O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

Mostrando postagens com marcador desenvolvimento sustentável. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desenvolvimento sustentável. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição - Marisa Adán Gil (Época Negócios), Comentários Paulo Roberto de Almeida

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição - Marisa Adán Gil (Época Negócios), Comentários Paulo Roberto de Almeida

Comentários preliminares aos problemas da redução da pobreza e do crescimento poluidor e destruidor do meio ambiente 

Paulo Roberto de Almeida:

Ser Prêmio Nobel em Economia não necessariamente torna o premiado infalível, mais sábio ou certeiro em seus argumentos. No caso da Esther Duflo, não estamos nem falando de economia, mas de simples argumentos políticos ou politicamente corretos, que não são fundamentados em pesquisas empíricas, mas que expressam simples opiniões pessoais, algumas seriamente questionáveis.

Comecemos, por exemplo, pela primeira frase da matéria, que resume o teor do argumento da entrevistada:

O futuro da humanidade depende em grande parte de como vamos resolver seu maior problema: a pobreza.”

Não é verdade isso: a humanidade SEMPRE conviveu com a pobreza, aliás ela era extremamente pobre em TODAS as épocas passadas (com a notória e inevitável exceção dos donos do poder e dos senhores do capital (qualquer tipo de capital). A humanidade só começou a deixar de ser pobre com alguns impérios inovadores (em especial os impérios comerciantes) e a partir da primeira revolução industrial; ela está nisso nos últimos 250 anos, com a pobreza diminuindo paulatinamente (em algumas  nações até aumentando, devido à estagnação, guerras civis etc.).

Ou seja, o futuro da humanidade NÃO DEPENDE da diminuição da pobreza, pois a humanidade convive com ela desde sempre e isso nunca impediu avanços muito significativos na produção de riquezas e de muito ricos, alguns por predação, outros por produtividade, ou sorte. Vai continuar sendo assim pelo futuro previsível.

Segunda coisa errada: NÃO É A TAXAÇÃO dos ricaços que vai diminuir a pobreza. A pobreza pode até diminuir topicamente e localizadamente com alguma ajuda monetária, se os recursos forem bem empregados para reduzir enfermidades endêmicas e epidêmicas e para qualificar os mais pobres produtivamente, pois a simples ASSISTÊNCIA PÚBLICA, num sentido alimentar, representa um ajutório eventual ou ocasional, não uma prevenção contra uma recaída na pobreza, passado o efeito temporário da ajuda oficial ao consumo dos mais pobres.

Terceira coisa: essa “ajuda financeira” para combater mudanças climáticas tem o mesmo efeito: é um subsidio artificial que representa um paliativo, não uma solução à pobreza agregada ou mantida pelas mudanças negativas no meio ambiente. Estas são um dado da realidade em todas as sociedades e épocas. Mas atenção: os países ricos não se tornaram ricos apenas porque poluiram ou porque agrediram o meio ambiente (em seu próprio detrimento, diga-se de passagem). Ninguém poluiu deliberadamente com o objetivo de enriquecer: a poluição e a destruição ambiental eram simplesmente uma consequência, não necessariamente percebida de imediato, dos tipos de tecnologias disponíveis nas duas primeiras revoluções industriais, ambas à base de combustíveis fósseis: carvão e petróleo. Só se tomou consciência do crescimento destrutivo do ambiente nas últimas décadas.

Os paises pobres e não industrializados querem repetir o mesmo processo tecnológico ou pretendem que os ricos lhes forneçam tecnologias sustentáveis de graça?  Pode até ser, mas seria apenas generosidade derivada de algum remorso pós-colonial, não a via correta de se tornar rico pela via do desenvolvimento sustentável (ou seja, não destruidor, o que é muito difícil de se alcancar absolutamente). Assim como a redução ou eliminação da pobreza, o crescimento não destruidor é um processo muito difícil, que se resolve paulatinamente pela qualificação produtivo de todos os cidadãos do mundo, não exatamente pela ajuda externa. 

Uma última coisa: fome, pobreza, miséria, desigualdade, economia destruidora NÃO SÃO problemas globais, ou multilaterais, uma vez que as POLÍTICAS para atuar em todas essas frentes são SEMPRE NACIONAIS, até LOCAIS. O mundo rico pode até ajudar, mas não necessariamente com dinheiro, mas com educação dos mais pobres. Essa é uma tarefa de cada governo e sabemos que governos podem ser incompetentes e até predatórios. Infelizmente, essa é a realidade.

Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 25 de novembro de 2024

 

ÉPOCA NEGÓCIOS 

Para Nobel de Economia Esther Duflo, pobreza é o problema mais urgente e Brasil encara o desafio com ambição 

Com propostas simples e arrojadas, ela explica como o objetivo pode ser alcançado – e qual é o papel da tecnologia nessa jornada 

Por 

Marisa Adán Gil 

22/11/2024 

Esther Duflo — Foto: Época NEGÓCIOS 

 

O futuro da humanidade depende em grande parte de como vamos resolver seu maior problema: a pobreza. É o que defende Esther Duflo, ganhadora do Prêmio Nobel de Economia em 2019 (ao lado de Abhijit Banerjee e Michael Kremer) por seus estudos sobre políticas públicas relacionadas às populações carentes. Ao lado de Banerjee (seu marido) e Kremer, a economista desenvolveu um método inovador para, a partir de projetos que resolvem problemas locais, chegar a soluções que poderiam atender milhões em todo o planeta. Os programas implementados a partir de estudos do J-PAL – centro de pesquisa fundado pela economista em 2003 – atingiram até hoje 400 milhões de pessoas, em áreas como educação, saúde e microcrédito.

 

Autora de best-sellers como Boa Economia para Tempos Difíceis e Lutar contra Pobreza, Esther Duflo ampliou seus estudos nos últimos anos para abordar as mudanças trazidas pela crise climática. Em abril de 2024, durante um encontro promovido pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, apresentou uma ousada proposta de taxação de grandes companhias e bilionários para ajudar as nações e os indivíduos atingidos pelas mudanças climáticas. Pelas contas da economista – que esteve em São Paulo no mês de junho para participar de evento da Febraban –, os países desenvolvidos deveriam pagar aos emergentes US$ 500 bilhões ao ano, apenas para compensar as mortes causadas pela emergência climática. 

Confira a seguir o que ela tem a dizer sobre o futuro da economia e o papel da tecnologia para aliviar a pobreza. 


ÉPOCA NEGÓCIOS Grandes avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, vão ajudar a aliviar a pobreza ou podem piorar o problema? 

ESTHER DUFLO Sou muito ruim em prognósticos. Os dois cenários são possíveis, e ambos podem ser verdade ao mesmo tempo. Um país como a Índia, por exemplo, baseou sua estratégia de desenvolvimento nos últimos 30 anos ou mais em serviços básicos de software que podem ser facilmente substituídos por inteligência artificial. Portanto, há o perigo de que esses empregos da classe média simplesmente desapareçam. As empresas que costumavam terceirizar serviços para o país hoje podem realizar as mesmas tarefas com a IA generativa. A questão fundamental é: existe outro uso para a IA que, em vez de substituir empregos, crie vagas? Ainda não temos essa resposta. Uma maneira como a tecnologia poderia ajudar, e não apenas a IA, é na solução de problemas de desenvolvimento para ajudar os pobres. Um exemplo é o celular. O aparelho se espalhou por todo o mundo. Quando começou a ser usado para fazer transações financeiras, transformou os países da África. É uma tecnologia que foi desenvolvida para fins comerciais e acabou tendo um uso social. Isso também pode acontecer com a IA. Mas temos de estar vigilantes, muito atentos a quem perde o emprego: como esses profissionais serão compensados, como serão ajudados a encontrar outros empregos, como vão sobreviver? 


NEGÓCIOS Grande parte do seu trabalho hoje consiste em propor políticas de combate à pobreza. É possível acabar com ela? 

DUFLO Antes da pandemia, era concebível eliminar a pobreza extrema até 2030 – e não por meio de grandes revoluções, mas enfrentando os problemas um a um. Portanto, não há razão para não ser otimista. Algumas mudanças são difíceis e levam mais tempo para se concretizar. É o caso da proposta do Brasil, no âmbito do G20, de criar um imposto global para reduzir a desigualdade econômica [O Brasil assumiu a presidência temporária do G20 em dezembro de 2023, com 

mandato de um ano]. Com certeza, isso vai demorar um pouco para acontecer. Mas o movimento começou, e isso é importante. Algumas batalhas você ganha, outras você perde. Desde que você ganhe algumas vezes, já é um avanço. 


NEGÓCIOS Em abril deste ano, você apresentou uma proposta semelhante, de taxar os países mais ricos para ajudar os mais pobres a enfrentar as mudanças climáticas. Pode explicar a sua proposta? 

DUFLO É preciso tributar os bilionários e as grandes empresas em nome da justiça climática. Temos uma dívida moral. Eu e meu time fizemos uma série de cálculos e chegamos à conclusão de que os países ricos deveriam pagar US$ 500 bilhões ao ano para os países pobres, para compensar os danos gerados pela crise climática – causada principalmente pelas nações desenvolvidas. Nesse cálculo, levamos em conta apenas as mortes provocadas pelo clima. Outros prejuízos não foram levados em consideração – nesse caso, o valor seria bem maior. 


NEGÓCIOS Será que as grandes empresas e os bilionários concordariam? 

DUFLO Bem, talvez não. Mas um imposto global sobre bilionários para ajudar os pobres a lidar com as mudanças climáticas é uma ideia popular. 84% dos europeus são a favor, e quase 70% dos americanos também. Se a proposta incluir apenas os super-ricos, e se o dinheiro for para pessoas que evidentemente são as mais pobres do mundo, a grande maioria da população será a favor. Haverá resistência, claro. Os Estados Unidos provavelmente não vão cooperar por um tempo. Mas nem todos precisam participar. Se um grupo de nações fizer isso, dá para ir bem longe. 


NEGÓCIOS Você já mencionou a crise da Covid-19 como um exemplo do que os países não devem fazer. O que aquele período diz sobre o futuro da humanidade? 

DUFLO Os países ricos poderiam ter feito muito para ajudar os de baixa e média renda a lidar com a pandemia. Transferências financeiras, por exemplo. Mas estavam muito ocupados com os seus problemas. E, claro, houve toda a saga da vacina, com os países ricos acumulando doses, em vez de compartilhá-las. Foi horrível, um exemplo do que não deve acontecer. O que isso mostra é que não dá para esperar uma crise para agir. Ou esperar pela liderança do G7. Mas uma liderança como a que o Brasil mostrou no G20 tem o poder de trazer mudanças. 


NEGÓCIOS Você vê o Brasil como um país líder nas mudanças? 

DUFLO Sim. E isso nem é opinião. Ficou muito claro para todos que a liderança brasileira do G20 é muito diferente do que havia ocorrido em outros anos, porque o país realmente se posiciona em todas as frentes. O Brasil encara o desafio com  

ambição. Usar o G20 como um fórum para discutir questões como erradicação da fome é um grande exemplo de liderança. Isso foi reconhecido por todos. 


NEGÓCIOS Qual você espera ser o resultado do seu trabalho? Você se vê como uma inspiração? 

DUFLO O que dissemos quando ganhamos o Prêmio Nobel, e ainda é verdade, é que a coisa mais importante que fizemos foi criar um movimento. Meu trabalho, quaisquer dos artigos que escrevi, se eles desaparecessem amanhã, não seria uma grande perda. Mas as minhas ideias, o método que usamos para avaliar o impacto de projetos, esse tipo de mentalidade inovadora sobre políticas públicas... isso importa. Criei um laboratório que se transformou em uma grande rede de pesquisadores, trabalhando com ONGs, governos e empresas. A ferramenta que desenvolvemos permite que você possa ser realmente rigoroso na avaliação de propostas e, portanto, assumir riscos. E, se for bem-sucedido, continuar. E se não for, tentar outra coisa. Para mim, essa é a minha grande realização, a coisa mais importante que fiz ou para a qual contribuí.


terça-feira, 26 de março de 2024

Projeto Mejuruá: desenvolvimento sustentável, preservação da floresta amazônica - Rubens Barbosa O Estado de S. Paulo

Projeto Mejuruá 

Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo, 26/03/2024

Segundo alguns levantamentos há cerca de 60 projetos de preservação de florestas, dos quais18% localizados na região amazônica. A mudança da política brasileira em relação à Amazonia, combatendo os ilícitos nas queimadas, no desmatamento e no garimpo ilegal, de um lado e, de outro, procurando dar assistência às comunidades de povos originários, favorece iniciativas de bioeconomia para trazer o desenvolvimento econômico e social a toda região.  

Muito se tem discutido sobre a responsabilidade das empresas na sustentabilidade ambiental e na preservação do meio ambiente. Poucos são os projetos realmente inovadores. Ainda menor é o número de projetos importantes que combinam a conservação da floresta amazônica, com a preocupação social, ao levar em conta os interesses das comunidades da região.

Um dos projetos mais inovadores anunciados publicamente é o projeto Mejuruá de conservação florestal, localizado nos municípios de Carauari, Juruá e Jutaí, no coração da região centro oeste do Estado do Amazonas. A cidade de Carauari, com cerca de 30.000 habitantes é contígua a área conhecida como Fazenda Gleba Santa Rosa de Tenquê. A área é privada, estendendo-se por mais de 903.000 hectares de floresta tropical amazônica, riquíssima em biodiversidade. O manejo sustentável da floresta será efetivado em 160.000 hectares, cerca de 18% da propriedade, a ser operado ao longo dos próximos 30 anos. Concebido no contexto da iniciativa REDD+, o projeto, nestes 30 anos, deverá evitar a emissão de perto de 82 milhões de toneladas de COequivalente.

 A principal característica do projeto é a combinação entre a conservação da floresta, a preservação da biodiversidade e as iniciativas sociais em favor das comunidades locais, contribuindo para reduzir o desafio da mudança do clima, conter o aquecimento global reduzindo as emissões de gás de efeito estufa e apoiar atividades econômicas que possibilitem a melhoria do nível de vida na região.

O plano de ação que está sendo implementado apresenta três vertentes: proteção da natureza, apoio às comunidades locais, inclusive indígenas, e desenvolvimento socioeconômico, sempre respeitando a ecologia. A parceria com as comunidades locais será efetivada para melhorar a infraestrutura e o uso de tecnologia, ênfase na educação, na geração de emprego e no estímulo à vida comunitária. Estão previstos investimentos da ordem de algumas dezenas de milhões de dólares, apenas na área social.

            Assim, o fortalecimento da proteção e o monitoramento da área visam a manter a floresta em pé, promover a economia verde baseada em produtos da biodiversidade e do trabalho local tradicional. Com o desenvolvimento, a potencial parceria econômica com as comunidades locais e o valor ambiental da floresta amazônica, gerarão benefícios para os habitantes locais e serão aproveitados por todas as comunidades ribeirinhas e vizinhas nas áreas protegidas e seu entorno, com a criação de empregos, geração de energia verde e a proteção à biodiversidade na fauna e na flora. O plano social está sendo implementado com a construção ou melhoria das habitações, educação, água potável, assistência à saúde, energia elétrica e acesso à internet. A criação de empregos será decorrência do manejo florestal sustentável e do desenvolvimento industrial para beneficiamento da madeira e planta de energia de biomassa, além de  outras atividades econômicas (bens e serviços). Entre diretos e indiretos, serão criados de 2.000 a 3.000 novos empregos no local, com diferentes níveis de qualificação.

            O projeto deverá também contribuir com o Estado para a implementação de políticas de desenvolvimento econômico na região, por meio de convênios de colaboração firmados nas esferas estadual e municipal, apoiando a sua implementação e definindo atividades a serem tocadas a quatro mãos, entre governo e iniciativa privada. Não menos importante tem sido o engajamento com entidades não-governamentais, inclusive as locais.


Do ponto de vista econômico, o projeto gera recursos com a criação na área de instalações industriais para o processamento da madeira originária do manejo sustentável da floresta e do extrativismo explorado diretamente pelos ribeirinhos, principalmente a pesca, além do aproveitamento dos recursos da biodiversidade, como o açaí, cuja cadeia de valor será apoiada pelo projeto em benefício das famílias dedicadas à sua coleta e processamento. A preservação da floresta possibilitará a utilização de créditos de carbono gerados pela redução da emissão de gás de efeito estufa. No seu conjunto, o projeto apresenta um perfil econômico autossustentável.


Para alcançar a proteção ambiental e outros objetivos da agenda ESG, o projeto adotou padrões internacionais e está se qualificando para várias certificações, inclusive da VERRA e da PEFC.

            O projeto foi concebido e está sendo implementado pela BR ARBO Gestão Florestal, companhia brasileira especializada na gestão de sustentabilidade florestal, com presença e cooperação das comunidades locais. Conta com o apoio estratégico e econômico de um grupo investidor europeu, sob a liderança do empresário Gaetano Buglisi.

            Um paradigma a ser replicado na Amazônia e em outras regiões.


Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e Membro da Academia Paulista de Letras.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

O passivo ambiental e diplomático do Brasil - Carlos Bocuhy (PROAM)

Tenho de agradecer ao autor deste artigo, Carlos Bocuhy, ainda que ele tenha exagerado um pouquinho quanto ao meu estado de "degredado"; não fui abandonado aos canibais numa praia deserta, nem condenado às galeras, apenas lotado no Arquivo, meu segundo lugar preferido no âmbito do Itamaraty, depois da Biblioteca: 

"O embaixador Paulo Roberto de Almeida, crítico do aparelhamento ideológico que vem tomando o Itamaraty, foi degredado aos arquivos no subsolo da chancelaria, após apontar que textos de Araújo são puro delírio, bem a gosto de Olavo de Carvalho, guru de Jair Bolsonaro e seus comandados."

Mas, ficou simpático, ser colocado ao lado do embaixador Ricupero, como crítico do PIOR DESGOVERNO de nossa história, e da horrorosa política externa ANTINACIONAL e ESQUIZOFRÊNICA. 

 

Carlos Bocuhy
Carlos Bocuhy é presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam)

O passivo ambiental e diplomático do Brasil

Carlos Bocuhy
O ECO, segunda-feira, 1 fevereiro 2021 14:16
https://www.oeco.org.br/colunas/carlos-bocuhy/o-passivo-ambiental-e-diplomatico-do-brasil/
Foto: Alan Santos/PR.

O governo brasileiro tem agido de forma irresponsável na área internacional e vem acumulando perdas substanciais para a área ambiental. A começar pelo naufrágio do Fundo Amazônia, cujos recursos não são mais aportados pela Noruega e Alemanha, e cujo saldo em caixa está paralisado pela incompetência estatal.

A diplomacia brasileira encontra-se mais e mais desacreditada no cenário internacional. O Itamaraty tornou-se um pária entre seus pares na agenda global, diante da condução exótica do chanceler Ernesto Araújo, denunciada no estudo que aborda “A conspiração globalista de Jair Bolsonaro nas relações internacionais”, produzido pelo Instituto de Relações Internacionais da USP e da Fundação Getúlio Vargas. Foram analisados 480 pronunciamentos, vídeos e discursos do chanceler, que realizou em dois anos o maior número de manifestações entre outros personagens do 1º escalão e do próprio Jair Bolsonaro. Internamente, Araújo é considerado “descolado da realidade” por seus pares, devido à sua ideologia e fanatismo por teorias de conspiração.

O embaixador Paulo Roberto de Almeida, crítico do aparelhamento ideológico que vem tomando o Itamaraty, foi degredado aos arquivos no subsolo da chancelaria, após apontar que textos de Araújo são puro delírio, bem a gosto de Olavo de Carvalho, guru de Jair Bolsonaro e seus comandados.

Para a área econômica, a atuação do Itamaraty não foi uma surpresa  e foi um desastre. A subserviência à figura do ex-presidente Donald Trump, objeto de impeachment e rejeição por lideranças americanas e internacionais; as sucessivas manifestações antagonizando a China, que consome grande parte das commodities brasileiras e detém poder na liberação de insumos e vacinas anti-Covid-19 para o Brasil, acabaram sendo motivo de chacota internacional e um tiro no pé dos brasileiros.

A antagonização da comunidade europeia afundou as tratativas de acordo com o Mercosul, uma distensão que se torna cada vez mais grave em função da degradação ambiental do cerrado e da Amazônia, em sua relação com os produtos agrícolas para exportação. Além disso, a OMC está apertando o cerco aos degradadores, ao sinalizar mecanismos de penalização a países que produzem às custas da destruição do meio ambiente. Com forte apelo ambiental, surge um novo regramento que visa evitar a concorrência desleal.

Agora, sem Trump no cenário, a política ambiental americana tende a apertar os acordos econômicos vinculando-os à regularidade ambiental, especialmente a climática. Joe Biden vem sendo fortemente pressionado por expressivos e articulados ativistas para tomar medidas que condicionem os acordos com o Brasil à conformidade de proteção da Floresta Amazônica.

Na área ambiental o Brasil perdeu liderança e protagonismo, desde que deixou de sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas, em 2019. Passou por vexame nas reuniões posteriores, onde o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi de chapéu na mão pedir recursos, enquanto não fazia a lição de casa.

“Agora, sem Trump no cenário, a política ambiental americana tende a apertar os acordos econômicos vinculando-os à regularidade ambiental, especialmente a climática”

O isolamento e a perda de imagem do Brasil no cenário internacional tendem a aumentar, pois o exótico modelo ideológico de Bolsonaro e Araújo não apresenta condições para arrefecer, pelo fato de que a ação política populista de Bolsonaro, sem conteúdo construtivo e sem sensibilidade ambiental, tende a continuar a desmantelar mecanismos de proteção ambiental, antagonizar e buscar inimigos, estratégia única da qual se utiliza para se manter junto à sua base sectária.

Recentemente Araújo começou uma guinada para tentar sua sobrevivência política diante do desgaste que provocou para o Itamaraty nos últimos dois anos. Iniciou uma série de pronunciamentos de que haveria alinhamento com a política ambiental de Joe Biden. Mas recentemente o chanceler discursou na formatura de novos diplomatas no Instituto Rio Branco afirmando que era melhor ser um país pária do que se render aos interesses “globalistas”. Joga com a imagem do Brasil a seu bel-prazer, orientado aparentemente pelos fantasmas de sua obsessão. Ao mesmo tempo lideranças no Congresso Nacional elegeram Ernesto Araújo o pior ministro do governo, seguido por Ricardo Salles.

Os indicadores de credibilidade da política externa brasileira encontram-se profundamente abalados. O ex-embaixador Rubens Ricúpero afirmou que levaremos ao menos duas gerações para recuperar a credibilidade no cenário internacional. Não será diferente internamente. Centenas de normativas ambientais, os sistemas de gestão pública federais e os mecanismos de gestão participativa foram fortemente desfigurados.  Serão décadas para sua reconstrução, quando este momento de horror para a área ambiental brasileira passar. Há um ditado na área geológica que afirma que a história geológica vive grandes períodos de estabilidade e curtos períodos de horror.

Desde o início dos 40 anos de construção da Política Nacional de Meio Ambiente, estruturada em 1981, foram 39 anos de construção e agora dois de horror, onde foi gerado um elevado passivo externo e interno.

O desenrolar da história recente mostra que governos despreparados, com falta de empatia para com o ser humano e a cadeia da vida, mereceram apenas um curto voo de galinha ou o ostracismo. É natural que assim seja, dentro de um mundo em constante avanço civilizatório. As estruturas suprainstitucionais, como as Nações Unidas, foram criadas depois de períodos conflituosos e a era atual, frente à ameaça global das mudanças climáticas, trará transformações estruturais para a proteção ambiental como já apontam as Nações Unidas, a OMC, a Comunidade Europeia e o governo de Biden. As tendências apontam o início do fim da era do petróleo e da sobrevida do isolacionismo dos párias das mudanças climáticas.

Será necessário reconstruir o bom perfil do Itamaraty e retomar uma saudável e proativa política multilateral, que privilegie a solidariedade entre as nações. Os brasileiros terão que despender muito esforço para a reconstrução da imagem externa e reestruturação da gestão institucional e normativa, além de promover um intenso trabalho de recuperação ambiental do que foi destruído neste lapso antissustentabilidade da história do Brasil.

 

As opiniões e informações publicadas na área de colunas de ((o))eco são de responsabilidade de seus autores, e não do site. O espaço dos colunistas de ((o))eco busca garantir um debate diverso sobre conservação ambiental.

 


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Destaque IEDI: conciliação entre crescimento econômico e desenvolvimento sustentável

 

DESTAQUE IEDI
29/10/2020 
  
Economia sustentável e crescimento mundial 
  
Crescimento econômico e sustentabilidade ambiental não são objetivos opostos. É o que mostra estudo recente do FMI. Políticas econômicas apropriadas podem ajudar a enfrentar os desafios da mudança climática e, ao mesmo tempo, manter a economia mundial numa trajetória sustentável de crescimento. A combinação de imposto sobre a emisão de carbono e subsídios para produção de energia verde mais barata e abundante incentiva o setor privado a investir em adaptações verdes e na adoção de matriz energética sustentável. Como resultado, contribui diretamente para elevar o emprego e o PIB mundial. 
  
1% 
No curto prazo, uma economia mais sustentável aumentaria o PIB mundial em 1% na média de 2021-23, principalmente pelos investimentos em infraestrutura. 
  
  
Após 15 anos, os ganhos da transição energética continuariam importantes, mesmo com o imposto sobre carbono: +0,8% no PIB mundial na média do triênio de 2036-38.
  
0,8% 
  

terça-feira, 5 de maio de 2020

A Amazônia legal e os desafios da política externa brasileira - Paulo Roberto de Almeida

A Amazônia legal e os desafios da política externa brasileira

Paulo Roberto de Almeida
[Objetivo: nota de informação; finalidade: apresentação online, 7/05, FENERI]


A Amazônia Legal na história e nas relações exteriores do Brasil
O conceito de Amazônia Legal – que cobre uma área que compreende cerca de 60% do território brasileiro, mas apenas 12% de sua população (embora mais da metade dos povos indígenas), em nove estados da federação – é uma construção mais política do que geográfica, embora o bioma amazônico perpasse os nove estados englobados em sua definição: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, totalmente, e parte do estado do Maranhão. As preocupações com o desenvolvimento insuficiente da região datam de meados do século XX, mas a construção do conceito político de Amazônia legal foi mais recente, no último terço do século, progressivamente.
As interações da Amazônia com a política externa são bem mais antigas, obviamente, e têm a sua partida ainda na era colonial, mais exatamente durante a união dos dois reinos ibéricos, quando pela primeira vez portugueses e brasileiros ultrapassaram a linha traçada ainda antes da chegada dos navegadores à costa atlântica da América do Sul, aquela que tinha sido negociada em Tordesilhas, em 1494. Poucos observadores ou até mesmo historiadores se dão conta de que Tordesilhas representa uma inovação diplomática fundamental, nos albores da era moderna: pela primeira vez, dois reinos independentes prescindem de uma bula papal – a que tinha sido concedida um ano antes, por um papa espanhol tremendamente corrupto, pela Inter Coetera – e decidem fixar de modo soberano seus limites respectivos a todas as novas terras descobertas e a descobrir entre o Novo Mundo, a África e a Ásia. Ofereci algumas considerações sobre esse importante tratado em um capítulo, A diplomacia dos descobrimentos: Tordesilhas e o desenho do Brasil”, de um dos meus livros – Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998) –, que encontra-se disponível em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/42694780/A_diplomacia_dos_descobrimentos_Tordesilhas_e_o_desenho_do_Brasil_1998_).
(...)

Íntegra disponível neste link da plataforma Academia.edu: 


quarta-feira, 30 de maio de 2018

Premio Samuel Benchimol de desenvolvimento sustentável da Amazonia

PRÊMIOS PROFESSOR SAMUEL BENCHIMOL E BANCO DA AMAZÔNIA DE EMPREENDEDORISMO CONSCIENTE


RESUMO DO REGULAMENTO DA EDIÇÃO 2018

MODALIDADES E CATEGORIAS
PRÊMIO PROFESSOR SAMUEL BENCHIMOL
A Categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica almeja contemplar projetos inovadores que resultam de estudos que consideram simultaneamente ou individualmente a conservação ambiental, a responsabilidade social e ou a viabilidade econômica.  
Categoria Personalidades dedicadas ao Desenvolvimento Sustentável da Região Amazônica tem como objetivo agraciar personalidades do meio empresarial e acadêmico, que se destacaram em prol do desenvolvimento sustentável na Região Amazônica.   
       
PRÊMIO BANCO DA AMAZÔNIA DE EMPREENDEDORISMO CONSCIENTE
A Categoria Iniciativa de Desenvolvimento Local (IDL) tem como objetivo premiar iniciativas na Região, que revelem através de sua prática o potencial de transformação da Região Amazônica em prol do seu desenvolvimento sustentável e almeja contemplar as que trazem em seu escopo conceitos e práticas de Economia Criativa, Economia Verde e/ou Agroecologia e Produção Orgânica.

A Categoria Empresa na Amazônia tem como objetivo premiar empresas na Região Amazônica que sejam importantes no fortalecimento de cadeias produtivas dos setores que conduzam ao desenvolvimento sustentável da Amazônia, bem como ao aproveitamento comercial sustentável da biodiversidade da Região.
A Categoria Micro empreendimento na Amazônia (Prêmio Florescer) homenageia 02 (dois) microempreendedores, valorizando o caráter empreendedor do pequeno negócio de sucesso na Amazônia, desenvolvidos nos meios urbano e rural.

PREMIAÇÃO
Para a Categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica serão selecionados três projetos a serem agraciados sendo que o primeiro colocado receberá o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais); o segundo colocado, R$ 15.000,00 (quinze mil reais); e o terceiro colocado, R$ 10.000,00 (dez mil reais). No caso de serem selecionados apenas dois projetos, caberá ao primeiro colocado R$ 45 mil, e ao segundo colocado R$ 15 mil. Havendo somente um vencedor, este receberá o valor total de R$ 60 mil.
Para a Categoria Iniciativa de Desenvolvimento Local (IDL) serão selecionadas três empresas a serem agraciadas sendo que a primeira colocada receberá o valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais); a segunda colocada, R$ 15.000,00 (quinze mil reais); e a terceira colocada, R$ 10.000,00 (dez mil reais). No caso de serem selecionadas apenas duas empresas, caberá a primeira colocada R$ 45 mil, e a segunda colocada R$ 15 mil. Havendo somente uma empresa vencedora, esta receberá o valor total de R$ 60 mil. 

CRONOGRAMA
Inscrições:          21.05.2018 até 10.08.2018
Julgamento:        18.10.2018
Outorga:              23.11.2018

Importante - Os autores das propostas encaminhadas aos Prêmios autorizam a publicação impressa e eletrônica das informações apresentadas no ato da inscrição, no Relatório Anual dos Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente.

Obs:
1-      Em caso de dúvidas favor utilizar o Fale Conosco
 Regulamento completo e modelos de apresentação de projetos e indicação de empresas e personalidades disponíveis para Download abaixo:


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Economia: a propriedade privada preserva recursos escassos - Patrick Barron (Mises Institute)

A contrario senso do que pensam a maioria dos ativistas ecológicos e ambientalistas pouco dotados de conhecimentos econômicos, a propriedade privada é mais propensa a preservar os recursos ambientais e garantir o tal de "desenvolvimento sustentável" -- um conceito totalmente enganoso -- do que a propriedade pública desses recursos e as políticas intervencionistas estatais no contexto dos chamados "bens comuns".
É o que argumenta esta nota do Mises Institute, como sempre partidário das soluções liberais e privatistas na regulação de TODA a atividade econômica. Vamos ler...
Paulo Roberto de Almeida 

Why We Need Private Property to Deal with Scarce Resources
Patrick Barron
Mises Daily, November 2, 2015

Scarcity of resources exists in many forms and is the problem in economics. If resources were not scarce, there would be no need to economize. The existence of scarcity is true of all resources (such as time, human energy, and natural resources). However, it is not necessarily intuitive that allowing scarce resources to be owned privately is the solution to this problem.

Consequently, socialism appears attractive to many and they turn to having all resources owned collectively for the “common good.” Unfortunately, a society which spurns private property — and hands resources over to government planners instead — often learns the terrible lessons of central planning and the tragedy of the commons (i.e., commonly held resources will be plundered to extinction).

If society spurns allowing private ownership of resources, it must find some other means to prevent the tragedy of the commons and to allocate goods. Historically, the means chosen is the use of force and central planning. Throughout history, most of mankind has been divided into a hierarchical system of masters and slaves with some gradations between the two extremes. The masters (pharaohs, emperors, kings, sultans, warlords, etc.) devised complex rules-based systems for resource distribution that were decided by a small number of people and not by markets. And ultimately, these plans depended upon pure terror for enforcement. But this so-called solution to the problem of scarcity — restricting the people’s liberty through the use of force — does not work.

Problem 1: We Can’t Economize Without Effectively Ordering Our Preferences First
The gradual growth in the understanding of what we now regard as basic economics eventually ended thousands of years of subsistence existence for the masses in the West. Modern economics explained that without private ownership of resources, there was no mechanism for observing or acting on ordinal preferences in which persons prioritize desires from highest to lowest. Without a way to allocate goods according to ordinal preferences, there is no rational means to economize for the betterment of society.

In other words, without markets and prices, there is no way to know what people really want or need, so the masters never really knew what to order the slaves to produce, what technical means to use, what alternative materials to use, the quality desired, or how much to produce. Thus, the commissars of the Soviet Union ordered the production of inefficiently produced, shoddy goods. The Soviet empire collapsed, despite the fact that Russia is blessed with vast natural resources and an industrious population.

Problem 2: Few Raw Materials Are Ready to Consume
A second fatal problem with common/government ownership of resources is that few readily available, consumable resources actually exist. There are no resources on the planet that do not require at least a minimum of effort to transform into a consumable product. Even edible berries growing in the wild must be harvested, meaning that someone must transport himself to the berries’ location and pull them from the bush at just the proper time. The cost of doing so is the value one places on forfeiting his leisure. Of course, other natural resources require much more effort to convert to consumable products, passing through many stages of production.

For example, timber and minerals must be extracted, harvested, etc. and then molded into something that can be consumed. Consider a hiker lost in the wild. It matters not at all to him that great stands of timber lie within easy reach or that valuable minerals lie under foot. These natural resources require great effort over very long time periods to be converted into something consumable, as is the case with converting timber into a shelter or crude oil into gasoline. A lost hiker does not have the knowledge, time, or previously produced means to convert these basic resources into consumable products to ensure his survival. All this is far beyond anyone's autarkic abilities.

Now let us assume that someone did harvest trees by felling them, transporting them to a lumber mill, milling them, storing them in a ventilated and dry place for many months before kiln-drying them (all processes that are required to turn trees into useable lumber), advertising their availability to contractors, keeping sales records, sending out bills, and collecting the bills, only to have a socialist call him a plunderer and confiscate his lumber for free distribution to whomever the masters deemed to be politically advantageous to their continued privileged position. No one other than the favored cronies of government would ever harvest another tree. In other words, production of usable lumber would be monopolized, and as with all cases of monopolies, prices would increase and quality would decline. Moreover, with no voluntary market at work in timber and forest land, there would be no means of knowing if these resources were being used in a way valued by those who valued them most.

At the same time, the central planners could not let just anyone harvest the trees or access the land. If the trees had no owners, great forests would be denuded in short order because there would be no social mechanism to prevent what would amount to a tragedy of the commons by order of the state.

Problem 3: We Need Private Property to Build Capital
Without the ability to profit from privately owned property, there would be no incentive to provide or withhold capital for any endeavor. Also, a system of private ownership is necessary to determine if that capital is being used in a way the consumers value. The consequences of ignoring this fact of economic science is most evident today in China's ghost cities, where resources, both natural and human, have been expended for no observable benefit except to advance the careers of politicians who can claim to have met the requirements of the latest Five Year Plan. Timber and other resources were provided to build ghost cities, not because the owners of the resources sought to be economical with their resources, but because government edicts required that timber, concrete, gasoline, and more be used to produce what are now empty cities.

The opposite case of resource waste comes from special interest groups who capture the political apparatus of the state and prohibit exploitation of resources by private individuals. In the name of protecting Mother Gaia from being plundered, modern environmentalists have convinced the political class that most progress is unsustainable, dangerous to our health, or any number of other specious claims. Society is prevented from benefiting from their conversion to consumable products. The poor suffer the most from these policies as the prices of raw materials — and thus finished consumer goods — are driven up.

Private ownership insures that valuable resources will never be plundered to extinction, because their value will have been capitalized. Instead, private owners will seek to make resources as widely available as possible without endangering the long-term prospects for future harvesting of resources. The process of determining a resource’s capitalized value is impossible absent free-market capitalism with strict defenses of property rights.

Despite both the theoretical and empirical evidence to the contrary, socialists tell us the opposite; i.e., that state ownership of all resources will prevent their plunder and ensure prosperity for all. As Ludwig von Mises explained, though, socialism is not an alternative economic system of production. It is a system of consumption only, and a system of economic ignorance and economic plunder.