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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Google Scholar: trabalhos publicados mais citados de Paulo Roberto de Almeida


Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: conferir lista dos mais citados pelo Google Scholar; finalidade: verificar a disponibilidade e reapresentar por completo]

Introdução
A ferramenta de busca de artigos publicados do Google Scholar é um poderoso auxiliar das pesquisas acadêmicas, e sempre recorro a ela quando preciso me atualizar sobre os trabalhos mais importante numa determinada área. Eu mesmo mantenho o meu link ali: http://scholar.google.com/citations?hl=en&user=OhRky2MAAAAJ. Pois bem: fui verificar o meu “estado da arte” nesta data (8 de janeiro de 2018), e recolhi a lista abaixo, muito grande, da qual seleciono os 50 mais citados, mas aproveitando para recompor a informação sobre cada um deles e atualizando os links de localização.  Os números entre parênteses se referem ao ano de publicação e o volume de citações.

     Revista Brasileira de Política Internacional (Brasília: IBRI, ano 47, nº 1, janeiro-junho de 2004, ISSN: 0034-7329; pp. 162-184; doi: 10.1590/S0034-73292004000100008; link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-73292004000100008&script=sci_abstract).

(Brasília: Grande Oriente do Brasil, 1998, 96 pp.). Relação de Trabalhos nº 596. (São Paulo: Editora LTr, 1998, 160 pp). Relação de Trabalhos n° 628.

(Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, na coleção “Direito e Comércio Internacional”, 1999, 328 p.).

revista Sociologia e Política (Curitiba: UFPR; ISSN: 0104-4478; nº 20 junho 2003, pp. 87-102; Dossiê Relações internacionais: organização Rafael A. D. Villa; link: http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n20/n20a8.pdf).

Revista Brasileira de Política Internacional (ano 49, n. 1, 2006, ISSN 003U-7329; p. 95-116; link: http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v49n1/a05v49n1.pdf).

Cena Internacional (Brasília: Instituto de Relações Internacionais da UnB (IREL), vol. 9, n. 1, 2007, p. 7-36; ISSN: 1982-3347; link: http://132.248.9.34/hevila/CENAInternacional/2007/vol9/no1/1.pdf).

     Revista brasileira de política internacional vol. 53 (2), 160-177; link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292010000200009).

     “Brasil y el futuro del Mercosur: dilemas y opciones”, Integración & Comércio (Buenos Aires: BID-INTAL, vol. 2, nº 6, set.-dic. 1998, pp. 65-81; link: https://www.metabase.net/docs/procomer/05572.html). Versão em inglês: “Brazil and the future of Mercosur: dilemmas and options”, Integration and Trade (Buenos Aires: BID-INTAL, vol. 2, nº 6, sept.-dec. 1998, pp. 59-74; link: https://www.researchgate.net/publication/242729993_Brazil_and_the_future_of_MERCOSUR_Dilemmas_and_options).

     Prismas: Direito, Políticas Públicas e Mundialização (Uniceub, vol. 2, n. 1, janeiro-junho de 2005, p. 20-54; doi: 10.5102/prismas.v2i1.182; link: http://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/prisma/article/view/182). Relação de Trabalhos n. 1425.

in: José Flávio Sombra Saraiva (org.), Relações internacionais: dois séculos de história, v. II: Entre a ordem bipolar e o policentrismo, de 1947 a nossos dias (Brasília, IBRI/ FUNAG; Coleção Relações Internacionais, 2001, Capítulo 3, p. 91-174; disponível: https://www.academia.edu/5793808/054_As_duas_%C3%BAltimas_d%C3%A9cadas_do_s%C3%A9culo_XX_fim_do_socialismo_e_retomada_da_globaliza%C3%A7%C3%A3o_2006_). Relação de Trabalhos n. 749.

     in: Marcos da Costa Lima (org.), O Lugar da América do Sul na Nova Ordem Mundial (São Paulo-Recife: Cortez Editora-FAPEPE, 2001, p. 53-69).

Carta Internacional (São Paulo: Nupri-USP, vol. 2, n. 1, jan.-mar. 2007, p. 3-10; ISSN: 1413-0904; link: https://cartainternacional.abri.org.br/Carta/article/view/404). Relação de Trabalhos n. 1733.

Revista Brasileira de Política Internacional (nova série: Brasília: ano 36, nº 1, 1993, pp. 11-36; link: https://www.academia.edu/12301173/346_Estudos_de_Relacoes_Internacionais_do_Brasil_Etapas_da_producao_historiografica_brasileira_1927-1992_1993_). Relação de Trabalhos nº 346.

     Contexto International (Rio de Janeiro: IRI-PUC/RJ, Ano 6, número 12, Julho-Dezembro 1990, p. 53-69; links: http://contextointernacional.iri.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=324&sid=52; http://contextointernacional.iri.puc-rio.br/media/Almeida_vol12.ano6.pdf; e https://www.academia.edu/attachments/32718354/download_file). Relação de Trabalhos nº 193.

     Boletim de Integração Latino-Americana (Brasília: nº 13, abril-junho 1994, pp. 15-23; disponível no link: https://www.academia.edu/5816847/416_O_Brasil_e_o_Mercosul_em_Face_do_Nafta_1994_). Relação de Trabalhos nº 416.

     revista Política Externa (vol. 19, n. 2, set.-out.-nov. 2010, p. 27-40; ISSN: 1518-6660). Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/09/pensamento-e-acao-da-diplomacia-de-lula.html). Reproduzido no blog Libertatum (link: http://libertatum.blogspot.com/2010/09/pensamento-e-acao-da-diplomacia-de-lula.html). Relação de Originais n. 2168.


Revista Brasileira de Política Internacional (Brasília, a. 44, n. 1, 2001, p. 112-136; link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292001000100008). Relação de Trabalhos n. 772.

Revista de Informação Legislativa (Brasília: Ano 26, nº 101, janeiro-março 1989, pp. 47-70; link: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/181908/000443806.pdf?sequence=1). Relação de Trabalhos nº 166.


Cena Internacional (Brasília, v. 3, n. 2, dez. 2001, p. 89-114; link: https://www.academia.edu/5837741/812_O_Brasil_e_as_crises_financeiras_internacionais_1929-2001_2001_). Relação de Trabalhos n. 812.

     Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social (São Paulo: LTr, 1999, em coordenação com Yves Chaloult).

     in: José Augusto Guilhon de Albuquerque (org.), Sessenta Anos de Política Externa Brasileira (1930-1990), Volume I: Crescimento, modernização e política externa (São Paulo: Cultura Editores associados, 1996), pp. 173-210. Relação de Trabalhos nº 223 (com cortes de notas). Nova edição, revista e remanejada, preparada em 2005; publicada, sob o título de “A Diplomacia do Liberalismo Brasileiro” in José Augusto Guilhon Albuquerque; Ricardo Seitenfus; Sérgio Henrique Nabuco de Castro (coords.); Sessenta Anos de Política Externa Brasileira (Vol. I - 2ª Edição – ISBN: 85-7387-909-2; Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2006, p. 211 – 262; disponível no link: https://www.academia.edu/5661933/223_A_Diplomacia_do_Liberalismo_Econ%C3%B4mico_As_rela%C3%A7%C3%B5es_econ%C3%B4micas_internacionais_do_Brasil_durante_a_Presid%C3%AAncia_Dutra_1992_).

Meridiano 47 (Brasília, n. 68, março 2006, p. 4-9; link: http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/1636/1259).

Revista de Economia e de Relações Internacionais (São Paulo: Fundação Armando Alvares Penteado; ISSN: 1677-4973; vol. 1, nº 2, janeiro-junho 2003, pp. 5-17; link: http://www.faap-mba.br/revista_faap/rel_internacionais/socio.htm).

Integração Regional: uma introdução (São Paulo: Saraiva, 2013, 192 p.; ISBN: 978-85-02-19963-7)

     Parcerias Estratégicas (Brasília: CGEE, nº 18, agosto 2004; ISSN: 1413-9375 pp. 157-190; link: http://www.cgee.org.br/parcerias/p18.php).

Mundorama (1/06/2010; link: http://mundorama.net/2010/06/01/a-arte-de-nao-fazer-a-guerra-novos-comentarios-a-estrategia-nacional-de-defesa-por-paulo-roberto-de-almeida/comment-page-1/#comment-1677). Republicado em Meridiano 47 (vol. 11, n. 119, junho 2010, p. 21-31; ISBN: 1518-1219; link para o artigo: http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/638/407). Relação de Originais n. 2066.

Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002; 286 p.; ISBN: 85-219-0435-5). Relação de Trabalhos nº 781.

30) Mercosul: textos básicos (1992; 13)
     Paulo Roberto de Almeida (Coord.): Mercosul: Textos Básicos (Brasília: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais-Fundação Alexandre de Gusmão, Coleção Integração Regional nº 1, 1992).

     Espaço Acadêmico (Maringá, a. VI, n. 52, set. 2005; transcrito em: https://oportaldoinfinito.blogspot.com.br/2010/11/o-brasil-e-nanotecnologia-rumo-quarta.html). Relação de Trabalhos n. 1462.

32) Um exercício comparativo de política externa: FHC e Lula em perspectiva (2004; 12)
     Meridiano 47: boletim de análise de conjuntura em relações internacionais (Brasília: ISSSN 1518-1219, nº 42-43, janeiro-fevereiro 2004, p. 11-14; link: http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/4258/3568).

In: Hipólito José da Costa, Correio Braziliense, ou, Armazém Literário (São Paulo: Imprensa Oficial do Estado; Brasília, DF: Correio Braziliense, 2002; reedição fac-similar, volume XXX, p. 323-369; disponível no link: https://www.academia.edu/5783320/027_O_nascimento_do_pensamento_econ%C3%B4mico_brasileiro_Hipolito_Jose_da_Costa_2002_). Relação de Trabalhos n. 834.

[trabalho em colaboração com Yves Chaloult], Revista Brasileira de Política Internacional (Ano 42, n° 2, julho-dezembro 1999, pp. 145-160; link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73291999000200008).

     Boletim de Integração Latino-Americana (Brasília: n° 16, janeiro-abril de 1995, pp. 143-150). Relação de Trabalhos n° 477.

     In: Renato Baumann (org.): O Brasil e os demais BRICs: Comércio e Política (Brasília: CEPAL-Escritório no Brasil/IPEA, 2010, 180 p.; ISBN: 85-781-1046-3), p. 131-154. Disponível em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/5794579/086_O_Bric_e_a_substitui%C3%A7%C3%A3o_de_hegemonias_um_exerc%C3%ADcio_anal%C3%ADtico_perspectiva_hist%C3%B3rico-diplom%C3%A1tica_sobre_a_emerg%C3%AAncia_de_um_novo_cen%C3%A1rio_global_2010_). Relação de Originais n. 2077.

Coletânea Planejamento e Orçamento in: José Luiz Pagnussat (org); Repositório ENAP (link: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/807).

     Contexto Internacional (Rio de Janeiro: Instituto de Relações Internacionais da PUC-RJ; vol. 26, nº 1, janeiro-junho 2004, p. 7-63; ISSN: 0102-8529; link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-85292004000100001&script=sci_abstract&tlng=pt).

Revista Brasileira de Política Internacional (Brasília: ano 45, nº 2, julho-dezembro 2002; p. 229-239; disponível no link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292002000200011). Relação de Trabalhos nº 977.

in: José Augusto Guilhon de Albuquerque (org.), Sessenta Anos de Política Externa Brasileira (1930-1990), v. IV: Prioridades, Atores e Políticas (São Paulo: Annablume/Nupri/USP, 2000, p 381-447; disponível no link: https://www.academia.edu/5783082/016_A_Pol%C3%ADtica_da_Pol%C3%ADtica_Externa_os_partidos_pol%C3%ADticos_nas_rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais_do_Brasil_1930-1990_2000_). Relação de Trabalhos n. 383. 

 Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2010, xx+272 p.; ISBN: 978-85-375-0875-6)

     Interpretações divergentes sobre a política externa do governo Lula (2003–2006)
     In: Wagner Menezes, Estudos de Direito Internacional (Curitiba: Juruá, 2006, p. 196-213. v. VIII. ISBN: 85-3621-362-0).

Estudos Históricos (Rio de Janeiro, FGV-RJ-Cpdoc, n. 27, 2001, p. 31-61; link: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2138). Relação de Trabalhos n. 786.

in: Sérgio Miceli (org.). O Que ler na ciência social brasileira (1970-1995) (São Paulo: Editora Sumaré: ANPOCS; Brasília, DF: CAPES 1999, v. 3: Ciência Política, pp. 191-255; link: http://www.anpocs.com/index.php/universo/acervo/biblioteca/coletaneas/o-que-ler-na-ciencia-social-brasileira-1970-1995-opcao-b/volume-iii-ciencia-plitica/651-relacoes-internacionais/file).

 Revista de Informação Legislativa (Brasília: ano 24, nº 94, abril-junho 1987, pp. 109-120; link: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/181757/000431258.pdf?sequence=3). Relação de Trabalhos nº 138.

Contexto Internacional (Rio de Janeiro: IRI-PUC-Rio, Rio de Janeiro, vol. 35, n. 2, julho-dezembro 2013, p. 471-495, ISSN: 0102-8529 (print); 1982-0240 (online); link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292013000200006).

Cena Internacional (ano 10, n. 2, p. 72-97; ISSN: 1982-3347; disponível em Research Gate, link: https://www.researchgate.net/publication/267804658_EVOLuCAO_HISTORICA_DO_REGIONALISmO_ECONOmICO_E_POLITICO_DA_AmERICA_DO_SuL_um_BALANCO_DAS_EXPERIENCIAS_REALIZADAS). Relação de Originais n. 1927.


     Cadernos Adenauer 2, O Brasil no cenário internacional (São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2000, p. 37-56; disponível no link: https://www.academia.edu/5783055/014_A_inser%C3%A7%C3%A3o_econ%C3%B4mica_internacional_do_Brasil_em_perspectiva_hist%C3%B3rica_2000_). Relação de Trabalhos n. 713.

     Política e Estratégia (São Paulo: vol. V, nº 4, outubro-dezembro 1987, pp 486-495; disponível no link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/05/geoestrategia-do-atlantico-sul-resenha.html). Relação de Trabalhos nº 132.

O site do Google Scholar também indica, em relação a meus artigos e livros, os seguintes dados: Citações totais: 1.587; desde 2013: 609; h-index: 18; desde 2013: 11; i10-index: 45; desde 2013: 15; mas desconheço o significado destes índices.

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 8 de janeiro de 2018

domingo, 7 de janeiro de 2018

Governo quer gastar mais, transformar o Brasil num Rio de Janeiro - Marcos Lisboa

'Governo dá sinais na contramão', diz ex-secretário do Ministério da Fazenda”  
Entrevista Marcos Lisboa
Folha de São Paulo, 6/01/2018

A proposta em discussão pelo governo de suspender a chamada "regra de ouro" –que impede a União de captar recursos no mercado em volume superior aos investimentos– talvez seja inevitável, mas precisa ser acompanhada de contrapartidas, diz o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper e colunista da Folha. Para ele, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, sem essas contrapartidas o governo vai contratar uma grave crise e avisa: o Rio não está tão distante assim.
Folha - O que leva o governo a discutir a regra de ouro?
Marcos Lisboa - A realidade. Talvez seja inevitável essa mudança, mas ela pode ser feita em meio a ajustes mais severos. Junto, é preciso discutir acabar com as desonerações da folha de salários. Também não dá para aumentar limites para o Simples [regime tributário das pequenas empresas] como está sendo feito. Discutir a regra de ouro é extremamente preocupante. 
- Mas não é isso que o governo está tentando fazer?
- Espero que a discussão inclua flexibilizar a regra por algum tempo, mas com contrapartidas. O BNDES também tem que devolver o dinheiro que recebeu do Tesouro, é preciso fazer a reforma da Previdência e, no âmbito dos Estados, teremos que discutir o que significa direito adquirido, pois o problema deles é a folha de pagamentos. O que surpreende é que chegamos a esse nível de degradação com complacência da sociedade.
- Essa complacência atinge seus pares economistas?
- Todos nós. O governo, junto com o Congresso, teve uma agenda importante de avanços que têm que ser reconhecidos, como o teto de gastos, mas há muito a ser feito no ajuste fiscal de mais curto prazo para garantir o equilíbrio das contas públicas e enfrentar o deficit primário que temos hoje, na faixa de R$ 150 bilhões por ano. 
- O que precisa ser feito?
- Se um policial sem receber há dois meses não desperta um imenso alerta que reformas importantes têm que ser feitas, eu não sei mais o que desperta. E o governo dá sinais na contramão quando a Caixa volta a financiar Estados. Será que não aprendemos nada com o erro dos últimos anos? É melhor vedar de vez qualquer empréstimo da União aos Estados. A Caixa acabou de dar R$ 600 milhões para o Estado de Goiás. Será que a gente vai ter que assistir o Estado de Goiás em 2109 virar um novo Rio de Janeiro?
- O sr. acha que sim?
- Acho. Como a Caixa pode voltar a emprestar para os Estados? Como é que podem usar dinheiro dos trabalhadores [recursos do FGTS] para capitalizar a Caixa? 
- Mas a Caixa é a grande financiadora imobiliária do país.
- Talvez o país tenha que pensar em outros mecanismos menos sujeitos a pressões oportunistas ou gestão incompetente como vimos nos últimos anos. Se não conseguimos fazer uma gestão eficiente da Caixa, talvez o melhor seja mesmo privatizá-la.
- Incompetência deste governo também?
- Esse governo é dois para lá, dois para cá. Tem tido avanços importantes em algumas questões, como a discussão da reforma da Previdência, mas retrocessos também. Grandes. Volta e meia há um retorno ao passado de usar recursos públicos para empurrar os problemas para 2019. Mais ainda: não se consegue fazer os ajustes. Acaba se optando por, em vez de tratar o tumor, dar morfina porque ela tira a dor e dá um barato. 
- O prazo político para isso não acabou?
- Temo isso porque, se não fizermos ajustes em 2018, teremos problemas mais severos em 2019. Mas é sempre possível piorar. A Venezuela que o diga.
- O próximo passo pode ser atacar o teto de gastos?
- O país pode sempre escolher tomar mais morfina do que enfrentar a doença. Nós nos acostumamos com tudo. Aprovar mudanças na regra de ouro sem contrapartida seria contratar uma crise mais grave no futuro. Se isso não for parte de um pacote que garanta a estabilização da dívida sobre o PIB nos próximos anos, o cenário pode ser muito ruim. O Rio de Janeiro não está tão distante assim.