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domingo, 16 de outubro de 2016

Meus "metodos" de leitura (tenho algum?) - Paulo Roberto de Almeida

Meus "métodos" de leitura...

Paulo Roberto de Almeida 

Não tenho propriamente “um” método de leitura, ou melhor tenho vários, flexíveis, adaptáveis às circunstâncias de tempo e lugar, de conforto e luminosidade, de pressa ou urgência, e, last but not the least, em função da natureza e da “grossura” (isto é, do volume) do livro.

Nos tempos da brilhantina, isto é, na era pré-computador, eu mantinha vários cadernos de leitura, geralmente quadriculados (são os que apresentam maior densidade de escritura por centímetro quadrado), nos quais eu ia anotando minhas leituras, fazendo transcrições de trechos das obras, agregando meus comentários críticos, enfim, guardando resumos para utilização futura. Eu tinha um caderno para cada área de conhecimento: sociologia, antropologia, história, problemas brasileiros (vários cadernos), marxismo, filosofia etc. Tomava o cuidado de encapá-los e até de fazer um índice. Eles me foram de uma preciosa ajuda quando da elaboração da tese de doutoramento.

Mas esse método é útil quando se tem a sorte de ser estudante em tempo integral, quando se pode passar dias e dias em bibliotecas agradáveis, percorrendo estantes, ou quando se está no recesso do lar, sem maiores obrigações do que as propriamente acadêmicas. Na vida profissional, a disponibilidade para leituras cuidadosamente anotadas se torna mais rara. Por isso, fui também adquirindo o hábito de fazer breves anotações em cadernetas pequenas, geralmente uma referência ou outra para registro rápido e lembrança futura, esperando que a oportunidade para a "grande leitura anotada" possa vir algum dia (que ilusão!).

Na era do computador, passei obviamente a fazer os registros diretamente em arquivos de texto, organizando as minhas leituras e anotações em pastas eletrônicas, divididas por assuntos (dezenas deles), numa grande pasta chamada de “Working”. Tenho centenas, provavelmente milhares de “working files”, esperando nova consulta no computador. De toda forma, quando preciso de algo, basta fazer um “search” no meu computador – agora no sistema “Spotlight” da Apple – e encontro coisas fantásticas, que nem eu mesmo suspeitava existir e das quais não me lembrava mais.

Não preciso dizer que estou lendo o tempo todo, de manhã, de tarde, no almoço, na janta, de noite, de madrugada e nos intervalos também, às vezes até dirigindo o carro (o que sinceramente não recomendo a ninguém). Só não leio durante a ducha porque ainda não inventaram livros impermeáveis, mas os “audio-books” podem ser uma solução a isto (mas ainda não encontrei Max Weber ou Adam Smith em audio).

Agora que desisti de fazer grandes leituras anotadas, leio rápido, muito rápido mesmo, pois minha grande familiaridade com os livros me habilitou a ler aquilo que é relevante em cada livro, de maneira a “liquidar” com um volume em muito pouco tempo, e nele selecionar aquilo que interessa de fato na obra, para apresentação a outros.

Sim, devo dizer que sempre estou lendo com o propósito de fazer alguma resenha, o que é uma maneira prática de ir realmente ao essencial do livro, e de me obrigar a acompanhar o que se publica de mais importante em minhas áreas de interesse.

Voilà, o que escrevi acima pode não ser uma exposição metodológica muito adequada para outros candidatos a leituras intensas, mas representa o meu método anárquico de leitura e de registro do conteúdo dos livros. Espero que seja útil...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18 dezembro 2005

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Por que leio tanto?; Meus metodos de leitura - Paulo Roberto de Almeida (2005)

Dois textos antigos mas que ainda se mantêm...


Por que leio tanto? e Meus “métodos” de leitura...

Paulo Roberto de Almeida
Para inserção no Blog PRA:

1) Por que leio tanto?
Eis uma boa pergunta, à qual não sei sinceramente responder.
Ou talvez sim, mas aí eu teria de confessar algum pecado original, alguma malformação de nascimento, algum vício adquirido na infância, alguma perversão adolescente e vários crimes reincidentes na idade adulta, sendo que, nesse caso, os psicanalistas de plantão me mandariam logo para alguma cura de emergência ou mesmo um internamente psiquiátrico (o que não seria mau, pois suspeito que disporia de mais tempo ainda para ler...).
Deve ser, realmente, por algum defeito de material, mas talvez seja apenas essa "gentil loucura", de que falam vários amantes de livros, que geralmente têm orgulho em ostentá-la.
No meu caso, não sei dizer ao certo, e nem procuro ostentar muito essa minha deformação congênita pelos livros (o que, aliás, estou fazendo agora mesmo), pois não tenho nenhum culto especial pelos livros, tendendo antes a vê-los primordialmente como ferramentas do saber, como um instrumento de capacitação técnica, como um ajutório no aprendizado, enfim, como uma alavanca para minha capacitação profissional e intelectual.
Sim, devo confessar que leio mais para aprender, e utilizar esse novo saber, do que para simples deleite, como descanso, hobby ou puro prazer intelectual, o que deve ser um outro defeito meu. Acabo, assim, deixando de lado (para futura leitura, tendo a acreditar, o que pode ser uma auto-ilusão) livros "normais! literatura, preferindo os de estudo, os ensaios acadêmicos, os de atualidade e de debate.
Que vou fazer? Ninguém é perfeito...
Em todo caso, não tenho uma resposta simples a essa pergunta. Vou pensar no caso.
Na espera de formular uma resposta adequada, pretendo tratar, em próxima postagem, dos meus "métodos" de leitura...
(18 dezembro 2005)

2) Meus “métodos” de leitura...
Não tenho propriamente “um” método de leitura, ou melhor tenho vários, flexíveis, adaptáveis às circunstâncias de tempo e lugar, de conforto e luminosidade, de pressa ou urgência, e, last but not the least, em função da natureza e da “grossura” (isto é, do volume) do livro.
Nos tempos da brilhantina, isto é, na era pré-computador, eu mantinha vários cadernos de leitura, geralmente quadriculados (são os que apresentam maior densidade de escritura por centímetro quadrado), nos quais eu ia anotando minhas leituras, fazendo transcrições de trechos das obras, agregando meus comentários críticos, enfim, guardando resumos para utilização futura. Eu tinha um caderno para cada área de conhecimento: sociologia, antropologia, história, problemas brasileiros (vários cadernos), marxismo, filosofia etc. Tomava o cuidado de encapá-los e até de fazer um índice. Eles me foram de uma preciosa ajuda quando da elaboração da tese de doutoramento.
Mas esse método é útil quando se tem a sorte de ser estudante em tempo integral, quando se pode passar dias e dias em bibliotecas agradáveis, percorrendo estantes, ou quando se está no recesso do lar, sem maiores obrigações do que as propriamente acadêmicas. Na vida profissional, a disponibilidade para leituras cuidadosamente anotadas se torna mais rara. Por isso, fui também adquirindo o hábito de fazer breves anotações em cadernetas pequenas, geralmente uma referência ou outra para registro rápido e lembrança futura, esperando que a oportunidade para a “grande leitura anotada” possa vir algum dia (que ilusão!).
Na era do computador, passei obviamente a fazer os registros diretamente em arquivos de texto, organizando as minhas leituras e anotações em pastas eletrônicas, divididas por assuntos (dezenas deles), numa grande pasta chamada de “Working”. Tenho centenas, provavelmente milhares de “working files”, esperando nova consulta no computador. De toda forma, quando preciso de algo, basta fazer um “search” no meu computador – agora no sistema “Spotlight” da Apple – e encontro coisas fantásticas, que nem eu mesmo suspeitava existir e das quais não me lembrava mais.
Não preciso dizer que estou lendo o tempo todo, de manhã, de tarde, no almoço, na janta, de noite, de madrugada e nos intervalos também, às vezes até dirigindo o carro (o que sinceramente não recomendo a ninguém). Só não leio durante a ducha porque ainda não inventaram livros impermeáveis, mas os “audio-books” podem ser uma solução a isto (mas ainda não encontrei Max Weber ou Adam Smith em audio).
Agora que desisti de fazer grandes leituras anotadas, leio rápido, muito rápido mesmo, pois minha grande familiaridade com os livros me habilitou a ler aquilo que é relevante em cada livro, de maneira a “liquidar” com um volume em muito pouco tempo, e nele selecionar aquilo que interessa de fato na obra, para apresentação a outros.
Sim, devo dizer que sempre estou lendo com o propósito de fazer alguma resenha, o que é uma maneira prática de ir realmente ao essencial do livro, e de me obrigar a acompanhar o que se publica de mais importante em minhas áreas de interesse.
Voilà, o que escrevi acima pode não ser uma exposição metodológica muito adequada para outros candidatos a leituras intensas, mas representa o meu método anárquico de leitura e de registro do conteúdo dos livros. Espero que seja útil...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 18 dezembro 2005


3) Apresentação ao Blog Textos PRA (http://textospra.blogspot.com/):
Uma vez que me dizem que no cyberspace, ao contrário do que acontece no mundo da economia real, existe, sim, almoço grátis, e que o número de blogs que você pode ter é praticamente infinito, a custo quase zero (não computado o tempo dedicado a este infernal instrumento de comunicação), pretendo dedicar este novo blog a textos diversos, e nele colocar tanto material de minha lavra como produções de terceiros.
O objetivo é esse mesmo: o de disseminar de modo relativamente fácil um série de textos que de outra forma ficariam "escondidos" em algum site qualquer, o meu próprio ou de outros. No blog eles também ficam escondidos, mas como é mais fácil de acessar e alimentar este tipo de ferramenta do que um site "normal", ele apresenta todas as características de flexibilidade e maneabilidade para me permitir ir "depositando" uma série de materiais que podem apresentar interesse para o mundo acadêmico ou mesmo para alguma atividade profissional.
Espero que ele seja útil a todos aqueles que buscam algum texto de interesse, a começar por mim mesmo.
Como o índice do próprio Blog é limitado a dez "postagens", pretendo elaborar um índice cronológico e deixá-lo à disposição dos interessados em posição de destaque (ou quem sabe até, quando isso se fizer necessário, em um novo blog, só de índices remissivos). Afinal de contas, ao contrário da economia real, os blogs constituem, até aqui, "almoço grátis"...

Brasília, 18 de dezembro de 2005
(Postado com data de 14 de dezembro)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Across the Empire (7): leituras no velho Oeste - Paulo Roberto de Almeida


Crossing the Empire, 2014 (7): de Denver a Cody
Leituras no Velho Oeste

Paulo Roberto de Almeida

            A jornada desta quarta-feira 3 de setembro, toda ela consumida no trajeto entre Denver, Colorado, e Cody, Wyoming, não teve nada de excepcional, a não ser por um traço do caráter americano que revela um pouco do espírito que presidiu à construção desta nação, com base primeiro na própria sociedade, depois, muito depois, no Estado.
            Digo que não teve nada de excepcional pois o dia foi de viagem, um pouco menos de 500 milhas para sair de um estado e entrar em outro, parando numa pequena cidade que também homenageia o Buffalo Bill (ele está em todas as partes por aqui), quase às portas de nosso segundo objetivo principal: o parque nacional do Zé Colmeia, digo, de Yellowstone, imortalizado num desenho animado que frequentou a infância de milhões de crianças de nossa geração. Não sei onde anda atualmente o Zé Colmeia, e provavelmente o autor dos desenhos já faleceu, mas se deve apenas a ele nossa vinda a um parque natural, que de ordinário não comparece em nosso turismo cultural e citadino. Mas, teve sim, algo excepcional, e vou tratar unicamente disso nesta postagem.
            No meio do caminho entre Denver e Cody está Cheyenne, capital do estado cowboy do Wyoming, onde já tínhamos estado no ano passado, mas totalmente por acaso, pois que simplesmente por um desvio imposto pela natureza: nosso trajeto vindo do centro dos EUA, Missouri, Kansas City, deveria nos levar a Denver, e depois a Boulder, antes de seguir viagem para o Utah, Salt Lake City, terra dos mórmons, onde estivemos efetivamente, mas tendo de fazer um desvio pelo norte, pelos estados do Nebraska e Wyoming, justamente. A razão foram chuvas torrenciais, justo quando estávamos no Missouri, que destruíram estradas, arrastaram casas, ceifando algumas dezenas de vidas e arrasando completamente o vale do rio North Platte. Em face da tragédia, tivemos de desistir do Colorado, e por isso fomos a Omaha, Lincoln, Cheyenne, Ogalalla, e outras cidades do roteiro cowboy.
            Desta vez, como já tínhamos visitado o centro de Cheyenne, nos dedicamos a um museu que tinha ficado apenas nos registros em 2013: do velho Oeste. Pois chegamos lá em torno do meio dia, dedicando mais de uma hora a este simpático museu, que aparece nesta foto que fiz, atrás da escultura do vaqueiro domando um cavalo. 


O edifício é bem maior do que aparece na foto, tão grande que perdi um boné que havia comprado no ano passado no rancho do Jack London, em Sonoma, na Califórnia. Tive de comprar outro, no próprio museu, importante para dirigir no final da tarde, na direção oeste, quando o sol do final da tarde bate bem na frente do carro.
Mas, além dos cowboys, também encontrei uma cowgirl, com um lindo chapéu de vaqueira, rosado, que se deixou fotografar para a ocasião. Espero que ela goste...


Também me fiz fotografar por Carmen Lícia, em frente a esta típica carruagem de transporte de passageiros, muito parecida com aquelas que todos já vimos em filmes de Hollywood sobre o velho oeste, justamente.


Mas o que mais me chamou a atenção foi esta peça que, como disse ao início, retrata o espírito de um povo, um povo que se fez pela democracia de aldeia, na base, não aquela superestrutural como conhecemos nós, que parte do princípio da organização do Estado, com seus poderes, etc. 

Nos EUA, a democracia é um mores, um costume social, um hábito de vida, algo que começa pela eleição do xerife (vimos vários cartazes pedindo votos para um e outro candidato a sheriff, cada vez que entrávamos num novo condado), pela eleição do juiz, as duas bases do poder local, e depois se estende ao conselho de pais e mestres da escola (em todos os lugares, mesmo os mais recuados, podemos cruzar com os ônibus amarelos transportando escolares, de manhã e de tarde), e que explica o grau de desenvolvimento social dos EUA, independentemente das desigualdades sociais, e da segregação racial, que são dois outros traços da sociedade.
Esta peça é uma livraria ambulante, a primeira do condado de Laramie, uma cidade próxima de Cheyenne. Fiz algumas fotos para ilustrar a importância que assume a leitura, os livros, a cultura de forma geral, na sociedade protestante original dos EUA.



Como disse Monteiro Lobato (não pretendendo obviamente ser sexista): “um país se faz com homens e livros”. Não importa se ele estava querendo vender mais livros da sua recém criada Companhia Editora Nacional: é um fato que um país se faz basicamente com conhecimento acumulado, do que se encontra nos livros. Em todo os EUA nos deparamos com pessoas lendo em todas as circunstâncias, nas mais pequenas cidades sempre existe uma biblioteca pública, e nós mesmos, Carmen Lícia e eu, frequentamos duas, em Hartford e em West Hartford, muito boas, por sinal. Posso ler todos os mais novos lançamentos, sem precisar comprar nas livrarias comerciais, e antes de me decidir por encomendá-lo novo ou usado (em três meses ele estará praticamente novo na rede de sebos que mais uso, a Abebooks).
O museu é uma joia da cultura cowboy e da fronteira, com seu kitsch, e seus traços profundamente humanos. Fiz fotos de algumas obras de arte também, mas termino por esta paródia musical em forma de pintura: um cowboy com sua guitarra sendo unanimemente acompanhado por uma plateia atenta e participativa. O quadro se chama, apropriadamente, Standing Bovation..., uma ovação merecida, sem dúvida.


Amanhã, ou melhor, hoje, dentro de algumas horas, vamos a Yellowstone. Não sou muito chegado a bichos e natureza, preferindo, como Carmen Lícia, as cidades e a cultura, mas como está no caminho...
Paulo Roberto de Almeida
Cody, 4 de setembro de 2014

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Educacao: ensine seus filhos a ler precocemente

Não conheço o método e não posso testemunhar quanto à sua eficácia. Mas valorizo toda e qualquer iniciativa de leitura e de aprendizado em idade precoce, pois os livros sempre libertam das idiotices cotidianas dos grandes meios de comunicação.
Paulo Roberto de Almeida 
Boletim Olavo de Carvalho: Ensine seus filhos a ler

Prezado leitor

Há vários meses, o professor Olavo vem recomendando os vídeos do Carlos Nadalim. E hoje nós vamos recomendar o seu curso, “Ensine seus filhos a ler – pré-alfabetização”.

Não é segredo para ninguém que a educação no Brasil foi simplesmente destruída. No ano passado, uma pesquisa feita pelo Instituto Paulo Montenegro revelou que 75% dos brasileiros não sabem ler de maneira eficiente. No início desse ano, outra pesquisa, realizada pela Universidade Católica de Brasília, mostrou que 50% dos estudantes universitários sofrem de analfabetismo funcional. Essas pesquisas não tratam de pessoas que nunca passaram pelos bancos escolares, e sim de analfabetos funcionais, isto é, de pessoas que receberam uma educação escolar formal, mas que nunca conseguiram transformar a leitura em um instrumento de aprendizagem. Isso significa que os estudantes brasileiros passam 12 anos na escola e entram numa universidade sem saber ler!

São muitas as causas do fracasso escolar brasileiro. Mas a mais importa delas é a adoção das pedagogias sócio-construtivistas e dos métodos de alfabetização ineficazes, que estupidificam tanto os alunos quanto os professores. O sistema educacional brasileiro, há duas décadas, não consegue mais ensinar uma criança a ler. A escola hoje em dia só serve para formar militantes esquerdistas, para encher a cabeça das crianças de ideologia de gênero, gayzismo, abortismo e outros itens que compõem a agenda politicamente correta, conforme já explicou várias vezes o professor Olavo.

O prof. Carlos Nadalim é aluno do Curso de Filosofia de Olavo de Carvalho e, inspirando nos ensinamentos do professor Olavo, ele desenvolveu um método de alfabetização altamente eficaz, que já foi aplicado com sucesso na educação de uma centena de crianças. Por meio de seu curso online, o prof. Carlos também já treinou outra centena de pais nesse método. O segredo do método é uma série de atividades estruturadas de pré-alfabetização, destinadas a crianças de 2 a 5 anos, que desenvolvem as competências cognitivas necessárias para a formação de um bom leitor. Além dos exercícios e técnicas para a pré-alfabetização, o curso oferece alguns bônus sobre educação musical, psicomotricidade, bilingüismo, harmonia familiar e afetividade infantil.

Portanto, se você tem filhos ou pretende tê-los um dia, ou se é responsável pela educação de crianças, não pode perder esse curso! As inscrições começam hoje e vão até a próxima terça-feira. Porém, como as vagas são limitadas, elas podem ser encerradas muito antes. Por isso, fique atento!

O curso durará 90 dias. Como ele é totalmente online, as aulas ficarão disponíveis para download, e você poderá seguir as lições de acordo com seu próprio ritmo.

Para saber mais sobre o conteúdo do curso, seu funcionamento, valor e como se inscrever, veja o vídeo acessando este link: http://goo.gl/N4nyts. O botão de inscrição deverá aparecer quando o vídeo passar de um minuto.

A primeira aula do curso ocorrerá na próxima quarta-feira, dia 25 de junho.
Não perca essa oportunidade, garantindo o quanto antes a sua vaga!

Abraços
Silvio Grimaldo
Editor do Boletim Olavo de Carvalho e do Seminário de Filosofia.

sábado, 7 de junho de 2014

Filosofalhas e literatolices dos tempos em que vivemos - Carlos U Pozzobon

21 de maio de 2014

Você é aquilo que lê

Desabafos sobre filosofalhas e literatolices dos tempos em que vivemos

Carlos U Pozzobon
Que todos conhecem a desgraceira de nossa vida política, não é preciso comentar. O que precisamos entender é a relação de uma sociedade de corte estatal com a cultura, em que o mérito sempre esteve seriamente comprometido com as cotas destinadas à proteção dos tolos, dos despojados de energia intelectual, dos fraquinhos, dos frívolos inseridos no processo de produção cultural ― marca indelével de um país contaminado pela corrupção intelectual, que consiste no espírito de rebanho em aderir à onda produzida pelas calamidades elevadas ao pedestal da glória ― causa maior e mais aviltante do que a corrupção moral em que chafurdamos. Quando uma Academia de Letras homenageia Ronaldinho Gaúcho com uma medalha de mérito, quando universidades distribuem títulos de doutor honoris causa a um apedeuta, podemos entender por que tanta gente expressa suas preferências por autores com obras vazias de conteúdo estético e artístico.
São essas cotas de literatolice que transformam autores sem conteúdo em celebridades nacionais e internacionais, confundindo o leitor eventual que ainda não tem um gosto consolidado, ou que não dispõe das ferramentas de análise do crítico. Supostamente deve ser a principal razão para que a leitura seja afinal considerada um sofrimento pela maioria dos brasileiros, e por sua inclinação à brevidade do jornal e da revista em lugar do livro.
Escravo do “ouvir dizer”, da fama turbinada pelas editoras “do mercado” (espécie de “seguimento da deseducação geral do país”), e de colunas de revistas, o brasileiro lê com sofreguidão o que lhe dizem que é bom, e procura fugir como o diabo da cruz do próximo bestseller, até que, forçado pela necessidade de inserção social, volta a porejar o sacrifício da leitura, o que o impede de evoluir intelectualmente para apurar seu gosto para os refinamentos mais sutis das formas de expressão, para o deleite eriçante da beleza da linguagem, ou para a compreensão do sublime ou do paradoxal, do poético ou do assombro que só o escritor erudito e talentoso pode proporcionar.
Dependente do padrão alienígena, em uma sociedade cujos valores mais cultivados são a imitação do estrangeiro, cativo das opiniões de membros de instituições avacalhadas difundidas incansavelmente, o leitor comum nunca desenvolverá a sensibilidade para contestar aquilo que a maioria consagra como grande autor. E esta deformidade atravessa as décadas com a mesma constância e uniformidade de nossa imutável realidade social, acorrentada nas tradições desesperadoramente retrógradas.
Quem lê a avassaladora crítica de Sylvio Romero ao espírito limitado de José Veríssimo, em Zeverissimações Ineptas da Crítica – Repulsas e Desabafos, percebe claramente a diferença abissal entre o erudito e o convencional, e entende muito bem por que somos uma sociedade onde a mediocridade tem um lugar garantido no triunfo das corriolas paroquianas, da crítica sem profundidade, do aceito sem controvérsias, para vislumbrar a amorfia que causa a repulsa ao próprio gênio da brasilidade que as instituições têm por missão instigar, pois nem sequer sabem como fazê-lo. Nossa sociedade está tão aviltada intelectualmente que perdeu os sensores que emitem os sinais de alerta para a chegada do mais dotado, para a presença catalítica dos melhores. Vive o entorpecimento de seu próprio contexto de servidão institucional.

Leia o texto completo neste link: 
http://ensaioseducativos.blogspot.com.br/2014/05/voce-e-aquilo-que-le.html

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A felicidade se encontra em coisas simples, como a leitura, por exemplo - Paulo Roberto de Almeida

Reflexão sobre a felicidade a partir de coisas simples...

Paulo Roberto de Almeida

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”
Cora Coralina, poeta de Goiás (1889-1985)

Tomei conhecimento tardiamente da frase acima de Cora Coralina e, quando dela me “apossei”, constatei que outros milhares de leitores, um tribo imensa de curiosos, professores e candidatos a poetas já a tinham incorporado em centenas de outras citações, provavelmente esparsas e incompletas. O Google “devolveu” 107 mil resultados para uma busca com essas palavras entre aspas, o que descontando as inúmeras repetições consolida, ainda assim, vasto repositório de citações de uma frase simples e no entanto imensamente poética e cativante.
Creio, como muitos outros antes de mim, que a felicidade pode estar justamente nesse ato de ensino-aprendizado, que de fato me parece uma dupla atividade, nos dois sentidos captados pela poeta de Goiás velho. Sempre aprendemos algo tentando ensinar alguma coisa a outras pessoas, pois a própria atividade docente constitui um aprendizado constante. Eu pelo menos estou sempre lendo algo para melhorar minhas aulas, trazendo novos materiais em classe, enviando artigos aos alunos, esforçando-me para que eles consigam superar o volume forçosamente limitado daquilo que é humanamente possível transmitir em sala de aula.
Eu me permitiria acrescentar à singela constatação da poeta goiana uma outra fonte de felicidade, que aliás está implícita no seu sentido do ensino: o hábito da leitura. Aproveito para transcrever uma outra frase, de um escritor e dramaturgo conhecido, autor reputado popular, ainda que personalidade sabidamente complicada:
“Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer e com alegria”. Ariano Suassuna.
Creio poder dizer que eu não tenho apenas a paixão da leitura. Talvez minha atitude esteja mais próxima da obsessão, da compulsão, um verdadeiro delirium tremens na fixação do texto escrito, qualquer que seja ele, do mais simples ao mais elaborado. Quando digo obsessão, não pretendo de forma alguma referir-me a algo doentio, fora de controle, pois sou absolutamente calmo e controlado em minhas visitas a livrarias e bibliotecas: contemplo com calma cada lombada ou capa e apenas ocasionalmente retiro um livro para consultar seu interior. Não me deixo dominar pelos livros e de forma alguma sou um bibliófilo ou mesmo um colecionador de livros. Na verdade, não consigo me enquadrar em nenhuma categoria dessas que supostamente compõem o mundo dos amantes de livros.
Para começar, não tenho nenhum respeito pelos livros, nenhuma devoção especial, nenhum cuidado em manuseá-los ou guardá-los (muito mal, por sinal, pois acabo me perdendo na selva de livros que constitui minha caótica biblioteca, se é que ela merece mesmo esse título). Os livros, para mim, são objetos de uso, de consumo, de manuseio indiferente, eles só valem pelo seu conteúdo, como instrumentos de aquisição de um saber, que este sim, eu reputo indispensável a uma vida merecedora de ser vivida.
Não hesitaria um só instante em trocar todos os meus livros por versões eletrônicas, se e quando esse formato se revelar mais cômodo e mais interessante ao manuseio e leitura. Não hesito em sacrificar um livro se devo lê-lo em condições inadequadas, pois o que vale é o que podemos capturar em seu interior, não sua aparência externa ou sua conservação impecável. Ou seja, não sou um colecionador de livros, sou um “colhedor” de leituras, um agricultor da página impressa, um cultivador do texto editado, eventualmente também um semeador de conhecimento a partir dessas leituras contínuas.
De fato, o que me permite ser professor, resenhista de livros (tudo menos profissional, já que só resenho os livros que desejo) e, talvez até, um escrevinhador contumaz, antes que de sucesso, é esse hábito arraigado da leitura ininterrupta, em toda e qualquer circunstância, para grande desespero de familiares e outros “convivas”. Estou sempre lendo, algumas vezes até quando dirijo carro – o que, sinceramente, não recomendo –, mas ainda não encontrei um livro impermeável à água para leitura na ducha (na banheira seria mais fácil, mas não tenho paciência para esse tipo de prática).
Creio que a felicidade pode ser encontrada nesse tipo de coisas simples: um bom livro, uma boa música, um ambiente acolhedor, um sofá confortável, o que, confesso, raramente acontece comigo. Acabo lendo na mesa do computador, segurando o livro com a perna e teclando de modo desajeitado ao anotar coisas para registro escrito do que li. Aliás, as duas mesas de trabalho que existem em meu escritório, já não comportam mais nenhum livro: as pilhas se acumulam dos dois lados do teclado, e a outra mesa já está alta de jornais, revistas e livros, muitos livros, que também se esparramam pelo chão, como as batatinhas daquele poema infantil.
Leitor anárquico que sou, tenho livros em processo de leitura espalhados pelos diversos cômodos da casa, um pouco em todas as partes, novamente para desespero dos familiares. Não creio que  venha a mudar agora esses maus hábitos. O que me deixa mesmo pensativo é a dúvida sobre quantos anos ainda terei pela frente para “liquidar” tod os os livros (meus e de outras procedências), que aguardam leitura. Preciso de mais 80 ou 100...
       

Brasília, 1838: 19 novembro 2007

domingo, 5 de janeiro de 2014

Teoria do capital bibliográfico - Paulo Roberto de Almeida

Um texto antigo, mas sobre o qual "escorreguei", literalmente (revisando antigas listas de trabalhos, para colocar em ordem alguns extraviados), mas que ainda possui seu valor metodológico, uma vez que não mudei, fundamentalmente, de procedimentos, salvo agregar mais leituras online e em aparelhos eletrônicos.
Paulo Roberto de Almeida

Teoria do capital bibliográfico
Teses marxianas sobre relações de leitura e modo de redação

Paulo Roberto de Almeida

Arriscando-me a decepcionar alguns amigos – que por vezes me advertem que eu acabo escrevendo mais rápido do que eles conseguem ler minha produção – confesso que não tenho nenhuma receita particular sobre como e o quê fazer para ler bastante, digerir o máximo de informação possível e depois destilar esses insumos acumulados no conta-gotas da produção ensaística de pequeno porte ou no torrencial mais forte da elaboração livresca. Ou talvez eu tenha, sim, mas não sei se isso conforma um método muito efetivo ou aplicável em outros casos de atração pelos livros e pela arte da “escrevinhação”. Vejamos em todo caso o meu “modo peculiar de produção”.
No começo era a acumulação primitiva, como diria Marx, no meu caso uma carga concentrada de leituras estendendo-se ao longo de uma vida feita com os livros, pelos livros e para os livros. Depois da acumulação primitiva de leituras, veio a aplicação consciente de um modo de produção redacional que já passou por várias etapas históricas de desenvolvimento das forças produtivas: da redação manual em cadernos escolares até o capital fixo dos computadores e sistemas digitais de processamento de dados. As relações sociais de produção de meus artigos e livros foram alterando-se desde o ancien régime da máquina de escrever até o ultra-capitalismo informático, com o emprego das mais diversas técnicas, mas inevitavelmente resultando na mais-valia das resenhas críticas, dos ensaios analíticos e do alto valor agregado dos livros e compilações de trabalhos diversos. Tudo com um certo sentido de urgência e uma ponta de sentimento de atraso histórico, já que tenho sempre a impressão que estou atrasado na elaboração de algum trabalho planejado mentalmente ou iniciado algum tempo atrás.
Um primeiro método, mas talvez isso seja um vício, ou (numa versão mais amena) um pecado original, se situa na compulsão da leitura, no meu caso adquirida ainda antes de aprender a ler de verdade. Com efeito, frequento bibliotecas desde minha fase pré-alfabetizada e continuo a entreter esta atração fatal – a gentle madness, já disse um cultor passional de livros – por livrarias e bibliotecas em quaisquer circunstâncias, mesmo desconhecendo, em alguns casos longínquos, a língua em que estavam escritos aqueles obscuros objetos de desejo. Difícil ficar indiferente ao charme discreto dos livros.
A outra técnica consiste em ler sempre, continuamente, em qualquer tempo e lugar, sob chuva ou sob sol (literalmente), no inverno e no verão, andando ou dirigindo – o que não recomendo, sinceramente, pois que já bati, levemente, no parachoque adiante –, comendo ou bebendo e até, se possível, tomando banho (mas os únicos livros impermeáveis que conheço são feitos para bebês). Os audio-books poderiam suprir algumas dessas lacunas de leitura, mas ainda não encontrei Economia e Sociedade de Weber em formato cassette. É uma técnica provada e eficaz, mas ela pode trazer alguns problemas em contextos intensamente relacionais – familiares, por exemplo – ou mesmo na intimidade do casal: os cônjuges geralmente se irritam com o terceiro ou quarto “han-han, hum-hum” repetido. Para a santa paz do casal, recomendo uma companhia também livresca, bibliófila e leitora contumaz, mas a conjugação dos horários de dedicação compulsiva depende da capacidade de resistência do outro leitor voraz mas sonolento.
Trata-se apenas, como visto até aqui, das condições primárias e essenciais ao modo escrevinhador de produção, pois em algum momento se necessita transmutar – aufheben, diriam os hegelianos – a acumulação primitiva de leitura em mercadorias com valor de uso e, mais importante, valor de troca. Antes do produto final, vêm os meios de produção, tão ou mais importantes do que o capital inicial.
Borracha e lápis podem ser a base de tudo, mas ainda assim é preciso o suporte físico das idéias, a modesta folha de papel. Nos tempos da brilhantina, quando o computador fazia parte dos livros e filmes de ficção científica, um simples caderno escolar, desses de espiral, costumava dar conta do recado, mas eu sempre apreciei aqueles em formato brochura, suscetíveis de receber uma capa anódina e, providência prática, uma lombada com o tema indicativo de seu conteúdo (sociologia, história, antropologia, marxismo etc). Para as situações transitórias e incertas, ou seja deslocamentos e esperas repentinas, eu recomendo um caderninho de bolso, desses que você saca da “algibeira” (como diria Machado de Assis) para anotar rapidamente alguma nova idéia maluca ou o título de um livro encontrado por acaso. Em toda e qualquer circunstância, porém, eu costumo carregar um desses caderninhos, que saco do bolso da camisa quando me dedico ao meu esporte regular e preferido, a leitura em livrarias…
Adquirida a matéria-prima da informação, ainda assim é preciso dar uma forma precisa ao produto da manufatura, obra do cérebro e da inspiração mental – e de alguma transpiração física, também –, uma vez que a mais valia final é sempre o feliz resultado da conjugação de algum tipo de insumo bruto e da atividade humana criadora. Tenho por hábito isolar um determinado problema e ficar pensando nele no trajeto para o trabalho ou de volta para casa, selecionando hipóteses, teses e antíteses, que depois serão combinadas numa síntese final mais ou menos acabada. Digo “mais ou menos”, porque mantenho dezenas, se não centenas, de trabalhos inacabados, de artigos semi-acabados e de projeto de livros, antes em simples notas em folhas de papel (jogadas em alguma pasta amarelada pelo tempo), hoje em arquivos digitais, dúzias e dúzias de “working files” que esperam acabamento algum dia. Isso não tem nenhuma importância, pois o que vale é unir o capital acumulado com a centelha – iskra, para os bolcheviques – da interpretação criadora, de molde a extrair a mercadoria valiosa do trabalho materializado.
O trabalho propriamente ideológico da produção intelectual é o que mais consome energia, impossível, todavia, de ser mensurada na escala monetária do capital circulante, pois que pertencente ao reino dos bens intangíveis e das criações do espírito. Muito fosfato, como diziam antigamente nossas avós, é consumido nessa atividade muito pouco primitiva de agregação de valor ao futuro objeto manufaturado (ele sempre o é, mesmo quando resultando da produção digital). A mais valia intelectual é sempre única e original e independe do estado de desenvolvimento das forças produtivas ou das relações sociais de produção; num certo sentido, trata-se de uma atividade transhistórica ou ahistórica, sem qualquer alusão a começo, meio ou fim (pouco adaptável a uma teoria materialista da história).
Conjugadas, de um lado, as técnicas e os materiais de produção (insumos e bens de capital) e, de outro, a mais valia intelectual, eis que surge como da cabeça de Minerva o produto final desse processo produtivo, pronto para ser consumido em sua forma inicial ou transformada (artigo ocasional, livro comercializado por algum capitalista editorial, que ainda vai auferir a maior parte dos lucros da operação, ficando o verdadeiro autor apenas com as glórias remuneradoras tão somente do ego e do espírito). Se o autor, como no meu caso, possui seu próprio canal de distribuição artesanal (neste caso o meu website www.pralmeida.org), ele escapa de transferir renda para o referido capitalista. Se no entanto pretende alcançar o circuito tradicional das livrarias pequeno-burguesas, tem de submeter-se a ser expropriado de parte (uma boa parte) de seus rendimentos pelo editor-capitalista, numa típica situação de “exploração do homem pelo homem”. Ele também pode participar de alguma cooperativa de produção, caso no qual terá de submeter-se às regras do coletivo popular, mas pode preferir um sistema auto-gestionário mais restrito, geralmente explorando a mão-de-obra de amigos e familiares (trabalho não pago).
No meu próprio caso, a maior parte de minha produção não é mercantilizada, podendo mesmo ser objeto de apropriações indevidas por parte de estudantes preguiçosos que se eximem de fazer pesquisa e vêm pilhar minha mais valia intelectual num processo de incorporação anárquica que parte do princípio de que “a propriedade é um roubo”. Trata-se de uma “filosofia miserável”, como poderia afirmar Monsieur Proudhon, ao que os adeptos do marxismo lassaliano poderiam retrucar: “de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade”.
Muito bonito na teoria, mas pouco eficiente na prática, pois a continuidade dessa apropriação de bens de uso (e de troca) sem a garantia do devido retorno dos direitos de propriedade intelectual pode resultar no esgotamento do processo produtivo associado a essa organização social, gerando esclerose e declínio, como ocorreu aliás na trajetória dos socialismos realmente existentes ao longo do século XX.
Quanto aos autores, como eu mesmo, que poderiam viver de seu trabalho intelectual mas dele não derivam sustento para si mesmo e suas famílias, fora de uma relação de assalariamento quase servil, eles só têm um caminho a adotar: grilhões precisam ser rompidos no esforço contínuo de liberação do homem e de sua capacidade espiritual. Eles serão rompidos, pois não há mais nada a perder. Autores de todo o mundo, uní-vos na defesa de vossos direitos. Viva o pensamento livre e sobretudo sua expressão material.

Paulo Roberto de Almeida
Washington, 13 de junho de 2003

domingo, 10 de novembro de 2013

Lei de Murphy para bibliotecas caoticas (como a minha...)

Uma lei de Murphy, que na verdade foi inventada por mim, tal como aplicada a minhas estantes caóticas, numa biblioteca inteiramente desorganizada:

Só conseguimos encontrar algum livro de que necessitamos quando já não mais o estamos procurando.

Derivações:
Se encontrou, é porque não precisa dele no momento.
Se precisa dele, não há nenhuma chance de encontrá-lo.

Conclusão:
Esta lei de Murphy não permite nenhuma exceção à regra fundamental, justamente por isso se trata de uma lei de Murphy, por certo adaptada à minha situação.

Mas, é uma lei universal dos leitores caóticos, como eu por exemplo...
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 25 de junho de 2013

Esse saudavel habito da leitura, esse vicio incuravel, que nos consome... - Coisas de Nina

Pesco, num blog alinhado com afinidades eletivas, o material que vai abaixo, que por acaso também pescou no meu blog algumas frases soltas em reposta (ultra rápida) a um perguntador.
Como gostamos das mesmas coisas, de livros e de ler, vale o intercâmbio recíproco:

Assuntos de Nina

Faz parte de mim

Olá!!

Dando uma pausa em assuntos políticos (risos), irei explicitar um hábito diário em minha vida que só me impulsiona a construir e construir e construir. Vamos lá? Me acompanha?!

Já me referi sobre este assunto aqui no blog (se quiser conferir, clique aqui), mas volto a tocar nesse mesmo assunto porque, nessa semana que passou, li no blog de um contato umas dicas que ele passou para quem quiser adotar esse hábito de ler. Muito me interessou - Claro!! - e resolvi, então, compartilhar com vocês.

Mas primeiro quero esclarecer que a leitura é parte essencial em minha vida. Mas não digo a leitura somente para estudos (que são importantes, também), mas as literaturas nacionais e estrangeiras e história que são meus preferidos. Eu gosto tanto de ler, que quando me perguntam qual o livro que estou lendo, tenho que passar uma lista. Pois não é somente um que leio, mas vários. E confesso a você que - às vezes - não dou conta de tanta leitura e acabo tendo que pausar algumas horas para me organizar novamente.

Livro que indico.
Esses dias mesmo, escrevi em uma rede social que "Quanto mais busco conhecer a História da Humanidade, mais sinto desejo de construir meu futuro no meu hoje." E esse conhecimento é através da leitura.
Quando vou a um passeio ou faço uma viagem, me pego pensando "já estive nesse lugar". Mas não é uma questão de ter tido outra vida ou já ter passado por aquele lugar. Lembro-me de algo que já li sobre e das informações que me veio como um insight.

Eu acredito que todo bom leitor sempre recebe a indagação que meu colega leitor e blogueiro recebeu em seu blog:

"Pode nos explicar como estudar sistematicamente? Porque como podemos observar para o senhor deu muito certo! Técnicas? "

A resposta do Sr. Paulo Roberto de Almeida foi excelente, na minha opinião:

Primeiro: ler o tempo todo, repito, o tempo todo. [bons livros, entenda-se]
Segundo: tornar-se um rato de biblioteca, literalmente, mas pode ser de livrarias e sebos, também.
Terceiro: anotar, sublinhar, resumir o que se aprende.
Quarto: escrever o resultado, depois de alguma reflexão.
Quinto: repetir tudo isso, o tempo todo, continuamente, sem parar.
Sexto: não cansar de fazer isso, mas ter prazer em fazê-lo.

E o sétimo passo, depende só de você. Certamente existem particularidades que cada leitor deve adotar. Pois além de existir técnicas, cada leitor é diferente um do outro.

Outra coisa que gostaria de citar é que quem lê mais, escreve e dialoga melhor. Por isso disse, lá no início da postagem, que a leitura me impulsiona a construir e construir e construir. A leitura, particularmente, me faz aprender, reaprender e assim vai. Um universo novo se constrói a cada leitura que faço.

Caro leitor, quer fazer a educação, mesmo a ensinada em sua casa, funcionar? Pratique a leitura. Assim formaremos cidadãos críticos e não formadores de opinião.
Quanto a esse pensamento sobre "formadores de opinião", aconselho a ler um texto escrito pelo ator e humorista Fábio Porchat, para o Estadão. Confira! Vale a pena.

Para finalizar e sem mais delongas, ler faz parte da vida. Sem ler, você não será somente analfabeto, será só mais um nas estatísticas.

Meu abraço e muito obrigada.