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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Pesquisa sobre a carreira diplomática (2019) - Paulo Roberto de Almeida

Pesquisa sobre a carreira diplomática

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: responder a questionário; finalidade: participar de pesquisa] 

Recebi, em 25/11/2019, convite para participar de uma pesquisa, como informado abaixo. Transcrevo, em seguida, minhas próprias respostas, aventando a possibilidade de uma entrevista para esclarecimento de aspectos específicos da carreira.

Pesquisa aplicada a diplomatas brasileiros
Olá, boa tarde. A pesquisa é para a disciplina de Introdução ao Método das Ciências Sociais da Universidade de Brasília e é uma coisa bem simples a princípio. Grande parte da bibliografia a respeito da socialização do corpo diplomático aborda o Itamaraty como um ambiente extremamente hierárquico e formal, e apontam que talvez essa característica possa "atrapalhar" as interações sociais. 
Existe uma pesquisa, inclusive, que tenta traçar um "ethos" do Itamaraty. Tendo essas pesquisas como base, eu estou fazendo algumas entrevistas para tentar entender até que ponto essas questões realmente influenciam o convívio social, porque é claro que pontos como a personalidade das partes e algumas afinidades também podem exercer influência.
 Gostaria que pudéssemos fazer uma entrevista pessoalmente, mas entendo que o Sr. é muito ocupado. Logo, peço que responda as perguntas do formulário a seguir (...).
Peço também, se possível, que o sr. me indique colegas que teriam disponibilidade para responder as questões (com um apelo especial a mulheres, já que todos os entrevistados até então foram homens). 
Caso tenha alguma dúvida, não hesite em me contatar. 
Agradeço desde já pela participação.
Atenciosamente,
--
(...)
Graduanda em Ciência Política na Universidade de Brasília.
(...)

Pesquisa aplicada a diplomatas brasileiros

Olá! Muito obrigada pela disponibilidade em participar deste trabalho.
A pesquisa, baseada nas obras de Cristina Moura e Hannah Souza, busca entender a socialização dos novos diplomatas e, posteriormente, suas redes sociais dentro do Ministério das Relações Exteriores. O formulário será respondido de forma anônima, mas após o término da pesquisa, o Sr. (a) receberá uma cópia do trabalho finalizado, a fim de que esteja ciente dos rumos tomados.
Agradecemos o preenchimento de Pesquisa aplicada a diplomatas brasileiros
Endereço de e-mail *
Gênero: Masculino

Formação acadêmica:
Graduação em Ciências Sociais; Mestrado em Economia; Doutorado em Ciências Sociais

Ano de admissão no CACD:
1977, por concurso direto, não via vestibular para o IRBr

Cargo atual:
Ministro de Primeira Classe; lotado na Divisão de Comunicações e Arquivo

O Sr. (a) sempre almejou a carreira de diplomata? Como foi o período de estudos preparatórios para o concurso?
Não; foi um impulso de momento, com muito pouca preparação para o concurso direto de admissão à carreira diplomática, sem passar pela formação do IRBr.

Qual foi a sua primeira impressão a respeito do Instituto Rio Branco?
Não passei pelo Instituto Rio Branco; fui professor no IRBr; curso repetitivo em relação aos estudos preparatórios para o concurso.

O Sr (a) possui colegas de trabalho que se tornaram amigos pessoais? Se sim, como essas relações chegaram a este nível?
Sim, vários colegas de turma e mesmo de outras turmas, mais antigas e mais modernas. Convivência de longos anos em postos ou fases de trabalho na SERE, com base em afinidades de pensamento e estilos de vida.

Qual seu estado civil? Sente que ele exerce influência nas relações dentro do Ministério?
Casado, por uma única vez, e bastante realizado. O casamento foi bastante positivo na carreira, embora as dificuldades surjam em função de determinados postos. A incidência de divórcios na carreira é relativamente alta, em função das dificuldades naturais vinculadas ao nomadismo, postos de sacrifício, preocupações familiares com estudos dos filhos e a não ocupação da mulher.

Sente-se confortável em manter conversações além do âmbito profissional com superiores?
Sim, mas isso depende muito dos superiores; alguns eu me identificava pelo trabalho ou pelos interesses intelectuais; outros era indiferente. Não sou de cultivar muitas relações fora da carreira, por um lado, por ter uma carreira paralela na academia, sem tempo para cultivar muitas relações diplomáticas; por outro, estive sempre voltado para os livros e a produção intelectual, de modo solitário, sem perder muito tempo com relações pessoais.

Já teve cargos em outros países? Se sim, sente alguma diferença nas relações entre diplomatas, comparando ambos os lugares?
Diplomatas são geralmente animais gregários, endogâmicos, convivendo basicamente entre si. Todos fazem parte de um mesmo clube, mas que se renova a cada 3 ou 4 anos, pelo nomadismo habitual da carreira.

Com a inserção na carreira diplomática, houve alguma alteração nos seus laços sociais anteriores? O Sr. (a) ainda tem contato, por exemplo, com amigos da faculdade, ou suas interações sociais se resumem a colegas de trabalho?
Poucas interações, pelo distanciamento natural devido aos longos períodos no exterior e em Brasilia, à distância da cidade natal (SP); mas algumas amizades da juventude foram preservadas.

Sentiria-se confortável em convidar seus colegas para um happy hour?
Sim, mas poucos colegas, pois meus interesses intelectuais se situam em grande medida fora da carreira, mais na academia do que na diplomacia.

Ainda tem contato com sua turma do curso de formação do IRBR? Se sim, como é a relação entre as partes?
Sim, mas não se trata de colegas do IRBr, pois não fiz o curso, e sim com poucos colegas do mesmo concurso direto.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 25 de novembro de 2019

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