O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Brasil: campeao do agronegocio - publicacao do MAPA

 
 
 
 
 
Livro sobre o comércio externo do agronegócio brasileiro
 
 
 
A secretaria de Relações Internacionais, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), publicou o livro “Intercâmbio Comercial do Agronegócio: principais mercados de destino”, que pode ser obtido na versão impressa e na versão PDF, para download. Essa é a 7° edição referente aos dados de 2011, atualizados para 2012, com análises do comércio bilateral com os 30 principais parceiros do Brasil nesta área. A publicação tem 456 páginas divididas em seis seções que abordam o comércio bilateral total e não agrícola; inserção de produtos brasileiros no mercado em questão; assuntos sanitários e fitossanitários, além do regime tarifário. O livro traz ainda informações referentes às importações mundiais do agronegócio que alcançaram a cifra recorde US$ 14,18 trilhões, em 2011. Além do desempenho das exportações agrícolas, na qual o Brasil foi o terceiro maior mercado exportador de produtos agrícolas e sobre as exportações que atingiram um total de US$ 81,8 bilhões. De acordo com o diretor do Departamento de Promoção Internacional do Mapa, Marcelo Junqueira, o Intercâmbio Comercial do Agronegócio é uma das principais publicações do Ministério da Agricultura e tem como objetivo fazer uma análise comparativa entre os mercados bilaterais, seu desempenho e crescimento. “Esse livro é muito importante porque também abrange aspectos sanitários, fitossanitários e regime tarifário vigente nas relações bilaterais das nações parceiras analisadas”, disse. A publicação pode ser encontrada na internet no link. Para contato sobre a versão impressa: Assessoria de Comunicação Social
(61) 3218-2104
Vera Stumm
vera.stumm@ agricultura.gov.br

Brazil Institute at Wilson Center: debate sobre o progresso industrial

O importante, para quem não puder participar do debate (e só podem os que vivem em Washington, DC, e nas cercanias), é o trabalho sobre a competitividade (ou falta de) das exportações brasileiras, linkado no anúncio abaixo.

How to Improve Brazil's Industrial Growth and Export Performance

Please join the Woodrow Wilson Center’s Brazil Institute and the Program on America and the Global Economy for “How to Improve Brazil’s Industrial Growth and Export Performance”
 Tuesday February 12th, 2013
4:00 pm – 5:30 pm

Woodrow Wilson International Center for Scholars 6th Floor Flom Auditorium
Featuring

- Otaviano Canuto, Vice President and Head for Poverty Reduction and Economic Management Network, World Bank           
- José Guilherme Reis, Lead Trade Economist, World Bank
- Matheus Cavallari, Consultant, World Bank
Discussants:    

- John Bryson, Distinguished Scholar, Wilson Center, and former Secretary of Commerce under President Barack Obama
- Kent Hughes, Director, Program on American and the Global Economy

Moderator: Paulo Sotero, Director, Brazil Institute
Please RSVP to brazil@wilsoncenter.org (acceptances only) with your name and affiliation


Modest industrial production growth and disappointing export performances are at the center of an economic policy debate that has been raging in Brazil since 2011, in which the rate of GDP expansion abruptly declined from 7.5% in 2010 to 2.7% and dropped again to around 1% last year.
On February 12, the Brazil Institute and the Program on America and the Global Economy will convene a seminar to examine the causes of the negative trend and what needs to happen for the country to return to the average 4% annual growth of the Lula years, while improving the productivity and competitiveness of its economy, as President Dilma Rousseff has pledged to do. 


The discussion will feature the co-authors of an important policy research working paper recently published by the World Bank under the title:
Brazilian exports: climbing down a competitiveness cliff 
http://econ.worldbank.org/external/default/main?pagePK=64165259&theSitePK=469382&piPK=64165421&menuPK=64166093&entityID=000158349_20130107091437.
 

Location: Woodrow Wilson Center at the Ronald Reagan Building
1300 Pennsylvania Ave., NW ("Federal Triangle" stop on Blue/Orange Line).
A map to the Center is available at www.wilsoncenter.org/directions
Note: Please allow additional time to pass through security.

RBPI - Brazilian Journal of International Politics (fica bem em ingles)

Apesar de que a revista ainda seja majoritariamente em Português, ela vai começar a publicar artigos preferencialmente em inglês.

 Volume 55 number 2 (2/2012) of Revista Brasileira de Política Internacional – RBPI (Brazilian Journal of International Politics)

This edition and also RBPI’s signatures can be purchased directly from IBRI’s store http://www.ibri-rbpi.org/p/loja-do-ibri_19.html or freely accessed in Scielo http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732920120002&lng=en&nrm=iso.

Summary

Editorial
* The year that hasn't ended on international relations: 1962 on RBPI, by Antônio Carlos Lessa & Paulo Roberto de Almeida;

Papers
* The global economic Governance and the challenges of the G-20 after the financial crisis: an analysis of the positions of the United States, China, Germany and Brazil, by Leonardo Ramos, Javier Vadell, Ana Saggioro & Márcia Fernandes;
* Trends in South American weapons purchases at the beginning of the new millennium, by Rafael Duarte Villa & Juliana Viggiano;
* Developing countries in a changing international order: coalitions and dispute settlement at the WTO, by Haroldo Ramanzini Junior & Manuela Trindade Viana;
* Jackal or Lamb? Brazil in face of the challenges and opportunities of the International System, by Júlio César Cossio Rodriguez;
* The Strategies of "Quodlíbet" in the international contemporary scene: the actions of India, Brazil and South Africa (IBSA) in the multilateral spheres, by Clarisa Giaccaglia;
* Mapping the Obama administration’s response to the Arab Spring, by Maria do Céu de Pinho Ferreira Pinto;
* The coexistence of peace and conflict in South America: toward a new conceptualization of types of peace, by Jorge Mario Battaglino;
* The European ombudsman and the democratization of the EU institutions, by Janaína Rigo Santin;
* Baron of Rio Branco in Itamaraty (1902-1912), by Clodoaldo Bueno.

Volatilidade lulopetista na gestao economica: o preco nas bolsas...

Os companheiros, opositores do capitalismo por princípio e por conviccao, sempre se referem ao aspecto nefasto da liberdade de circulacao de capitais, o que obviamente merece seu repúdio e sua objecao em termos de políticas públicas; eles sao contra os "capitais de motel", que alguns mais elegantes, ou pretensamente economistas, chamam de volatilidade inerente aos fluxos de capitais puramente financeiros.
Eles nao se dao conta, os companheiros que a principal volatilidade é aquela que está associada 'as políticas economicas, que justamente causam as perdas e interrupcoes de investimento como registradas no editorial abaixo.
Paulo Roberto de Almeida

Intervencionismo e perdas

04 de fevereiro de 2013 | 2h 05

Editorial O Estado de S.Paulo
O mau desempenho da economia nos dois últimos anos não explica inteiramente as perdas que o mercado acionário brasileiro vem sofrendo, na comparação com os resultados de outras bolsas de valores. O baixo crescimento da economia - que o governo vem tentando reverter, sem resultados até agora, o que tem gerado previsões pessimistas também para o desempenho deste ano - por certo desanima os investidores do mercado acionário, muito suscetíveis aos resultados das empresas e às tendências da economia real. Mas essa característica natural do mercado acionário está sendo visivelmente perturbada pelo ativismo econômico excessivo do governo do PT, que turva as expectativas dos investidores, lança dúvidas sobre a segurança das aplicações e produz ainda mais pessimismo.
Dessa combinação não se poderia esperar resultados diferentes dos que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vem apresentando. Depois de ter superado 70 mil pontos em janeiro de 2011, o Ibovespa, que mede a variação dos papéis mais negociados, manteve-se em torno de 60 mil pontos nos últimos pregões. É uma redução de cerca de 14% em dois anos. A título de comparação, observe-se que, depois de ter crescido 7,5% em 2010, o PIB aumentou 2,7% em 2011 e cerca de 1% no ano passado. Os dois últimos resultados são muito fracos, mas não negativos.
Nos EUA, cujo governo ainda não conseguiu negociar com a oposição os termos definitivos de um acordo que permita a solução de longo prazo para seus problemas financeiros, a bolsa de valores está em franca recuperação. O principal índice da bolsa de Nova York, o Dow Jones, está prestes a bater seu recorde. Mesmo na Europa em crise, os mercados de ações estão em alta, incluindo os da Grécia, Portugal e Espanha, países em situação econômica e fiscal mais complicada.
Desde janeiro de 2010, a cotação da ação preferencial da Petrobrás, uma das mais negociadas na Bovespa, caiu mais de 40%. O valor de mercado da empresa despencou de US$ 199,3 bilhões no início de 2010 para cerca de US$ 107 bilhões na semana passada, uma perda de mais de US$ 90 bilhões em três anos. Tendo sido a segunda maior empresa de gás e petróleo das Américas, atrás apenas da ExxonMobil, a Petrobrás agora ocupa a quarta posição, atrás também da Chevron e da colombiana Ecopetrol.
E por que a Petrobrás caiu tanto? Utilizada politicamente pelo governo do PT, a empresa perdeu eficiência, teve de reduzir seus programas de investimentos em exploração e refino para, por pressão do Palácio do Planalto, investir no caro programa do pré-sal e, assim, viu cair sua produção e foi obrigada a importar combustíveis.
Transformada, também, em instrumento da política de preços do governo petista, teve que suportar, com graves ônus financeiros, o congelamento dos preços dos combustíveis, que vem importando em quantidades crescentes, porque não ampliou sua capacidade de refino. Estima-se que, só no passado, essa política insensata de importar por determinado preço e vender por outro, menor, tenha imposto perdas de R$ 20 bilhões à Petrobrás. Com razão o mercado reduziu o preço de suas ações. O recente aumento da gasolina não muda substancialmente o quadro.
Situação semelhante o governo impôs às empresas do setor elétrico - inclusive a principal estatal federal, a Eletrobrás -, com seu programa de renovação de concessões associada à redução das tarifas para consumidores residenciais e industriais. A redução das tarifas resultará em graves ônus para as empresas, razão pela qual algumas controladas por governos estaduais se recusaram a aderir ao programa. O mercado, também nesse caso, agiu como o esperado, e as ações das elétricas despencaram.
Há algum tempo, o governo interveio na gestão da Vale, uma empresa privada na qual o governo ainda tem alguma presença, o que igualmente provocou a reação do mercado.
O intervencionismo do governo em empresas cujos papéis estão entre os mais negociados na bolsa de valores é pernicioso para as empresas, para o mercado e para o País.
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 Do you want more?

O pacto perverso da CUT com a FIESP, para atrasar o Brasil...

Este jornalista acredita que o lulopetismo e sua política comercial esquizofrenica nao tem nada a ver com o atraso, ou o recuo comercial do Brasil no plano das relacoes economicas externas. Ele atribui o problema aos industriais protecionistas do Brasil. Mas se esquece de mencionar que ambas ideologias protecionistas se casam perfeitamente.
Existe um pacto perverso, contra a sociedade brasileira, feita entre a CUT e a FIESP, mesmo se as duas entidades jamais sentaram-se para negociar tal pacto. Ele existe de fato e prescinde de qualquer acordo para existir.
Se trata do mesmo pacto que na Inglaterra pré-Thatcher unia a TUC (a CUT deles, o Trade Union Congress) ao Labour pré-Blair, o partido que ainda rezava pela cartilha marxista de 1919, que prometia nacionalizacoes, estatizacoes, controle do comercio exterior, etc. As mesmas velharias do passado que unem a CUT com a FIESP e impedem o Brasil de avancar.
Esse pacto perverso nao será vencido facilmente, e nem sabemos se será vencido, de fato, algum dia.
Quanto 'a OMC, se enganam aqueles que a veem como uma entidade promotora do livre comércio. Ela é apenas a favor de um mercantilismo bem-administrado.
Como a CUT e a FIESP, aliás. Elas se amam...
Unidos num mesmo combate contra a liberdade dos mercados...
Paulo Roberto de Almeida

Um brasileiro na OMC, para que, afinal?

Por Sergio Leo
Valor Econômico – pág. A2, 04.02.13

Quem se pergunta qual a importância, para o Brasil, de um candidato do país à direção-geral da Organização Mundial do Comércio deveria refletir sobre outra pergunta, mais relevante: qual a importância da OMC para o Brasil? É a resposta para essa indagação que justifica o lançamento do diplomata Roberto Azevedo como candidato ao comando dessa instituição multilateral. É também essa questão que permite situar mais corretamente certas críticas fora de foco à estratégia de negociação comercial adotada nos últimos anos pelo Brasil.
É frequente e equivocada a comparação entre o Brasil e países como Chile e México, os brasileiros atrelados ao Mercosul, com uma rede medíocre de acordos de livre comércio, e os outros dois (com Colômbia, Peru e outros) ligados a uma rede em expansão de acordos de redução de barreiras comerciais. O primeiro equívoco é atribuir a falta de acordos exclusivamente ao governo e à suposta influência do "lulopetismo" na estratégia comercial, como se não fosse o influente setor privado brasileiro um dos maiores opositores, no passado e mais ainda agora, à derrubada de tarifas e barreiras que orienta toda negociação de comércio.
O exemplo mais conhecido do bloqueio do setor privado às negociações comerciais é o acordo com o Conselho de Cooperação do Golfo, clube dos ricos países árabes que chegou a concluir um acordo com o Mercosul, detonado, à última hora, pela pressão da indústria petroquímica brasileira. Sem acordo, os árabes importaram, nos dois últimos anos, mais de US$ 7,6 bilhões anuais do Brasil, cerca de um terço disso em produtos industrializados. Para o lulopetismo, o acordo era querido por motivos políticos e econômicos, ao servir de contraparte ao acordo firmado com Israel e abrir espaço em um vigoroso mercado emergente. O empresariado brasileiro não teve o mesmo ânimo.
Azevedo se apoia na experiência com as manhas de Genebra
Enquanto o Chile sustenta sua economia com exportações sobretudo de produtos primários como cobre e pescado, e o México optou por vincular-se solidamente a segmentos de menor agregação de valor da cadeia produtiva dos EUA, o Brasil tem diferente estrutura industrial e distintos recursos naturais.
Grande produtor de commodities agropecuárias, que somam algo próximo a 30% do total das exportações nacionais, o Brasil tem entre as principais barreiras a suas vendas externas os programas de subsídios agrícolas dos países desenvolvidos e a aplicação discricionária de barreiras técnicas - dois temas de difícil solução fora de negociações multilaterais como a Rodada Doha, da OMC. Em geral, são baixas as barreiras nos principais mercados a exportações de manufaturados - a valorização do real faz mais estrago, nesses casos, do que qualquer benefício com corte de tarifas de importação.
A situação singular do Brasil não deve servir de pretexto para se abandonar o esforço por acordos comerciais, mas justifica a prioridade conferida às negociações abrangentes da OMC. A existência de regras multilaterais de proteção ao livre comércio interessa não só aos produtores como aos consumidores brasileiros. São elas que moderam os apetites protecionistas domésticos, e impõem limites e racionalidade a medidas governamentais voltadas ao fechamento do mercado. Um país de comércio diversificado como o Brasil se beneficia dessas regras, mesmo quando não derrota totalmente o protecionismo, como ficou evidente no caso, vencido pela diplomacia brasileira, contra os subsídios americanos aos produtores locais de algodão.
A candidatura de Roberto Azevedo está nesse contexto: seu discurso e a base da difícil campanha brasileira à direção da OMC se apoiam na necessidade de dar novo fôlego ao sistema multilateral de comércio. Ao defender a própria candidatura para os membros da OMC, em Genebra, na semana passada, Azevedo tentou provar que sua experiência nas negociações - respeitada e elogiada até por adversários em disputas duras, como os EUA - permitirá a ele conduzir pragmaticamente e eficientemente os novos capítulos da novela comercial multilateral.
Não basta entender de comércio e ter experiência internacional, argumentou o diplomata. É preciso conhecer a OMC por dentro, saber a história de cada negociação, evitar a repetição de impasses antigos, saber se uma bronca resulta de problemas reais dos governos ou de idiossincrasias de algum negociador.
Se falasse a brasileiros, Azevedo poderia ter dito que, para tirar o sistema multilateral de comércio do impasse, é preciso não só resgatar jabutis das árvores, mas saber quem e o que os colocou lá em cima. Ele, como nenhum dos outros candidatos, pode fazer isso, por experiência própria com os quelônios aéreos e os arbustos espinhosos do nº 154 da rue de Lausanne, em Genebra, sede da organização.
A disputa pela direção da OMC ocorre às vésperas de uma nova reunião ministerial para salvar a Rodada Doha, e, como deixou claro o atual diretor-geral, Pascal Lamy, no Fórum Econômico de Davos, está se formando um consenso para deixar de lado, pelo menos por enquanto, as grandes ambições de mudanças nas regras de comércio agrícola e concentrar a negociação em um tema menos charmoso, mas importante, a "facilitação de comércio" - remoção de burocracia, obstáculos de infraestrutura e ineficiências no trânsito de mercadorias, especialmente nas alfândegas.
A facilitação comércio trará ao mundo metade dos benefícios que se esperava com a rodada, garantiu Lamy, em Davos. Há controvérsias. O Brasil não quer que Bali seja um ponto final da rodada, e insiste em incluir, pelo menos, temas como regulamentação mais clara para cotas de importação e apoio aos países mais pobres, para atender às novas exigências multilateriais.
Azevedo defende o próprio nome como o mais adequado, com maior experiência, para conduzir essa reunião ministerial, em Bali, de forma a revigorar as regras multilaterais de comércio. Quanto mais fracas essas regras, mais dependente o mundo fica da lei dos mais fortes. O brasileiro não exagera ao falar da própria capacidade. A dúvida é se seus potenciais eleitores estão, de fato, interessados nesse projeto.
Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras
E-mail: sergio.leo@valor.com.br

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Leia mais em:

O Imperio ajuda o Brasil (para desgosto de alguns)

O motor americano04 de fevereiro de 2013
Editorial O Estado de S.Paulo

A economia americana cresceu 2,2% no ano passado, segundo o primeiro cálculo oficial divulgado em Washington. Isso é o dobro do crescimento, cerca de 1%, estimado até agora para o Brasil, o menos dinâmico dos Brics e um dos poucos países, em todo o mundo, atolados numa combinação sinistra de estagnação e inflação (5,8%). Além disso, nenhuma outra economia avançada, nem mesmo a alemã, terá tido um desempenho tão bom quanto o americano, se as novas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) estiverem aproximadamente corretas. De acordo com essa revisão, a produção bruta dos países mais desenvolvidos deve ter-se expandido cerca de 1,3% em 2012. No cenário do Fundo, publicado na semana passada, o avanço americano deveria ter chegado a 2,3%. Mas a diferença de 1 ponto de porcentagem é pouco relevante nessa circunstância.

A boa notícia veio acompanhada de um dado negativo. No quarto trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos encolheu em ritmo equivalente a 0,1% ao ano, mas esse recuo foi qualificado como passageiro por analistas experientes. Decorreu em grande parte de uma redução de gastos militares e de uma queda nos investimentos em estoques. A avaliação otimista foi reforçada no dia seguinte, quinta-feira, pela divulgação, em Chicago, do índice de atividade dos gerentes de compras, bem superior ao projetado por economistas do mercado. Essa informação é considerada um bom indicador indireto do ritmo da produção industrial.

Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, saudou como altamente importante a recuperação lenta, mas aparentemente firme, da produção americana. Afinal, a recuperação da maior economia do mundo é benéfica para todos. Não se sabe se o ministro, antes desse comentário, consultou o líder Luiz Inácio da Silva. O ex-presidente havia-se mostrado muito feliz por chegar ao fim do mandato com o Brasil ainda em crescimento e os Estados Unidos em recessão. Seria um despropósito, exceto em caso de guerra, festejar as dificuldades de qualquer outro país. Mais que um despropósito, seria uma enorme tolice alegrar-se por uma crise no mais importante mercado do mundo. Mas essa tolice ocorreu.

A recuperação dos Estados Unidos é especialmente importante precisamente pela razão apontada pelo ministro da Fazenda. Se a atividade ganhar impulso na maior potência econômica do mundo, haverá efeitos positivos em todos os mercados. O Brasil será com certeza beneficiado, embora o governo petista atribua prioridade estratégica à relação com outros mercados. A reativação americana favorecerá o País pela importação direta de produtos brasileiros e pelo fortalecimento de grandes clientes do Brasil, como a China.

Além do mais, o mercado americano é um dos principais destinos das exportações brasileiras de manufaturados. Em 2012, a indústria manufatureira vendeu aos Estados Unidos produtos no valor de US$ 13,6 bilhões, 14,9% mais que em 2011. Essa receita correspondeu a 50,5% do total vendido àquele mercado. O comércio com os Estados Unidos foi um dos poucos pontos positivos no balanço do ano passado, quando o conjunto das exportações rendeu US$ 242,6 bilhões, 5,3% menos que em 2011.

O FMI projeta para a economia americana uma expansão de 2% em 2013, bem maior que a prevista para o conjunto dos países avançados, 1,4%. Para a zona do euro a estimativa é de mais um ano de contração. O produto regional deve ter encolhido 0,4% em 2012 e deverá diminuir mais 0,2% neste ano. A atividade global dependerá muito dos emergentes, mas com a ajuda, como em 2012, da recuperação americana. O motor da maior economia de novo contribuirá para impulsionar os mercados.

Essa previsão depende, naturalmente, das negociações entre governo e oposição, em Washington, sobre importantes problemas remanescentes. O abismo fiscal foi evitado no começo do ano, mas falta cuidar da elevação do teto da dívida pública e de questões complicadas, como detalhes dos cortes de gastos e o ajuste das contas públicas no médio prazo. O mundo inteiro será afetado por essas discussões.

Socialismo do seculo 21: soberania alimentar (e ajuda social)

Enquanto isso, num país não muito distante, que não é uma ilha tentando sair do socialismo, a população luta para conseguir um frango ou dois, produto desconhecido na mesa dos felizes socialistas desde alguns meses. A última remessa deve ter chegado do Brasil em caráter de urgência...

http://youtu.be/xDiIYNnWFzU

Sem comentários adicionais... (e precisa?)

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Addendum: 
E agora, do outro lado do oceano, uma pequena ajuda para causas sociais...


France Presse 03/02/2013 21h42 - Atualizado em 03/02/2013 21h42

Ex-ministro iraniano encontrado na Alemanha com cheque milionário venezuelano

France Presse
BERLIM, 03 Fev 2013 (AFP) - O ex-ministro iraniano das Finanças, Tahmasb Mazaheri, foi encontrado na Alemanha em posse de um cheque do Banco da Venezuela no valor de 300 milhões de bolívares (US$ 70 milhões), noticiou neste domingo o jornal Bild am Sonntag.
Mazaheri, que também chefiou o Banco Central iraniano de 2007 a 2008, foi inspecionado pelos agentes de alfândega do aeroporto de Düsseldorf (oeste) em 21 de janeiro passado, procedente da Turquia, detalhou o periódico.
Segundo a fonte, o cheque milionário do Banco Central da Venezuela foi encontrado em um dos bolsos da bagagem de mão do ex-ministro.
Os serviços de alfândega estão investigando se há um possível crime de lavagem de dinheiro, de acordo com o jornal.
Segundo o Bild am Sonntag, Mazaheri afirmou que o cheque serviria para financiar a construção de 10.000 residências por parte do governo venezuelano.
Em resposta à notícia, o líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, exigiu que o governo venezuelano explique o incidente, em comentário postado em sua conta no microblog Twitter @hcapriles.
'Qual explicação nos dará o governo sobre o ocorrido com este ex-ministro iraniano?', questionou o também governador do estado de Miranda (norte), derrotado nas presidenciais de outubro por Hugo Chávez.

Eu, vendedor de diplomas, certificados, etc? Nova profissao...

Pela segunda vez, recebo, nos últimos dias, duas consultas, de origem diferente, mas ambas do mesmo teor, ainda que redigidas de modo diferente, perguntando-me quanto custaria obter um diploma de fim de estudos universitários.
A última consulta acaba de chegar, nestes termos:

Bom dia
Preciso saber o preço de diploma de segundo grau, curso tecnicos e superiores, o prazo para entrega.
Aguardo o retorno o mais breve possível.


Aparentemente, meu nome circula na internet como um grande "fabricante" de diplomas...
Interessante essa condição.
Vou fixar o preço de UM MILHÃO para qualquer coisa.
Nunca se sabe, por vezes existem ricos ignorantes necessitando desesperadamente de algum verniz acadêmico. Sempre posso fornecer um certificado de alfabetização virtual, válido para abrir um blog de capacitação digital, tão verdadeiro quanto minha profissão de mestre em previsões imprevisíveis e descobridor de fatos passados...
Paulo Roberto de Almeida
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Por acaso, o Estado de hoje publica esta matéria:

Sites vendem diplomas falsos de universidades

Esquema fraudulento garante certificado de nível superior em 10 dias; MEC diz não ter responsabilidade no caso

04 de fevereiro de 2013 | 1h 00

Natália Oliveira, da Rádio Estadão

SÃO PAULO - Diplomas falsificados de nível superior estão sendo vendidos livremente na internet. A compra pode ser feita por qualquer pessoa – até mesmo por quem nunca cursou uma universidade. Os supostos comerciantes oferecem até certificados da área médica. Um diploma de Enfermagem, por exemplo, custa R$ 6 mil.
Em diversos sites, falsificadores prometem entregar os diplomas de curso superior em prazos de até dez dias. Dizem também que o documento entregue terá um suposto reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) e será oficializado, com a publicação no Diário Oficial da União.
Sem saber que se tratava de uma reportagem, um atendente do site Sucesso Corp (www.sucessocorp.com.br) explicou por telefone como funciona o esquema ilegal à Rádio Estadão. É preciso enviar documentos à faculdade indicada pelo negociador e pagar 60% do valor, como sinal. Por um diploma de Pedagogia, ele cobrou R$ 4,5 mil.
“Tudo legalizado em 15 dias. Reconhecido e publicado”, afirmou. “Você vai escanear os documentos e mandar por e-mail para lá. Eles vão fazer o encaixe e mandar para o MEC. Em dois ou três dias, o MEC deu OK. Você faz 60%. Mais oito dias, sai a publicação e eu mando levar.”
Identificando-se como Marcos, o atendente também disse que há a possibilidade de o comprador escolher a universidade pela qual o documento falso será emitido. “De repente, eu posso conseguir na (faculdade) que você pretende. Como posso conseguir outra”, disse.
Em outro portal de compras e vendas, um atendente ofereceu os serviços com a promessa de entregar diplomas em todo o País. Também por telefone, o infrator garantiu à reportagem a autenticidade do diploma e disse conseguir um número de registro que dá acesso exclusivo ao histórico escolar de um aluno desistente do curso pretendido.
O homem chegou a oferecer a emissão do diploma por duas instituições de ensino superior de São Paulo. “Aí em São Paulo tem a Presbiteriana (Mackenzie) e, se for o caso, consigo pra você na Unip”, disse.
“O diploma é reconhecido e registrado e tem até o RA. Você vai poder checar dentro da própria instituição a autenticidade do que você está comprando. Tem muita gente que te vende um pedaço de papel e você não pode averiguar nada”, continuou.
Questionado se havia riscos no esquema, ele garantiu que não: “Não vai ter. Se der problema para você, com certeza eles vão chegar até mim”.
Máfia. Questionado sobre o caso, o diretor jurídico da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, José Roberto Covac, levantou a hipótese de que diplomas originais estejam sendo usados no esquema fraudulento e de que haja envolvimento de funcionários das universidades. “Quem assina o diploma é o reitor. Quando a universidade faz o registro do diploma, ela verifica todo o registro acadêmico do aluno. Parece que há uma máfia e que alguém de dentro da universidade está fabricando documentação e registro. E o reitor acaba até assinando o diploma sem ter conhecimento”, disse.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie afirmou por nota que repudia a comercialização de diplomas. A instituição diz que o processo seria “praticamente impossível de ser realizado dentro da universidade”, por causa do número de setores e profissionais envolvidos na diplomação dos alunos.
Também citada pelo fraudador, a Universidade Paulista (Unip) afirmou que “os sistemas adotados pela instituição inviabilizam o esquema de confecção de diplomas a não formandos”. A Unip disse que pretende procurar a Polícia Civil para requerer a instauração de um inquérito para investigar a identidade de possíveis criminosos e a forma de atuação deles.
Sobre a suposta ajuda que os fraudadores mencionam ter na confecção dos diplomas, a assessoria de imprensa do MEC disse que as universidades são “inteiramente responsáveis” pelo documento e “não cabe ao MEC parte alguma no processo”.
Veja também:
link Ouça atendente explicando a venda de diplomas

O diabo revisitado: comunismo e fascismo - Vladimir Tismaneanu

The Devil in History

Communism, Fascism, and Some Lessons of the Twentieth Century

The Devil in History
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US$ 34.95 (+ tax)
The Devil in History is a provocative analysis of the relationship between communism and fascism. Reflecting the author’s personal experiences within communist totalitarianism, this is a book about political passions, radicalism, utopian ideals, and their catastrophic consequences in the twentieth century’s experiments in social engineering. Vladimir Tismaneanu brilliantly compares communism and fascism as competing, sometimes overlapping, and occasionally strikingly similar systems of political totalitarianism. He examines the inherent ideological appeal of these radical, revolutionary political movements, the visions of salvation and revolution they pursued, the value and types of charisma of leaders within these political movements, the place of violence within these systems, and their legacies in contemporary politics. The author discusses thinkers who have shaped contemporary understanding of totalitarian movements—people such as Hannah Arendt, Raymond Aron, Isaiah Berlin, Albert Camus, François Furet, Tony Judt, Ian Kershaw, Leszek Kolakowski, Richard Pipes, and Robert C. Tucker. As much a theoretical analysis of the practical philosophies of Marxism-Leninism and Fascism as it is a political biography of particular figures, this book deals with the incarnation of diabolically nihilistic principles of human subjugation and conditioning in the name of presumably pure and purifying goals. Ultimately, the author claims that no ideological commitment, no matter how absorbing, should ever prevail over the sanctity of human life. He comes to the conclusion that no party, movement, or leader holds the right to dictate to the followers to renounce their critical faculties and to embrace a pseudo-miraculous, a mystically self-centered, delusional vision of mandatory happiness.
University of California Press; August 2012
336 pages; ISBN 9780520954175
Read online, or download in EPUB or secure PDF format

Gerar empregos sempre e' bom? Nem sempre... - Marcos Mendes

O melhor, como explica este economista, é gerar produtos e serviços competitivos e baratos; o emprego vem em consequencia. Ou seja, atuar dentro da Lei de Say: a oferta cria a sua própria demanda. Mas os companheiros não acreditam nisso; como keynesianos de botequim, eles querem privilegiar a demanda, pois supostamente haveria mais empregos. Por isso a economia vive em baixa produtividade.
Paulo Roberto de Almeida

Gerar empregos é sempre uma boa ideia?

É comum vermos placas de obras públicas com mensagens do tipo: “esta obra gera 1.000 empregos diretos!”, ou vermos políticos em campanha dizendo que sua meta é gerar tantos milhões de vagas no mercado de trabalho. Na campanha eleitoral para a Presidência da República, no Brasil, em 2003, por exemplo, o mote principal da campanha do Presidente Lula  foi a criação de 10 milhões de empregos. O opositor, José Serra, não ficava atrás em propostas e números de empregos a serem criados.
Na recente campanha presidencial dos EUA, o fenômeno se repete, o Presidente-candidato Barack Obama afirmou que “o propósito do American Job Act é simples: colocar mais pessoas de volta ao trabalho e mais dinheiro no bolso de quem está trabalhando. Ele vai criar mais empregos na construção, mais empregos para professores, mais empregos para veteranos, e mais empregos para quem está desempregado há muito tempo”[1].  O candidato de oposição, Mitt Romney, não tinha discurso muito diferente: “não é complicado ou profundo saber o que o nosso país precisa (…). O que a América precisa é de emprego. Muitos empregos!”[2]
O desejo de criar empregos é forte o suficiente para que governantes defendam, por exemplo, a expansão da indústria de armamentos, com base na ideia de que ela cria empregos, como fez recentemente o Primeiro Ministro Inglês, David Cameron[3].
No Brasil, Governadores de Estado se digladiam para atrair empresas para seus territórios, por meio da guerra fiscal, para que seu eleitorado tenha mais empregos. Outros são mais pragmáticos e aumentam o emprego simplesmente contratando mais funcionários públicos que o necessário.
Mas afinal, o que será mais importante: gerar empregos ou gerar produtos e serviços que sejam úteis para a sociedade? Nem sempre as duas coisas andam juntas. Muitos avanços tecnológicos, capazes de gerar mais e melhores produtos e aumentar a prosperidade da sociedade, simplesmente resultam em cortes em vagas de trabalho. Pelo menos no curto prazo. Quando a revolução industrial introduziu teares mecânicos e máquinas a vapor, milhares de artesãos ficaram sem emprego. Quando a informática permitiu a criação de caixas eletrônicos nos bancos, reduziu-se o mercado de trabalho para bancários. A mecanização da agricultura ceifou inúmeras vagas de trabalho de colheita manual. A luz elétrica acabou com o romântico emprego de acendedor de lampiões!
Se a geração de emprego fosse sempre boa, em qualquer circunstância, então seria preciso barrar esses avanços tecnológicos, em diversos momentos da história, para preservar o emprego de artesão, bancários, trabalhadores do campo e tantas outras profissões que perderam espaço em decorrência de inovações. Mas nesse caso, você estaria até hoje entrando em fila de banco para sacar dinheiro, em vez de economizar seu tempo fazendo um rápido saque em um terminal eletrônico. Ou estaria pagando uma fortuna por um quilo de arroz ou feijão, porque a oferta de produtos agrícolas seria muito menor do que a que temos hoje.
É compreensível que os trabalhadores que estão ameaçados pela perda de renda ou de emprego reajam e tentem manter o status quo.  Todos nós tememos mudança que nos tragam prejuízos no curto prazo e incertezas. Isso explica porque os artesãos se mobilizaram para destruir máquinas durante a revolução industrial, porque bancários fizeram greves e resistiram à informatização dos serviços bancários, ou porque empregados de empresas estatais costumam resistir à privatização.
Também é compreensível que os políticos queiram atender à demanda de curto prazo de seus eleitores prometendo empregos. Em artigo publicado no Valor Econômico de 9 de agosto de 2007, Cláudio Haddad deu um exemplo bem humorado, contando a história de um economista que foi visitar a construção de uma represa na China e percebeu que, em vez de retroescavadeiras os operários estavam usando pás. Ao questionar o mestre de obras sobre esse fato, teve como resposta que o uso de equipamentos desempregaria muitos operários. Ao que o economista respondeu: “”Pensei que vocês estivessem construindo uma represa. Se estiverem querendo criar emprego, por que não lhes dar colheres?””. Certamente seria necessária uma parcela significativa da população chinesa para cavar um reservatório de hidrelétrica com colheres, e com isso qualquer político teria cumprido a sua promessa de gerar tantos milhões de empregos.
O fato é que os empregos que são perdidos quando ocorrem inovações tecnológicas, em um processo conhecido como “destruição criativa”, termo cunhado pelo economista Joseph Schumpeter, acabam por ser compensados pelo fato de que as inovações abrem novos mercados, que antes não existiam.
Por exemplo, as vagas de emprego de bancário, que foram fechadas pela informatização dos serviços financeiros, foram compensadas por outras vagas de programadores, designers, engenheiros de computação, etc., que passaram a ser necessários para a provisão de tal serviço. E note que a maioria dessas especialidades exige maior escolaridade e formação técnica que a exigida para o emprego de bancário, pagando salários mais elevados.
Muitos se lembram da resistência dos empregados de empresas estatais durante o processo de privatização, nos anos 90. Temerosos de perder seus empregos, ou de perder a estabilidade de que gozavam, fizeram ampla campanha política contra a privatização. Tivessem sido bem sucedidos, ainda estaríamos pagando US$ 5.000,00 por uma linha de telefone fixo, ou usando orelhões com fichas. Os empregos que foram perdidos, ou os salários que foram reduzidos, provavelmente foram mais do que compensados pelo gigantesco mercado de telefonia celular que se desenvolveu após a privatização (desde quiosques que vendem capas e baterias nos shopping centers, até a engenharia de sistemas e produção física de aparelhos celulares). Isso sem falar nos ganhos produtividade proporcionados a todos os setores da economia, que passaram a contar com diversificados meios de comunicação instantânea.
Mas não são apenas empregados e sindicatos que reagem à possibilidade de perder empregos. Empresas cuja lucratividade esteja sob ameaça de produtos importados costumam correr para o governo, pedindo proteção (em geral aumento de tarifas de importação), argumentando que a concorrência estrangeira irá ceifar empregos gerados pelas empresas nacionais. E o governo (seja ele qual for), que na campanha eleitoral prometeu gerar tantos mil empregos, corre para atender a demanda da indústria nacional. A consequência é que a intervenção governamental impede que os consumidores e empresas tenham acesso a produtos de maior qualidade e/ou menor preço. Essa interferência também permite que recursos econômicos (capital, trabalho, espaço físico, consumo de recursos naturais) sejam alocados para uma produção que gera produtos piores a preços maiores.
Nesse ponto do texto já dá para perceber que a resposta à pergunta do título (gerar emprego é sempre uma boa ideia?) é negativa. O que é relevante é gerar produtos e serviços que sejam úteis para a sociedade, ainda que isso se faça por meio de destruição criativa. Proteger empregos e empresas que já não são a melhor opção produtiva para o país significa barrar a entrada do novo, do mais produtivo. Se há interesse em proteger aqueles que foram negativamente afetados pelas mudanças, é mais barato, do ponto de vista social, utilizar políticas compensatórias (como seguro-desemprego ou bolsa-família) do que manter artificialmente o emprego.
Alguns economistas argumentam que a alocação ineficiente dos recursos de uma sociedade pode ser responsável por grande parte da diferença de produtividade entre as economias mais atrasadas e as mais desenvolvidas.
Pete Klenow, da Universidade de Stanford, por exemplo, apresenta evidências da existência de cinco tipos de problemas que podem ser fontes de má alocação de recursos em uma sociedade, gerando perda de produtividade e, consequentemente, menor capacidade de geração de produtos e serviços (sobre a definição de produtividade ver, neste site, o texto “O que é produtividade e como conseguir seu incremento?”, que é complementar ao presente texto)[4].
O primeiro desses fatores refere-se à dificuldade que as economias enfrentam para se adaptar às inovações que ocorrem cotidianamente. Como evidência desse fenômeno, ele mostra que a rotatividade no mercado de trabalho norte-americano (economia de alto nível de produtividade) é muito superior à dos países que impõem regulação distorciva ao mercado de trabalho (multas para empresas que demitem, estabilidade no emprego garantida em lei, etc.). Como o mercado de trabalho dos EUA é considerado um dos mais desregulamentados do mundo, esta é uma evidência de que o intuito governamental (em vários países) de garantir empregos de quem já está empregado pode estar sendo atingido às custas de menor criação de emprego para quem está desempregado.
Em segundo lugar está a presença de empresas estatais na economia. Tais empresas são, em geral, menos produtivas que as suas contrapartes privadas e, portanto, representam uso menos produtivo dos recursos escassos da sociedade. Klenow mostra evidências de que as privatizações na China são responsáveis por parte relevante da aceleração do crescimento daquele país.
Em terceiro lugar vem a soma de informalidade com tamanho médio de empresas. Nos Estados Unidos, assim como nas demais economias desenvolvidas, predominam as grandes e médias empresas, que aplicam métodos de trabalho de alta produtividade. Nos países menos desenvolvidos abundam as pequenas empresas, em geral informais.
Por que a informalidade predomina? Primeiro porque ser pequeno permite ao empresário escapar da tributação. Assim, mesmo sendo menos produtivo que uma empresa grande, a empresa pequena se mantém competitiva pois a grande empresa é mais visível para o fisco e tem  que pagar seus impostos. No Brasil, aliás, ser pequeno (ainda que formal) vale a pena, pois a empresa se beneficia da tributação pelo sistema SIMPLES. Quando começam a ficar lucrativas e têm a oportunidade de crescer, as empresas se dividem em duas (com todos os custos e complicações burocráticas que isso implica) para não perder o benefício tributário. Em vez de aproveitar os ganhos de escala do crescimento, para produzir mais e melhor, a empresa se escora nos benefícios fiscais para manter seu lucro.
Ser pequeno e improdutivo também compensa porque o empregador pode fugir às leis trabalhistas com menor probabilidade de ser apanhado pela fiscalização governamental. A informalidade é ainda recompensada por evitar todos os custos e burocracias envolvidos na criação de uma empresa 100% de acordo com a legislação. A consequência é uma só: a empresa pequena e informal consegue sobreviver no mercado, sendo menos eficiente que a grande e média empresa formal porque não incorre em diversos custos pagos por estas. E, com isso, a destruição criativa de empresas menos produtivas não ocorre. Coexistem no mercado empresas de alta e de baixa produtividade.
O quarto fator são as já comentadas barreiras tarifárias ao comércio, que protegem empresas e setores econômicos menos eficientes. E, finalmente, o quinto fator é a alocação de talentos. Se supusermos que inteligência e capacidade são distribuídos de acordo com uma distribuição normal entre os membros da sociedade, então se alguns grupos sociais são impedidos de assumir funções profissionais que requerem habilidade e inteligência, parte da capacidade intelectual desta sociedade estará sendo desperdiçada. Isso ocorre, por exemplo, em regimes racistas que impedem que negros tenham acesso à escolaridade e a profissões de alto nível técnico. Os talentosos que nasceram negros não poderão dar sua contribuição à sociedade, o mesmo acontecendo com mulheres ou indivíduos de castas inferiores, em sociedades que bloqueiam a ascensão de tais grupos.
Outra forma de má alocação de talentos se dá por meio do subdesenvolvimento do mercado financeiro e de capitais. Quando não se desenvolvem mecanismos capazes de oferecer às empresas a oportunidade de abrir seu capital e profissionalizar a gestão, a tendência é que as empresas sejam geridas por dinastias familiares, o que já se comprovou ser menos eficiente.
Em suma, em vez de se preocupar em gerar empregos no curto prazo, os governos deveriam se preocupar em incentivar as empresas e a mão-de-obra a serem mais produtivas. Isso significa evitar legislação que bloqueie a concorrência e evite a destruição criativa, a facilitar a realocação de capital e mão de obra entre os setores decadentes e os ascendentes, estimular o desenvolvimento do mercado financeiro e de capitais, democratizar o acesso ao ensino, controlar o tamanho do setor público e garantir serviços públicos que garantam a produção a baixo custo (estradas sem buracos, escolas que efetivamente ensinem, hospitais que atendam e curem os doentes, etc.). Além disso, é importante dar algum suporte a empregados e empresas que estejam em setores decadentes ou não competitivos. Políticas como garantia de emprego por um prazo determinado em empresas privatizadas, ou redução gradual e programada de barreiras comerciais são mecanismos que aliviam a tensão social e reduzem os custos de curto prazo da destruição criativa.
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[2]Tradução livre. Discurso obtido em http://www.guardian.co.uk/world/2011/sep/09/barack-obama-usa
[3]Tradução livre. Discurso obtido em http://www.foxnews.com/politics/2012/08/30/after-convention-warm-up-romney-to-make-his-case-in-nomination-speech/
[4] http://www.caat.org.uk/press/press-release.php?url=20121112prs
Ver apresentação e slides da argumentação de Klenow em http://www-2.iies.su.se/Nobel2012/page_nobel_slides_java.html#Klenow

A Journey Inside the Whale: Washington, uma cidade de burocratas federais...

Muito do que é dito sobre Washington, pode ser aplicado igualmente a Brasília: essas cidades aproveitam sua condição de capitais de um regime federal para se imunizarem contra acidentes econômicos que atingem outras cidades e estados. Ou seja, independente do estado da economia, os burocratas continuam a ganhar bem, a gastar, a consumir. E o resto da população paga por isso.
Washington também já teve como Brasilia, os piores políticos que se possa imaginar: corruptos, bandidos, ignorantes. Algo se pode consertar, como foi feito em Washington, mas nem sempre.
Pelo menos no que se refere a Brasília, a decadência continua (mas isso a capital partilha com todo o país: estamos num processo acelerado de decadência institucional, de erosão moral, de subdesenvolvimento político e de involução mental).
Aproveitem para conhecer um pouco mais a história da capital imperial.
Paulo Roberto de Almeida

Hail Columbia!
The federal government’s relentless expansion has made Washington, D.C., America’s real Second City.
The City Journal,  February 3, 2013

The Washington, D.C., region has long been considered recession-proof, thanks to the remorseless expansion of the federal government in good times and bad. Yet it’s only now—as D.C. positively booms while most of the country remains in economic doldrums—that the scale of Washington’s prosperity is becoming clear. Over the past decade, the D.C. area has made stunning economic and demographic progress. Meanwhile, America’s current and former Second Cities, population-wise—Los Angeles and Chicago—are battered and fading in significance. Though Washington still isn’t their match in terms of population, it’s gaining on them in terms of economic power and national importance.
Illustration by Arnold Roth
Illustrations by Arnold Roth
In fact, we’re witnessing the start of Washington’s emergence as America’s new Second City. Whether that’s a good thing for America is another question.
Washington is an artificial capital, a city conjured into existence shortly after the Revolutionary War. Its location was the result of political horse-trading. Virginia congressmen agreed to let the federal government assume the states’ war debts, even though Virginia itself was already paid up; in exchange, the new capital would be located in the South.
The city’s early boosters hoped that its location on the Potomac River would help it grow into a commercial as well as a political capital, but that didn’t happen. While other cities got state backing for their business endeavors—a good example is the Erie Canal, built by New York State, which benefited New York City enormously—Washington was run by a Congress more interested in national affairs than in local ones. The city stagnated at first. Its growth finally picked up during the Civil War, but it wasn’t until the Great Depression and World War II, with their expansion of the role of the government in American life, that Washington grew prosperous. During the war, average family income there was higher than in New York or Los Angeles.
It was also a heavily black city—by 1957, the country’s first major city with a black majority. But back in the 1870s, Congress, motivated by racist fears of black votes, had replaced the city’s elected mayors with a board of commissioners appointed by the U.S. president. That change, coming just a few years after black males had won the right to vote in Washington local elections, hobbled the city’s ambitions and set the stage for its troubled legacy in race relations. It wasn’t until 1973, when the civil rights movement had made the disenfranchisement of the city’s blacks untenable, that D.C. regained local control. Unfortunately, a number of factors—including the 1968 riots after Martin Luther King, Jr.’s assassination and a series of disastrous urban policies enacted by the federal government—set the stage for the emergence of political opportunists, including the infamous Mayor Marion Barry. During his tenure in the 1980s, unchecked corruption, ineptly delivered city services, soaring crime, horrendous public schools, financial chaos, and racial tensions made the city a byword for dysfunction nationally. So did the 1990 video that caught Barry smoking crack in a hotel room.
Nevertheless, the metropolitan area surrounding Washington continued to grow and thrive. And when the 2000s arrived, the expansion of the federal government not only catapulted the region into a new league of success but also transformed the troubled city at its center.
During the first decade of the twenty-first century, the Washington metropolitan area overachieved on a variety of measurements versus its peer metro areas—that is, the rest of the ten largest metros in the country, plus the San Francisco Bay Area (which federal classifications divide into two, neither of which would make the Top Ten on its own). Among these regions, Washington ranked fourth in population growth from 2000 to 2010, trailing only the three Sunbelt boomtowns of Atlanta, Dallas, and Houston (see “The Texas Growth Machine”). Washington is currently the seventh most populous metropolitan area in America.
The region has performed even more impressively on the jobs front. Since 2001, Washington has enjoyed the lowest unemployment rate of its peer group. Over the course of the entire decade, it ranked second in job growth, trailing only Houston. That wasn’t just because of the federal agencies and gigantic contractors of Washington stereotype. The region has also been a hotbed of entrepreneurship—much of it, to be sure, dependent on federal dollars. During the 2000s, it had 385 firms named to the Inc. 500 lists of fastest-growing companies in America, according to Kauffman Foundation research—by far the most of any metro area. From 2000 through 2011, according to rankings developed by Praxis Strategy Group, Washington’s low-profile but powerful tech sector had the country’s second-highest job growth, after Seattle’s. The region is also one of America’s top life-sciences centers.
Then there’s economic output. During the 2000s, per-capita GDP grew faster in Washington than in any of its peer regions except the Bay Area. Today, Washington’s per-capita GDP is the country’s second-highest—again, after the Bay Area. Unlike Washington, however, the Bay Area hemorrhaged jobs over the course of the decade. Related to Washington’s impressive output is its astonishing median household income, the highest of any metro area with more than 1 million people. A remarkable seven of the ten highest-income counties in America are in metro Washington. And during the 2000s, per-capita income rose in Washington faster than in any of its peer metros.
Finally, Washington’s population is the best-educated in America. Almost half of all adults in the Washington region have college degrees, the highest proportion of any metro area with more than 1 million people. The same is true of graduate degrees: almost 23 percent of Washingtonians hold them.
The region’s success relates to two larger points. The first involves the fact that prosperous urban regions in America are increasingly divided into two kinds. Some, like the Bay Area, embrace a “vertical” model of success, generating increases in economic output and per-capita income with stagnant or declining population and jobs. Others, like Dallas, are “horizontal,” featuring growth in population and jobs but stagnant or declining output and income. But Washington is an exception: it is the only metropolitan area with a population of at least 1 million that achieves the best of both worlds, combining Dallas-style population and job growth with the fabulous output and wealth of a San Francisco. In that respect, it is a city without peer in America.
The second point to emphasize is the sheer scale of Washington’s performance. If you consider the claim that it’s becoming America’s new Second City an exaggeration, note that its huge recent growth has brought its economic size much closer to Chicago’s—not just in per-capita terms but in absolute ones, too. Back in 2001, Chicago’s economy was 52 percent bigger than Washington’s; by the end of the decade, the gap had shrunk to 24 percent. Similarly, in 2000, total personal income was 62 percent greater in Chicago than in Washington—a difference that had dwindled to 31 percent by the end of 2010. Chicago has just 16 percent more people with college degrees than Washington does. And Washington has more people with graduate degrees than Chicago does and is closing in on Los Angeles.
None of these measurements, by the way, includes nearby Baltimore. The combined Washington-Baltimore area is now the fourth-largest in the country, with about a million fewer people than Chicago. In roughly 15 years, if current growth rates hold, Washington-Baltimore will pass the 10-million-person threshold necessary to be counted as a megacity.
It isn’t just the Washington metropolitan region that’s thriving. The current boom is accomplishing something that previous ones didn’t: transforming the city itself, the District of Columbia. The District’s population grew during the 2000s for the first time since 1950. It suffers less from the problems that once tarnished its image: strained race relations, high crime, ineptly delivered public services, local financial crises. Many city services, such as planning and transportation, have been heavily professionalized and are even touted nationally as innovative models.
True, corruption, especially in real-estate deals, remains alive and well. A parade of local politicians, including current mayor Vincent Gray, is under a cloud, and even Marion Barry is still around as a city council member. But with a torrent of investment, new residents, and prosperity flooding in, it hardly seems to matter. The District grew by more than 1,000 new residents per month between 2010 and 2011. It ended the 2011 fiscal year with a budget surplus of $240 million and the 2012 fiscal year with a surplus of $140 million. In the past, people put up with a dysfunctional city government so that they could be near the federal one. Today, by contrast, the District is a desirable place to live in its own right, much like Manhattan or San Francisco.
This trend is affecting every aspect of urban life. Real estate has been thriving, of course. Washington has the nation’s lowest office-vacancy rate, along with some of its highest commercial rents. Last January, the Association of Foreign Investors in Real Estate put Washington in third place on its list of top global cities for foreign investment, behind only New York and London.
Residential real estate is also booming. “People seem to have a hidden assumption that every house in the District will eventually be crowding $1 million,” wrote Megan McArdle in the Daily Beast in September (adding, however, that “this doesn’t seem possible to me”). Rents are high, with lower-cost apartments disappearing rapidly as investors pay current residents as much as $10,000 to move out so that their apartments can be rented to others at higher rates. In 2011, buoyed by robust demand, builders broke ground on more than 15,000 new apartment units throughout the Washington region. “Much of the building is taking place in the District,” noted the Washington Post, adding that “the vast majority are ‘Class A’ units aimed at young professionals eager to live in walkable communities near shopping and public transportation.”
As that statement implies, the apartment boom is driven by a surge in younger residents, especially in the region’s core. The District owes almost all its population growth to people in their twenties and thirties; 48 percent of its households are single-person, a nationwide high. What’s attracting these upscale young? At warp speed, Washington has become a New York–style urban playground and employment market. As Time recently reported,
every week brings fresh evidence of continuing prosperity: a new restaurant, a new nightclub, another restored 19th century townhouse in a previously dodgy neighborhood selling for $1 million or more. Start-ups are hiring through Craigslist, and just opened lobbying firms have no trouble collaring clients. Storefronts that stood abandoned five years ago fill with pricey gourmet-food shops.
Similarly, Ross Douthat observed in the New York Times that
over the [last] decade. . . . the changes to Washington have been staggering to watch. High-rises have leaped up, office buildings have risen, neighborhoods have been transformed. Streets once deserted after dusk are now crowded with restaurants and bars. A luxurious waterfront area is taking shape around the stadium that the playoff-bound Nationals call home. Million-dollar listings abound in neighborhoods that 10 years ago were transitional at best.
But Washington isn’t Portland, a youth mecca where, the quip goes, “young people go to retire.” Geographer Jim Russell notes that “Washington’s young talent is super-ambitious. They are driven to succeed in a very competitive talent market.” Jobs on Capitol Hill or in high-profile nonprofits are highly coveted and hard to land. Like New York, Washington is one of the world’s toughest arenas, a place where the best and brightest come to prove themselves.
They aren’t just white hipsters, either. The Washington metro area is 26.4 percent black, Number Eight in the country among metros with more than a million people. Stereotypes of the city dwell on its black underclass and its history of electing black nationalist politicians like Barry. But the area has a large black middle class as well—above all, in Prince George’s County, just across the Maryland state line. That county is over 65 percent black, and its median household income is $70,700, making it the highest-income majority-black county in the United States.
Immigrants, too, have been flourishing in Washington. By the end of 2010, nearly 22 percent of the metropolitan area’s population was foreign-born, up from 17.3 percent in 2000—the biggest increase among the ten largest American metro areas. A lot of these immigrants are Latino, as in many American cities. But Washington’s immigrant base is highly diverse. For example, tens of thousands of Indian immigrants, many of them tech entrepreneurs, live near Dulles International Airport, in an area that the Atlantic has labeled the “Silicon Valley of the East.” The region also attracts immigrants from East Asian and African countries, such as Korea, Vietnam, and Ethiopia. Many are highly educated. “We have a lot of really highly skilled, really highly educated immigrants in technical fields,” George Mason University’s Lisa Sturtevant told the Washington Examiner last year. And, Russell adds, “D.C. is a global talent market increasingly on par with New York and London. It is drawing the cream of the crop from around the world, and they are paid top dollar.”
The international origins of both talent and investment in Washington signal something new: it’s becoming an important global city. “In a globalizing world, capitals count for less than global business centers,” journalist Richard Longworth wrote in 2009, adding that “Washington, a one-dimensional company town if there ever was one,” never made anyone’s list of global cities. That view of Washington is increasingly dated. Yes, it’s still a government town, but it’s the town of the most important government there is, and that distinction matters. Washington is home to a massive number of embassies and international institutions, of course. Almost 1,500 foreign correspondents from 113 countries are based there, giving Washington a global news-media reach on par with New York’s. Even domestically, the news media industry has consolidated into Washington, along with New York, writes Matthew Yglesias in Slate. A recent meta-analysis of various surveys by economist Richard Florida ranked Washington the Number Three global city in America, behind only New York and Chicago.
Illustration by Arnold Roth
But what solidifies Washington’s emerging status as America’s new Second City isn’t its economic performance or its emerging global-city profile. Both of those are secondary effects of the real change in Washington: the increasingly intrusive control of the federal government over American life.
Traditionally, Washington thrived through a “leaky bucket” model, redirecting some of the gigantic money flow through the federal pipeline to itself. The 2000s were an especially good time for the region, as two wars, plus 9/11-related defense and homeland-security procurement, fueled the boom. These days, about a third of the Washington-area economy depends on the federal government. But with $16 trillion in national debt and large deficits projected as far as the eye can see, the gravy train may be coming to a halt. Some, like Steven Cochrane of Moody’s Analytics, think that fiscal retrenchment would spell the end of D.C.’s new prosperity. “The days of Washington being the leader in terms of job growth and economic strength are really over,” Cochrane told the Washington Post in early 2011. “I think there’s no way that [the pace of job growth] could be kept up any longer, particularly now that the federal government is undergoing pretty strict [budget] scrutiny.”
The leaky-bucket model may indeed be nearing its limits. But Washington has discovered a new way to extract value from the federal government, based not just on spending but on an ever-expanding regulatory state. An array of programs—the Sarbanes-Oxley and Dodd-Frank acts governing finance; the government’s auto-industry takeover; the EPA’s declaration that carbon dioxide is a pollutant—takes regulation to new levels of detail and intrusiveness, even extending to the micromanagement of particular companies. The trend began long before President Obama took office, but its quintessence is Obamacare, an annexation by the federal government of one-sixth of the American economy via 2,000 pages of byzantine legislation, not counting the thousands of pages of implementing regulations still to come.
All this intrusion emanates from the legislative and especially the regulatory machinery in Washington. The city has become, in effect, the Brussels of America. So a wider and wider variety of businesses and organizations must be located there to lobby the government that decides their fate. (According to the Center for Responsive Politics, total spending on lobbying rose from $1.6 billion in 2000 to $3.3 billion in 2011.) These firms pay local taxes. So do their workers, who also buy houses, patronize stores, pay tuition at private schools, employ local doctors and lawyers, and so on. The regulatory superstate is turbocharging Washington’s local economy.
This new basis for prosperity could pay huge dividends to the region. The model here might be the defense industry, which has already centralized many operations in the area. Northrop Grumman, for example, recently moved its headquarters from Los Angeles to Washington. Boeing shifted its headquarters from Seattle to Chicago to be closer to defense operations and customers in Washington. Other industries, such as health insurance, may follow suit. Even if they don’t relocate to D.C. entirely, they’ll need to be represented there. City Journal contributing editor Joel Kotkin has speculated that “when everything from zoning [to] the location of industrial plants and healthcare is under Washington’s control, the capital could conceivably even emerge as a challenger to New York’s two century reign as the country’s most important city.” The mere fact that such heresy can be uttered illustrates Washington’s new power.
So Washington can boast demographic and economic growth, a highly educated workforce, an emerging elite-global-city profile, and regulatory hegemony that ensures that America will continue to pay it tribute, even if the federal government manages to restrain its spending. This looks like a winning recipe locally, and it gives the region a legitimate claim to be America’s new Second City.
But it’s a loser for America. Even more than the old leaky-bucket system did, the regulatory superstate depends on inflicting pain on the rest of the country, pain that only Washington itself can relieve—if you pay up and have the right connections, that is. Washington’s fortunes and America’s are increasingly at odds. The region is prospering because it’s becoming something that would have horrified the Founders: an imperial capital on the Potomac.

Apple: delicias e tragedias da volatilidade nas bolsas

Quando as ações da Apple sairam do patamar de 300 dólares para mais de 400, eu já achava que havia uma bolha pronta para estourar...
Pois é: demorou. As ações foram a mais de 700 dólares e muita gente comprou na alta, achando que o paraíso estava próximo. Muita gente vai amargar prejuízos e perdas irrecuperáveis, pelos próximos anos, pois não acredito que chegue a 800 dólares any time soon.
Bem vindos ao mundo real...
Paulo Roberto de Almeida

Coping With the Pain of Souring Apple Shares

Some Investors See a Cheap Stock, but Others Have Sold Everything; 'Headache, Not a Cancer'

The Wll Street Journal, February 3, 2013

As the U.S. stock market flirts with record highs, investors who hold big stakes in Apple Inc. AAPL -0.41% are taking a beating.
Since peaking at $705.07 during the day on Sept. 21, Apple shares have fallen 36% to close at $453.62, erasing more than $236 billion in market value—a figure equal to about 35 times the current value of BlackBerry RIM.T +0.70% maker Research In Motion Ltd.
The pain has been widespread. About 60% of actively managed U.S. stock mutual funds that invest in big companies owned at least some Apple shares at the end of the year, according to investment-research firm Morningstar Inc. MORN +0.53% Ninety funds had 10% or more of their portfolios in the stock.
No one blinked when Apple shares headed towards $700 but now that the stock has dropped below $450-with some analysts saying it could be headed well below $400-people are complaining. 
But Apple's plunge is affecting investors in different ways. While some are getting out for good, others are staying put or even buying more. And some are glad they avoided the stock altogether.
Most mutual funds disclose their holdings quarterly, but the 145 actively managed U.S. stock funds that hold Apple and reported monthly results sold a net 223,402 shares, or 3% of their Apple holdings, in December, according to Morningstar, a time when the stock was between 16% and 28% off its peak. Sixty-one funds sold shares, while 45 funds bought.
That doesn't mean all of them took losses. Even with the setback, Apple has generated a total return, including dividends, of about 28% annually over the past five years, versus 4% for the Standard & Poor's 500-stock index. In four of the past 10 years, Apple's stock price has more than doubled, and its only full-year loss over the past decade occurred in 2008.
Here are some examples of how professional money managers and small investors have reacted:
Bailing out. Some investors, feeling burned by the steep drop, are selling their stakes.
Frank Sansone, a retired college professor in Pensacola, Fla., bought 40 Apple shares during the first half of last year. As its stock price breached $700 in September, Mr. Sansone said he intended to sell but missed his chance while on vacation.
As Apple's stock dropped, he sold most of the shares in November and December, locking in losses of about $2,800.
"I left it alone, and it turned out to be a bigger mistake than I ever expected," he said.
Among mutual-fund managers, one of the biggest sellers was the $857 million Brandywine Fund, which last quarter dumped its entire Apple stake of more than 143,000 shares, according to Morningstar.
In a year-end note to investors, fund manager Bill D'Alonzo cited tightening profit margins, among other worries, as reasons for selling. A spokesman for Friess Associates, which manages the fund, declined to comment.
Staying the course. The $406 million Matthew 25 Fund landed in the top 2% of funds that invest in large, growth companies for each of the past three years, largely because of its huge stake in Apple. As of September, when the fund last disclosed its holdings, Apple comprised 15% of its portfolio.
That has come back to bite manager Mark Mulholland. The fund has had a total return of 4.5% this year through Thursday, 0.7 percentage point less than the S&P 500 and in the bottom 41% of its peers, according to Morningstar.
"It's been a headache, but not a cancer," Mr. Mulholland said, noting that since November he has fielded a handful of emails and phone calls from investors asking about his Apple stake.
Seeing a cheap stock. John Barr, portfolio manager of the $67 million Needham Aggressive Growth Fund, last quarter bought 100 shares, increasing his stake to 5,350 shares, even though the fund invests mostly in small-capitalization stocks. At the end of the year, Apple was Mr. Barr's fifth-largest holding, with 4.3% of the fund.
Mr. Barr said he still believes the stock is cheap and that the company might see hot earnings growth as it introduces new products, such as a rumored cheaper iPhone or television set.
Apple's price/earnings multiple based on expected earnings over the next 12 months is eight, compared with 13 for the S&P 500, according to Morningstar.
"It's an inexpensive stock that is growing much faster than the market as a whole," he said. "We're happy to own something at a reasonable price."
Needham Aggressive Growth, which first bought Apple shares in 2006, has never sold shares, Mr. Barr said.
Bob Turner, manager of the $223 million Turner Large Growth fund, said that his firm "would be more buyers than sellers" of Apple; it had about 13% of its portfolio in the stock at the end of 2012, according to Morningstar. Through Thursday, the fund has had a return of 3%, about 2.2 percentage points below that of the S&P 500, according to Morningstar.
Given how widely owned the stock is, Mr. Turner, whose fund first bought shares in 2004, said he thinks Apple simply ran out of investors looking to add shares at its peak in September.
"What's always befuddled me is valuation," he said, adding "You can be right with your thesis all day, but it doesn't stop you from losing money."
Sitting out. Apple's drop provides some vindication for the few money managers who didn't hold Apple during its bull run and saw their portfolios trail because of it.
Robert Zagunis, who co-manages the $4.3 billion Jensen Quality Growth fund, has never owned Apple shares. The fund invests only in companies with a decadelong history of high returns on equity, a test Apple doesn't meet yet.
In the last three years through Thursday, the fund has had an average annual return of 12%, 2.5 percentage points lower than the S&P 500, according to Morningstar.
Last summer, Mr. Zagunis devoted a note to investors explaining why he didn't hold Apple. "We had times when [much] of the underperformance was due to one stock that we didn't hold," he said in an interview.
But when Mr. Zagunis was recently a guest speaker at an investment class at a university, he said, the students showed him a chart of their portfolio, which has performed poorly this year.
"They said—it was almost apologetic—'We owned Apple.'"
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