Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Bretton Woods revisited, 70 years later: proceedings of the conference
Aqui estão as transcrições do evento.
Permito-me informar que preparei um artigo: “O FMI e o Brasil: encontros e desencontros em 70 anos de história” (Hartford, 30 julho 2014, 24 p.) que traça um itinerário histórico do FMI, desde Bretton Woods, e segue os acordos feitos pelo Brasil, com ênfase nas diferentes fases das políticas econômicas. Foi encaminhado para número especial da revista FGV-Direito, sob o título de “O Brasil e o FMI desde Bretton Woods: 70 anos de História”.
Paulo Roberto de Almeida
The Center for Financial Stability (CFS) is grateful to many speakers and delegates for the success of the working conference
"Bretton Woods 2014: The Founders and the Future."
Delegates actively focused on the future of finance and the international monetary system to contemplate policies to foster global financial stability, growth, and cooperation. We also honored and rested on the vision and leadership demonstrated 70 years ago at the historic Mount Washington Hotel. Honorary Committee member Randy Quarles captured the spirit of the discussions by invoking an old Greek proverb:
"Society grows great when old men plant trees whose shade they know they shall never sit in."
For links to speeches, papers, videos, and images from Bretton Woods 2014, please visit
http://centerforfinancialstability.org/bw2014.php
Select remarks and speeches include:
Welcome Message
Jacques de Larosiére - Managing Director of the IMF (1978 - 1987)
Future Prospects for the World's Foreign Exchange System
Otmar Issing - Member of the Executive Board of the ECB (1998 - 2006)
Nice-Squared (Near an Internationally Cooperative Equilibrium)
John B. Taylor - Professor of Economics at Stanford University
A Few Thoughts on the Current International Monetary System
Liu Mingkang - Member, 17th Central Committee of the Communist Party of China
Bretton Woods Reconsidered: The Dollar Standard and the Role of China
Ronald I. McKinnon (***) - Professor of International Economics at Stanford University
Marriner Eccles: Father of the Modern Federal Reserve
Spencer F. Eccles - Chairman Emeritus, Wells Fargo Intermountain Banking Region
Critical Issues for the Bretton Woods Institutions
William R. Rhodes - President and CEO of William R. Rhodes Global Advisors
Ideas for Today from the British Delegation of 1944
Charles Goodhart - Member of the Bank of England's Monetary Policy Committee (1997 - 2000)
Mexico’s Role at Bretton Woods: An Assessment 70 Years Later
Francisco Suárez Dávila - Ambassador of Mexico to Canada
In Light of Recent Experiences: Is There a Future for International Cooperation?
Ernesto Zedillo - President of Mexico (1994 - 2000)
What Have We Learned about Bretton Woods from Recent Research?
Eric Helleiner - Author of "Forgotten Foundations of Bretton Woods"
Eric Rauchway - Author of "The Money-Makers: The Invention of Prosperity"
Kurt Schuler - Finder and editor of "The Bretton Woods Transcripts"
Thoughts on World War II in July 1944
Carole Brookins - U.S. Executive Director of the World Bank Group (2001 - 2005)
Summary and Next Steps
Randal K. Quarles - Under Secretary for Domestic Finance, U.S. Treasury (2005 - 2006)
We are grateful to the Marriner S. Eccles Foundation, BNY Mellon, the Citrone Foundation, and the Y.A. Istel Foundation in honor of André Istel for their vision and support of Bretton Woods 2014.
Sincerely yours,
Lawrence Goodman
(***) We are saddened by the loss of Professor Ron McKinnon, who enthusiastically shared his intelligence and humor with colleagues in New Hampshire earlier in the fall.
--
Lawrence Goodman
President
Center for Financial Stability, Inc.
1120 Avenue of the Americas, 4th floor
New York, NY 10036
www.CenterforFinancialStability.org
The Center for Financial Stability is a nonprofit, nonpartisan, independent think tank dedicated to financial markets for the benefit of investors, officials, and the public.
domingo, 2 de novembro de 2014
Diplomacia companheira, ou: como meter os pes pelas maos e sair humilhado - livro de L.F. Lampreia
Mas, existem muitos outros episódios que ainda necessitam de esclarecimentos, e duvido que existam registros escritos sobre determinadas questões controversas. Não preciso citar quais, os entendidos saberão quais são, algumas na região, outras fora dela...
Um dia a história se escreverá, e ela não os absolverá...
Paulo Roberto de Almeida
COBERTURA ESPECIAL - Nuclear - Inteligência
Diplomacia - Aposta em Teerã: A sombra do fracasso
Em Aposta em Teerã, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia revela que não foi por falta de aviso que o episódio mais humilhante da diplomacia lulista ocorreu
DIOGO SCHELP
Em Aposta em Teerã, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia revela que não foi por falta de aviso que o episódio mais humilhante da diplomacia lulista ocorreu
Apolítica externa no governo de Luiz Inácio Lula da Silva ficou conhecida como "diplomacia megalonanica". "Megalo" por suas pretensões de alterar o equilíbrio de poder entre países ricos e emergentes, de solucionar conflitos que se arrastam por décadas e de reivindicar para o Brasil uma liderança não apenas regional, mas global.
"Nanica" porque, na prática, o soft poder brasileiro, ou seja, o poder de influenciar nações sem o uso da ameaça militar, é insuficiente para atingir os objetivos grandiosos pretendidos pelo lulopetismo.
Em seu livro Aposta em Teerã (Objetiva; 152 páginas; 24,90 reais), que chega nesta semana às livrarias, Luiz Felipe Lampreia evita usar expressão tão irônica — e, por isso mesmo, tão eficiente em sintetizar a visão de mundo de Lula e de seus conselheiros internacionais.
Sua análise do maior fracasso da diplomacia da era Lula, a tentativa de solucionar o impasse em torno do programa nuclear iraniano, em 2010, dá mais voltas, mas chega à mesma conclusão. Escreve Lampreia: "O governo do presidente Lula sempre foi caracterizado por um forte desejo de protagonismo diplomático. No caso do Oriente Médio, demonstrou um excesso de voluntarismo, que se revelou gratuito e inútil. No caso do Irã, fez uma leitura por demais otimista do nosso papel internacional". Eis uma descrição diplomática do que é ser megalonanico.
Lampreia chefiou o Itamaraty entre 1995 e 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, período que Celso Amorim, o chanceler de Lula, depois afirmou ter sido marcado por uma diplomacia tímida e de subordinação "aos ditames de outras potências". Na verdade, era apenas uma política externa que não se subordinava a interesses partidários.
Com os contatos que ainda mantêm no meio diplomático, Lampreia reuniu informações de bastidores que demonstram como o anseio pelo protagonismo impediu que Amorim e Lula percebessem que as negociações com o Irã, em parceria com a Turquia, eram uma armadilha.
Um pouco antes de desembarcar em Teerã, Lula esteve na Rússia, ocasião em que o presidente Dimitri Medvedev alertou o colega brasileiro em conversa reservada que "o jogo já estava jogado" e que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, já haviam concordado em impor novas sanções econômicas ao Irã.
De nada adiantava, portanto, Lula arriscar a sua projeção externa em um acordo pífio com o Irã. Depois, durante as duras negociações em Teerã, em diversos momentos os representantes iranianos perguntavam aos brasileiros e aos turcos se os americanos aprovavam o que estava sendo discutido ali.
Afinal, sem o consentimento dos Estados Unidos, a suspensão das sanções, objetivo maior dos iranianos, jamais poderia ocorrer. Amorim garantia-lhes, enfaticamente, que sim. Ele estava se baseando em uma carta que o presidente Barack Obama escreveu para Lula, discorrendo sobre os planos do brasileiro de negociar com o Irã.
Lampreia demonstra de maneira muito didática que Amorim fez uma interpretação equivocada da carta de Obama. Em 17 de maio de 2010, divulgou-se a Declaração de Teerã, pela qual os aiatolás entregariam 1200 quilos de urânio enriquecido para ser guardado na Turquia. No dia seguinte, Amorim recebeu uma ligação de Hillary Clinton, secretária de Estado americana, desautorizando o acordo. Lula saiu humilhado do episódio.
Foi a última grande aventura diplomática de seu governo. A sombra do fracasso em Teerã acompanha a diplomacia petista desde então.
Dados Livro
Aposta em Teerã
Editora Objetiva
152 páginas
R$ 24,90
Nota DefesaNet
A aventura diplomática de Lula, Amorim e Marco Aurélio Garcia teve e tem consequências diplomáticas muito profundas.
O Brasil, por muito pouco, não foi colocado em quarentena pela comunidade internacional devido a aproximação com o Irã.
Até o momento pairam grandes suspeitas sobre as ações diplomáticas do Brasil. Vários projetos estratégicos brasileiros são monitorados mais de perto devido a esta aventura.
Dicionário Político dos Novos Pecados Capitais (2006) - Paulo Roberto de Almeida
Costumes petistas: comparar com ma-fe e iludir com os numeros - Paulo Roberto de Almeida
Já sei que não adianta tentar convencer um petista: convertidos nunca se convencem, pois eles têm a verdade revelada, a luz imbatível das certezas incorrigíveis, e alguns números na mão, que eles torturaram para desvendar o reino das realizações mirabolantes.
Como eu conheço também todos os números, me seria seria fácil provar que eles estão errados. Seria fácil, mas custoso, pois primeiro precisaria demonstrar, com outros números à mão, que eles fazem "comparações" com base em valores nominais, não deflacionados, ou não corrigidos, que eles retiram as estatísticas do contexto para simplesmente agitar dois números discrepantes, que eles constroem, enfim, dados que não existem sem as muletas da má-fé e da distorção quantitativa.
Eu conheço isso de longe, e já assisti desde o início.
Aliás, todos nós, ou quase todos, saudamos o advento da era da justiça social, da ética na política e de todas aquelas promessas que iriam, finalmente, redimir o país da desigualdade, da corrupção, do fisiologismo, enfim, das trapaças habituais dos políticos.
Mal sabíamos o que nos esperava, que aliás começou em seguida, com a tal história da "herança maldita", uma das coisas mais sórdidas e mais desonestas que eu já vi, sendo proclamada o tempo todo, contra todas as evidências.
A desonestidade continuou, durante todo o primeiro mandato daquele que passou a ser chamado de Apedeuta, por Janer Cristaldo (a quem pago o copyright pela criação da expressão). Na campanha de 2006, os petistas soltaram uma das brochuras comparativas mais mentirosas que me foi dado ver com estes olhos de simples professor de economia, acostumado a lidar com os números das contas nacionais e das transações externas todos os dias, por força de ofício e de interesse intelectual.
Essa brochura, que devo ter ainda entre meus pertences me convenceu, em definitivo, que estávamos em face de um partido e de pessoas profundamente desonestas, que não hesitariam diante de nada para falsear a realidade para suas finalidades políticas.
Escrevi, então, o texto que vai abaixo, que ficou praticamente sem divulgação na ocasião, e que recupero agora de meus arquivos eletrônicos. Lamento não ter achado a brochura original do PT, para demonstrar como o exercício de mistificação era realmente escandaloso.
A partir daí, confesso que cansei de desmentir os companheiros, inclusive porque seria inútil: eles continuam, como vimos ainda agora, na campanha de 2014 (e foi assim também na de 2010), a mentir sobre a base de construções estatísticas manipuladas, e distorcendo os números.
Creio que por força do Apedeuta, eles têm uma obsessão pscicológica contra o FHC, pois não adianta estarmos há mais de 12 anos distante daqueles anos, eles voltam repetidamente a falar dos anos FHC, como se tivessem sido o horror na Terra, e eles tivessem vindo para inaugurar o Eden. Deve ser algum problema mental do chefe, um ódio incontido do sociólogo ex-presidente, que só o Apedeuta pode explicar de onde vem exatamente.
Em todo caso, parei de desmentir bandidos dessa laia, pois não adiantaria muito.
Mas, como passei metade da noite, hoje, tentando justamente educar um ingênuo, e tendo achado este texto nos meus arquivos, permito-me transcrevê-lo aqui apenas como registro histórico, já que ele fala de uma patifaria de oito anos atrás (mas elas continuaram no mesmo estilo, até piorando).
Fico por aqui, mas prometo escrever um dia um ensaio de cunho kafkiano, para tratar da questão.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 2/11/2014
sábado, 1 de novembro de 2014
Os dez mandamentos da politica (em certos governos) - Paulo Roberto de Almeida
Gostaria, em todo caso, de aproveitar esta oportunidade, para me desculpar com Moisés, e seus colaboradores, publicitários, escriturários e outros aspones, por interpretar de maneira assim tão pouco respeitosa os mandamentos tão sábios e tão politicamente corretos que ele nos legou.
Acho que algumas pessoas, companheiros, como não poderia deixar de ser, colocariam a lei mosaica na mesma categoria da "herança maldita" que eles acusam ter recebido de outros, numa inacreditável demonstração de má fé. Um dia a fúria do senhor, isto é, do povo, se abaterá sobre eles...
Paulo Roberto de Almeida