Building a BRIC Foundation
Roya Wolverson
Council on Foreign Relations, April 15, 2010
The April 15 and 16 meeting (MercoPress) of leaders from Brazil, Russia, India, and China aimed to deepen ties between the emerging-market powers leading the global economic recovery. Collectively known as the BRICs, these countries--which represent 40 percent of the world's population and 20 percent of the global economy--command a growing slice of the global economic pie.
Just how deep the ties can be between the BRICs is a matter of debate. Many analysts have noted the roadblocks to the group establishing the "common goals, common actions" touted this week by Russian President Dmitry Medvedev in Russia's Vedomosti. Anders Aslund of the Peterson Institute said (FT) the BRICs have "made sense for a decade as an investment theme," but that differences between Russia's foreign policy and that of other BRICs could make consensus unlikely.
Still, following last year's first BRIC summit, the group together criticized continued use of the U.S. dollar as a global currency reserve, a major concern for China even though roughly half of Russia's reserves are in euros. This year the group is striking a milder note, as the United States and China attempt to quell tensions over China's currency value. Chinese Vice Foreign Minister Cui Tiankai said (Reuters) this year's summit would not seek "confrontation with other third-parties or countries" but would focus on international financial regulation and global governance reforms. But differences between the group remain. China has rebuffed Brazil's push for a permanent seat on the UN Security Council, while Russia's economy, unlike that of its BRIC brethren, is suffering from a declining population and heavy dependence on oil and gas.
Jim O'Neill of Goldman Sachs, who coined the term "BRIC" in 2001, remains optimistic about the group's efforts to unify. He notes (Reuters), for example, that China and Brazil are working on a bilateral agreement to allow their countries' trade deals to be tended in local currency, rather than U.S. dollars. Chinese President Hu Jintao also penned (Reuters) several trade and energy deals with Brazil before leaving the summit early because of China's deadly earthquake.
Chen Fengying of the China Institute of Contemporary International Relations agrees on the benefits of BRIC collaboration. Regardless of the summit's outcome, she says (WSJ) the gathering establishes a "good foundation for the voices of emerging markets against Western, developed countries," which the group can leverage at the G20 summit in Toronto this June. CFR Senior Fellow Julia Sweig notes, however, that the BRICs do not want to aggressively oppose the West. She also thinks the group's internal rivalries are manageable. "I don't see any of the tensions being adequate to pull the grouping apart. They've only just started to pull together," she says.
Other experts are more skeptical that the BRICs can resolve their differences. The Carnegie Endowment's Uri Dadush says (DeutscheWelle) intransigence over China and India's ongoing border dispute and a history of competition between China and Russia could be insurmountable obstacles. "I don't see it as a cohesive group that will be there pushing issues together fifteen to twenty years from now," he told CFR.org. Dadush thinks the group will eventually merge with the G20 group of developed countries, since it hosts a broader range of political and economic interests.
CFR Senior Fellow Charles Kupchan agrees. "As these countries mature, they will find other fora more useful. It's a sign of rising countries wanting their seat at the table, but that doesn't mean it's a permanent fixture," he says. Another CFR senior fellow, Elizabeth Economy, says the longevity of the group ultimately depends on "whether they find their voices and needs being met by the G20. At this point, they see value in an additional forum for discussing issues like Iran and currency values."
Additional Analysis:
This CFR Quarterly Update (PDF) on foreign exchange reserves in the BRICs says despite much talk about these countries as a group, China differs significantly in its financing of U.S. debt.
In the political science quarterly Polity, Columbia University's Cynthia Roberts says on certain issues, all of the BRICs have reason to maintain a closer relationship with the United States than with each other.
Background:
Read the BRIC Summit Joint Statement issued by Brazil, Russia, India, and China's leaders following the summit.
This Carnegie Endowment (PDF) paper examines the trajectory of the BRIC and G20 economies through 2050 and their effects on the world economy.
This Goldman Sachs Global Economics paper (PDF) analyses the long-term economic outlook for the BRICs.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
terça-feira, 27 de abril de 2010
2088) Diplomacia imodesta: como o Brasil ficou importante...
Política externa brasileira desperta 'ciúmes', diz Lula
BBC Brasil, 20/04/2010 às 17h11m
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o Brasil deixou de lado o "complexo de vira-lata" no cenário internacional e que essa postura da diplomacia brasileira "gera ciúmes e inimigos".
Em discurso durante a formatura de novos diplomatas, no Itamaraty, o presidente fez um balanço de sua política externa e rebateu críticas recebidas ao longo de seu mandato.
"Eu disse uma dia ao Celso (Amorim): você precisa tomar muito cuidado, porque o Brasil está começando a ficar importante. E quando um país fica importante, começa a gerar ciúmes e começa a arrumar inimigos", disse o presidente.
"Aqueles que não foram capazes de fazer o que você está fazendo vão começar a ser contra. Até porque durante muito tempo nós fomos induzidos a um complexo de vira-lata. O importante era não ser ninguém", acrescentou Lula.
O presidente descreveu, como exemplo, sua primeira participação na reunião do G8, o grupo dos países desenvolvidos. Segundo ele, todos os líderes presentes se levantaram da cadeira quando o então presidente George W. Bush entrou na sala.
"Eu falei para o Celso: eu vou ficar sentado. Ninguém levantou quando eu cheguei", disse o presidente.
"Humildemente, o Bush nos cumprimentou e sentou conosco. Isso me marcou muito", acrescentou.
'Humildade'
Lula disse que sua política externa já foi alvo de "muitas críticas", sobretudo em função de sua aproximação com países com menos peso no cenário internacional, como os da África, e das concessões feitas aos países vizinhos.
"Todos vocês acompanharam como alguns queriam que eu partisse para a garganta do Evo Morales (presidente da Bolívia) e esganasse ele, quando ele disse que o gás era dele, e eu não fiz porque achei que o gás era dele mesmo", disse o presidente.
Segundo o presidente, a diplomacia brasileira deve continuar "generosa e humilde", mas que precisa também "defender seus interesses com orgulho".
As declarações de Lula coincidem com a publicação de um artigo pelo jornal britânico Financial Times sobre a política externa brasileira.
O texto afirma que o jeito "carinhoso" do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional, inclusive ameaçando a conquista de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
BBC Brasil, 20/04/2010 às 17h11m
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o Brasil deixou de lado o "complexo de vira-lata" no cenário internacional e que essa postura da diplomacia brasileira "gera ciúmes e inimigos".
Em discurso durante a formatura de novos diplomatas, no Itamaraty, o presidente fez um balanço de sua política externa e rebateu críticas recebidas ao longo de seu mandato.
"Eu disse uma dia ao Celso (Amorim): você precisa tomar muito cuidado, porque o Brasil está começando a ficar importante. E quando um país fica importante, começa a gerar ciúmes e começa a arrumar inimigos", disse o presidente.
"Aqueles que não foram capazes de fazer o que você está fazendo vão começar a ser contra. Até porque durante muito tempo nós fomos induzidos a um complexo de vira-lata. O importante era não ser ninguém", acrescentou Lula.
O presidente descreveu, como exemplo, sua primeira participação na reunião do G8, o grupo dos países desenvolvidos. Segundo ele, todos os líderes presentes se levantaram da cadeira quando o então presidente George W. Bush entrou na sala.
"Eu falei para o Celso: eu vou ficar sentado. Ninguém levantou quando eu cheguei", disse o presidente.
"Humildemente, o Bush nos cumprimentou e sentou conosco. Isso me marcou muito", acrescentou.
'Humildade'
Lula disse que sua política externa já foi alvo de "muitas críticas", sobretudo em função de sua aproximação com países com menos peso no cenário internacional, como os da África, e das concessões feitas aos países vizinhos.
"Todos vocês acompanharam como alguns queriam que eu partisse para a garganta do Evo Morales (presidente da Bolívia) e esganasse ele, quando ele disse que o gás era dele, e eu não fiz porque achei que o gás era dele mesmo", disse o presidente.
Segundo o presidente, a diplomacia brasileira deve continuar "generosa e humilde", mas que precisa também "defender seus interesses com orgulho".
As declarações de Lula coincidem com a publicação de um artigo pelo jornal britânico Financial Times sobre a política externa brasileira.
O texto afirma que o jeito "carinhoso" do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional, inclusive ameaçando a conquista de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
2087) Mea culpa sobre uma lenda da internet (mas não sobre o Bolsa-Familia)
Alertado por um leitor e comentarista deste blog, sou levado a expressar minhas desculpas aos distintos frequentadores deste blog que deveriam aqui encontrar apenas informações fiáveis e análises sérias e responsáveis.
Assim como ocorreu com um outro post meu -- sobre os honorários dos "conselheiros" (valem aspas duplas) da Petrobras, o post abaixo recebeu muitos comentários, nem sempre bem intencionados ou analíticos, apenas furiosos e passionais, mas este é o mundo em que vivemos.
De fato recebi o material constante deste post:
terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho
pela internet, e o postei aqui, sem controle de origem ou fiabilidade do conteúdo. O fato é que eu já tinha lido matérias sérias de imprensa sobre o mesmo assunto, geralmente vinculadas a mão-de-obra volante no setor rural, onde certas atividades de colheita manual de produtos agrícolas -- café, algodão, cana -- vinham sofrendo de carência de trabalhadores voluntários, dispostos a se empregar pelos salários "de mercado" (em vista da renda extra produzida pelo BF). Lembro-me de que a matéria se referia ao ES, mas havia relatos similares para certas áreas do NE, na BA sobretudo.
Estou absolutamente convencido dos efeitos nefastos do BF não apenas de um ponto de vista exclusivamente econômico, em seus impactos negativos para o mercado de trabalho e para os custos laborais de uma economia que se pretende competitiva mundialmente, mas sobretudo do ponto de vista da "psicologia popular", ou seja, a cultura da assistência pública, da "mão generosa" do Estado e outros efeitos secundários. Os pobres assim contemplados não sabem, obviamente, que isso determina um aumento proporcional e correspondente da carga fiscal, e que esta incide desproporcionalmente sobre os seus rendimentos, já que é um fato que os pobres entregam mais de 50% de sua renda ao Estado, sob a forma de impostos indiretos, o que é um evidente contrasenso.
Melhor seria se houvesse diminuição dos custos laborais -- o inverso do que o BF produz -- para que os empresários contratassem mais mão-de-obra e com isso os preços dos produtos também fossem mais reduzidos, ao não ter o governo de taxá-los pesadamente para sustentar sua política de populismo assistencialista.
Em todo caso, fica o mea culpa pela matéria divulgada sem controle e aqui abaixo segue o que me foi remetido por um leitor atento:
Desinformação e contra-informação.
Curso para 500 costureiras inscritas no Bolsa Família do Ceará
Mais uma notícia bombástica, que circula desde agosto de 2009, não tem origem definida, nem autoria assumida, não possui a indicação da data nem do local da publicação.
Ela circula na Internet, em jornais, em blogs e páginas que a repetem sem a preocupação de indicar a origem, ou seja, onde ela foi publicada inicialmente, quem é o autor e qual a data da publicação. Enfim, coisa suspeita.
Antes mesmo de confirmar se o curso existiu de fato e se houve a recusa das quinhentas costureiras de aceitar o emprego é bom lembrar que a Internet é o veículo ideal para divulgar boatos dessa ordem.
Uma pessoa publica um boato, vem outra pessoa que aprecia o conteúdo dele, copia e o passa adiante. Ninguém questiona se é falso ou se é verdadeiro, mas apenas confere se o fato narrado se enquadra em suas preferências e predileções de ordem política, religiosa ou de qualquer outra natureza.
Daí em diante o boato toma o seu caminho, se espalha e a sua repetição como que realimenta a si próprio e vai sofrendo a transmutação de mentira para coisa plausível e daí para transformar-se em "verdade irrefutável" é um passo. Tal mudança não ocorre em virtude de a mentira haver se transformado em verdade, mas porque a repetição, o número de páginas onde ela é publicada começa a lhe atribuir uma aura de veridicidade.
Voltando à mensagem, é interessante levantar algumas questões:
O curso foi concluído recentemente: recentemente? quando? qual a data de início e do término do curso? em que cidade ele se realizou? Fortaleza?
- Repito: de forma uníssona: quem repete? Ora, se o autor desconhecido diz [eu] Repito, primeira pessoa do singular, isto significa que tal fenômeno somente pode ocorrer de forma uníssona. De outra forma, seria altamente improvável e talvez apenas um competente ventríloquo fosse capaz da façanha :D
o diretor do Sinditêxtil: qual o nome dele? qual a diretoria que ele ocupa?
Enquanto ouvia o relato: quem falava? quem ouvia o relato?
curso de 120 horas/aula: cento e vinte horas/aula, supondo oito horas de aulas por dia teriam sido quinze dias de aula. Ou seja, pelo menos três semanas. Em local que comportava quinhentas alunas. É o que se deduz do texto.
a condição imposta pelas 500 formandas: fato curioso é que o curso teria começado com quinhentas pessoas e foi exatamente esse o número de formandas: quinhentas. Nenhuma desistência, nenhuma situação familiar que impedisse pelo menos uma das costureiras de concluir o tal curso. Nenhum problema de saúde. Coisa difícil de acontecer considerando a quantidade de alunas e a duração do curso. Coisa rara um curso para quinhentas pessoas terminar exatamente com a quantidade inicial de inscritos. Três semanas depois.
O Portal da FIEC não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.
A página do SENAI - CE não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.
Ao pesquisar a expressão curso para costureiras ceará o Google retorna apenas três resultados e nenhum deles faz referência ao tal Curso para 500 mulheres.
Veja o que diz o Ministério do Desenvolvimento Social - MDS sobre a mensagem anônima e sobre o curso para 500 mulheres:
"Assim que terminou o curso de costura industrial promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Fortaleza (CE), Lúcia Inês Batista da Silva começou a trabalhar numa das maiores indústrias de confecções do país.
...
"A história de Lúcia Batista desmente texto anônimo que circula na internet, segundo o qual 500 mulheres atendidas pelo programa de transferência de renda foram capacitadas na área têxtil, em Fortaleza, e nenhuma delas aceitou emprego para não perder o benefício do Bolsa Família.
...
"Lúcia Batista integra o grupo de 240 beneficiárias (e não 500, como diz o texto) que iniciaram a qualificação. Destas, 154 finalizaram o curso ... e foram encaminhadas ao Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral no Estado do Ceará (Sinditêxtil), que deveria viabilizar o ingresso das beneficiárias no mercado de trabalho, conforme prevê o acordo de cooperação técnica assinado, em 5 de junho de 2008, entre a Secretaria Municipal de Assistência Social de Fortaleza (Semas), o Sinditêxtil e o Senai regional do Ceará.
"Levantamento feito pela Semas, sobre 145 mulheres que foram qualificadas e encaminhadas ao sindicato, mostra que apenas 16 beneficiárias ou 11% foram indicadas pelo Sinditêxtil para entrevistas de empregos em empresas de seus associados.
...
"Um exemplo é a beneficiária do Bolsa Família Francisca da Silva Santos. Ela, que também fez o curso profissionalizante, foi entrevistada por uma outra indústria de confecções, há mais de um ano, e até agora não foi chamada para trabalhar. Viúva e mãe de três filhos, Francisca se vira como pode. Comprou uma máquina de costura e faz consertos básicos. “Ganho uns trocados que dá para comprar o pão. “Quero ter o meu emprego e a minha carteira de trabalho assinada”, afirma a beneficiária, contradizendo o texto que tenta disseminar a falsa idéia de que a população atendida pelo Bolsa Família fica acomodada ao receber o benefício.
"O balanço da Semas aponta que 57 mulheres foram inseridas no mercado de trabalho da capital cearense, mesmo sem a participação efetiva do Sindtêxtil.
...
"Preconceito - A parceria tornou visível o preconceito do segmento empresarial com o Bolsa Família e com as mulheres”, afirma a secretária municipal de Assistência Social, Elaene Rodrigues. Ela revela que, inicialmente, alguns representantes do setor têxtil queriam que as mulheres qualificadas trabalhassem três meses sem remuneração para depois serem avaliadas. Essa proposta foi recusada pela Secretaria de Assistência Social."
Além de divulgada por mensagens e através de blogs, a "notícia" também foi publicada em um ou outro jornal.
O Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 14 de agosto de 2009, publica em uma de suas colunas a história como verdadeira. Diz o responsável pela coluna:
"Bolsa Família
Ontem, em reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará, vi a história, contada e documentada, e bem pior do que eu imaginava. O Sinditêxtil-CE realizou um curso de preparação de mão de obra de 500 costureiras para o setor, onde está faltando gente...."
Pelo teor da notícia, o que se infere é que o jornalista esteve em Fortaleza no dia anterior - 13 de junho de 2009 -, participou de reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará e foi lá que ele tomou conhecimento do tal curso.
Do curso que jamais aconteceu e das quinhentas costureiras, inexistentes, que se recusaram a assumir emprego formal com carteira assinada.
Conclusão: o conteúdo da mensagem é coisa do gênero "guerra psicológica", contra-informação, mentiras para produzir exatamente os efeitos que produz nos crédulos e incautos: indignação e revolta. Indignação e revolta desperdiçadas, pois se trata de invencionice.
O povo do Ceará não tem nada a ver com essa mentira. Em vez de espalhar boatos, o cearense trabalha e o Pólo da Moda do Ceará é um dos mais importantes do Brasil.
[Fim de transcrição; outras lendas urbanas, aqui]
Assim como ocorreu com um outro post meu -- sobre os honorários dos "conselheiros" (valem aspas duplas) da Petrobras, o post abaixo recebeu muitos comentários, nem sempre bem intencionados ou analíticos, apenas furiosos e passionais, mas este é o mundo em que vivemos.
De fato recebi o material constante deste post:
terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho
pela internet, e o postei aqui, sem controle de origem ou fiabilidade do conteúdo. O fato é que eu já tinha lido matérias sérias de imprensa sobre o mesmo assunto, geralmente vinculadas a mão-de-obra volante no setor rural, onde certas atividades de colheita manual de produtos agrícolas -- café, algodão, cana -- vinham sofrendo de carência de trabalhadores voluntários, dispostos a se empregar pelos salários "de mercado" (em vista da renda extra produzida pelo BF). Lembro-me de que a matéria se referia ao ES, mas havia relatos similares para certas áreas do NE, na BA sobretudo.
Estou absolutamente convencido dos efeitos nefastos do BF não apenas de um ponto de vista exclusivamente econômico, em seus impactos negativos para o mercado de trabalho e para os custos laborais de uma economia que se pretende competitiva mundialmente, mas sobretudo do ponto de vista da "psicologia popular", ou seja, a cultura da assistência pública, da "mão generosa" do Estado e outros efeitos secundários. Os pobres assim contemplados não sabem, obviamente, que isso determina um aumento proporcional e correspondente da carga fiscal, e que esta incide desproporcionalmente sobre os seus rendimentos, já que é um fato que os pobres entregam mais de 50% de sua renda ao Estado, sob a forma de impostos indiretos, o que é um evidente contrasenso.
Melhor seria se houvesse diminuição dos custos laborais -- o inverso do que o BF produz -- para que os empresários contratassem mais mão-de-obra e com isso os preços dos produtos também fossem mais reduzidos, ao não ter o governo de taxá-los pesadamente para sustentar sua política de populismo assistencialista.
Em todo caso, fica o mea culpa pela matéria divulgada sem controle e aqui abaixo segue o que me foi remetido por um leitor atento:
Desinformação e contra-informação.
Curso para 500 costureiras inscritas no Bolsa Família do Ceará
Mais uma notícia bombástica, que circula desde agosto de 2009, não tem origem definida, nem autoria assumida, não possui a indicação da data nem do local da publicação.
Ela circula na Internet, em jornais, em blogs e páginas que a repetem sem a preocupação de indicar a origem, ou seja, onde ela foi publicada inicialmente, quem é o autor e qual a data da publicação. Enfim, coisa suspeita.
Antes mesmo de confirmar se o curso existiu de fato e se houve a recusa das quinhentas costureiras de aceitar o emprego é bom lembrar que a Internet é o veículo ideal para divulgar boatos dessa ordem.
Uma pessoa publica um boato, vem outra pessoa que aprecia o conteúdo dele, copia e o passa adiante. Ninguém questiona se é falso ou se é verdadeiro, mas apenas confere se o fato narrado se enquadra em suas preferências e predileções de ordem política, religiosa ou de qualquer outra natureza.
Daí em diante o boato toma o seu caminho, se espalha e a sua repetição como que realimenta a si próprio e vai sofrendo a transmutação de mentira para coisa plausível e daí para transformar-se em "verdade irrefutável" é um passo. Tal mudança não ocorre em virtude de a mentira haver se transformado em verdade, mas porque a repetição, o número de páginas onde ela é publicada começa a lhe atribuir uma aura de veridicidade.
Voltando à mensagem, é interessante levantar algumas questões:
O curso foi concluído recentemente: recentemente? quando? qual a data de início e do término do curso? em que cidade ele se realizou? Fortaleza?
- Repito: de forma uníssona: quem repete? Ora, se o autor desconhecido diz [eu] Repito, primeira pessoa do singular, isto significa que tal fenômeno somente pode ocorrer de forma uníssona. De outra forma, seria altamente improvável e talvez apenas um competente ventríloquo fosse capaz da façanha :D
o diretor do Sinditêxtil: qual o nome dele? qual a diretoria que ele ocupa?
Enquanto ouvia o relato: quem falava? quem ouvia o relato?
curso de 120 horas/aula: cento e vinte horas/aula, supondo oito horas de aulas por dia teriam sido quinze dias de aula. Ou seja, pelo menos três semanas. Em local que comportava quinhentas alunas. É o que se deduz do texto.
a condição imposta pelas 500 formandas: fato curioso é que o curso teria começado com quinhentas pessoas e foi exatamente esse o número de formandas: quinhentas. Nenhuma desistência, nenhuma situação familiar que impedisse pelo menos uma das costureiras de concluir o tal curso. Nenhum problema de saúde. Coisa difícil de acontecer considerando a quantidade de alunas e a duração do curso. Coisa rara um curso para quinhentas pessoas terminar exatamente com a quantidade inicial de inscritos. Três semanas depois.
O Portal da FIEC não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.
A página do SENAI - CE não contém nenhuma informação sobre o tal Curso para 500 mulheres.
Ao pesquisar a expressão curso para costureiras ceará o Google retorna apenas três resultados e nenhum deles faz referência ao tal Curso para 500 mulheres.
Veja o que diz o Ministério do Desenvolvimento Social - MDS sobre a mensagem anônima e sobre o curso para 500 mulheres:
"Assim que terminou o curso de costura industrial promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Fortaleza (CE), Lúcia Inês Batista da Silva começou a trabalhar numa das maiores indústrias de confecções do país.
...
"A história de Lúcia Batista desmente texto anônimo que circula na internet, segundo o qual 500 mulheres atendidas pelo programa de transferência de renda foram capacitadas na área têxtil, em Fortaleza, e nenhuma delas aceitou emprego para não perder o benefício do Bolsa Família.
...
"Lúcia Batista integra o grupo de 240 beneficiárias (e não 500, como diz o texto) que iniciaram a qualificação. Destas, 154 finalizaram o curso ... e foram encaminhadas ao Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em Geral no Estado do Ceará (Sinditêxtil), que deveria viabilizar o ingresso das beneficiárias no mercado de trabalho, conforme prevê o acordo de cooperação técnica assinado, em 5 de junho de 2008, entre a Secretaria Municipal de Assistência Social de Fortaleza (Semas), o Sinditêxtil e o Senai regional do Ceará.
"Levantamento feito pela Semas, sobre 145 mulheres que foram qualificadas e encaminhadas ao sindicato, mostra que apenas 16 beneficiárias ou 11% foram indicadas pelo Sinditêxtil para entrevistas de empregos em empresas de seus associados.
...
"Um exemplo é a beneficiária do Bolsa Família Francisca da Silva Santos. Ela, que também fez o curso profissionalizante, foi entrevistada por uma outra indústria de confecções, há mais de um ano, e até agora não foi chamada para trabalhar. Viúva e mãe de três filhos, Francisca se vira como pode. Comprou uma máquina de costura e faz consertos básicos. “Ganho uns trocados que dá para comprar o pão. “Quero ter o meu emprego e a minha carteira de trabalho assinada”, afirma a beneficiária, contradizendo o texto que tenta disseminar a falsa idéia de que a população atendida pelo Bolsa Família fica acomodada ao receber o benefício.
"O balanço da Semas aponta que 57 mulheres foram inseridas no mercado de trabalho da capital cearense, mesmo sem a participação efetiva do Sindtêxtil.
...
"Preconceito - A parceria tornou visível o preconceito do segmento empresarial com o Bolsa Família e com as mulheres”, afirma a secretária municipal de Assistência Social, Elaene Rodrigues. Ela revela que, inicialmente, alguns representantes do setor têxtil queriam que as mulheres qualificadas trabalhassem três meses sem remuneração para depois serem avaliadas. Essa proposta foi recusada pela Secretaria de Assistência Social."
Além de divulgada por mensagens e através de blogs, a "notícia" também foi publicada em um ou outro jornal.
O Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 14 de agosto de 2009, publica em uma de suas colunas a história como verdadeira. Diz o responsável pela coluna:
"Bolsa Família
Ontem, em reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará, vi a história, contada e documentada, e bem pior do que eu imaginava. O Sinditêxtil-CE realizou um curso de preparação de mão de obra de 500 costureiras para o setor, onde está faltando gente...."
Pelo teor da notícia, o que se infere é que o jornalista esteve em Fortaleza no dia anterior - 13 de junho de 2009 -, participou de reunião na Federação das Indústrias do Estado do Ceará e foi lá que ele tomou conhecimento do tal curso.
Do curso que jamais aconteceu e das quinhentas costureiras, inexistentes, que se recusaram a assumir emprego formal com carteira assinada.
Conclusão: o conteúdo da mensagem é coisa do gênero "guerra psicológica", contra-informação, mentiras para produzir exatamente os efeitos que produz nos crédulos e incautos: indignação e revolta. Indignação e revolta desperdiçadas, pois se trata de invencionice.
O povo do Ceará não tem nada a ver com essa mentira. Em vez de espalhar boatos, o cearense trabalha e o Pólo da Moda do Ceará é um dos mais importantes do Brasil.
[Fim de transcrição; outras lendas urbanas, aqui]
2086) Brasil critica politica cambial dos EUA e da UE
Curiosa inversao de comportamentos...
Houve um tempo em que o mesmo ministro Mantega, quando ainda era um dos "economistas-chefes" do PT, em que ele condenava acerbamente o "populismo cambial" do governo anterior, pela politica de flutuacao e de valorizacao do real. Ele supostamente gostava da politica anterior, de mini-desvalorizacoes, que ajudava os exportadores e prejudicava todo o resto da populacao com nosso empobrecimento constante nas relacoes economicas internacionais.
Agora ele se permite criticar o que ele chama de "politica de desvalorizacao do dolar", que nada mais é, para EUA e UE, do que flutuacao livre de suas moedas respectivas, ou seja uma politica puramente de mercado.
O tempora...
Paulo Roberto Almeida
------------------------------
Mantega critica política de desvalorização do dólar
Luciana Xavier
Agência Estado, 26.04.2010
Para ministro da Fazenda, os Estados Unidos e a União Europeia buscam competitividade no comércio internacional ao desvalorizar o câmbio
NOVA YORK - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou nesta segunda-feira, 21, o que chamou de política de desvalorização das moedas avançadas, especialmente o dólar. Segundo o ministro, os Estados Unidos e a União Europeia estão buscando desvalorizar o câmbio de modo a ficar mais competitivos no comércio internacional.
De acordo com ele, a saída escolhida pelos EUA e UE no processo de retomada do crescimento tem sido a exportação diante da redução do consumo interno nessas regiões. "Não podemos aceitar a política de desvalorização do dólar", disse Mantega, após palestra para cerca de 300 investidores em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, em Nova York.
Para Mantega, o Brasil assim como os emergentes têm sido alvo de interesse do capital estrangeiro, além de estar havendo capital estrangeiro e mais abertura de capital de empresas, entre outros fatores que têm provocado uma tendência de valorização da moeda local, no caso do Brasil o real. "Como estamos crescendo mais e temos um consumo mais elevado, eles (EUA e UE) estão visando o nosso consumo e também o da China, eventualmente", afirmou.
O ministro disse que essa estratégia poderia ser válida apenas numa situação de saída emergencial da crise. "Mas se eles querem nos próximos anos se reequilibrar a nossas custas isso não é possível, não vamos aceitar esse jogo", afirmou.
Houve um tempo em que o mesmo ministro Mantega, quando ainda era um dos "economistas-chefes" do PT, em que ele condenava acerbamente o "populismo cambial" do governo anterior, pela politica de flutuacao e de valorizacao do real. Ele supostamente gostava da politica anterior, de mini-desvalorizacoes, que ajudava os exportadores e prejudicava todo o resto da populacao com nosso empobrecimento constante nas relacoes economicas internacionais.
Agora ele se permite criticar o que ele chama de "politica de desvalorizacao do dolar", que nada mais é, para EUA e UE, do que flutuacao livre de suas moedas respectivas, ou seja uma politica puramente de mercado.
O tempora...
Paulo Roberto Almeida
------------------------------
Mantega critica política de desvalorização do dólar
Luciana Xavier
Agência Estado, 26.04.2010
Para ministro da Fazenda, os Estados Unidos e a União Europeia buscam competitividade no comércio internacional ao desvalorizar o câmbio
NOVA YORK - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou nesta segunda-feira, 21, o que chamou de política de desvalorização das moedas avançadas, especialmente o dólar. Segundo o ministro, os Estados Unidos e a União Europeia estão buscando desvalorizar o câmbio de modo a ficar mais competitivos no comércio internacional.
De acordo com ele, a saída escolhida pelos EUA e UE no processo de retomada do crescimento tem sido a exportação diante da redução do consumo interno nessas regiões. "Não podemos aceitar a política de desvalorização do dólar", disse Mantega, após palestra para cerca de 300 investidores em evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, em Nova York.
Para Mantega, o Brasil assim como os emergentes têm sido alvo de interesse do capital estrangeiro, além de estar havendo capital estrangeiro e mais abertura de capital de empresas, entre outros fatores que têm provocado uma tendência de valorização da moeda local, no caso do Brasil o real. "Como estamos crescendo mais e temos um consumo mais elevado, eles (EUA e UE) estão visando o nosso consumo e também o da China, eventualmente", afirmou.
O ministro disse que essa estratégia poderia ser válida apenas numa situação de saída emergencial da crise. "Mas se eles querem nos próximos anos se reequilibrar a nossas custas isso não é possível, não vamos aceitar esse jogo", afirmou.
2085) Iran elogia Brasil em politica nuclear
Mediação do Brasil na questão nuclear iraniana
Agência Efe, 27.04.2010
O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu as boas-vindas a uma eventual mediação do Brasil na polêmica questão do programa nuclear de Teerã, acusado por grande parte da comunidade internacional de ter fins militares.
Larijani recebeu nesta segunda-feira, 26, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que chegou de madrugada a Teerã para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã. O parlamentar, citado pela agência de notícias local Mehr, não ofereceu, no entanto, detalhes sobre o papel que o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica.
Amorim, por sua vez, manteve a postura do governo brasileiro e insistiu que Brasília apoia o programa nuclear iraniano, desde que seja voltado para fins pacíficos. O chanceler, porém, não comentou se o País apoiaria possíveis sanções internacionais contra o regime persa.
O ministro já havia anunciado há dois meses a vontade do Brasil de atuar como mediador do conflito, mas não oferecera detalhes. “O que queremos para o povo brasileiro é o que queremos para o povo iraniano, ou seja, a expansão das atividades nucleares pacíficas”, disse Amorim, depois de se reunir também com o negociador nuclear iraniano na questão, Saeed Jalili.
Grande parte da comunidade internacional, sob a liderança dos EUA, acusa o regime dos aiatolás de ocultar, sob seu programa civil, outro de natureza clandestina e com ambições bélicas, cujo objetivo seria adquirir um arsenal atômico, alegação negada por Teerã.
A polêmica se radicalizou no final do ano passado, depois de o Irã rejeitar uma oferta dos EUA, Reino Unido e Rússia para enviar seu urânio enriquecido a 3,5% ao exterior e recuperá-lo depois enriquecido a 20%, nas condições que diz precisar para manter em operação seu reator em Teerã.
Perante a falta de acordo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou o início do enriquecimento a 20%, apesar das advertências internacionais. Desde então, o governo americano busca aprovar uma nova rodada de sanções internacionais para tentar frear o polêmico programa nuclear iraniano.
Neste ano, o Brasil assumiu uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável pelas possíveis sanções ao regime iraniano. A este respeito, o presidente do Parlamento iraniano voltou a culpar as grandes potências pela falta de acordo e insistiu que chegar a uma solução é “simples”. “Polemizar com dados irreais não terá efeito algum sobre a vontade do povo iraniano. As grandes potências tentam complicar este assunto para favorecer assim seus próprios interesses políticos”, criticou.
Durante a reunião, Larijani e Amorim expressaram a necessidade de ampliar as relações bilaterais em diversos campos, disseram fontes diplomáticas brasileiras.
Agência Efe, 27.04.2010
O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, deu as boas-vindas a uma eventual mediação do Brasil na polêmica questão do programa nuclear de Teerã, acusado por grande parte da comunidade internacional de ter fins militares.
Larijani recebeu nesta segunda-feira, 26, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que chegou de madrugada a Teerã para preparar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã. O parlamentar, citado pela agência de notícias local Mehr, não ofereceu, no entanto, detalhes sobre o papel que o Brasil poderia desempenhar para solucionar a polêmica.
Amorim, por sua vez, manteve a postura do governo brasileiro e insistiu que Brasília apoia o programa nuclear iraniano, desde que seja voltado para fins pacíficos. O chanceler, porém, não comentou se o País apoiaria possíveis sanções internacionais contra o regime persa.
O ministro já havia anunciado há dois meses a vontade do Brasil de atuar como mediador do conflito, mas não oferecera detalhes. “O que queremos para o povo brasileiro é o que queremos para o povo iraniano, ou seja, a expansão das atividades nucleares pacíficas”, disse Amorim, depois de se reunir também com o negociador nuclear iraniano na questão, Saeed Jalili.
Grande parte da comunidade internacional, sob a liderança dos EUA, acusa o regime dos aiatolás de ocultar, sob seu programa civil, outro de natureza clandestina e com ambições bélicas, cujo objetivo seria adquirir um arsenal atômico, alegação negada por Teerã.
A polêmica se radicalizou no final do ano passado, depois de o Irã rejeitar uma oferta dos EUA, Reino Unido e Rússia para enviar seu urânio enriquecido a 3,5% ao exterior e recuperá-lo depois enriquecido a 20%, nas condições que diz precisar para manter em operação seu reator em Teerã.
Perante a falta de acordo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou o início do enriquecimento a 20%, apesar das advertências internacionais. Desde então, o governo americano busca aprovar uma nova rodada de sanções internacionais para tentar frear o polêmico programa nuclear iraniano.
Neste ano, o Brasil assumiu uma das 15 cadeiras do Conselho de Segurança da ONU, órgão responsável pelas possíveis sanções ao regime iraniano. A este respeito, o presidente do Parlamento iraniano voltou a culpar as grandes potências pela falta de acordo e insistiu que chegar a uma solução é “simples”. “Polemizar com dados irreais não terá efeito algum sobre a vontade do povo iraniano. As grandes potências tentam complicar este assunto para favorecer assim seus próprios interesses políticos”, criticou.
Durante a reunião, Larijani e Amorim expressaram a necessidade de ampliar as relações bilaterais em diversos campos, disseram fontes diplomáticas brasileiras.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
2084) Lula e os paises do Caribe
Reuniao do Caricom em Brasilia
Folha Online, 26.04.2010
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta segunda-feira a política externa do governo Fernando Henrique Cardoso. Ao discursar no encerramento da 1ª Cúpula Brasil-Comunidade do Caribe (Caricom), Lula afirmou que o Brasil não era levado a sério por outros países. Oposição chama de “ridícula” a política internacional do governo Lula
“O Brasil não era um país respeitado no mundo. Muitas vezes se falava do Brasil e as pessoas lembravam de Carnaval e futebol. O Brasil não era levado a sério na questão política. O que mudou nesses últimos períodos é que nós nos descobrimos”, disse a chefes de Estado e de governo de dez dos 14 países do Caribe que participaram da reunião em Brasília. Lula disse que governos anteriores, de forma genérica e sem citar o antecessor, preferiam se relacionar comercialmente com países europeus e com os Estados Unidos.
“O Brasil olhava para os países da Caricom como se fossem países pequenos, economicamente sem importância, e que era importante ter uma relação com as grandes nações”. Em um momento de imodéstia, o presidente brasileiro afirmou que está tão importante que o que não falta é “g” para participar, citando reuniões do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), G-8, G-13, Ibas (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul) e Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).
“Eu agora estou importante porque faço parte do G8, do G13, do G20, do G77, do Ibas, do Bric, da Unasul. O que não falta é G para eu participar dele”, afirmou. O presidente disse também que todos os países, independentemente de tamanho de território e da população, têm que ser tratados de forma equânime. “O menor país da Caricom, o que tem 50 mil, 90 mil habitantes, tem o mesmo direito que tem o maior país do mundo em população, que é a China, ou o maior país economicamente falando que são os Estados Unidos.”
Antes de encerrar o discurso, Lula afirmou aos chefes de Estado que quando deixar o governo não irá deixar de fazer política. “Mesmo eu não estando mais na presidência, fique tranquilo que eu vou continuar fazendo política. Pode ficar tranquilo porque eu nasci político e vou morrer político.” O primeiro-ministro da Dominica, Roosevelt Skerrit, país que tem a presidência pro-tempore da Caricom, fez elogios a Lula dizendo que é um presidente que governa para os pobres e para os trabalhadores.
Folha Online, 26.04.2010
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar nesta segunda-feira a política externa do governo Fernando Henrique Cardoso. Ao discursar no encerramento da 1ª Cúpula Brasil-Comunidade do Caribe (Caricom), Lula afirmou que o Brasil não era levado a sério por outros países. Oposição chama de “ridícula” a política internacional do governo Lula
“O Brasil não era um país respeitado no mundo. Muitas vezes se falava do Brasil e as pessoas lembravam de Carnaval e futebol. O Brasil não era levado a sério na questão política. O que mudou nesses últimos períodos é que nós nos descobrimos”, disse a chefes de Estado e de governo de dez dos 14 países do Caribe que participaram da reunião em Brasília. Lula disse que governos anteriores, de forma genérica e sem citar o antecessor, preferiam se relacionar comercialmente com países europeus e com os Estados Unidos.
“O Brasil olhava para os países da Caricom como se fossem países pequenos, economicamente sem importância, e que era importante ter uma relação com as grandes nações”. Em um momento de imodéstia, o presidente brasileiro afirmou que está tão importante que o que não falta é “g” para participar, citando reuniões do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), G-8, G-13, Ibas (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul) e Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).
“Eu agora estou importante porque faço parte do G8, do G13, do G20, do G77, do Ibas, do Bric, da Unasul. O que não falta é G para eu participar dele”, afirmou. O presidente disse também que todos os países, independentemente de tamanho de território e da população, têm que ser tratados de forma equânime. “O menor país da Caricom, o que tem 50 mil, 90 mil habitantes, tem o mesmo direito que tem o maior país do mundo em população, que é a China, ou o maior país economicamente falando que são os Estados Unidos.”
Antes de encerrar o discurso, Lula afirmou aos chefes de Estado que quando deixar o governo não irá deixar de fazer política. “Mesmo eu não estando mais na presidência, fique tranquilo que eu vou continuar fazendo política. Pode ficar tranquilo porque eu nasci político e vou morrer político.” O primeiro-ministro da Dominica, Roosevelt Skerrit, país que tem a presidência pro-tempore da Caricom, fez elogios a Lula dizendo que é um presidente que governa para os pobres e para os trabalhadores.
2084) Brasil-Iran-CSNU: Brasil vai ter de escolher, diz especialista
Irã é escolha estranha do Brasil, diz consultor de Obama
Por Samy Adghirni
Folha de S.Paulo, 25.04.2010.
Se o Brasil quiser se tornar um líder global, deverá aprender a contrariar aliados -como o Irã- e aceitar que interesses multilaterais se sobreponham a relações bilaterais. O aviso é do analista americano James Rubin, professor de políticas públicas da Universidade Columbia (Nova York), ex-secretário-assistente de Estado do governo de Bill Clinton (1993-2001) e hoje consultor informal da equipe diplomática de Barack Obama.
Em entrevista à Folha, por telefone, Rubin disse que a relutância do Brasil em apoiar sanções ao Irã beneficia um regime que viola a legislação internacional, o que pode prejudicar a aspiração brasileira ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
FOLHA - Como o sr. vê a posição do Brasil em relação ao Irã?
JAMES RUBIN - O Brasil, como qualquer outro país grande e importante, tem direito de ter relações com quem bem entender e tantas parcerias econômicas quantas julgar necessário. Mas, no plano bilateral, nenhum americano gosta de ver um líder admirado como Lula na mesma foto que alguém tão pouco admirado como [Mahmoud] Ahmadinejad. Lamento que o governo brasileiro não perceba o perigo de não assumir o papel que lhe cabe no sistema internacional. Na conferência nuclear [de Washington], o Brasil mostrou ter entendido claramente a importância de fazer com que armas nucleares não sejam usadas durante um acesso de raiva ou por terroristas. Então não dá para entender por que o Brasil não acredita que é importante punir aqueles que violam a lei internacional estabelecida pelo TNP [Tratado de Não Proliferação Nuclear] e a AIEA [agência atômica da ONU].
FOLHA - O Brasil alega que o Irã tem direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e que até hoje não há provas de que o Irã esteja fabricando a bomba atômica.
RUBIN - O Brasil está certo em dizer que o Irã tem direito a um programa nuclear civil. Mas Teerã violou a legislação duas vezes. Na primeira, o CS impôs a exigência de que o Irã congelasse seu enriquecimento de urânio. Na segunda, a AIEA disse claramente que Teerã descumpriu regras de inspeções e transparência de informações, além de não ter respondido várias perguntas. Saber se o programa nuclear iraniano está fabricando armas não é a questão. A questão é que o Brasil, um país grande e responsável que defende o multilateralismo e talvez se torne um futuro membro permanente do CS, precisa endossar a legislação e o sistema internacionais. O Brasil hoje é membro não permanente do órgão da ONU cujas determinações o Irã viola.
FOLHA - O Brasil pode ter que arcar com o custo político dessa posição?
RUBIN - O Brasil pode ter vários questionamentos legítimos sobre o sistema de não proliferação e tem direito de levantá-los na conferência de revisão do TNP [em maio]. Mas até a China e a Rússia admitem sanções contra Teerã. É estranho o Brasil estar fora desse grupo. Defender as regras do sistema internacional às vezes tem um custo no plano bilateral. Os EUA estão pagando caro por tentar encontrar soluções internacionais para os problemas. O governo americano vive irritando amigos. Talvez o Brasil não queria irritar um país amigo como o Irã. Ou talvez o Brasil não queira estar na posição dos membros permanentes do CS, que são obrigados a contrariar aliados o tempo todo. Para ser responsável, você tem de sacrificar alguns aspectos de suas relações bilaterais. Se o Brasil quer ser um líder, então tem que aceitar que alguns amigos serão contrariados.
Por Samy Adghirni
Folha de S.Paulo, 25.04.2010.
Se o Brasil quiser se tornar um líder global, deverá aprender a contrariar aliados -como o Irã- e aceitar que interesses multilaterais se sobreponham a relações bilaterais. O aviso é do analista americano James Rubin, professor de políticas públicas da Universidade Columbia (Nova York), ex-secretário-assistente de Estado do governo de Bill Clinton (1993-2001) e hoje consultor informal da equipe diplomática de Barack Obama.
Em entrevista à Folha, por telefone, Rubin disse que a relutância do Brasil em apoiar sanções ao Irã beneficia um regime que viola a legislação internacional, o que pode prejudicar a aspiração brasileira ao assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
FOLHA - Como o sr. vê a posição do Brasil em relação ao Irã?
JAMES RUBIN - O Brasil, como qualquer outro país grande e importante, tem direito de ter relações com quem bem entender e tantas parcerias econômicas quantas julgar necessário. Mas, no plano bilateral, nenhum americano gosta de ver um líder admirado como Lula na mesma foto que alguém tão pouco admirado como [Mahmoud] Ahmadinejad. Lamento que o governo brasileiro não perceba o perigo de não assumir o papel que lhe cabe no sistema internacional. Na conferência nuclear [de Washington], o Brasil mostrou ter entendido claramente a importância de fazer com que armas nucleares não sejam usadas durante um acesso de raiva ou por terroristas. Então não dá para entender por que o Brasil não acredita que é importante punir aqueles que violam a lei internacional estabelecida pelo TNP [Tratado de Não Proliferação Nuclear] e a AIEA [agência atômica da ONU].
FOLHA - O Brasil alega que o Irã tem direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e que até hoje não há provas de que o Irã esteja fabricando a bomba atômica.
RUBIN - O Brasil está certo em dizer que o Irã tem direito a um programa nuclear civil. Mas Teerã violou a legislação duas vezes. Na primeira, o CS impôs a exigência de que o Irã congelasse seu enriquecimento de urânio. Na segunda, a AIEA disse claramente que Teerã descumpriu regras de inspeções e transparência de informações, além de não ter respondido várias perguntas. Saber se o programa nuclear iraniano está fabricando armas não é a questão. A questão é que o Brasil, um país grande e responsável que defende o multilateralismo e talvez se torne um futuro membro permanente do CS, precisa endossar a legislação e o sistema internacionais. O Brasil hoje é membro não permanente do órgão da ONU cujas determinações o Irã viola.
FOLHA - O Brasil pode ter que arcar com o custo político dessa posição?
RUBIN - O Brasil pode ter vários questionamentos legítimos sobre o sistema de não proliferação e tem direito de levantá-los na conferência de revisão do TNP [em maio]. Mas até a China e a Rússia admitem sanções contra Teerã. É estranho o Brasil estar fora desse grupo. Defender as regras do sistema internacional às vezes tem um custo no plano bilateral. Os EUA estão pagando caro por tentar encontrar soluções internacionais para os problemas. O governo americano vive irritando amigos. Talvez o Brasil não queria irritar um país amigo como o Irã. Ou talvez o Brasil não queira estar na posição dos membros permanentes do CS, que são obrigados a contrariar aliados o tempo todo. Para ser responsável, você tem de sacrificar alguns aspectos de suas relações bilaterais. Se o Brasil quer ser um líder, então tem que aceitar que alguns amigos serão contrariados.
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