos melhores destinos para investimentos.

É tão ridícula a afirmação, que não merece nenhum crédito. O Brasil vem perdendo bilhões de dólares de fuga de capitais, de brasileiros e estrangeiros.

É aqui, nesta Assembleia Geral, que, vislumbramos um mundo de mais liberdade, democracia, prosperidade e paz.

Frase banal, aliás, total déjà vu, já que se trata de uma afirmação gratuita, sem qualquer fundamento na realidade. 

Autores: burocratas da presidência e familiares ignorantes.

Autor: Paulo Roberto de Almeida, em meu próprio nome e responsabilidade

 

Brasília, 22 de setembro de 2021.