O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A realidade e a percepção: como distinguir uma da outra? - Paulo Roberto de Almeida


A realidade e a percepção:
Como distinguir uma da outra?

Paulo Roberto de Almeida 

Pessoas normais são influenciadas pelo que leem, ouvem, veem, sobretudo na televisão, e agora, crescentemente, nos meios digitais de comunicação e de informação. Daí a importância da propaganda e da publicidade (as duas não devem ser confundidas) na formação de imagens, conceitos, de opiniões.
O PT, partido formado em boa parte por quadros conscientes dos efeitos da propaganda política sobre as grandes massas, aprendeu, desde sempre, a importância de dispor de uma eficiente máquina de propaganda (e não tanto de publicidade, pelo menos não a verdadeira) para obter vitórias políticas e eleitorais.
O que se assistiu, na última década (mais exatamente nos últimos doze anos) foi a uma campanha maciça de propaganda destinada justamente a enaltecer os feitos dos governos lulo-petistas, servindo, paralelamente, para ampliar os recursos do partido com oportunidades inéditas de faturamento semilegal, como evidenciado em diversos casos de contratações suspeitas ou claramente superfaturadas.
Uma comparação dos gastos “publicitários” dos governos anteriores com os recursos mobilizados e executados sob os governos lulo-petistas revelaria, justamente, um crescimento exponencial desses gastos, muito acima do simples crescimento do PIB, bem mais do que a inflação e até superiores ao aumento – já por si exagerado – dos gastos públicos em geral, todos eles em escala ascendente. A população brasileira não tem consciência da evolução especialmente exorbitante desses gastos, e certamente se espantaria se lhe fosse apresentada uma tabela comparando, por exemplo, a expansão da propaganda indevida – que se tenta disfarçar como publicidade governamental – com o crescimento (ou até a diminuição relativa) das despesas em saúde, educação, transportes ou segurança pública.
A realidade desses setores é amplamente negativa, como revelado nas manifestações espontâneas da classe média (nova ou velha, não importa muito agora) de junho de 2013, mas a percepção que a população tem do governo e dos governantes é sem dúvida, amplamente mais favorável do que deveria ser, fruto, justamente, da intensa propaganda feita em favor desses governos, pelos próprios. Essa percepção é parte tornada ainda mais distante da realidade por obra de uma classe de jornalistas amplamente favorável ao governo, o que também é fruto de anos e anos de uma formação deficiente nas faculdades de jornalismo, maciçamente dominadas por uma ideologia antimercado e pró-intervenção do Estado na economia.
Esses dois fatores básicos – gastos excessivos em propaganda governamental e atitude favorável de repórteres e jornalistas – explicam a grande distância entre a boa imagem do governo e o seu péssimo desempenho na maior parte dos gastos públicos. O esforço governamental, sobretudo partidário, continua de forma ainda mais intensa, e deve produzir resultados eleitorais compatíveis com os recursos investidos. Como se diz na linguagem publicitária, a propaganda é a alma do negócio. Nunca antes na história do Brasil o negócio político vendeu sua alma para assegurar a continuidade de um poder construído em grande medida sobre a base de imagens falsas.
Provavelmente, como também se acredita no meio político, as percepções são mais importantes do que os fatos. E não existe nenhuma dúvida de que as versões mais frequentes são aquelas apoiadas na propaganda mais intensa. Recursos não faltam para isso, ao que parece...

Paulo Roberto de Almeida
Toronto, 22 de setembro de 2014, com base em texto de:
Montreal, 4-5 de julho de 2014

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Redistribuicao de renda, estilo companheiro: quem ajuda aos seus...

Existem coisas que me causam asco profundo ao postar aqui e esta é uma delas.
Normalmente eu NUNCA postaria uma coisa destas num blog que é essencialmente destinado a discutir políticas econômicas, política internacional, relações exteriores, livros, enfim, coisas inteligentes para pessoas inteligentes, como está escrito aí em cima.
Mas como eu leio muita coisa, sempre aparece algum material mais heterodoxo, que cabe registrar para a posteridade.
Esse justamente, NÃO É um deles, mas tem certas coisas que não nos deixam indiferentes.
Pessoas animadas de um resto que seja de espírito cívico não conseguem ficar indifentes ao amontoado de patifarias que surgem todos os dias, todas as horas, emanadas do esterco imundo em que essa gente tenta mergulhar o Brasil.
Considero ser do dever de cada um de nós afastar a máfia que tomou de assalto o Brasil.
Sinto muito mas não consigo ficar indiferente, e acho ser do meu dever contribuir de alguma maneira para fazer cessar esse tipo de vergonha que me constrange profundamente.
Assim, com mil desculpas por postar sujeitas desse quilate, aqui vai, como informação apenas.
E como alerta, claro.
Se não quisermos afundar ainda mais, se não quisermos nos arrepender amanha, no ano que vem, nos próximos anos, temos de fazer alguma coisa.
Este blog é a única arma de que disponho para expressar minha mais profunda ojeriza a este tipo de situação.
Paulo Roberto de Almeida

Mulher de Franklin Martins recebeu R$ 6 milhões do governo 

Políbio Braga, 17/07/2014

Franklin Martins está com o prestígio sendo corroído dentro do governo Dilma, porque a residente ficou contrariada com a repercussão de post publicado pelo ex-ministro de Lula contra a CBF após a Copa do Mundo e pediu que o site Muda Mais fosse desvinculado de sua campanha à reeleição. A partir de agora, apenas o dilma.com.br, sob responsabilidade de João Santana, é considerado como porta-voz de seu comitê; a página comandada pelo ex-ministro de Lula é tratada como linha de apoio à candidatura petista

. A seguir, artigo de Rodrigo Constantino, www.veja.com.br, contando como é um bom negócio ser petista de carteirinha como Franklin Martins. Leia:

Só um milhão? Muito pouco…
Segundo reportagem na Folha, a mulher de Franklin Martins já embolsou R$ 6 milhões do governo por serviços prestados. Mônica Monteiro é sócia majoritária da Cine Group, empresa que ganhou pouco mais de R$ 30 mil em 2004, ano em que foi registrada no DF. Ano passado, embolsou R$ 1,2 milhão. Em dez anos, foram R$ 6 milhões, prestando serviços para a Presidência e ministérios.
Os pronunciamentos eleitoreiros da presidente Dilma, por exemplo, tiveram sua empresa subcontratada. O maior contrato, de R$ 2,3 milhões, foi firmado com a EBC, estatal que teve o próprio Franklin Martins como um dos principais criadores. É a dona da TV Brasil, mais conhecida como “TV traço”, pois não tem audiência alguma. Mas, como fica claro, a audiência não é o principal negócio da emissora estatal…
Franklin Martins, aquele que dorme e acorda pensando em como destruir o grupo Globo, seu ex-patrão, disse que teve influência “zero” nos contratos da Cine Group com o governo. A empresa também afirma que o relacionamento entre Mônica e Franklin não teve nenhum peso nos contratos.
Eu acredito! Assim como acredito que Lula nada sabia sobre o mensalão. Como acredito que José Dirceu está na Papuda por que foi vítima da perseguição da “elite branca” comandada por Joaquim Barbosa. Como acredito que o PT adora a democracia. Como acredito no Saci Pererê, no Coelho da Páscoa e em Papai Noel…
PS: Ficou mais fácil entender por que o PT luta tanto para “democratizar” a imprensa, ou seja, controlar cada veículo hoje independente? Notícias assim você não vai ver na TV Brasil.

sábado, 28 de junho de 2014

PAC = Propaganda Arranjada dos Companheiros, um fracasso, como sempre...

O PAC da propaganda
Editorial do jornal O Estado de S.Paulo, 28/06/2014

Um trem fantasma circula entre Campinas e Rio de Janeiro, correndo nos trilhos imaginários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Prometido inicialmente para este ano, o trem-bala nunca saiu da promessa, continua como um vago projeto e, assim mesmo, seu status aparece como "adequado" no 10.º balanço do PAC, apresentado na sexta-feira pela ministra do Planejamento, Míriam Belchior. Em agosto do ano passado o leilão do trem de alta velocidade, com percurso de 511 quilômetros e custo estimado de R$ 32 bilhões, foi adiado pela terceira vez. Mas oficialmente o projeto está em dia.
Bastaria essa classificação para minar a credibilidade de mais um balanço triunfal de realizações federais. Mas outros dados comprovam, mais uma vez, o baixo grau de sucesso de um programa destinado principalmente, como indica seu nome, a ampliar a capacidade de expansão da economia brasileira.
O novo relatório comprova, mais uma vez, a predominância dos gastos com habitação no mais vistoso programa do governo central. A execução orçamentária do PAC 2 até 30 de abril deste ano envolveu aplicações de R$ 871 bilhões, 84,6% do total previsto para o período 2011-2014. Os financiamentos habitacionais, R$ 285,3 bilhões, corresponderam a 32,7% do valor aplicado. Nem sequer se poderia classificar esse montante como investimento, até porque o dinheiro pode ter sido gasto, no todo ou em parte, em imóveis velhos.
Somando-se a isso as aplicações do programa Minha Casa, Minha Vida, R$ 78 bilhões, chega-se a R$ 361,6 bilhões, ou 41,7% dos R$ 871,4 bilhões comprometidos entre 2011 e o fim de abril. O resto é dividido entre os demais setores, com destaque para os de energia e de transportes.
Não há como desmentir: o PAC é essencialmente um conjunto de financiamentos e investimentos habitacionais. Os programas de moradia podem ser importantes socialmente, economicamente úteis e louváveis sob vários aspectos, mas a aceleração do crescimento, finalidade explícita do programa, depende muito mais de investimentos em infraestrutura.
Os dispêndios das estatais, R$ 231,4 bilhões desde o início do PAC 2 até 30 de abril, corresponderam a 26,6% das aplicações totais. Somados os gastos do Orçamento-Geral da União chega-se a R$ 324,2 bilhões, valor bem menor que o dedicado à habitação.
Como explicar o peso desproporcional dos gastos com habitação? A resposta provavelmente envolve a dificuldade muito maior de planejar, projetar e executar obras de estradas, ferrovias, portos, armazéns, aeroportos, centrais elétricas, sistemas de transmissão e de pesquisa, exploração e refino de petróleo.
A escassa competência do governo federal no tratamento dessas questões já foi comprovada muitas vezes, especialmente a partir do primeiro PAC. Muitos projetos emperram antes de sair do papel, ou já nas primeiras fases de execução, por descumprimento, por exemplo, dos padrões financeiros cobrados pelo Tribunal de Contas da União. Outros emperram por má administração ou mesmo por falhas escandalosas de planejamento, como, por exemplo, nos casos de centrais elétricas impedidas de funcionar por falta de linhas de transmissão.
O PAC nunca foi, de fato, mais que uma sigla usada para marketing político. Desde a primeira versão, esse nome serviu basicamente para designar uma colcha formada pela costura apenas formal de várias ações desenvolvidas, em nível federal, pela administração direta e pelas várias estatais.
Já existiam os grandes projetos do setor elétrico. O planejamento da Petrobrás, periodicamente revisto e atualizado, era parte da rotina da empresa. As necessidades do setor de transportes eram conhecidas e obras importantes estavam em execução. O PAC nada acrescentou a esse conjunto, além de um nome de fantasia e de uma bandeira de propaganda.
Esse programa - ou "programa" - teria algum valor prático se tivesse ao menos servido para introduzir maior racionalidade no planejamento federal. Nada semelhante ocorreu. Ao contrário: a qualidade gerencial decaiu, como ficou demonstrado com a desastrosa intervenção na política de tarifas de energia, com a manutenção do controle de preços da Petrobrás e com o uso das estatais para remendar as contas públicas. O resto é propaganda ruim, nem sequer enganadora.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Propanda enganosa: chefe maxima do Ipea desmentida pelo Ipea sobre reducao da pobreza

PROPAGANDA ENGANOSA
Dilma inflou dado sobre a diminuição da miséria, diz IPEA
Cálculos do instituto apontam que 8,4 milhões de pessoas saíram da miséria no Brasil e não 36 milhões, como declarou a presidente
IPEA: número anunciado por Dilma repete o apurado em outra prestação de contas
Opinião e Notícia, 12 de junho, 2014

Para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a presidente Dilma Rousseff usou dados inflados sobre a redução da miséria no Brasil no pronunciamento sobre a Copa do Mundo, transmitido em cadeia nacional na última terça-feira, 10.
Segundo o IPEA, informações do próprio governo derrubam a afirmação da presidente de que “em uma década foram retirados 36 milhões de brasileiros da miséria”.
Conforme um estudo publicado pelo IPEA em outubro do ano passado, de 2002 a 2012, o número de pessoas na extrema pobreza caiu de 14,9 milhões para 6,5 milhões. Ou seja, uma queda de 8,4 milhões ao longo dos primeiros dez anos da administração petista.
Segundo o IPEA, o balanço comunicado pelo governo foi retirado de um cálculo hipotético sobre o programa Bolsa Família, feito em 2013, pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Esse levantamento calcula apenas o número de beneficiários do programa, sem comparar a quantidade de pessoas que ainda vivem em situação de extrema miséria.
“Em 2011, havia 36 milhões de pessoas, beneficiárias do Bolsa Família, que estariam na miséria caso sobrevivessem apenas com sua renda familiar”, diz o balanço do Ministério do Desenvolvimento Social.



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pequeno erro de diagnostico na economia brasileira - Vinicius Torres Freire (FSP)

Um pequeno destaque para a segunda matéria:


  • A Secom, que formula a estratégia de comunicação da Presidência, é o órgão mais gastador da administração direta, tendo sido responsável pelo desembolso de R$ 1,68 bilhão no período de dez anos. Ela é seguida pelos ministérios da Saúde, das Cidades e da Educação.

As apostas não realizadas na economia
Vinicius Torres Freire
Folha de S.Paulo, 09/08/2013

Na primeira vez em que reuniu seus ministros, 13 dias depois de tomar posse, Dilma Rousseff acreditava que o Brasil cresceria em média 5,9% ao ano, um ritmo 50% mais rápido que o dos anos Lula. Os economistas do governo diziam, com a anuência da presidente, que o crescimento seria de 5% em 2011, 5,5% em 2012 e 6,5% em cada ano do biênio final do mandato.
A inflação cairia até chegar a 4,5% em 2012. Não haveria mais "ajuste fiscal" (redução do déficit das contas do governo), mas "consolidação fiscal", pois o "ajuste clássico" provocaria desemprego e baixa dos investimentos. Haveria "racionalização das despesas e aumento da eficiência do gasto público".
Em setembro, com o caldo daquele ano de 2011 entornado, a presidente e seus economistas não mais previam, mas se davam a meta de fazer o país crescer 4% ao ano. O governo pouparia o equivalente a 3,1% do PIB das suas receitas. O país cresceu 2,7% em 2011, 0,9% em 2012 e deve crescer algo entre 1,8% e 2,7% neste 2013. O déficit aumentou, a inflação foi maior.
O governo assumiu com a ideia de que o Brasil estava pronto para crescer no ritmo mais rápido de sua história. Eram desnecessárias mudanças institucionais (leis, rearranjos do Estado, da intervenção na economia etc.), entre outras. Ansioso, depois desesperado, o governo atacou com estímulos desordenados ao consumo, como um time de futebol fraco e pueril que parte em massa para o ataque a fim de virar o jogo, levando goleada infame.

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Dilma supera Lula nas despesas com propaganda; juntos, gastaram R$ 16 bi

Fernando Gallo
O Estado de S.Paulo, 11 de agosto de 2013 | 23h 09

Média anual é 23% maior com atual presidente, que vai tentar reeleição em 2014; montante desembolsado daria para pagar quase duas obras de transposição do São Francisco

Os gastos com propaganda do governo federal nos dois primeiros anos da gestão de Dilma Rousseff, incluindo estatais, é 23% maior, na média, do que nos oito anos de mandato de seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente também vem gastando mais - cerca de 15% -, na média, na comparação com o segundo mandato de Lula.
Ao todo, em dez anos de governo petista foram desembolsados, incluindo todos os órgãos da administração, cerca de R$ 16 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, segundo levantamento inédito do Estado.
A quantia é quase igual aos R$ 15,8 bilhões que o governo pretende investir no programa Mais Médicos até 2014. Com o valor também seria possível fazer quase duas obras de transposição do Rio São Francisco, atualmente orçada em R$ 8,2 bilhões.
Em mobilidade urbana, seria possível construir entre 25 km e 30 km de metrô em São Paulo - um terço da atual malha - ou então colocar de pé, na capital paulista, cinco monotrilhos iguais ao que ligará o Jabaquara ao Morumbi, na zona sul, passando pelo aeroporto de Congonhas.
O dinheiro gasto pelo governo com publicidade poderia também manter congelada em R$ 3 a tarifa de ônibus na cidade de São Paulo durante 50 anos.
Ainda para efeito de comparação, o valor é duas vezes superior aos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que Dilma anunciou para a capital paulista há dez dias, e que servirá para construir 127 km de corredores de ônibus, recuperar os mananciais das represas Billings e Guarapiranga, drenar vários córregos da capital e construir moradias para 20 mil famílias.
Os dados sobre os gastos com publicidade foram solicitados, via Lei de Acesso à Informação, a cada um dos órgãos que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) informou ter assinado algum contrato publicitário desde 2003. Os dados foram computados com base na resposta fornecida por eles - o governo federal afirmou que não dispõe dessas informações de maneira centralizada.
Ao comentar os resultados do levantamento, o governo ressaltou que as despesas da administração direta - ministérios e Presidência - têm o objetivo de "levar à população, em todo o território nacional, informações de utilidade pública para assegurar seu acesso aos serviços a que tem direito e prestar contas sobre a utilização dos recursos orçamentários".
No caso dos gastos da administração indireta, como as estatais, o governo argumentou que se trata de empresas que, apesar de públicas, concorrem no mercado, portanto precisam ter a imagem bem trabalhada.
Atualmente Dilma enfrenta problemas de popularidade, que já bateu recordes, mas, depois das manifestações de junho, enfrentou uma forte queda. No fim de semana, o Datafolha divulgou nova pesquisa que mostra uma pequena recuperação da aprovação do governo.
Médias comparadas. Nos dois primeiros anos de mandato da presidente Dilma, o governo federal gastou R$ 3,56 bilhões, média de R$ 1,78 bilhão por ano.
Nos oito anos de Lula, o governo desembolsou R$ 11,52 bilhões, média de R$ 1,44 bilhão. No primeiro mandato, a média foi de R$ 1,32 bilhão. No segundo, de R$ 1,55 bilhão - sempre lembrando que se trata de valores atualizados pela inflação.
O dado global de gastos com propaganda, de R$ 16 bilhões, pode ser, na verdade, ainda bem maior. Isso porque o Banco do Brasil se recusou a informar os seus gastos com publicidade entre 2003 e 2009.
Só há dados disponíveis de 2010 a 2012. Por essa razão, a fim de evitar distorções, os dados referentes ao banco só foram incluídos no valor global, ou seja, nos R$ 16 bilhões, mas descartados na comparação entre os anos.
Apenas para se ter uma ideia, entre 2010 e 2012, o Banco do Brasil gastou, também em valores corrigidos pela inflação, R$ 962,3 milhões com publicidade, média anual de R$ 320,7 milhões. É, no período, o segundo órgão que mais gastou, atrás da Caixa Econômica Federal.
Banco do Brasil à parte, a Caixa Econômica, a Petrobrás e os Correios, somados, representam 51,12% de tudo o que o governo destinou a ações publicitárias nos dez anos de gestão petista.
Por causa do peso dessas três gigantes, a administração indireta - que engloba autarquias, fundações, sociedades de economia mista, empresas públicas e agências reguladoras - concentrou 69,4% dos gastos do governo com publicidade.
Três companhias energéticas que integram a administração indireta - Alagoas, Piauí e Rondônia - não responderam ao questionamento do Estado.
Na administração direta, apenas o Ministério do Trabalho e Emprego não enviou seus dados de despesas com publicidade.
A Secom, que formula a estratégia de comunicação da Presidência, é o órgão mais gastador da administração direta, tendo sido responsável pelo desembolso de R$ 1,68 bilhão no período de dez anos. Ela é seguida pelos ministérios da Saúde, das Cidades e da Educação.
Tanto no caso da administração direta quanto da indireta, houve aumento dos gastos publicitários de 2003 para 2012. No primeiro caso, saltou de R$ 255 milhões para R$ 626 milhões, aumento de 146%. No segundo, de R$ 775 milhões para R$ 1,15 bilhão, crescimento de 48%.
Também nos dois casos, o pico de gastos ocorreu em 2009. A Secom e os ministérios gastaram R$ 752 milhões, e a administração indireta, R$ 1,22 bilhão. Era o terceiro ano do segundo ano de mandato de Lula.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

PAC da propaganda, PEC da mentira, PIC da embromacao, POC dos enganos, PUC da mistificacao - Editorial Estadao

Editorial O Estado de S.Paulo, 12/06/2013

Como de hábito, soa auspicioso o balanço oficial da execução da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Também como de hábito, porém, os números grandiosos apresentados pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não revelam a real situação de obras essenciais para melhorar a infraestrutura do País, que é a finalidade principal do PAC, e incluem valores que não significam investimentos. Além de inflado, o balanço da execução até abril é impreciso.
Visto pelos olhos do governo, o PAC vai muito bem. De acordo com o balanço oficial, já foram investidos R$ 557 bilhões desde o início do atual governo. Esse valor corresponde a 56,3% do total de investimentos programados até o fim de 2014, quando termina o mandato da presidente Dilma Rousseff. Não é um número ruim, pois, até o fim de abril, a presidente tinha cumprido 58,3% de seu mandato de 48 meses.
O exame dos valores investidos de acordo com a fonte dos recursos e com a forma de aplicação, no entanto, mostra que eles não resultam apenas do esforço do governo – quase metade dos investimentos é de responsabilidade das empresas estatais (27,4% do total) e do setor privado (20,3%) – nem foram integralmente para obras de infraestrutura.
Como vem ocorrendo há bastante tempo, cerca de um terço dos valores que o governo diz ter executado do PAC não foi aplicado nessas obras. Do balanço divulgado na segunda-feira, R$ 178,8 bilhões, ou 32,1% do total, referem-se a financiamentos habitacionais concedidos do início de 2011 até abril.
Crédito imobiliário, como vêm advertindo especialistas em contas públicas, nada têm a ver com programas de infraestrutura, que implicam investimentos em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, energia, infraestrutura urbana, entre outras áreas. Dos investimentos das estatais, por sua vez, a maior parte é de responsabilidade da Petrobrás, que tem um programa próprio de longo prazo, revisto anualmente.
Quanto aos investimentos do governo, de R$ 291,6 bilhões até abril, o balanço contém uma extensa lista de obras, classificadas de acordo com os eixos que compõem o PAC, como transportes, energia, infraestrutura urbana, área social (educação, cultura, saúde, esportes, lazer), habitação, água e energia elétrica.
Da lista fazem parte os grandes projetos anunciados pelo governo, independentemente do estágio das obras. Basta o contrato ter sido assinado para integrar o relatório. Na área de ferrovias, por exemplo, são citadas as obras da Norte-Sul e da Oeste-Leste, que enfrentam dificuldades de execução.
Na área de rodovias, está o asfaltamento da BR-163 na Região Norte – que facilitará o acesso aos portos da região e poderá desafogar os do Sul e do Sudeste -, que deveria ser concluído em 2013, mas só deverá ficar pronto em dezembro de 2015.
Sem investir o que poderia ter investido, o governo petista teve de se render à necessidade de atrair investimentos particulares – aos quais sempre se opôs – para recuperar, modernizar e ampliar a infraestrutura necessária para assegurar o crescimento da economia. Diante da notória degradação da malha rodoviária federal, da escassez de ferrovias, dos custos excessivos e da lentidão das operações portuárias, do risco de novas crises no setor aéreo por causa de aeroportos mal equipados e mal dimensionados, entre outros graves problemas de infraestrutura que não conseguiu resolver, o governo agora tem pressa em atrair o capital privado.

Em setembro, mais de um ano depois de ter anunciado o necessário Programa de Investimentos e Logística, deverão ser realizadas as primeiras licitações de rodovias. Antes tarde do que nunca. Mas, nos últimos meses do ano, haverá uma concentração de leilões, entre os quais o do trem de alta velocidade, dos aeroportos de Confins e do Galeão, de áreas nos portos públicos (inclusive Santos) e do primeiro campo do pré-sal, que vem sendo apontado pelo governo como “o maior leilão do mundo”. Haverá capital para tudo isso em tão pouco tempo?

sábado, 19 de novembro de 2011

Sempre essa nossa mania de ser o "maior do mundo"...

Que tal se fossemos um pouquinho, apenas um pouquinho mais ricos no plano individual?
Ou então ter um IDH mais elevado?
Ou uma classificação melhor em educação de base?
Ou em competitividade?
Em indicadores de mortalidade adulta, por qualquer motivo que seja?
Em transparência, ou índices menores de corrupção?
Que tal, aliás, começar pela demissão sumária de ministros mentirosos, falastrões, incompetentes?
Por exemplo, somos o governo com o maior número de ministérios do mundo?
Não sei, talvez, mas podemos começar reduzindo-os à metade...
Que tal começar falando menos e fazendo mais?
Paulo Roberto de Almeida

Presidente Dilma diz que Brasil poderá ser a quinta economia do mundo
Agência Brasil

A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta (18) que o Brasil poderá ser a quinta economia do mundo. Ao participar do lançamento de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade Urbana, em Salvador, Dilma disse que essa boa fase da economia brasileira precisa se refletir na melhor qualidade de vida para as pessoas.

De acordo com a presidente, a meta é que todos tenham um padrão de vida pelo menos de classe média. “Nós podemos e seremos a sexta economia do mundo. Podemos chegar a ser a quinta economia do mundo, nós podemos chegar ao lugar que for mais perto do primeiro, mas, o que nós devemos perseguir mesmo é um país que tenha uma qualidade de vida para a sua população, que lhe dê um padrão de classe média".

Ao analisar a crise internacional, Dilma traçou um cenário de falta de perspectivas para os países desenvolvidos. "Hoje nós estamos vivendo um momento em que percebemos que os países desenvolvidos passam por uma grave crise”. Ela disse que a preocupação do governo é manter no nível de investimentos na esfera federal e também dos estados e município

"No nosso país, temos todas as condições de enfrentar essa situação e uma das condições é ampliar o investimento em infraestrutura, na melhoria das condições de vida da população. São esses investimentos que formarão a maior blindagem contra a crise. É continuar o governo federal, o governo dos estados e dos municípios investindo".

A presidenta disse também que terá condições de investir mais do que fez o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Terei maior capacidade ainda de investimento pelas condições que eu herdei”.

Hoje o Brasil é a sétima maior economia do mundo, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), atrás dos Estados Unidos, da China, do Japão, da Alemanha, do Reino Unido e da França.

Publicado em: 18/11/2011 18:27

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Como divulgar a "verdadeira" imagem do Brasil (com o seu dinheiro, claro...)

Essa coisa de transmitir uma imagem verdadeira -- como se a mídia nacional ou internacional se esforçassem para transmitir a imagem falsa -- do Brasil para o mundo, soa um pouco como aqueles jornais do mundo soviético -- Pravda, Isveztia, etc -- que transmitiam a verdadeira imagem do sistema socialista, sempre conspurcada, distorcida, deformada e vilipendiada pelas empresas de comunicação do mundo capitalista.
Ministérios da Propaganda sempre gastam recursos públicos -- ou melhor, dinheiro arrancado do meu, do seu, do nosso bolso, e do caixa das empresas -- para simplesmente tentar "melhorar a imagem" da realidade.
Se os governos simplesmente empregassem esse dinheiro para apenas melhorar a realidade, em lugar de tratar de sua imagem, seria bem melhor. Todo e qualquer recurso empregado para tentar mostrar que o Brasil não tem só criança pobre, devastação ambiental, hospitais superlotados, escolas desequipadas, mas tem também todas aquelas coisas bonitas que o governo pretende mostrar, estaria muito melhor empregado justamente dando às crianças uma educação de boa qualidade, equipando hospitais e escolas, preservando o meio ambiente, enfim, fazendo aquilo que tem de ser feito na atividade-fim, não na "imagem" dessas coisas.
A mídia -- como gostam de dizer essas pessoas -- não teria nada de negativo para mostrar se o governo fizesse aquilo que é seu dever. Eu começaria, por exemplo, extinguindo todos as secretarias da propaganda que existem por ai, inutilidades custosas para o povo brasileiro.
Paulo Roberto de Almeida

TV Brasil Internacional mostrará ao mundo verdadeira imagem do País, diz Lula
Boletim da Liderança do PT na CD, 26.05.2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, durante o lançamento da TV Brasil Internacional, que o novo canal servirá para mostrar para o mundo a verdadeira imagem do Brasil e o que o país tem de melhor. “Estamos realizando mais um sonho, de que ainda não acordamos. Essa TV pode ser o jeito de ser deste país, na cultura, no futebol, na política. Uma TV plena que vai desnudar este país maravilhoso que o mundo não conhece”, disse.

A TV Brasil Internacional iniciou a transmissão para 49 países do continente africano. O canal será transmitido em língua portuguesa, como fazem os canais das TVs públicas internacionais (BBC/Inglaterra, RTVE/Espanha, RAI/Itália, Canal Cinq/França, NHK/Japão), que transmitem na língua de origem. A programação será composta por conteúdos próprios da TV Brasil, com ênfase em aspectos informativos e culturais sobre o Brasil, ajustados ao fuso horário de Angola, que é de quatro horas a mais que o horário de Brasília.

Em seu discurso, Lula disse ainda que o novo canal servirá para mostrar aos céticos que “nem tudo que é público é ruim e o que é privado é um centro de excelência”. Para ele, é possível construir uma televisão pública sem ser apenas um canal de divulgação das ações do governo.