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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Pesquisa sobre a historiografia das RI no Brasil - respostas PRAlmeida


Paulo Roberto de Almeida
Respostas a questionário submetido online.
Feito em 18/05/2018

Este formulário é parte de um projeto de Pesquisa conjunto dos professores xxxx (...). O objetivo é levantar percepções e críticas sobre o nexo História e Relações Internacionais no Brasil. As respostas servirão para estudos, publicações e proposições que privilegiem o avanço da discussão sobre o ensino e a pesquisa em História para a área de Relações Internacionais no país.

Nome e filiação Institucional: *
Sua resposta: PRA: Paulo Roberto de Almeida, Diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, IPRI-Funag, vinculado ao Ministério das Relações Exteriores; professor de Economia Política nos programas de mestrado e doutorado em Direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub).

Concorda que suas respostas sejam utilizadas para as finalidades desta pesquisa? *
Sim PRA

Quais as principais inspirações intelectuais na sua formação? *
Sua resposta: PRA: Adquirir uma base sólida em sociologia e em economia, com vistas a influir no processo de transformação estrutural, nos campos político e econômico, no Brasil, e desenvolver uma carreira vinculada a atividades acadêmicas, no plano da pesquisa e da docência. Circunstâncias especiais orientaram-me para a carreira diplomática, na qual continuei a desenvolver, paralelamente, atividades acadêmicas, de pesquisa e produção de material vinculado à area internacional, tanto na vertente da história, quando da ciência política, e especialmente em relações econômicas internacionais, com ampla produção de artigos e livros nessas áreas.

De qual geração de historiadores de relações internacionais no Brasil você se considera?
1a Geração(Aquela que inaugurou os estudos no Brasil, mas que teve sua formação fora do Brasil); PRA
2a Geração (Aquela formada nos estudos no Brasil pela 1a Geração)
Nova Geração
Descreva brevemente o seu método de trabalho como historiador das RI.  *
Sua resposta: PRA: Na verdade, não me considero um "historiador" de RI, sendo formado em sociologia e em economia, com doutoramento em sociologia histórica, mas no terreno do desenvolvimento econômico e dos regimes políticos. Gradualmente, por sólidas leituras em história – ainda que não formado metodologicamente nessa disciplina – inclinei-me para os estudos de sociologia das relações internacionais com profundo embasamento na história (política e econômica). Meu método combina pesquisa em arquivos, mas não de forma extensiva, documentação primária da época, literatura secundária, sobre os temas cobertos em meus estudos, geralmente numa perspectiva histórica e comparada, com amplo apoio em indicadores econômicos seriais.

História das Relações Internacionais e História da Política Externa. O que se faz no Brasil, na sua opinião?  *
Sua resposta: PRA: Tradicionalmente, sempre foi história diplomática – ou seja, baseada principalmente na atuação da chancelaria –, posteriormente voltada para as relações exteriores do país – compreendendo, portanto, fatores econômicos, políticos e sociais, externos ao âmbito exclusivo da diplomacia oficial – e complementada, mais recentemente, por uma visão mais ampla da política externa brasileira nos contextos regional e internacional. Mais raros são os estudos e pesquisas que visam colocar o Brasil no contexto global, ou seja, ver a trajetória das relações internacionais do país tal como inserido numa história global, que guarda alguma relação, mas não é a mesma coisa, com os estudos de "sistema-mundo", ou de economia mundial.

Como você avalia o diálogo com os historiadores-internacionalistas vizinhos? *
FracoPRA
Razoável
Bom
Muito Bom

Como você avalia o diálogo com os historiadores-internacionalistas do Sul-Global (África e Ásia especialmente)? *
Fraco
Razoável
Bom PRA
Muito Bom

Qual a sua opinião sobre a formação de algum tipo de institucionalidade de Historiadores das Relações Internacionais da América do Sul como meio para a integração regional?
Sua resposta: PRA: Pode ser positivo, e de certa forma já existe na área de história econômica, por exemplo, mas para a América Latina como um todo, não restrito à América do Sul. Poderia ser positiva uma iniciativa nesse sentido, uma vez que existem conexões reais entre os povos e Estados da região, em vista dos fluxos econômicos e humanos desenvolvidos ao longo de uma longa trajetória histórica.

Como avalia a conformação de um Forum Específico de Historiadores das Relações Internacionais dos BRICS para o avanço de uma História Global das Relações Internacionais ?
Irrelevante: PRA
Pouco relevante
Relevante
Muito Relevante

Qual a sua avaliação sobre a importância das teorias para o estudo da História das Relações Internacionais? *
Sua resposta; PRA: Sou menos propenso a estudar a história das relações internacionais do Brasil no plano teórico, ainda que aceite que possa existir, implicitamente a esses estudos, algumas concepções teóricas sobre a organização e o desenvolvimento de algumas tendências fortes nesse terreno. Podem ser interessantes, mas não as considero relevantes para um estudo caracterizadamente histórico.

Qual sua opinião sobre o ensino de história para os cursos de relações internacionais no Brasil e as pesquisas da área na pós graduação? *
Sua resposta: PRA: Não apenas necessário, como absolutamente indispensável para o estudo e uma compreensão objetiva, fundamentada em bases sólidas, da política externa e das relações internacionais do Brasil. Não se pode apreender objetivamente características atuais das relações internacionais e da política externa do Brasil atualmente, sem levar em conta fases pregressas, antecedentes dos processos atuais.

Quais rumos você acredita que a História das Relações Internacionais deve seguir para continuar como um campo relevante de estudo das RI? *
Sua resposta: PRA: Sólida base empírica – ou seja, estudos econômicos e políticos amplamente amparados em pesquisa primária, com interpretação dos dados em seu contexto próprio – e visão integrada dos processos abordados. Não tomar documentos produzidos por governos como evidências reais, ou fieis, dos problemas estudados, não tomar o discurso dos atores como representativos dos processos subjacentes às questões abordadas, tentar sempre enquadrar esses estudos num contexto mais amplo, que por vezes não está suficientemente refletido na literatura disponível ou nos documentos compulsados. Finalmente, desenvolver uma metodologia séria para esses estudos, sair do amadorismo característico dos primeiros anos, afastar modismos ou vieses de qualquer tipo – ideológicos, geralmente – e exigir pesquisa primária e leituras paralelas ao objeto principal de pesquisa.

Envie-me uma cópia das minhas respostas.

sábado, 19 de agosto de 2017

Questionário sobre carreira diplomatica - Paulo Roberto de Almeida

Mais um daqueles questionários, com a peculiaridade que este nunca foi divulgado anteriormente.


Questionário sobre carreira diplomática

Paulo Roberto de Almeida
Respostas a questões colocada...


1) Qual sua formação acadêmica?
PRA: Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico, Licenciado em Ciências Sociais; Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco.

2) Como a sua formação acadêmica o preparou para sua profissão?
PRA: As ciências sociais, em suas diferentes vertentes, possuem larga interface com o concurso e com a própria carreira diplomática: economia, ciência política, sociologia, antropologia, história, direito, estatística, geografia, todas essas matérias foram por mim estudadas nos diversos cursos de graduação e pós que tive a oportunidade de frequentar e de obter diplomas.

3) Como é seu dia-a-dia como diplomata?
PRA: Já respondi diversas vezes a este tipo de questão. Recomendo, em consequência, consultar este trabalho: http://diplomatizzando.blogspot.fr/2009/05/1112-carreira-diplomatica-respondendo.html.

4) Quais suas atividades como diplomata?
PRA: Em grande medida respondidos nos diversos textos consolidados em meu site e blog.

5) Quais as frustações de seu trabalho?
PRA: Não muito diferentes das demais profissionais: problemas de hierarquia, de disciplina (aqui mais do que em outras profissões), de não aproveitamento burocrático dos trabalhos produzidos no contexto da profissão, ausência de instruções claras para tratar de determinadas questões em conferências internacionais, ou elaboração deficiente dessas mesmas instruções, quando não se coadunam com um perfeito embasamento técnico do tema em pauta; a carreira diplomática é, como toda grande burocracia, feita de muitos interstícios decisionais, e nem sempre o ambiente coletivo, na ausência de estudos exaustivos, favorece uma perfeita tomada de decisões adequada ao contexto brasileiro.

7) Quais suas expectativas em relações ao mercado de trabalho?
PRA: A carreira de diplomata é de Estado, portanto, depois de fazer o concurso de ingresso, tal questão não se coloca mais, pois passamos a estar a serviço do Estado, retirados do mercado. Este só vale para os chamados internacionalistas, que vivem nessa área, mas não possuem carreira de Estado, e sim devem se inserir no mercado com agentes privados ou entidades coletivas, em relações contratuais. O diplomata não possui um contrato de trabalho e sim um estatuto que rege sua profissão.

8) Quais são as características pessoais necessárias para o exercício da profissão?
PRA: Grande conhecimento das áreas afins, sobretudo direito, economia, história, línguas e, evidentemente, relações internacionais; flexibilidade para trabalhar nos mais diferentes ambientes; disponibilidade para ser um perfeito nômade; adaptabilidade a novos ambientes de trabalho e de vida.

9) O que você menos gosta no seu trabalho?
PRA: Talvez a disciplina e a hierarquia, mas reconheço que são dois requisitos necessários nesse tipo de entidade, fortemente embasada no cumprimento de instruções, dos deveres básicos de um serviço coletivo, no âmbito do Estado.

10) Quais as diferenças entre um internacionalista e um diplomata?
PRA: Um diplomata é um servidor público. Um internacionalista é todo aquele que trabalha nas áreas afins às relações internacionais, mas costuma-se reservar a designação para os graduados na área ou que se preparam para trabalhar nesse área fora do âmbito do Estado.

Paulo Roberto de Almeida
Paris, 10 de abril de 2012.