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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 5 de junho de 2020

Mini-reflexão sobre a falta de reflexões - Paulo Roberto de Almeida

Um trabalho escrito e divulgado em primeira mão no Facebook, na data de ontem, hoje transplantado para este espaço.


Mini-reflexão sobre a falta de reflexões

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: reflexão; finalidade: debate público]
Brasília, 4/06/2020


Influenciadores deveriam influenciar, não é mesmo?
Ou seja, espera-se que pelo menos produzam textos que façam algum sentido, que congreguem novos adeptos, ou que pelo menos aliciem os já iniciados.
Mas, para isso é preciso um mínimo de “explicações” razoáveis sobre a realidade.
Ora, não é isso o que se observa.
Até agora não vi nada de realmente aproveitável nos escritos recentes (se existem) do olavo-bolsonarismo. 
O capitão é um inepto total; os filhos não sabem pensar ou escrever; o chanceler acidental tem textos erráticos (alias denotando uma personalidade profundamente desequilibrada), e o guru não escreve mais nada, só xinga em vídeos demenciais, o que apenas revela um ser torturado pela loucura.
O que sobrou? 
Nada!
Apenas um livro, organizado por um seguidor depois decepcionado, que ainda tinha coisas antigas relativamente compreensíveis, recolhidas em diversas bases: “O Mínimo que...”, mas parou por aí.
Disso, só sobraram invectivas furiosas e expletivamente escabrosas dirigidas a supostos adversários. 
Eu aliás cai na lista dos nomes a atacar, e até a intimidar no plano profissional.
Não sou de me assustar ou de recuar ante a suprema MEDIOCRIDADE na qual os olavo-bolsonaristas jogaram o Brasil: vou continuar denunciando a obra nefasta de terra arrasada que esse ignaros autoritários pretendem instalar no país.
Como disse num de meus livros, isso seria a destruição da inteligência.
Não sem a minha resistência intelectual.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de junho de 2020
Divulgado no Facebook (4/06/2020; link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/3288023341261093).

Quais são as nossas verdadeiras ameaças? - Paulo Roberto de Almeida

Quais são as nossas verdadeiras ameaças?

Paulo Roberto de Almeida

Uma das tragédias da nossa época, da nossa conjuntura histórica, não é exatamente o fato de estarmos enfrentando uma pandemia que vai provavelmente causar mais perdas econômicas, mais miséria e pobreza, do que propriamente perda de vidas humanas, certamente não na proporção da Peste Negra do século XIV, ou na da “gripe espanhola” (americana), com seus milhões de mortos, logo ao final da Grande Guerra.
A Grande Depressão que ela pode ainda causar, a retração da globalização e o desemprego já evidente talvez sejam maiores do que a “mãe de todas as crises”, a Grande Depressão dos anos 1930.
Mas estas perdas, em vidas humanas, e os retrocessos econômicos, talvez não sejam os piores desafios dos nossos tempos, que algumas mentes tresloucadas querem ver como sendo a “decadência do Ocidente”, elegendo então uma cavalgadura como o Trump como o suposto “salvador do Ocidente”, o que é uma impostura monumental, e não apenas teórica, ou histórica, mas também simplesmente factual.
Uma das nossas maiores tragédias é o fato que essa hipotética decadência — se ela existe, de fato — não é causada por nenhuma preeminência agressiva” da China ou de outros alegados competidores desse Ocidente supostamente em declínio, por causa de uma imaginária “concorrência desleal” ou de outras práticas maliciosas dessas potências ascendentes.
As verdadeiras causas residem na estagnação dos impulsos produtivos, dos esforços inovadores, de um estadismo esclarecido, na opção por um retorno sobre si mesmos, em uma reversão mercantilista, instintos protecionistas, mas sobretudo na volta de velhas tendências nacionalistas, nos extremismos medíocres consolidados sob a forma de demagogia política e de populismo econômico, tanto de esquerda, quanto de direita, em especial de extrema-direita.
Acresce que os novos líderes surgidos dessa nova “revolta das massas” são, via de regra, extremamente ignorantes e, com poucas exceções, singularmente estúpidos, como é o caso dos dois presidentes dos maiores países do hemisfério ocidental (além de estúpidos, mesquinhos e perversos, nestes casos).
À diferença das animosidades entre os impérios centrais e o confronto com as democracias ocidentais, que causaram a Grande Guerra, e em contraste com o expansionismo militarista dos Estados fascistas, que precipitou o mundo na voragem da Segunda Guerra Mundial, o atual processo de declínio — muito relativo — das potências ocidentais, em face do gigante asiático, por elas considerado como um “desafiante estratégico”, não tem nada a ver com qualquer “ocupação de espaços” antes exclusivamente ocidentais, no comércio, nas finanças, na tecnologia, nos investimentos, na influência política ou ideológica, soft power ou qualquer outro desafio desse tipo.
Nem haverá uma alegada repetição da última fantasmagoria de acadêmicos liberais das melhores universidades americanas convertidos à paranoia dos generais do Pentágono, a tão temida (talvez até desejada) “armadilha de Tucídides”, como não se cansa de repetir Graham Allison, o autor do mais celebrado “The Essence of Decision”, sobre a crise dos mísseis soviéticos em Cuba, que quase levou as duas superpotências “to the brink”.
A decadência “ocidental” — se ela existe, o que eu não acredito — é auto-infligida, made at home, e deriva justamente da burrice nacionalista dos seus dirigentes.
Os Estados Unidos de Trump mergulharam nessa espiral do declínio, provavelmente o Brasil de Bolsonaro também, assim como uma meia dúzia de outros países que fizeram a bobagem de votar por demagogos ignorantes e populistas totalmente despreparados para enfrentar os desafios da (e contrários à) globalização. Esses países vão recuar, absoluta ou relativamente, até que surjam estadistas capazes de libertá-los da “armadilha da burrice” à qual foram conduzidos por eleitores ignorantes e suscetíveis de se deixarem enganar por demagogos e gurus tresloucados.


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5/06/2020

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Academia.edu: acesso a textos PRA de julho de 2018 a junho de 2019

Depois de postar os acessos no último mês, aqui:

Os textos mais acessados em Academia.edu em 1 mês - Paulo Roberto de Almeida

vou colocar agora os acessos a minha página em Academia.edu no período de um ano, mas apenas como disponibilizado pelo Analytics, que se refere tão somente ao período de meados de 2018 a meados de 2019, não refletindo, portanto os acessos do ano decorrido desde agora para os últimos 12 meses.

Acessos em um ano: de 1/07/2018 a 30/06/2019

17.862 Unique Visitors
6.223 Downloads
32.988 Views
142 Countries
2.613 Cities
872 Universities
11.548 Research Fields
150.548 Pages Read

Principais países: 
Brazil13.977
United States891
Portugal453
Angola202
Moçambique198
137 mais

Principais universidades: 
Universidade de Brasília - UnB274
Universidade de São Paulo211
Universidade Fed. do RJ (UFRJ)129
Universidade Federal do Rio Grande do Sul111
UFF- Federal Fluminense68
357 mais universidades


Principais textos: 
Ordem do Progresso, Marcelo26.844
O Moderno Príncipe: Maquiavel8.302
Política externa brasileira4.612
Relações Brasil-Estados Unidos3.847
A Política Externa Brasileira3.667
748 outros

Research Fields: 

Economic Diplomacy633
Política Externa brasileira
Brazilian Political Economy
612
590
Political Development547
International Relations453
95 mais

Os textos mais acessados em Academia.edu em 1 mês - Paulo Roberto de Almeida

Meus textos mais acessados na plataforma Academia.edu em um mês: 5 de maio a 4 de junho: 




Academia.edu: acesso a postagens Paulo R. Almeida

Faz algum tempo que não acessava o Analytics de minha página na plataforma Academia.edu; andei preparando textos, dando palestras online, corrigindo provas de alunos e trabalhos domésticos.
Hoje, 4/04/2020, 76 anos do desembarque na Normandia, que começou a libertar a Europa ocidental da dominação nazista, fui verificar. 
Caiu um pouco o percentual de acessos, mas os números absolutos permanecem em patamares elevados: 

Acessos em um mês: de 5/05/2020 a 4/06/2020

2,888 Unique Visitors
1,662 Downloads
5,252 Views
82 Countries
785 Cities
362 Universities
4,392 Research Fields
17,073 Pages Read

Principais países: 
Brazil2249
United States121
Portugal88
Unknown69
France33
77 mais

Principais universidades: 
Universidade de Brasília - UnB78
Universidade de São Paulo34
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)32
Universidade Federal do Rio Grande do Sul19
Centro Universitario de Brasilia - UniCEUB16
357 mais universidades


Principais textos: 
O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000 (2002)1692
Embaixadas e Legações do Brasil - Rogerio S. Farias, Frederico A. Ferreira (2019)1108
Marxismo e Socialismo (2019)882
Reuniao Ministerial de 22/04/2020: Desgravacao completa pela PF847
A Ordem do Progresso, Marcelo P. Abreu - resenha Gladson Miranda686
262 outros

Research Fields: 
Politica Externa brasileira no governo lula190
Economic Diplomacy180
Brazilian Political Economy179
Political Development168
History of Brazilian Foreign Relations154
95 mais


30-day Profile Views
430    - 8%
30-day Document Views
4,822   25%
30-day Unique Visitors
2,888    - 18%








sexta-feira, 29 de maio de 2020

Pesquisa sobre a carreira diplomática (2019) - Paulo Roberto de Almeida

Pesquisa sobre a carreira diplomática

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: responder a questionário; finalidade: participar de pesquisa] 

Recebi, em 25/11/2019, convite para participar de uma pesquisa, como informado abaixo. Transcrevo, em seguida, minhas próprias respostas, aventando a possibilidade de uma entrevista para esclarecimento de aspectos específicos da carreira.

Pesquisa aplicada a diplomatas brasileiros
Olá, boa tarde. A pesquisa é para a disciplina de Introdução ao Método das Ciências Sociais da Universidade de Brasília e é uma coisa bem simples a princípio. Grande parte da bibliografia a respeito da socialização do corpo diplomático aborda o Itamaraty como um ambiente extremamente hierárquico e formal, e apontam que talvez essa característica possa "atrapalhar" as interações sociais. 
Existe uma pesquisa, inclusive, que tenta traçar um "ethos" do Itamaraty. Tendo essas pesquisas como base, eu estou fazendo algumas entrevistas para tentar entender até que ponto essas questões realmente influenciam o convívio social, porque é claro que pontos como a personalidade das partes e algumas afinidades também podem exercer influência.
 Gostaria que pudéssemos fazer uma entrevista pessoalmente, mas entendo que o Sr. é muito ocupado. Logo, peço que responda as perguntas do formulário a seguir (...).
Peço também, se possível, que o sr. me indique colegas que teriam disponibilidade para responder as questões (com um apelo especial a mulheres, já que todos os entrevistados até então foram homens). 
Caso tenha alguma dúvida, não hesite em me contatar. 
Agradeço desde já pela participação.
Atenciosamente,
--
(...)
Graduanda em Ciência Política na Universidade de Brasília.
(...)

Pesquisa aplicada a diplomatas brasileiros

Olá! Muito obrigada pela disponibilidade em participar deste trabalho.
A pesquisa, baseada nas obras de Cristina Moura e Hannah Souza, busca entender a socialização dos novos diplomatas e, posteriormente, suas redes sociais dentro do Ministério das Relações Exteriores. O formulário será respondido de forma anônima, mas após o término da pesquisa, o Sr. (a) receberá uma cópia do trabalho finalizado, a fim de que esteja ciente dos rumos tomados.
Agradecemos o preenchimento de Pesquisa aplicada a diplomatas brasileiros
Endereço de e-mail *
Gênero: Masculino

Formação acadêmica:
Graduação em Ciências Sociais; Mestrado em Economia; Doutorado em Ciências Sociais

Ano de admissão no CACD:
1977, por concurso direto, não via vestibular para o IRBr

Cargo atual:
Ministro de Primeira Classe; lotado na Divisão de Comunicações e Arquivo

O Sr. (a) sempre almejou a carreira de diplomata? Como foi o período de estudos preparatórios para o concurso?
Não; foi um impulso de momento, com muito pouca preparação para o concurso direto de admissão à carreira diplomática, sem passar pela formação do IRBr.

Qual foi a sua primeira impressão a respeito do Instituto Rio Branco?
Não passei pelo Instituto Rio Branco; fui professor no IRBr; curso repetitivo em relação aos estudos preparatórios para o concurso.

O Sr (a) possui colegas de trabalho que se tornaram amigos pessoais? Se sim, como essas relações chegaram a este nível?
Sim, vários colegas de turma e mesmo de outras turmas, mais antigas e mais modernas. Convivência de longos anos em postos ou fases de trabalho na SERE, com base em afinidades de pensamento e estilos de vida.

Qual seu estado civil? Sente que ele exerce influência nas relações dentro do Ministério?
Casado, por uma única vez, e bastante realizado. O casamento foi bastante positivo na carreira, embora as dificuldades surjam em função de determinados postos. A incidência de divórcios na carreira é relativamente alta, em função das dificuldades naturais vinculadas ao nomadismo, postos de sacrifício, preocupações familiares com estudos dos filhos e a não ocupação da mulher.

Sente-se confortável em manter conversações além do âmbito profissional com superiores?
Sim, mas isso depende muito dos superiores; alguns eu me identificava pelo trabalho ou pelos interesses intelectuais; outros era indiferente. Não sou de cultivar muitas relações fora da carreira, por um lado, por ter uma carreira paralela na academia, sem tempo para cultivar muitas relações diplomáticas; por outro, estive sempre voltado para os livros e a produção intelectual, de modo solitário, sem perder muito tempo com relações pessoais.

Já teve cargos em outros países? Se sim, sente alguma diferença nas relações entre diplomatas, comparando ambos os lugares?
Diplomatas são geralmente animais gregários, endogâmicos, convivendo basicamente entre si. Todos fazem parte de um mesmo clube, mas que se renova a cada 3 ou 4 anos, pelo nomadismo habitual da carreira.

Com a inserção na carreira diplomática, houve alguma alteração nos seus laços sociais anteriores? O Sr. (a) ainda tem contato, por exemplo, com amigos da faculdade, ou suas interações sociais se resumem a colegas de trabalho?
Poucas interações, pelo distanciamento natural devido aos longos períodos no exterior e em Brasilia, à distância da cidade natal (SP); mas algumas amizades da juventude foram preservadas.

Sentiria-se confortável em convidar seus colegas para um happy hour?
Sim, mas poucos colegas, pois meus interesses intelectuais se situam em grande medida fora da carreira, mais na academia do que na diplomacia.

Ainda tem contato com sua turma do curso de formação do IRBR? Se sim, como é a relação entre as partes?
Sim, mas não se trata de colegas do IRBr, pois não fiz o curso, e sim com poucos colegas do mesmo concurso direto.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25 de novembro de 2019