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domingo, 2 de novembro de 2014

Diplomacia companheira, ou: como meter os pes pelas maos e sair humilhado - livro de L.F. Lampreia

Apenas transcrevendo, sem muitos outros comentários sobre esse episódio específico. Acho que o essencial já está dito aí, pelo menos no que concerne a patética aventura iraniana dos companheiros.
Mas, existem muitos outros episódios que ainda necessitam de esclarecimentos, e duvido que existam registros escritos sobre determinadas questões controversas. Não preciso citar quais, os entendidos saberão quais são, algumas na região, outras fora dela...
Um dia a história se escreverá, e ela não os absolverá...
Paulo Roberto de Almeida

COBERTURA ESPECIAL - Nuclear - Inteligência

02 de Novembro, 2014 - 13:00 ( Brasília )

Diplomacia - Aposta em Teerã: A sombra do fracasso

Em Aposta em Teerã, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia revela que não foi por falta de aviso que o episódio mais humilhante da diplomacia lulista ocorreu

Presidente Luis Inacio Lula da Silva, Presidente Iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã, 16 Maio 2010.

DIOGO SCHELP

Em Aposta em Teerã, o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia revela que não foi por falta de aviso que o episódio mais humilhante da diplomacia lulista ocorreu
Apolítica externa no governo de Luiz Inácio Lula da Silva ficou conhecida como "diplomacia megalonanica". "Megalo" por suas pretensões de alterar o equilíbrio de poder entre países ricos e emergentes, de solucionar conflitos que se arrastam por décadas e de reivindicar para o Brasil uma liderança não apenas regional, mas global.

"Nanica" porque, na prática, o soft poder brasileiro, ou seja, o poder de influenciar nações sem o uso da ameaça militar, é insuficiente para atingir os objetivos grandiosos pretendidos pelo lulopetismo.

Em seu livro Aposta em Teerã (Objetiva; 152 páginas; 24,90 reais), que chega nesta semana às livrarias, Luiz Felipe Lampreia evita usar expressão tão irônica — e, por isso mesmo, tão eficiente em sintetizar a visão de mundo de Lula e de seus conselheiros internacionais.

Sua análise do maior fracasso da diplomacia da era Lula, a tentativa de solucionar o impasse em torno do programa nuclear iraniano, em 2010, dá mais voltas, mas chega à mesma conclusão. Escreve Lampreia: "O governo do presidente Lula sempre foi caracterizado por um forte desejo de protagonismo diplomático. No caso do Oriente Médio, demonstrou um excesso de voluntarismo, que se revelou gratuito e inútil. No caso do Irã, fez uma leitura por demais otimista do nosso papel internacional". Eis uma descrição diplomática do que é ser megalonanico.

Lampreia chefiou o Itamaraty entre 1995 e 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso, período que Celso Amorim, o chanceler de Lula, depois afirmou ter sido marcado por uma diplomacia tímida e de subordinação "aos ditames de outras potências". Na verdade, era apenas uma política externa que não se subordinava a interesses partidários.

Com os contatos que ainda mantêm no meio diplomático, Lampreia reuniu informações de bastidores que demonstram como o anseio pelo protagonismo impediu que Amorim e Lula percebessem que as negociações com o Irã, em parceria com a Turquia, eram uma armadilha.

Um pouco antes de desembarcar em Teerã, Lula esteve na Rússia, ocasião em que o presidente Dimitri Medvedev alertou o colega brasileiro em conversa reservada que "o jogo já estava jogado" e que os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, já haviam concordado em impor novas sanções econômicas ao Irã.

De nada adiantava, portanto, Lula arriscar a sua projeção externa em um acordo pífio com o Irã. Depois, durante as duras negociações em Teerã, em diversos momentos os representantes iranianos perguntavam aos brasileiros e aos turcos se os americanos aprovavam o que estava sendo discutido ali.

Afinal, sem o consentimento dos Estados Unidos, a suspensão das sanções, objetivo maior dos iranianos, jamais poderia ocorrer. Amorim garantia-lhes, enfaticamente, que sim. Ele estava se baseando em uma carta que o presidente Barack Obama escreveu para Lula, discorrendo sobre os planos do brasileiro de negociar com o Irã.

 Lampreia demonstra de maneira muito didática que Amorim fez uma interpretação equivocada da carta de Obama. Em 17 de maio de 2010, divulgou-se a Declaração de Teerã, pela qual os aiatolás entregariam 1200 quilos de urânio enriquecido para ser guardado na Turquia. No dia seguinte, Amorim recebeu uma ligação de Hillary Clinton, secretária de Estado americana, desautorizando o acordo. Lula saiu humilhado do episódio.

 Foi a última grande aventura diplomática de seu governo. A sombra do fracasso em Teerã acompanha a diplomacia petista desde então.

Dados Livro

Aposta em Teerã
Editora Objetiva
152 páginas
R$ 24,90

Nota DefesaNet


A aventura diplomática de Lula, Amorim e Marco Aurélio Garcia teve e tem consequências diplomáticas muito profundas.

O Brasil, por muito pouco, não foi colocado em quarentena pela comunidade internacional devido a aproximação com o Irã.

Até o momento pairam grandes suspeitas sobre as ações diplomáticas do Brasil. Vários projetos estratégicos brasileiros são monitorados mais de perto devido a esta aventura.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Bolivia: em busca do poder nuclear - Mac Margolis

O sonho atômico da Bolívia
Mac Margolis
O Estado de S.Paulo, 26 de janeiro de 2014

Será o ar rarefeito dos Andes? Ou, quem sabe, o feitiço da Pachamama, a deusa da natureza cultuada por Evo Morales? Seja que for seu inebriante, o líder boliviano arfa sonhos grandiosos. Na semana passada, o presidente do Estado Plurinacional se superou. Em seu discurso anual para o Legislativo, que também marcou o 11.º ano de seu governo, Evo descortinou seu último projeto: um reator nuclear. A energia atômica é uma prioridade estratégica, "para fins pacíficos", salientou. "Bolívia não pode ficar à margem desse conhecimento, que é patrimônio da humanidade."
Não foi sua primeira ogiva política. Ano passado, em Moscou, o boliviano deixou no ar a ideia de conceder asilo ao delator americano Edward Snowden. Não concedeu, mas a suspeita de que fosse contrabandear o fugitivo gringo a bordo da aeronave presidencial provocou um pequeno escândalo diplomático. Em 2006, Evo mandou soldados para ocupar as refinarias da Petrobrás, um tapa de Lilliput na cara do gigante vizinho Gulliver.
A ousadia atômica, no entanto, surpreendeu até os "moralistas" mais acalorados. O sonho não é novo. Em 2010, seu governo firmou com o Irã um acordo de cooperação nuclear. Ano passado, renovou um tratado de assistência técnica com Argentina, selado nos anos 70. Seguiu para França, onde teria arrancado promessas de ajuda de François Hollande e, dias atrás, voltou animado de outra visita a Teerã. "Não estamos longe de ter energia nuclear. Temos a matéria-prima e o direito de usá-la", afirmou ao seu congresso.
Ainda é cedo para abrir o champanhe. Pequena, ilhada e pobre, a Bolívia não é candidata nata ao clube nuclear. Apenas três países latinos contam com reatores - Argentina, Brasil e México - e, apesar, de ostentarem economias bem mais avantajadas, todos enfrentaram dificuldades graúdas para erguer suas usinas. Faltou a Evo esclarecer o que a Bolívia espera ganhar da associação com os aiatolás, fora a redobrada patrulha atômica internacional.
Bom senso econômico, não é. Afinal, a Bolívia possui a segunda maior reserva de gás natural do continente e ainda se gaba de ser a "Arábia Saudita do lítio", matéria-prima de microbaterias. Mesmo assim, o país tropeça em seu próprio ufanismo. Nada a ver com a Pachamama. A culpa é da política. Nacionalista abrasado, Evo passou a última década colhendo poder e podando capital privado. Comemora o "novo modelo" econômico, que dilatou o naco estatal para 34% do mercado, contra 20% em 2005.
Peitar o capitalismo forasteiro rende aplausos mas espanta investimento. Resultado: em meio à demanda crescente por seu gás natural, as reservas devem despencar na próxima década. Que dizer da ambição nuclear se nem o botijão à boliviana está garantido? A explicação talvez esteja na usina política de Evo. Em outubro, os bolivianos irão as urnas. O presidente desponta como franco favorito, surfando no forte crescimento econômico movido a commodities, masenfrenta turbulências. Seu projeto de cortar com uma estrada uma vasta reserva indígena desagradou parte importante da sua base. Os investimentos sociais melhoraram a vida dos mais pobres mais não aumentaram a distância dos mais ricos. A Bolívia acaba de tirar do Brasil o título de sociedade mais desigual do continente.
Aí que se encaixa o plugue nuclear. Como o ouro e os canhões do passado imperial, a usina nuclear é hoje o emblema preferido do poder e da soberania. Quem domina o ciclo do urânio impõe respeito. A opção atrai os países bolivarianos - que, órfãos de Hugo Chávez, não se espelham mais na Venezuela, que mal consegue manter acesas as luzes e muito menos a revolução. Hoje, Evo e companhia buscam inspiração alternativa. Haja átomos.

*Mac Margolis é colunista do 'Estado', correspondente do site The Daily Beast e edita o site www.brazilinfocus.com


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Nuclear Obama: An Idiot's Guide - Foreign Policy

How Obama went nuclear
 David Kenner
Foreign Policy, December 2, 2013

 "In the wintry days of January 2009, as Barack Obama prepared for his inauguration, he was briefed on how to unleash the weapons that could destroy the planet many times over. Vice Chairman of the Joint Chiefs of Staff Gen. James Cartwright conducted the briefing on the 'nuclear football,' the 45-pound briefcase containing the codes that allow the president to launch America's arsenal of over 5,000 nuclear weapons. In the tumult before the inauguration - not to mention a global economy heading toward meltdown - Obama wasn't certain he would remember each step to launch the world's most dangerous weapons. Shortly after taking office as the 44th president, he contacted his defense secretary, Robert Gates. 'You know that guy who scared the shit out of me?' he said, according to James Mann's The Obamians. 'Can I talk to him again?'

Almost five years later, non-proliferation has emerged as the centerpiece of Obama's agenda in the Middle East. In Syria, he signed off on a Russia-brokered agreement for President Bashar al-Assad to gradually destroy his chemical weapons. In Iran, he inked a controversial agreement that will see the Islamic Republic stall its nuclear program for six months, in exchange for roughly $6 billion in sanctions relief. Such steps represent significant victories for the president's non-proliferation agenda -- but have also disappointed those who wonder if they come at the cost of America's other interests in the world." 

More here.