Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sábado, 16 de outubro de 2010
Por que a Franca vai para o brejo...
"Eu, quando chegar aos 60 anos, quero ter o direito de não trabalhar mais!"
Dito por uma jovem de 16 anos, inquirida sobre a razão pela qual aderia aos protestos, no quadro das manifestações dos ditos "movimentos sociais" que contestam a legislação para o alargamento da idade da reforma em França.
Bem, acho que, modestamente, vamos pelo mesmo caminho...
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Meu comentário de ordem geral ao problema previdenciário:
TODAS as situacoes previdenciarias, em TODOS os países do mundo, mais cedo ou mais tarde, sao desastrosas, seja pelo lado da renda (e dos benefícios) dos aposentados, seja pelo lado fiscal, dos déficits públicos, que afetam os ativos.
Essas manifestacoes francesas, contra a elevacao de meros 2 anos na idade limite, em 8 anos de prazo, são patéticas, e por isso mesmo a França vai para o brejo. Nós também aliás...
TODOS os países precisam: (a) reduzir os benefícios; (b) aumentar a idade limite; (c) aumentar as cotizacões, pelo prazo ou pelos valores.
Esta última opção, aliás, é a que se desdobra nas duas opções básicas: continuar no regime geral, de repartição; ou instituir o novo regime, já existente em vários países, de capitalização, em contas individuais (a que mais favorece a poupança e os investimentos).
Essa transição não é fácil, e muitos países desistiram de fazer, pois o buraco a ser coberto seria muito grande (mas quanto mais se espera, mais ele aumenta).
Independente de qual regime "escolher" (na verdade, as sociedades só escolhem obrigadas, e no meio da crise), o que é certo é que: (a) caminhamos para a crise fiscal em todos os regimes de repartição (mais cedo ou mais tarde, dependendo da estrutura demográfica do país); (b) benefícios vao ter de ser reduzidos; (c) a idade também vai aumentar.
A única certeza, tirante a famosa frase keynesiana, é que nossos filhos e netos vão herdar uma conta pesada.
Sociedades que tenham grande produtividade do trabalho humano vão se sair melhor; sociedades de educação medíocre, como a nossa, vão sofrer muito mais...