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terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Venezuela: mortes infantis por fome se acentuam

Até quando a América Latina suportará esse espetáculo propriamente "africano" num país que já foi, outrora, o de maior renda per capita da região?
Até quando crianças morrerão de fome na Venezuela, na total indiferença dos países vizinhos?
Até quando teremos de assistir realidades brutais como essa, ao lado do Brasil?
Paulo Roberto de Almeida

Crise se agrava e crianças morrem de fome na Venezuela

O Estado de S. Paulo, 18/12/2017

 

 Nos últimos cinco meses, ‘New York Times’ visita 21 hospitais em 17 Estados e constata a falência do sistema de saúde venezuelano
CARACAS - O problema da fome assola a Venezuela há anos, mas agora a desnutrição está matando as crianças em ritmo alarmante. Por cinco meses, o New York Times acompanhou o cotidiano hospitais públicos venezuelanos e, segundo os médicos, o número de mortes por desnutrição é recorde.
Desde que a economia da Venezuela começou a ruir, em 2014, protestos por falta de comida se tornaram comuns. Também virou rotina ver soldados montando guarda diante de padarias e multidões enfurecidas saqueando mercados.
As mortes por desnutrição são o segredo mais bem guardado do governo de Nicolás Maduro. Nos últimos cinco meses, o New York Times entrevistou médicos de 21 hospitais em 17 Estados. Os profissionais descrevem salas de emergência cheias de crianças com desnutrição grave, um quadro que raramente viam antes da crise.
“As crianças chegam em condições muito graves de desnutrição”, disse o médico Huníades Urbina Medina, presidente da Sociedade Venezuelana de Pediatria. De acordo com ele, os médicos venezuelanos têm se deparado com casos de desnutrição semelhantes aos encontrados em campos de refugiados.
ara muitas famílias de baixa renda, a crise redesenhou completamente a paisagem social. Pais preocupados ficam dias sem comer, emagrecem e chegam a pesar quase o mesmo que seus filhos. Mulheres fazem fila em clínicas de esterilização para evitar bebês que não possam alimentar.
Jovens que deixam suas casas e se juntam a gangues de rua para vasculhar o lixo atrás de sobras carregam na pele cicatrizes de brigas de faca. Multidões de adultos avançam sobre o lixo de restaurantes após os estabelecimentos fecharem. Bebês morrem porque é difícil encontrar e pagar pela fórmula artificial que substitui leite materno, até mesmo nas salas de emergência.
“Às vezes, eles morrem de desidratação nos meus braços”, afirmou a médica Milagros Hernández, na sala de emergência de um hospital pediátrico na cidade de Barquisimeto. Ela diz que o aumento de pacientes desnutridos começou a ser notado no fim de 2016. “Em 2017, o aumento foi terrível. As crianças chegam com o mesmo peso e tamanho de um recém-nascido.”
Antes de a economia entrar em colapso, segundo os médicos, quase todos os casos de desnutrição registrados nos hospitais públicos eram ocasionados por negligência ou abusos por parte dos pais. Quando a crise se agravou, entre 2015 e 2016, o número de casos no principal centro de saúde infantil da capital venezuelana triplicou.
Nos últimos dois anos, a situação ficou ainda pior. Em muitos países, a desnutrição grave é causada por guerras, secas ou algum tipo de catástrofe, como um terremoto”, disse a médica Ingrid Soto de Sanabria, chefe do departamento de nutrição, crescimento e desenvolvimento do hospital. “Mas, na Venezuela, ela está diretamente relacionada à escassez de comida e à inflação.”
O governo venezuelano tem tentado encobrir a crise no setor de saúde por meio de um blecaute quase total das estatísticas, além de criar uma cultura que deixa os profissionais com medo de relatar problemas e mortes ocasionados por erros do governo.
As estatísticas, porém, são estarrecedoras. O relatório anual do Ministério da Saúde, de 2015, indica que a taxa de mortalidade de crianças com menos de 4 semanas aumentou em 100 vezes desde 2012, de 0,02% para pouco mais 2% - a mortalidade materna aumentou 5 vezes no mesmo período.
Por quase dois anos, o governo venezuelano não publicou nenhum boletim epidemiológico ou estatísticas relacionadas à mortalidade infantil. Em abril, porém, um link apareceu subitamente no site do Ministério da Saúde conduzindo os internautas a boletins secretos. Os documentos indicavam que 11.446 crianças com menos de 1 ano morreram em 2016 - um aumento de 30% em um ano.
Os dados ganharam manchetes nacionais e internacionais antes de o governo declarar que o site tinha sido hackeado. Em seguida, os relatórios foram retirados do ar. Antonieta Caporale, ministra da Saúde, foi demitida e a responsabilidade de monitorar os boletins foi passada aos militares. Nenhuma informação foi divulgada desde então.
Os médicos também são censurados nos hospitais e frequentemente alertados para não incluir desnutrição infantil nos registros. “Em alguns hospitais públicos, os diagnósticos clínicos de desnutrição foram proibidos”, afirmou Urbina.
No entanto, médicos entrevistados em 9 dos 21 hospitais investigados mantiveram ao menos algum tipo de registro. Eles constataram aproximadamente 2,8 mil casos de desnutrição somente no último ano - e crianças famintas regularmente sendo levadas para a emergência. Quase 400 delas morreram, segundo os pediatras. “Nunca na minha vida vi tantas crianças famintas”, afirmou a médica Livia Machado, pediatra que oferece consultas grátis em uma clínica particular.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Palestra do presidente da Guiana sobre Segurança nos pequenos Estados: 22/12, 17:00hs

Importante: nova data
Inscrições abertas para a palestra do Presidente da 
República Cooperativa da Guiana,
Brigadeiro David Granger 

Alexandre de Gusmão Foundation (FUNAG) and its Institute for Research on International Relations (IPRI) are honoured to invite you to a presentation by the President of the Co-operative Republic of Guyana, Brigadier David Granger, on "Continental Security Co-operation in South America. Changes and Challenges in the 21st Century: Perspectives from a Small State". The presentation will take place on THURSDAY 21 DECEMBER 5:00 p.m. at Paulo Nogueira Batista Auditorium, Annex II of the Ministry of Foreign Affairs (not 22 December, as previously informed). Register here

A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e o seu Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) têm a honra de convidar para apresentação do presidente da República Cooperativa da Guiana, Brigadeiro David Granger, sobre "Segurança Continental na América do Sul. Mudanças e Desafios no Século 21: Perspectivas de um Pequeno Estado". A apresentação será realizada NA QUINTA-FEIRA 21 DE DEZEMBRO ÀS 17:00 no auditório Paulo Nogueira Batista, Anexo II do Ministério das Relações Exteriores (não na sexta-feira 22, como informado anteriormente). Faça sua inscrição aqui.

Correios em estado falimentar - auditoria da CGU

AUDITORIA E FISCALIZAÇÃO 
CGU identifica prejuízos crescentes nos Correios e risco de dependência da União
Avaliação
Empresa apresentou, nos últimos seis exercícios, crescente degradação na sua capacidade de pagamento no longo prazo. Patrimônio Líquido reduziu cerca de 92%

Publicado: 15/12/2017 11h08Última modificação: 15/12/2017 12h46

No período avaliado, o “Patrimônio Líquido” da empresa reduziu aproximadamente 92,63%
O Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) divulga o resultado da avaliação da evolução econômico-financeira da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). O trabalho buscou identificar, nos últimos seis exercícios, os fatos que possam estar vinculados aos seguidos prejuízos contábeis; e realizar um diagnóstico que sirva de subsídio para o planejamento de futuras ações de controle na Unidade. 


A CGU verificou que, de 2011 a 2016, os Correios apresentaram crescente degradação na sua capacidade de pagamento no longo prazo (liquidez), aumento do endividamento e da dependência de capitais de terceiros, e principalmente, redução drástica de sua rentabilidade, com a geração de prejuízos crescentes a partir de 2013. No período avaliado, o “Patrimônio Líquido” da empresa reduziu aproximadamente 92,63%. 

Entre os principais fatores que impactam a atual situação da empresa, destacam-se: 

§  Redução da sua atividade econômica, com queda de 16,28% no volume anual de correspondências transportadas ao ano;

§  Elevação vertiginosa do volume de indenizações, que causaram em 2016 prejuízo de R$ 201.749.206,63;

§  Defasagem tarifária, que acarretaram, em julho de 2015, perdas de R$ 1,235 bilhão;

§  Elevação dos custos com pessoal em 62,61%, chegando a R$ 12.351.333.130 em 2016;

§  Elevação dos custos com benefício pós-emprego em 345,80%, chegando a R$ 410.366.000 em 2016;

§  Elevação dos custos com insumos que, excluindo os referentes a despesa com “pessoal”, aumentaram 179,73%, chegando a R$ 5.343.898.000 em 2016;

§  Redução nas aplicações financeiras, que caíram 66,01%, passando de R$ 5.993.293.000 para R$ 2.036.960.000; e

§  Transferência elevada de recursos para a União nos exercícios de 2011, 2012 e 2013, nos quais foram repassados, a título de dividendos e juros sobre capital próprio, um total de R$ 2,97 bilhões. 

Com relação ao último ponto, destaca-se que em 2013 os Correios registraram prejuízo de R$ 312.511.000. Contudo, foram transferidos dividendos para a União no valor de R$ 401.100.000, que levaram à redução drástica da capacidade de investimento da empresa e da sua viabilidade econômico-financeira. 

Conclusão e providências 

De acordo com o relatório, sem a injeção de recursos por parte da União, no exercício de 2017, a empresa irá apresentar “Passivo a Descoberto”, e por consequência, agravamento da atual situação. A conclusão é de que se medidas efetivas não forem tomadas, no curto prazo, para ampliação da receita e redução dos custos, principalmente em relação aos Benefícios Pós-Emprego, a ECT irá se tornar gradativamente dependente de recursos transferidos pela União para o seu custeio. 
Em decorrência deste trabalho, os Correios apresentaram um Plano de Medidas de Curto e Longo Prazos, com vistas à recuperação da sua sustentabilidade financeira, com metas de economia de recursos para os exercícios 2017 a 2020. A implementação destas ações e seus efetivos resultados serão monitorados constantemente pela CGU.

National Security Strategy: a nova doutrina de defesa dos EUA sob Trump - Foreign Policy

A nova Estratégia Nacional de Segurança do governo Trump parece ser tão confusa quanto o próprio, pois diz coisas que contradizem o que o presidente diz, afirma, proclama, em seus discursos e postagens de Tweet.
Abaixo um resumo por dois autores da Foreign Policy.

Situation Report
By Paul McLeary with Adam Rawnsley
National Security Daily Brief,  
Foreign Policy, December 18, 2017  

New strategy. The new National Security Strategy document set to be unveiled by President Donald Trump at 2:00 p.m. on Monday describes a world locked in unceasing economic competition, in which Washington has little time for things like promoting democracy abroad, and instead will focus on great power competition, economic rivalry, and homeland security.

Outlining the document for reporters on Sunday, several administration officials called the document a dose of  “principled realism” in an “ever-competitive world.”

Cold war is back. The document calls Russia and China “revisionist powers” seeking to change the global status quo, and paints a stark picture of the world, rejecting cooperation in favor of competition. 

The United States has to “rethink the policies of the past two decades — policies based on the assumption that engagement with rivals and their inclusion in international institutions and global commerce would turn them into benign actors and trustworthy partners,” the document says, according to the New York Times. “For the most part, this premise turned out to be false.” 

Preemptive war? Asked directly how the document treats the concept of preemptive war in places like North Korea and Iran, the officials were vague. One officials said, “we don’t use the term preemption, but we will defense our national interests and values when threatened.”

Democracy promotion out. The strategy also jettisons the idea of democracy promotion, traditionally a cornerstone of U.S. foreign policy. One official said Sunday that economic relationships will guide the administration, while “ultimately it’s their choice” in how states govern at home.

“America’s economic security is national security,” the official said. “We will demand fair and reciprocal economic relationships around the world. The economic piece gets much more attention.”

Climate change out. The document is also at odds with the long-time Pentagon recognition that climate change is a problem. “Climate change is not identified as a national security threat,” one official said, noting the new strategy was “inspired by the president’s speech” in June that pulled the United States out of the Paris Climate Accord.

But just last week however, president Trump signed off on the 2018 defense spending bill that states, “climate change is a direct threat to the national security of the United States,” and calls for the Pentagon to submit a report to Congress within a year listing the ten most vulnerable military installations, and what steps have to be taken to ensure they remain operational.

Earlier this year, Defense Secretary Jim Mattis told Congress that “climate change is impacting stability in areas of the world where our troops are operating today,” and military commanders need to “incorporate drivers of instability that impact the security environment in their areas into their planning.”

Quinze Anos de Politica Externa: Ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017 - Paulo Roberto de Almeida

Um volume que compila escritos dos últimos 15 anos que ofereço como "presente de Natal" aos interessados em temas de política externa e de diplomacia brasileira:


Quinze Anos de Política Externa
Ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017
Paulo Roberto de Almeida 


 Ficha catalográfica: 

ALMEIDA, Paulo Roberto.
Quinze anos de política externa: ensaios sobre a diplomacia brasileira, 2002-2017; Brasília: Edição do Autor, 2017.
366 p. 
                   1. Política externa brasileira. 2. Relações internacionais.
3. Economia. 4. História. 5. Diplomacia.  6. Economia.
7. Globalização 8. Brasil. 8. América Latina. 10. Título

 Epígrafe: 


A melhor diplomacia não se sustenta sem uma boa governança doméstica.
Seria a diplomacia brasileira um ponto fora da curva? 
Paulo Roberto de Almeida


 
Índice


Apresentação: Das vantagens de ser um diplomata acidental11

1. As relações internacionais nas eleições presidenciais de 1994 a 2002 (2002) , 15
2. A política internacional do Partido dos Trabalhadores (2003) , 51
3. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula (2004) , 77
4. Políticas de integração regional no governo Lula (2005) , 97
5. A diplomacia do governo Lula: balanço e perspectivas (2006) ,129
6. A diplomacia do governo Lula em seu primeiro mandato, 2003-2006 (2007) , 145
7. Bases conceituais de uma política externa nacional (2008) , 161
8. Sucessos e fracassos da diplomacia brasileira: uma visão histórica (2009) , 183
9. Pensamento e ação da diplomacia de Lula: uma visão crítica (2010) , 187
10. A questão da liderança regional do Brasil (2011)205
11. Processos decisórios no âmbito da política externa (2012)233
12. As relações Sul-Sul: um novo determinismo geográfico? (2012-2013)251
13. A política externa companheira e a diplomacia partidária (2014)267
14. Contra as parcerias estratégicas: um relatório de minoria (2015) , 277
15. O renascimento da política externa (2016) , 295
16. A política externa e a diplomacia brasileira no século XXI (2017) , 309

Apêndices
17. Relações internacionais do Brasil: perspectiva histórica (2001) , 325
18. Diplomatas que pensam: qual é a nossa função? (2017) , 339
19. Relação cronológica seletiva de ensaios diplomáticos, 2002-2017345
20. Livros de Paulo Roberto de Almeida , 361
21. Nota sobre o autor  365

Neste link: